ULTIMA PAGINA POSTADA DA ESCOLA DOMINICAL TODOS ASSUNTOS DO BLOG

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Subsidio jovens conectar institução da Pascoa n.8 (4)





Por causa do perigo para a igreja como um todo, Paulo profere uma ordem sonora: Alimpai-vos, pois, do fermento velho. A referência ao fermento é extraída de Êxodo 12.18-20 e 13.6-7, onde cada família judaica recebia a ordem de se livrar de todo fermento usado na preparação para a Páscoa. A palavra alimpai é forte e significa “limpar totalmente, purificar... até eliminar”. O fermento velho era o mal espiritual que permitia que a igreja tolerasse a pessoa incestuosa. Ele é chamado de velho porque era o resíduo de seu estado pecaminoso anterior, o qual, como o fermento, ainda estava em operação corrompendo o seu caráter”. Paulo indica que a relutância dos coríntios em lidar com o pecado evidente em sua igreja se devia ao fato de todos os coríntios possuírem o fermento velho em si mesmos - “a velha disposição mundana e carnal que continuava em seus corações, e que vinha do seu estilo de vida anterior”. 
A expressão Alimpai- vos... do fermento velho significava que cada membro deveria aplicar o processo de purificação a si mesmo, “a fim de não deixar na igreja nem uma única manifestação do velho homem, da natureza corrupta, oculta e não corrigida”. Cada cristão é exortado a ser liberto, não só livrando-se de todo o pecado, mas também vivendo o tipo de vida santa que é potencialmente seu em Cristo Jesus.

O Potencial Espiritual (5.7b)

A razão para a preocupação de Paulo concernente à purificação do fermento velho da “corrupção pagã e natural”, era que os coríntios poderiam perceber seu potencial espiritual em Cristo: para que sejais uma nova massa. A remoção deste resíduo de corrupção natural resultaria em um novo tipo de vida cristã. Nova (neos) significa novo no sentido de que a coisa ou a condição não existiam antes.
Uma outra palavra para nova (kainos) significa novo no sentido de diferir do que é velho. Os coríntios já eram novos no sentido de diferirem do seu velho modo de vida. Mas agora eles deveriam ser novos em um sentido diferente - “Sua vida e caráter cristãos devem ser como um começo inteiramente novo”. Kling escreve sobre a nova massa: “Não há fermento; portanto, temos como conseqüência uma totalidade moralmente renovada pela purificação - uma igreja santa e livre do pecado, evidenciando o seu primeiro amor e zelo”.
Paulo lembra aos coríntios o potencial que têm por meio de uma referência ao ideal cristão: assim como estais sem fermento, isto é, sem o fermento velho do pecado. O método das Escrituras consiste em fazer referências aos cristãos em seu ideal, em vez de ao seu estado real. No caso dos coríntios, a referência de Paulo serve como um lembrete de que eles deveriam “alcançar o seu verdadeiro ideal”. Este potencial espiritual é percebido através do poder de Cristo. O que o cristão precisa fazer é tornar-se, na verdade, o que ele já é em potencial. “Ele deve se tornar santo de fato, assim como o é idealmente”.
A base do potencial espiritual da igreja é encontrada nas palavras: Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. O verbo foi sacrificado é um aoristo, indicando um ato definitivo e completo. Os benefícios do sacrifício consumado ainda se estendem e se aplicam ao cristão, tanto nos dias de Paulo como nos dias atuais.Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 278-279.

1 Cor 5.7, Dá-se seguimento à metáfora, Paulo os concita a “ purificar o velho fermento” (o verbo traduzido por “ purgar” , AV, tem definidamente a ideia de purificar). O ponto que focaliza é que os velhos hábilos não são apenas maus — são corruptores. Exatamente como o fermento, eles agirão até permear tudo. A única coisa a fazer é livrar-se deles, inteiramente. Assim Paulo fala de uma nova massa. A igreja cristã não é simplesmente a velha sociedade remendada. É radicalmente nova. O mal que caracteriza os homens do mundo foi retirado, e o apóstolo pode dizer, sois de fato sem fermento (Weymouth, “ livres de corrupção” ). Ele não diz, “ Deveis ser sem fermento” , mas afirma um fato. É isso que os cristãos re,almente são. A inferência é que não lhes compete reintroduzir o velho fermento. Gar, pois, introduz a razão de sua confiante asserção acerca do estado deles. “ Cristo, a nossa páscoa, foi sacrificado” (AV; assim no grego). É isto que faz novas todas as coisas para os cristãos. Com Sua morte, Cristo pôs fora de ação o pecado deles. Fez com que eles ficassem sem fermento. A páscoa era a comemoração anual da libertação do jugo do Egito no tempo antigo.
Os israelitas tinham oferecido o seu cordeiro ou cabrito para que o anjo destruidor passasse sobre eles. Foram libertos, e a ralé escrava emergiu do Egito como o povo de Deus. Ao empregar essa figura, Paulo lembra a seus leitores que a morte de Cristo os libertou de um perigo mortal, e os constituiu povo de Deus. Neste contexto, porém, a coisa importante é a emersão para uma vida nova. Uma característica da observância normal da páscoa era a solene busca e destruição de todo o fermento, antes de iniciar-se a festa (durante sete dias só se podia comer pão sem fermento). Este expurgo de todo o fermento era feito antes de a pascha, a vítima pascal (cabrito ou cordeiro), ser oferecida no templo. Mas Paulo assinala que “ Cristo, a nossa páscoa” , já foi sacrificado. É tempo, e mais que tempo, de ter sido expurgado todo o fermento.LEON MONIS. Comentário Bíblico 1 Coríntios. Editora Vida Nova. pag. 71-72.

Rm 5.8-9. Os três versículos seguintes retornam ao significado objetivo do amor de Deus. Eles nos dão a prova mais clara possível de que Deus ama os homens, por mais pecadores que eles sejam. “Pois o amor de Deus por nós é provado nisto (v. 8), porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos fracos (v. 6), pecadores (v. 8), ímpios (v. 6), inimigos (v. 10). Ele não esperou por nós, mas veio para nos encontrar e ir diante de nós”.238 Porque Cristo, estando nós ainda fracos - sem forças para nos salvarmos - morreu por nós (6). A nossa condição natural é a da incapacidade moral. Nós não temos força em nós mesmos para sermos justificados. Mas por meio da Cruz de Cristo recebemos a capacitação sobrenatural para sermos convertidos. Os teólogos chamam isto de graça prévia, isto é, a graça que vem antes da justificação.
 O pecador incapacitado também é descrito como ímpio (cf. Ef 2.12). Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova (synistesin, “estabelece”, e, consequentemente, “prova”) o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós (7-8)... sendo inimigos (10). Se quisermos saber o que é o amor (agape) de Deus, Paulo responde mostrando-nos a morte de Cristo. Em nenhum outro lugar existe uma revelação de amor como aquela que encontramos na Cruz. Somente ali descobrimos o significado do amor de Deus. Outra vez, a linguagem e o pensamento de Paulo são próximos a João: “Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós” (1 Jo 3.16). Pela cruz, temos uma abertura ao coração de Deus e vemos que se trata de um amor que se dá e que se sacrifica.
Paulo contrasta o amor divino com o amor humano. O amor humano é motivado pela natureza do seu objeto - sob certas condições pode levar-nos a morrer por um justo. O amor divino não é motivado pela justiça do seu objeto, mas se dá para os pecadores, até mesmo para os seus inimigos. O amor divino jorra do próprio ser de Deus, como um poço artesiano. A sua única explicação é que “Deus é amor”. É a natureza do amor agape que se derrama “sobre maus e bons” (veja Mt 5.43-48). É esta revelação de Deus como Agape que constitui a exclusividade e a singularidade do evangelho cristão. 
Quando perguntado se a sua religião ensinava que Deus o amava, um estudante universitário hindu respondeu afirmativamente. A pergunta seguinte, “Quando Ele ama você?”, ele respondeu “Quando eu sou bom”. A mensagem cristã é que Deus nos ama, mesmo com as nossas iniquidades e hostilidades: Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (8). A manifestação do amor de Deus se dá por meio de um evento histórico - a cruz; a aplicação é feita pelo Espírito Santo (v. 5).
Tendo estabelecido o fato do amor de Deus, Paulo retorna ao tema principal do parágrafo. Como Deus já fez tanto por nós, temos a expectativa da salvação final. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira (9). Chegamos ao clímax da seção. Justificados recorda o versículo 1, desfrutando no presente a alegria da paz com Deus. Pelo seu sangue deve ser interpretado como “por meio do seu sangue”. Sobre esse pensamento, veja os comentários sobre 3.25. Seremos salvos aponta para o futuro. Sobre os ensinos de Paulo sobre a salvação, veja os comentários sobre 1.16 e 13.11. Esta salvação pertence essencialmente ao futuro, e o verbo aqui está, como é usual, no futuro. Salvos da ira se refere à libertação final no juízo final; esta salvação é garantida pelo fato da justificação ser uma antecipação do veredicto favorável daquele dia. Sobre o significado de ira, veja os comentários sobre 1.18 e 2.5.Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 81-82.

O Teste da Edificação (Rm 3.12-15). Em referência ao teste, ou inspeção da edificação, várias coisas são claras. Primeiro, há materiais alternativos que podem ser usados. Paulo menciona ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha (12). O material é de dois tipos distintos e opostos, “rico e durável ou insignificante e perecível”. Um tipo sugere cristãos maduros e estáveis fundados em doutrinas sólidas, e rica experiência. O outro tipo é a palha frágil da opinião humana, os pedaços de madeira aleatórios da sabedoria humana. Isto sugere membros da igreja imaturos e instáveis.
Os olhos de Paulo não estão enfraquecidos nem a sua mente está nublada. Ele levanta voo além dos limites do tempo e do espaço para declarar que tanto as coisas do presente (os acontecimentos contemporâneos) como as coisas futuras (os eventos futuros), estão sujeitas ao controle soberano de Cristo. E uma vez que o cristão pertence a Cristo, todas as coisas pertencem a ele. E vós, de Cristo, e Cristo, de Deus (23). As discussões medíocres dos coríntios estavam reduzidas à insignificância, à luz das possibilidades da graça através de Cristo. Visto que Cristo é o próprio Deus revelado, Ele iria unir todos os crentes em Deus.Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 264, 266.

Rm 3. 10-18 Quando no versículo anterior Paulo afirmou: “já temos demonstrado”, era óbvio que isso se deu unicamente por meio do amparo na Escritura. Como prova surge uma longa citação composta, oriunda primordialmente de salmos de lamentação, sobre o afastamento geral das pessoas de Deus. O apóstolo abrevia e complementa as frases, aguça-as e funde-as num bloco sólido por meio do constante: “não há…”, o que tem o sentido de: “Não há… nem um sequer…”.
Os v. 10-12 denunciam maciçamente a ruptura da aliança: todos se extraviaram (v. 12). E nisso retornam elementos da descrença gentílica. Pois a injustiça de 1.18 é citada aqui no v. 10a: Não há justo. A insensatez dos corações de 1.21,31 surge aqui no v. 11: não há quem entenda. A indiferença perante Deus, de 1.28, retorna no v. 11b: não há quem busque (verdadeiramente) a Deus. Repete-se pois no v. 12b a condenação da perversão moral da sociedade, de 1.28,32: à uma se fizeram inúteis.

Rm 3.22b,23 Neste ponto, Paulo insere brevemente no seu raciocínio o resultado de 1.18–3.20. Porque não há distinção (entre judeus e gentios): pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. De acordo com Sl 8.5,6, o ser humano na verdade está logo abaixo de Deus. Como reflexo de Deus ele traz sobre a cabeça uma coroa de glória, com a Criação aos seus pés. Ele, porém, possui essa dignidade somente quando persevera na adoração de Deus, assim como a lua somente brilha quando está voltada para o sol. Por meio da trágica alteração de percurso mencionada em 1.21, o ser humano perdeu sua irradiação prevista por Deus. Em 1.24-32 e 3.10-18 Paulo retratou o ser humano desviado de Deus e, por isso, assustadoramente sem brilho. Segundo 2.7,10, no juízo final estará em jogo a pergunta se Deus nos conferirá esse brilho reluzente da dignidade humana original.Adolf Pohl. Comentário Esperança Cartas aos Romanos. Editora Evangélica Esperança.

3. A Santa Ceia.

Recordemos um pouco sobre a Santa Ceia. Ela é citada em pelo menos dois textos centrais: no Evangelho de Lucas e na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios.
Lucas 22 mostra Jesus ceando com seus discípulos antes de ser entregue nas mãos daqueles que o haviam de matar. “Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça” (Lc 22.15). Ele sabia que em pouco tempo seria morto, mas fez questão de ter um momento de comunhão com aqueles que iriam dar prosseguimento à sua obra na terra. Aquela refeição mostrou o traidor, mas mostrou também a importância que o Senhor deu em falar que o Reino de Deus não terminaria com sua morte. Foi um momento reservado aos que eram próximos do Senhor.
Se em Lucas nos é mostrado o momento do Senhor com seus discípulos antes de sua morte, em Coríntios Paulo descreve sua tristeza para com os crentes daquela igreja sobre vários aspectos, e a Ceia do Senhor era um desses motivos. Há indícios de que os crentes que tinham mais posse levaram evidentemente mais recursos para a ceia, e os mais pobres, menos recursos. Esses alimentos deveriam ser reunidos para que todos pudessem ter uma refeição em conjunto, em comunhão, mas esse sentimento era desconhecido naquela igreja. Os que tinham levado mais comida pegavam antecipadamente o que tinham levado e o comiam, e o mesmo o faziam os que tinham levado pouca comida. Eles não sabiam dividir seus recursos para que todos comessem juntos e na mesma medida. Paulo diz que “assim um tem fome, e o outro embriaga-se” (1 Co 11.21). O versículo 22 dá a entender que essa atitude partia dos crentes mais abastados: “Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm?” De qualquer forma, foi necessário que Paulo corrigisse os desvios na Ceia do Senhor, ordenando que esperassem uns pelos outros.
Os coríntios deveriam aprender que a Ceia do Senhor é um momento sublime, em que somos motivados a lembrar da morte do Senhor até o seu retorno. Não é um momento de manifestação de egoísmo, e ninguém pode participar dela de forma indevida, sem ter em mente que o sangue de um inocente foi dado em nosso lugar, para que tivéssemos vida. Mais que isso, é um momento de anúncio do sacrifício de Cristo até que Ele retorne.
A Páscoa nos traz diversas lições espirituais, como obediência, sacrifício e comunhão. Que possamos atentar para essas lições e ter em mente que Deus preza por todos eles hoje.
"Que atitudes dos pais israelitas fez com que seus primogênitos fossem salvos? A fé no que Deus disse e a obediência ao que Deus disse. Fé e obediência precisam caminhar juntas."COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 43-44.

A ÚLTIMA CEIA. A tradição que Paulo recebeu e registrou pertence ao mais primitivo registro do que aconteceu na noite em que Jesus foi traído (1 Co 11.23-26). Este registro afirma que foi à noite que houve uma refeição (Seutvov), que Jesus tomou o pão, o partiu e disse, “Isto é o meu corpo, que é dado [partido] por vós; fazei isto em memória de mim”. O mesmo com o cálice: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” Não há menção da Páscoa no registro de Paulo, exceto de uma forma circunstancial: o partir do pão de forma solene, o beber do vinho no cálice, a referência à aliança. O registro sinóptico não se diferencia em essência do paradosis paulino, exceto por ser apresentado como uma ceia pascal (cp. Mt 26.17; Mc 14.12; Lc 22.7).
a. A data da crucificação. Se a referência de João ao sacrifício do cordeiro pascal, em 18.28, refere-se à verdadeira ceia pascal, então a Ultima Ceia não poderia ter sido a ceia pascal. Os sinópticos são explícitos ao declarar que a crucificação aconteceu no primeiro dia da Páscoa (15 de Nisã). Há dois possíveis problemas relativos a isto: os eventos descritos na história da paixão teriam que ser comprimidos num curto período de tempo; o envolvimento das autoridades judaicas no negócio sórdido de uma crucificação no primeiro dia de uma grande festa é difícil de aceitar. J. Jeremias rejeita as dificuldades que se levantam em relação a crucificação em 15 de Nisã (The Eucharistic Words of Jesus [1955], 46ss.), mas pelo lado judaico isto é considerado pura impossibilidade (cp. J. B. Sega, The Hebrew Passover [1963], 244 n 8; cp. também D. Daube, The NT and Rabbinical Judaism [1956], 312). D. Chwolson tentou resolver a dificuldade pressupondo duas datas para a Páscoa, uma para se ajustar ao calendário farisaico e a outra para ao saduceu (Das letzte Passamahl Christi under-Tag seines Todes [1892, rev. 1908]). Através da literatura de Qumran sabemos que as diferenças no calendário eram causa de dissensão (cp. M. Black The Scrolls and Christian Origins [1961], 199ss.). 
Não há evidência de que os saduceus, que tinham a superintendência do Templo, tivessem se comprometido em tão importante assunto como permitir duas datas distintas. Mlle. Annie Jaubert trabalhou sobre a premissa de dois calendários diferentes: um velho calendário sacerdotal baseado no sistema solar e o calendário lunar oficial da época. De acordo com o sistema

solar, a Páscoa cairia sempre numa quarta-feira;
0 sistema lunar tomaria a festa móvel. Sugere-se então que a discrepância nos evangelhos deriva-se do duplo sistema (cp. La Date de la Céne [1957]). De acordo com uma antiga tradição da igreja/ Jesus foi preso na quarta-feira (cp. Epifânio, de fide XXII, 1), o que significa que a Ultima Ceia teria acontecido numa terça-feira. A teoria de Mlle. Jaubert foi grandemente aceita (cp. G. R. Driver, The Judaean Scrolls [1965], 330ss.; John Bowman, op. cit. 257ss.; Norman Walker, “Conceming the Jaubertian Chronology of the Passion”, Nov Test III [1959], 317ss.). Mas a teoria fica de pé e cai com a suposição de duas celebrações pascais. Se os sinópticos e João estão falando da mesma Páscoa “a discrepância não pode ser reconciliada” (Driver, op. cit. 331). George Ogg mostrou porquê a teoria é insustentável (cp. Historicity and Chronology in the NT [1965], 82s.). Ao mesmo tempo há um grande consenso de que a Ultima Ceia foi a ceia pascal: nem a teoria do kiddush ou do haburah são adequadas (cp. Bowman, op. cit. 274s.). Jeremias sugere 14 aspectos de uma ceia pascal (op. cit. págs. 136ss.) e admite que a partir das evidências do NT nenhuma resposta uniforme é possível (TWNT, V, 895ss.). Uma solução para o dilema seria aceitar que a Ultima Ceia foi a ceia pascal, mas em antecipação à festa, o que significaria que não havia cordeiro pascal; pelo menos o cordeiro pascal nunca é mencionado no NT (apesar de Bowman admitir sua presença, op. cit. 266). Tão simples solução toma possível a reconciliação das duas tradições: João estava certo, pois a Páscoa começou na sexta-feira à noite; os sinópticos estavam corretos, pois a Ultima Ceia foi a ceia pascal mesmo sem o cordeiro (cp. J. Jocz, A Theology ofElection [1958], 37; G. Ogg, op. cit. 85s.).

b. A ceia memorial. Anamnesis é a ideia fundamental da Páscoa: Israel traz à memória o que Deus tem feito pelo seu povo (cp. Hans Kosmala, Nov Test, IV [1959], 81ss.). No contexto pascal, as palavras da instituição da Ultima Ceia se encaixam bem ao propósito da festa. Mas está faltando o convite para “lembrar” nos sinópticos, com exceção da VS mais longa de Lucas (cp. Lucas 22.17-19mg.). Isto levanta a questão sobre qual texto é o original. A questão é complicada pelo fato de que a VS mais longa está sob suspeita de ter assimilado o texto de 1 Coríntios 11.24s. Depois de um estudo cuidadoso, Jeremias escolheu a VS mais longa de Lucas e atribui as similaridades verbais ao fato de que ela deriva da fórmula litúrgica (op. cit. 91,102). Isto coincide com o próprio testemunho de Paulo de que ele recebeu a tradição (cp. Birger Gerhardsson, Memory andManuscript [1961], 321 ss.). A favor da VS mais longa de Lucas está a menção de dois cálices, um antes e um após a refeição. Isto está de pleno acordo com os costumes judaicos de ter o cálice kiddush no começo da festa.

O fato de anamnesis não ser mencionado em Marcos não significa que a instituição da Última Ceia era desconhecida naquele evangelho, como deduz Bowman (op. cit. 266). Sendo admitido o contexto pascal, o anamnesis já está automaticamente incluído — toda a festa (Ex 12.14). As palavras interpretativas que acompanham os atos manuais estão em conformidade com a obrigação de explicar o significado do “ritual”
— (Êx 12.26; Pes 10.4). Jesus seguiu o costume mas reinterpretou a Páscoa sob o ponto de vista do evento messiânico: o Messias assumiu o papel do cordeiro pascal. É, portanto, correto dizer que a Ultima Ceia proporciona à Páscoa um novo conteúdo (cp. J. Steinbeck, Nov Test III [1959], 73). Daqui em diante o pão e o vinho do seder se tomam os sinais do sacrifício do Messias na cruz. A ceia pascal se toma uma ceia messiânica.Os estudiosos suspeitam que Paulo tenha recebido influências helénicas em vista das práticas das refeições cúlticas nas religiões pagãs. O contexto pascal da Ultima Ceia toma tais suspeitas infundadas (cp. E. Kãsemann, Exegetische Versuche und Besinnungen [1960], 11). Sverre Aalen nega qualquer ligação com rituais não judeus e aponta para o fato de que na Ultima Ceia não há indicação de uma ceia compartilhada entre Deus e o homem (Nov Test VI, 151).

c. A Ultima Ceia e a Páscoa. Na época do Templo, a ceia pascal consistia não apenas do cordeiro, mas também da festa especial do sacrifício, da qual todos participavam (cp. 2 Cr 35.13). Comer o sacrifício era uma ocasião alegre e dava coesão à vida comunitária. Isto deve ser distinguido da oferta pelo pecado, que era totalmente queimada e nunca consumida. Para os hebreus, comer o sacrifício nunca significou comer seu Deus. A participação no ai do Messias cria um problema se a Ultima Ceia for concebida puramente em termos sacrificiais. Por esta razão a ênfase na Última Ceia deve ser colocada tanto sobre a aliança quanto sobre a oferta pelo pecado, se não mais (cp. Aalen, op. cit. 148s.). O sangue que selou a aliança não é o sangue derramado sobre o altar, mas o sangue borrifado sobre as pessoas. Há uma correspondência entre a Última Ceia e Êxodo 24.11; os anciãos de Israel viram Deus e comeram e beberam.
A aliança está no centro do registro da Páscoa. Na noite do Êxodo, Deus se revelou como o Deus dos pais que se lembraram sua aliança (Êx 2.24; 3.15). Na noite da crucificação, esta aliança foi reafirmada pela voluntariedade do Messias de derramar seu sangue. O cordeiro pascal não é, portanto, suficiente para explicar o sentido completo da Última Ceia; a aliança se impõe como o tema que cobre com a arca.
Isto levanta o problema do significado em que sentido é uma nova aliança? O escritor aos Hebreus e Paulo, algumas vezes, dão a impressão de uma ruptura radical: o primeiro mandamento é colocado de lado “por causa de sua fraqueza e inutilidade” (Hb 7.18); se a primeira aliança tivesse sido feita sem defeito não haveria necessidade de uma segunda (8.7); “Quando ele diz nova, toma antiga a primeira” (8.13); aquele que está em Cristo nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo (2Co 5.17).
Desde Marcião tem persistido uma tendência de separar os dois Testamentos e de compreender o “novo” num sentido radical. A exposição de Paulo sobre o destino de Israel (Rm 9-11) toma tal ruptura impossível. Os Pais da Igreja que falaram de uma “mudança de aliança” (cp. Lactâncio, Divinae Institutiones IV, 11) fizeram violência à continuidade da revelação. A doutrina do Logos não permite tal ruptura; o Cristo preexistente já falava no AT (cp. I Pe 1.11). O escritor de Hebreus baseia seu argumento na premissa de que o Cristo preencamado estava presente na história de Israel (cp. W. Manson, The Epistle to the Hebrews [1951], 79s., 82,96,184ss.). 
O novum, então, deve ser compreendido em conexão com o evento messiânico. A Nova Aliança coloca a Velha Aliança à margem de seu cumprimento escatológico, mas o povo de Deus é uma continuação de Abel até os dias de hoje (cp. Melanchthon, On Christian Doctrine [1965], 232). Cristo como o telos da lei (Rm 10.4) traz uma Nova Era, mas não muda as promessas de Deus. A Nova Aliança é chamada “melhor” que a velha (Hb 8.6) porque Deus em Cristo cumpre sua promessa de escrever sua lei no coração dos que creem (Hb 8.8ss.). A Última Ceia, portanto, continua o tema da Páscoa no novo contexto messiânico.

(1) É uma festa em memória da pessoa e obra do Messias. O anamnesis vai além dos eventos históricos e se toma uma proclamação e confissão de fé (cp. ICo 11.26).
(2) É uma declaração de fidelidade entre o Mestre e os discípulos, expressando coesão e uma mútua interdependência da família cristã.
(3) Reafirma a antiga aliança, selando-a no sangue do Messias.
(4) Expressa a alegria da salvação e a esperança escatológica do triunfo definitivo do Messias (cp. J. Steinbeck, op. cit. 71 ss.)

d. O êxodo cristão. A ideia fundamental da mensagem do NT é o cumprimento messiânico; Jesus é aquele de quem Moisés e os profetas escreveram (Jo 1.45). O Messias, através de sua vida, obra, morte e ressurreição realizou uma “salvação eterna” (Hb 5.9). A lei era incapaz de fazer isto, porque a lei não tomava nada perfeito (7.19); ela somente serviu como um provisório até Cristo vir (G1 3.24). A salvação de YHWH, como demonstrada na história do Êxodo (cp. Êx 14.13), era apenas um prenúncio do que estava por vir. Todos os atos de Deus no AT apontam para um acontecimento futuro. Um dia virá, quando o Senhor se revelará como “um guerreiro que dá vitória” (Sf 3.17). A diferença entre a redenção do Egito e a salvação messiânica não está nos períodos em que ocorreram. A salvação bíblica está sempre arraigada no tempo e na história; esta é sua característica mais peculiar (cp. Daube, op. cit. 271). A distinção não se dá também porque uma é física (ou política) e a outra espiritual. Mas a distinção j az antes na área da escatologia; a salvação messiânica é definitiva. Os rabinos consideram a redenção do Egito como um prenúncio da redenção final (Daube, ibid. 191), o NT a reivindica como um fato realizado. A Páscoa é o começo da jornada que o Messias completa ao alcançar sua meta.
“Salvação eterna” significa que não pode haver outra salvação após o evento messiânico, que é o definitivo. A aliança eterna que Deus prometeu aos pais (Jr 32.40; 50.5; cp. Is 55.3; Ez 16.60) foi aogra estabelecida e selada no sangue do Messias (Hb 13.20). Em Hebreus a dissolução do culto, a mudança do sacerdócio e a remoção da lei são as consequências do evento messiânico. Cristo se tomou o caminho vivo (10.20) para o interior do santuário (6.19), o novo Sumo Sacerdote que, por seu sacrifício, tomou possível ao homem aproximar-se da presença do próprio Deus (10.20ss.).

Bowman detecta um paralelo esboçado em Marcos entre Moisés e Jesus (op. cit. 157). Mas a semelhança não é uma criação artificial. Ao contrário, deriva do tema pascal; o Êxodo fala de salvação. Jesus completou o que Moisés começou, mas nunca pôde realizar num sentido definitivo. A verdadeira libertação é a libertação do pecado. Ninguém que é escravo do pecado é verdadeiramente livre. Somente aquele a quem o Filho liberta, é de fato livre (Jo 8.34s.). Paulo chega a uma conclusão parecida: os pais estavam todos debaixo da nuvem, passaram pelo mar, foram batizados em Moisés, comeram do manjar espiritual e beberam da fonte espiritual e, ainda assim pereceram no deserto (I Co 10.1-5). O Êxodo teve um objetivo limitado, que não foi alcançado até que uma nova geração viesse. Ele é, portanto, apenas uma parábola da jornada do homem ao seu destino final — a Terra Prometida. Esta jornada não pode ser feita em sua própria força.
 O escravo tem que se tomar liberto do Senhor (I Co 7.22) e a alforria acontece na cruz de Jesus Cristo. Em Jesus os homens se tornam filhos de Deus (Gl 4.4-6) e gozam da liberdade dos filhos de Deus (Rm 8.2ss.). O Êxodo do Egito para a terra de Canaã conduz além da história para a “Cidade” cujas fundações tem “Deus como arquiteto e edificador” (Hb 11.10). Enquanto que o Êxodo histórico foi limitado à experiência de um povo, o Êxodo cristão está aberto às nações do mundo. O destino final do homem é a Jerusalém celestial, a cidade da liberdade (G1 4.26).MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 787-789.(estudaalicao.blogspot.com).
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PAZ DO SENHOR

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.