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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O PECADO DA COBIÇA E INVEJA (4)




NÃO COBIÇARÁS

No Novo Testamento, encontramos Ananias e Safira, que desejavam prestígio na Igreja, mas tentaram consegui-lo de maneira pecaminosa (At 5.1-11). Simão Mago, de Samaria, tentou comprar os dons de Deus com dinheiro, pois almejava poderes sobrenaturais para ostentação pessoal (At 8.18). Diótrefes, personagem desconhecida, cuja única menção no Novo Testamento é desabonadora, já que ele procurava ter o primado na Igreja (3 Jo 9).Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 136.

I Reis 21.9 Apregoai um jejum, e trazei a Nabote para a frente do povo. Nabote deveria ser zombeteiramente exaltado e louvado. Ele era um homem bom, e o público reconheceria isso. Muitas pessoas estariam presentes para honrá-lo, mas ao lado dele haveria dois patifes que, de repente, acusariam o bom homem de blasfêmia contra o rei e contra Elohim (o Deus de Israel, ou, talvez os deuses, conforme a palavra hebraica pode ser traduzida). Seja como for, a acusação, nunca ouvida nem provada em tribunal, resultaria em sua execução (vs. 13). Bastava que duas testemunhas testificassem contra uma pessoa para que as acusações tomassem um aspecto legal. Os dois patifes “cumpriram” a exigência legal. Ver Deu. 17.6,7. Quanto a uma interpretação alternativa, ver a seguir.

O texto hebraico original aceita outra interpretação. 

Em lugar da idéia de exaltação, a colocação de Nabote à frente do povo pode significar “seja submetido a julgamento”. Mas, quer ele fosse exaltado, quer fosse submetido a julgamento, o pobre Nabote seria atraiçoado e executado por crimes que não tinha cometido. Disse John Gill (in loc.): “...trazei-o ao tribunal e julgai-o. Talvez em seus tribunais de juizo houvesse lugares mais elevados, acima da cabeça das pessoas, onde os criminosos acusados costumavam pôr-se de pé, quando estavam sendo julgados, a fim de que pudessem ser vistos e ouvidos por todos”.
Um jejum. Jezabel fingiu que Israel estava enfrentando os pecados de Nabote. Jejuns eram decretados em tempos de emergência nacional. Yahweh estaria prestes a punir um povo desviado. Era necessário um arrependimento em massa, e pecados secretos tinham de vir à luz. Algumas poucas execuções avivariam tais questões, e isso aliviaria a ira divina. O jejum alegadamente prepararia o povo para aproximar-se da deidade. A presença divina revelaria por que o país enfrentava o perigo. Um jejum de sete dias era comum nos sepultamentos, em lamentação pelos mortos (ver I Sam. 31.13), de modo que um jejum era com freqüência associado à morte, e quase sempre ao pecado. Nas religiões modernas, essa não é a razão principal para que haja jejum.
I Reis 21.10 Dois homens malignos. Nossa versão portuguesa provavelmente mostra-se correta ao fazer do nome Belial um adjetivo que significa “homens malignos”. Esta nova versão portuguesa concorda com a Revised Standard Version. Somente mais tarde a palavra hebraica veio a significar um nome para Satanás, visto que essa doutrina só se desenvolveu no judaísmo posterior. Eram essenciais duas testemunhas, de acordo com a lei antiga (ver Deu. 17.6; 19.15; Núm. 35.30; Mat. 26.60). Isso deixava a questão aberta para a injustiça, porquanto não seria dificíl conseguir duas “testemunhas” que concordassem em levantar uma acusação qualquer contra alguém inocente. É admirável que o testemunho tenha sido aceito, e não tenha havido nenhum julgamento como estamos acostumados a ver hoje em dia.
"... eles eram uns coitados inúteis, que tinham lançado fora o jugo da lei, visto que belial significa criaturas abandonadas e sem lei, que não têm consciência de coisa alguma” (John Gill, in loc.).
Blasfêmia. Falar coisas pesadas e perversas contra Deus e o rei, esse foi o alegado “crime” de Nabote. Entrementes, a abominável e idólatra Jezabel saiu livre de qualquer punição, embora ela fosse um caso público e escandaloso de alguém que deveria ser executado de acordo com os padrões da legislação mosaica. Esse era um crime passível de execução e uma violação direta do segundo mandamento (Êxo. 20.4). Ver Deu. 17.2-5 quanto à pena de morte (por apedrejamento), que era o castigo contra esse crime.
A blasfêmia era punida com o apedrejamento, conforme aprendemos em Lev. 24.16 e Deu. 13.9,10. A palavra hebraica aqui usada e traduzida como “blasfêmia” usualmente significa “abençoar”, mas em um uso eufemístico significa também “amaldiçoar”.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450-1451.

O plano de Jezabel (21.5-16). A consciência de Jezabel, de Tiro, não tinha sido desenvolvida pelas tradições israelitas e pelo respeito aos direitos alheios. Como Acabe não se apossou imediatamente da vinha de Nabote, uma coisa que dificilmente seria capaz de entender (7), ela continuou com seu plano diabólico. Os filhos de Belial (10) seriam homens desonestos. Nunca foi exposta a falsa acusação de blasfêmia levantada contra Nabote perante a assembléia dos anciãos e dos nobres. Este sincero israelita foi apedrejado de acordo com a lei (13; cf. Lv 24.13-16), sob o testemunho de duas pessoas que teriam presenciado a suposta ofensa (cf. Dt 17.6,7). Com a eliminação de Nabote, Acabe tomou posse do jardim (15-16) que, sem dúvida, havia perdido grande parte de seus antigos atrativos.Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 338-339.

Para satisfazê-lo, ela planeja e maquina a morte de Nabote. Não menos do que o seu sangue servirá para reparar a afronta que fizera a Acabe, o qual deseja com mais avidez por causa da sua adesão à lei Deus de Israel.
1. Tivesse ela desejado apenas suas terras, suas falsas testemunhas podiam ter jurado falsamente por meio de um fato forjado (ela não podia ter emitido um documento tão fraco, mas os anciãos de Jezreel teriam julgado que ele era muito bom); mas a adúltera anda à caça de preciosa vida. (Pv 6.26). A vingança é doce. Nabote deve morrer, e morrer como um malfeitor, para satisfazê-la.
 (1) Nunca ordens mais perversas do que aquelas que Jezabel enviou aos magistrados de Jezreel foram enviadas por qualquer príncipe (w. 8-10). Ela empresta o selo pessoal do rei, mas o rei não sabe o que ela fará com ele. E provável que essa não fosse a primeira vez que ele o emprestava a ela, mas que com ele ela houvesse assinado ordens para matar os profetas. Ela usa o nome do rei, sabendo que isso lhe agradaria quando estivesse terminado, mas temendo que ele pudesse ter escrúpulos quanto ao jeito de fazê-lo. Resumindo, ela os ordena, com a submissão deles, que condenem Nabote à morte sem lhes dar qualquer motivo para fazerem isso.Tivesse ela enviado testemunhas para denunciá-lo, os juizes (que devem proceder secundum allegata et probata — de acordo com as alegações e provasj poderiam ter sido enganados, e a sua sentença podia ter sido mais infeliz do que seu crime; mas obrigá-los a encontrarem testemunhas, filhos de Belial, para eles mesmos suborná-las, e depois darem o veredicto sobre um testemunho que eles sabiam ser falso, era uma provocação sem vergonha a tudo o que era justo e sagrado, como não esperamos que possa ter paralelo em qualquer história. Ela devia ter considerado os anciãos de Jezreel como homens perfeitamente perdidos em relação a qualquer coisa que é honesta e honrável ao esperar que essas ordens fossem obedecidas. Mas ela lhes ensinará um jeito de fazer isso, tendo tanto da sutileza da serpente como tinha do seu veneno. [1] Isso devia ser feito sob as aparências da religião: “apregoai um jejum; indicai a vossa cidade que estais apreensivos acerca de um terrível julgamento que é iminente sobre vós, ao qual deveis vos esforçar em evitar, não apenas pela oração, mas descobrindo e excluindo a coisa amaldiçoada; fingi estardes temerosos de haver escondido entre vósum grande infrator, por cuja causa Deus está irado com a vossa cidade; encarregai o povo, se ele souber de algo assim, de denunciá-lo naquela ocasião solene, quando o povo estiver preocupado com o bem-estar da cidade; e finalmente, que Nabote seja preso como o suspeito, provavelmente porque ele não se junta aos seus vizinhos na adoração. Isso poderá servir de pretexto para que ele seja posto acima do povo, sendo convocado à corte. 
Fazei proclamação que, se alguém puder acusá-lo diante da corte, e provar que ele seja o Acã, deve ser ouvido; e então deixai que as testemunhas apareçam para testemunharem contra ele”. Note: Não existe perversidade tão desprezível, tão horrenda, para a qual algumas vezes a religião não tenha sido feita de manto e cobertura para ela. De qualquer modo, não devemos pensar o pior do jejum e da oração por eles terem sido usados às vezes de forma abusiva como aqui; porém, devemos pensar muito pior daqueles planos perversos que, em qualquer tempo, têm sido levados a efeito sob o abrigo deles.
 [2] Isso também deve ser feito sob a aparên cia da justiça e nas formalidades de um processo legal. Tivesse ela enviado a eles para alugar alguns de seus bandidos, alguns rufiões perigosos, para assassiná-lo, para golpeá-lo quando estivesse andando pelas ruas à noite, o feito teria sido mau o suficiente; mas destruí-lo através da lei, usando para assassinar ao inocente aquele poder que devia protegê-lo, foi tanto uma perversão violenta da justiça e do julgamento quanto algo verdadeiramente monstruoso, e ainda somos orientados a não nos maravilharmos com isso (Ec 5.8). O crime de que deviam acusá-lo era o de haver blasfemado contra Deus e contra o rei — uma blasfêmia confusa. Com certeza ela não podia pensar em um sentido de blasfêmia na resposta que ele tinha dado a Acabe, como se lhe negar a sua vinha fosse blasfemar do rei, e dar razão à lei divina fosse blasfemar de Deus. Não, ela não finge ter nenhum fundamento para a acusação. Embora não houvesse nenhuma plausibilidade nisso, as testemunhas deveriam jurar, e a Nabote não se devia permitir que se defendesse, ou examinasse as testemunhas, mas, imediatamente, sob o pretexto de um ódio universal ao crime, eles deviam levá-lo para fora da cidade e apedrejá-lo. Por haver blasfemado de Deus ele teria o confisco da sua vida, mas não a de sua propriedade, e por isso ele também foi acusado de traição ao blasfemar do rei, por cujo ato sua propriedade devia ser confiscada, de maneira que Acabe pudesse ter a vinha que lhe pertencera.HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 533-534.

4. O CASAL NÃO CONTAVA COM UMA TESTEMUNHA VERDADEIRA.

I Reis 21.15 As boas novas foram comunicadas a Acabe. Agora ele tinha um brinquedo com o qual brincar, a saber, a vinha de Nabote. Não fora Acabe quem inventara o plano para assassinar Nabote, mas ele estava ansioso por tirar vantagem dos resultados desse plano, e assim tornou-se cúmplice de sua mulher, Jezabel. O infantil e velho rei levantou-se de seu “leito de enfermidade” e imediatamente foi até o terreno de Nabote para preparar ali um jardim (vs. 2). II Reis 9.26 mostra- nos que os filhos de Nabote também foram executados, e isso só serviu para complicar a questão inteira, a saber, acarretando a morte violenta de Jezabel e Acabe. O dia do castigo deles estava próximo.

I Reis 21.16 Josefo (Antiq. VIII.13.8) diz-nos que “Acabe alegrou-se diante do que tinha sido feito e levantou-se imediatamente do leito onde tinha jazido”. Acabe tinha menos força de vontade e má imaginação que Jezabel, mas era, igualmente, constituído de consciência. A Septuaginta, por outra parte, pinta Acabe como entristecido pela execução, mencionando que ele “rasgou suas roupas e vestiu-se de cilício". É possível que essas vestes rasgadas impliquem a verdade dos fatos, e que o texto massorético removeu essa porção, pensando exaltar demais ao ímpio Acabe. Até o cruel Acabe poderia ter ficado temporariamente chocado por causa daquele assassinato. Mesmo sua mente embrutecida poderia ter compreendido, naquele momento, a grande injustiça que fora cometida.Jezreel ficava a cerca de vinte e seis quilômetros de Samaria, de modo que Acabe fez uma pequena viagem para dar outra olhada em “suas terras”, que se tornariam o “seu jardim” para embelezar sua residência de verão. John Gill (in loc.) imaginou que ele tenha ido até lá em meio a grande pompa e glória, sendo acompanhado por altos oficiais para celebrar a feliz ocasião.

A Intervenção e a Retaliação de Elias (21.17-29)

Acabe e Jezabel tinham semeado o vento e logo colheriam o tufão (ver Osé. 8.7). O sangue de Nabote e de seus filhos (ver a história anterior) seria vingado.
“A dinastia de Onri, pai de Acabe, seria desmantelada, tal como aconteceu à família de Nabote, e pelas mesmas razões. Nenhuma dessas linhagens reais fora fiel aos ideais deuteronômicos" (Norman H. Snaith, in loc.). “Novamente, Deus escolheu Elias para levar uma mensagem de julgamento a Acabe, que estava, naquele momento, na vinha de Nabote. Deus transmitiu a Elias o que ele deveria dizer (vs. 19)” (Thomas L. Constable). A abominável e ímpia Jezabel tinha cometido o duplo crime de assassinato e confisco ilegal de uma herança familiar. Acabe foi o cúmplice declarado desses crimes e sofreria sorte igualmente horrível.
I Reis 21.17,18 A palavra do Senhor (Yahweh) veio novamente a Elias. Ele teve uma visão, um sonho incomum, ouviu uma voz direta ou, de outra maneira qualquer, esteve em comunicação com o Ser Divino. Cf. I Reis 18.1, a primeira ocasião em que a palavra do Senhor veio a Elias, ordenando-lhe proferir julgamento contra Acabe.
localização de Acabe foi dada a Elias. Naquele exato instante, Acabe estava tomando posse da vinha de Nabote, que ele tinha obtido através de assassinato. Elias haveria de “apanhá-lo com a mão na botija”, porquanto estaria tomando posse ilegal de uma herança de família. O versículo à nossa frente parece indicar a localização da vinha em Samaria, mas Nabote era de Jezreel, e podemos supor que sua vinha estivesse ali. Acabe tinha uma residência de verão naquele lugar. É possível que a declaração feita pelo autor, neste versículo, tenha sido um equívoco. Acabe tinha palácios em dois lugares, porém o mais provável é que a vinha ficasse perto de Jezreel e a herança da família de Nabote também estivesse nessa última cidade.

Elias desceu no dia seguinte após as matanças (ver II Reis 9.26).

I Reis 21.19 A mensagem a ser transmitida foi direta e brutal. Acabe era um homem morto. Além disso, morreria em desgraça. No próprio lugar onde os cães tinham vindo lamber o sangue de Nabote, também lamberiam o sangue de Acabe, e dessa forma a Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura teria exato cumprimento. Essa foi a Lex Talionis divina (ver no Dicionário), isto é, uma punição em termos iguais, como olho por olho e dente por dente.
A profecia não se cumpriu em termos exatos, mas, sim, quanto à sua essência, conforme salientou John Gill (in loc.): “... a profecia teve cumprimento em seus filhos, que eram sua carne e seu sangue (ver II Reis 9.26), porquanto o castigo foi adiado em seus dias e transferido para os seus filhos (ver o vs. 29). Os cães, entretanto, lamberam-lhe o sangue, embora não no mesmo local (ver I Reis 22.8)”. O arrependimento de Acabe alterou, até certo ponto, o cumprimento final da profecia, conforme vemos no vs. 29.
“É inútil procurarmos um cumprimento literal dessa predição. Esta teria sido assim cumprida, mas a humilhação de Acabe induziu um Deus misericordioso a dizer: 'Não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho o trarei sobre a sua casa’ (vs. 29)” (Adam Clarke, in loc.). Os cães lamberam o sangue de Nabote em Jezreel, e o de Acabe perto de Samaria.
“Quando os cães lambiam o sangue de alguém, isso indicava uma morte desgraçada, especialmente no caso de um rei, cujo corpo normalmente seria guardado e sepultado com grande respeito” (Thomas L. Constable, in loc.).CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1451-1452.

A Jezabel, muito alegre por sua conspiração ter sido bem sucedida, leva a notícia a Acabe de que Nabote não vive, mas é morto; por isso, diz ela, levanta-te e possui a vinha de Nabote (v. 15). Ele podia ter tomado posse através de um de seus oficias, mas ele está tão satisfeito com o acesso aos bens de Nabote, que ele mesmo viajará até Jezreel para tomar posse deles. E parece que ele foi com grande pompa também, como se tivesse obtido alguma grande vitória, pois muito tempo depois Jeú se lembra que ele e Bidcar o acompanharam naquela ocasião (2 Rs 9.25). Se os filhos de Nabote foram todos executados, Acabe pensou ter direito à propriedade ob defectum san- guinis — por falta de herdeiros (como nossa lei o expressa); se não, ainda assim, Nabote tendo morrido como um criminoso, Acabe a reclamou como ob delictum criminis — como alguém que teve seus bens confiscados por seu crime. Ou, se nada o justificasse, o poder absoluto de Jezabel lhe daria os bens de Nabote, e quem ousaria se opor à sua vontade? Com freqüência o poder prevalece contra o direito e é admirável que a divina paciência tolere que isso aconteça. Certamente Deus é tão puro de olhos, que não pode ver o mal, e ainda por um tempo se cala quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele (Hb 1.13).

Podemos observar nesses versículos:

A má reputação que é atribuída a Acabe (w. 25,26), que entra aqui para justificar Deus em relação à pesada sentença que lhe impôs, e para mostrar que embora lhe fosse imposta por ocasião do seu pecado no que tocava ao assunto de Nabote (muito parecido com o pecado de Davi no assunto relacionado a Urias), ainda Deus não o teria punido de maneira tão severa, se ele não fosse culpado de muitos outros pecados, principalmente da idolatria. Ao passo que Davi, com exceção daquele erro, fez o que era reto. Mas, quanto a Acabe, ninguém fora como ele, tão engenhoso e industrioso em relação ao pecado, e que fez dele uma ocupação. Ele se vendera para fazer o que era mau, isto é, tornou-se um completo escravo de suas luxúrias, e esteve tanto à disposição e às ordens delas quanto qualquer criado às ordens de seu senhor. Ele entregou-se completamente ao pecado, e com a condição de que pudesse desfrutar dos prazeres que dele vêm, ele receberia a paga por ele, a qual é a morte (Rm 6.23).
 O bendito Paulo queixou-se de que ele estava vendido sob o pecado (Rm 7.14), como um pobre cativo contra a sua vontade; mas Acabe era voluntário: ele se vendera ao pecado; por escolha, e como seus próprios atos e escolha, ele se submeteu ao domínio do pecado. Não era desculpa para seus crimes o fato de que Jezabel, sua mulher; o incitava a proceder perversamente e o fazia, em muitos aspectos, pior do que de outra forma teria sido. A que grau de impiedade chegou ele, que tinha tanto material inflamável em seu coração e tal temperamento em seu peito para acender o fogo dentro dele! Ele fez o mal em muitas coisas, porém, o pior foram as abominações, seguindo os ídolos, como os cananeus. Suas imoralidades provocavam muito a Deus, mas principalmente sua idolatria. A situação de Israel era triste quando um príncipe de um caráter como esse reinava sobre ele.

A mensagem com a qual Elias foi enviado para ele, quando foi tomar posse da vinha de Nabote (w. 17-19).

1. Até aqui Deus se manteve em silêncio, não interferiu na correspondência de Jezabel, nem suspendeu o processo dos anciãos de Jezreel; mas agora Acabe é reprovado e o seu pecado é posto diante de seus olhos. (1) Elias é a pessoa enviada. Um profeta de posição inferior tinha sido enviado a ele com mensagens de bondade (20.13). Mas o pai dos profetas é enviado para afligi-lo e condená-lo por seu assassinato. (2) O lugar é a vinha de Nabote e o tempo, justamente quando Acabe está tomando posse dela; então, e ali, a sua sentença deve ser lida para ele. Ao tomar posse, ele aprovava tudo o que fora feito, e fez a si mesmo culpado ex post facto — como um cúmplice após o fato. Ele foi pego por autorizar os erros, e por isso a condenação cairia sobre ele com muito mais força. “O que tens tu para fazer nesta vinha? Que bem podes esperar dela quando a adquiriste com sangue (Hb 2.12) e sufocaste a alma do seu dono (Jó 31.39). Agora que ele está se alegrando com o seu bem adquirido desonestamente, e dando orientações para mudar a vinha em um jardim de flores, a sua comida se mudará nas suas entranhas. Porquanto não sentiu sossego. 
Haja, porém, ainda de que encher o seu ventre, e Deus mandam sobre ele o ardor da sua ira (Jó 20.14,20,23). 2. Vejamos o que se passou entre ele e o profeta. (1) Acabe desabafou sua ira contra Elias, encolerizou-se ao vê-lo, e, em vez de humilhar-se diante do profeta, como devia ter feito (2 Cr 36.12), estava pronto para voar em seu pescoço. Já me achaste, inimigo meu? (v. 20). Isso mostra: [1] Que Acabe o odiava. A última vez em que os encontramos juntos separaram-se como bons amigos (18.46). Na ocasião, Acabe tinha permitido a reforma e por isso, tudo estava bem entre ele e o profeta; mas agora ele tinha reincidido e estava pior que nunca. A sua consciência lhe dizia que havia feito de Deus seu inimigo e, por essa razão, ele não poderia esperar que Elias fosse seu amigo. 
Note: A condição do homem que fez da palavra de Deus sua inimiga é muito miserável, e a sua condição, quando considera os ministros daquela palavra seus inimigos porque lhe clizem a verdade (G1 4.16), é muito desesperada. Tendo-se vendido ao pecado, Acabe estava resolvido a manter o negócio e não podia tolerar aquele que o teria ajudado a se recuperar. [2] Que Acabe o temia: Já me achaste? Insinuando que ele o evitava o quanto podia, e que agora era um terror para ele ter de vê-lo. Ver o profeta era, para Acabe, como a visão da mão escrevendo sobre a parede para Belsazar; então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram. As juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro. Nunca houve um pobre devedor ou criminoso tão confuso diante do oficial que veio para prendê-lo. Os homens podem se culpar se fazem de Deus e da sua palavra um terror para si. (2) Elias pronunciou a ira de Deus contra Acabe: Achei-te (diz ele no v. 20), porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau. Note: Aqueles que se entregam ao pecado certamente serão descobertos, cedo ou tarde, para o seu horror e assombro. Agora, Acabe está no lugar do réu, como esteve Nabote, e treme mais do que Nabote tremeu. [1] Elias declara a sua acusação contra ele e o condena pelas evidências notórias do fato (v. 19): Não mataste e tomaste a herança? Assim ele foi responsabilizado pelo assassinato de Nabote, e não lhe adiantaria dizer que a lei o havia matado (a justiça pervertida é a maior das injustiças), nem que, se ele foi processado injustamente, não era sua culpa — que ele não sabia nada disso; pois tudo foi feito para agradá-lo e ele se mostrou feliz com isso e, dessa forma se fez culpado por tudo que tinha ocorrido na condenação injusta de Nabote. Ele matou, pois ele tomou posse. Se ele toma o jardim, leva a culpa junto com ele. Terra transit cum onere — a terra com o encargo. [2] Elias dá a sentença sobre ele. Ele lhe fala da parte de Deus que a sua família será arruinada e arrancada (v. 21) e cortada toda a sua posteridade — que seria feito à sua casa como às de seus predecessores pervertidos, Jeroboão e Baasa (v. 24), particularmente, que aqueles que morressem na cidade seriam alimento para os cães e aqueles que morressem no campo, para os pássaros (v. 24); o que tinha sido predito a respeito da casa de Jeroboão (14.11) e da casa de Baasa (16.4) — que Jezabel, particularmente, seria devorada pelos cães (v. 23); o que se cumpriu (2 Rs 9.86) — e, para o próprio Acabe, que os cães lamberiam o seu sangue no mesmo lugar onde lamberam o de Nabote (v. 19 — “o teu sangue, o teu mesmo, embora seja sangue real, embora ele aumente em tuas veias com orgulho e ferva em teu coração com ira, em breve será diversão para os cachorros”), o que se cumpriu em 22.88. Isso implica que ele morreria de morte violenta, seria trazido ao seu túmulo com sangue, e que a desgraça o visitaria, cuja previsão deve necessariamente ser uma grande mortificação para um homem tão orgulhoso. Aqui se insiste nas punições após a morte, as quais, embora afetassem apenas o corpo, talvez fossem planejadas como figuras das misérias da alma depois da morte.HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 534-535.

A SENTENÇA de Deus (1 Rs 21:16-29)

"Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3:7). Elias saiu de cena desde que chamou Eliseu para ser seu sucessor, mas agora Deus colocava seu servo no centro do palco, a fim de confrontar o rei. Como sempre faz quando dá uma tarefa a ser cumprida, o Senhor disse a Elias exatamente o que falar ao rei perverso.Acabe havia derramado sangue inocente, e o sangue culpado do rei seria lambido pelos cães. Que maneira mais trágica de um rei de Israel terminar seu reinado! Numa ocasião anterior, Acabe havia chamado Elias de "perturbador de Israel" (18:1 7), mas dessa vez levou a questão a um nível mais pessoal e chamou o profeta de "inimigo meu". Na verdade, ao lutar contra o Senhor, Acabe foi seu próprio inimigo e trouxe sobre si a sentença pronunciada por Elias.
Acabe morreria de forma desonrosa, e os cães lamberiam seu sangue. Jezabel morreria e seria consumida pelos cães. Mais cedo ou mais tarde, toda sua posteridade seria erradicada da terra. Haviam desfrutado seus anos de prazeres pecaminosos e de interesses egoístas, mas tudo isso acabaria em julgamento.Em vez de ir para casa e ficar amuado, Acabe se arrependeu! O texto não diz o que sua esposa pensou dessa atitude, mas o Senhor, que vê o coração, aceitou sua humilhação e falou dela a seu servo. O Senhor não cancelou o julgamento anunciado, mas o adiou até o início do reinado de jorão, filho de Acabe (ver 2 Rs 9:14-37). Acabe foi morto no campo de batalha, e os cães lamberam seu sangue ju n to ao a çud e de Samaria (1 Rs 22:37, 38). 
Em função desse adiamento do julgamento, os cães lamberam o sangue de Jorão, filho de Acabe, na propriedade de Nabote, exatamente como Elias havia prenunciado (2 Rs 9:14-37). Acontecimentos posteriores mostraram que o arrependimento de Acabe durou pouco, mas, pelo menos, o Senhor lhe deu outra oportunidade de deixar seu pecado e de obedecer à Palavra. De quantas provas mais Acabe precisava? No entanto, não era fácil romper a influência de sua esposa, pois quando Acabe casou-se com ela, vendeu-se para o pecado.WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 481-482.(estudalicao.blogspot.com).
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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