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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Subsidio jovens conectar institução da Pascoa n.8 (5)





Um acontecimento tão importante como aquele que deu origem à nação de Israel não poderia ser ignora· do pelo Novo Testamento. Isso pode ser comprovado nos cinco pontos abaixo:

1. A morte de Cristo, que ocorreu exatamente no período da páscoa, sempre foi considerada um evento capital para os primeiros cristãos, e daí por diante, durante todo o cristianismo. Jesus é chamado de nosso "Cordeiro pascal- (ver I Cor. 5:7). Isso tem sido associado pelos cristãos à ideia de expiação e livramento, que nos liberta dos inimigos da alma. 2. A ordem de não ser partido nenhum osso do cordeiro pascal foi aplicada por João às circunstâncias da morte de Jesus Cristo (ver Êxo. 12:46 e João 19:36), pelo que foi estabelecido um vínculo entre os dois eventos, fazendo o primeiro ser símbolo do segundo.

A ideia de expiação, como é patente, faz parte vital da questão.
3. O cristão (tal como os antigos israelitas) deve pôr de lado o antigo fermento do pecado, da corrupção, da malícia e da desobediência, substituindo-o pelos pães asmos da sinceridade e da verdade. A santificação (vide) faz parte necessária da experiência cristã.

4. A última Ceia é exposta nos evangelhos sinópticos como uma refeição pascal. O evangelho de João (18:28; 19:14) apresenta o fato de que a refeição foi tomada antes da celebração, e Jesus foi crucificado ainda naquele mesmo dia (lembrando que, para os judeus, o dia começava às 18:00 horas). Para muitos, isso constitui um dos grandes problemas de harmonia dos evangelhos, sobre o que abordo no NTI, nas passagem envolvidas. Porém essa pequena deslocação cronológica em nada contribui para anular a associação da última ceia com a pascoa. Talvez o Senhor Jesus tenha antecipado a refeição por algumas poucas horas. Nesse caso o quarto evangelho expõe a correta cronologia quanto à -questão, O ensino paulino sobre a última ceia (1 Cor. 11:23-26) faz com que a mesma seja um memorial tanto da morte libertadora de Cristo quanto da expiação. Ambos os elementos faziam parte da páscoa do Antigo Testamento, segundo já vimos. 
Paulo não menciona especificamente a páscoa, Daquela seção, embora ele o faça em I Cor. 5: 7. Eusébio aceitava o conceito da páscoa cristã no sacrifício de Cristo (ver Hit. 5,23,1). E essa também era a ideia tradicional da Igreja antiga. É interessante que a palavra hebraica par", páscoa, pascha, é tão parecida com a palavra grega para sofrer, péscbo, que alguns cristãos antigos fizeram a ligação entre elas, embora não haja qualquer conexão histórica entre esses termos. Cristo sofreu e ele é a nossa pascoa, um jogo de palavras empregado por Eusébio. Para os cristãos, a palavra grega anámne (memorial), é uma palavra-chave. A ceia do Senhor é um memorial que deve ser mantido vivo, até que o Senhor retorne. Essa é a ênfase paulina, que não se vê nos evangelhos sinópticos, embora. apareça em Luc. 22.19. Provavelmente, esse elemento foi uma adição crista às declarações feitas por Jesus, embora sugerida pelo que ele havia dito, se é que ele mesmo não ensinou assim. Por outro lado, é possível que Mateus e Marcos tenham omitido uma afirmação genuína de Jesus, e que Paulo. e Lucas preservaram. O que é certo é que Jesus reinterpretou a páscoa em consonância com as suas próprias experiências. 
A páscoa, pois, foi encarada pela Igreja cristã como uma daquelas muitas coisas que receberam cumprimento e adquiriram maior significação na pessoa de Cristo, retendo o tipo de símbolo e de lições que descrevi na quarta seção deste artigo, acima.
A ideia de pacto também se faz presente. Yabweh firmou um pacto com a emergente nação de Israel. E Jesus estabelece um pacto com sua emergente Igreja.
5. O êxodo cristão. Não nos deveríamos esquecer desse aspecto. A páscoa do Antigo Testamento marcava o começo de urna saída da escravidão; e, de fato, era o poder por detrás dessa libertação. Assim também, em Cristo, encontramos um êxodo que nos liberta da velha vida com sua escravização ao pecado. No sentido teológico, algo foi realizado que não poderia ter sido realizado pela lei. Esse é o tema principal tanto de Paulo (com sua doutrina da justificação pela fé) quanto do tratado aos Hebreus. O êxodo judaico libertou um povo inteiro da servidão física. O êxodo cristão oferece a todos os homens a libertação do pecado, bem como a outorga do Reino da Luz, onde impera perfeita liberdade. Em Cristo, . pois, os homens podem tomar-se filhos de Deus (Gâl. 4:4-6), transformados segundo a imagem do Filho (Rom. 8:29), participantes da natureza divina (11 Ped. 1:4; Col. 2:10). E agora eles olham para a Cidade celeste corno a sua pátria, da mesma maneira que Israel buscava uma nova pátria (ver Heb, 11:10). (AM B E NO SEGWZ)CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 101-102,

I Cor 11. 23-25 “O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue” [TEB]. Sempre temos de nos lembrar que a palavra ―Senhor‖, desgastada para nós, era um conceito poderoso e de conteúdo significativo. Está agindo Aquele que era kyrios, ―Senhor‖ em sentido pleno. Ao mesmo tempo, porém, ele é mencionado com seu nome pessoal ―Jesus‖. Por ter-se tornado ser humano ele tinha condições de entregar corpo e sangue por um mundo perdido. Ele age ―na noite em que ele foi entregue‖. Paulo está usando a mesma palavra ―entregar, abandonar‖ empregada também em sua poderosa afirmação de Rm 4.25; 8.32. Por isso também na presente passagem não deve ter o intuito de salientar especialmente a traição de Judas.
 Essa noite não se caracteriza basicamente por um detalhe assim, mas o que determina todo o acontecimento é que agora o kyrios, o ―Filho‖ foi ―entregue‖ pelo próprio Pai, no presente caso ―entregue‖ ao juízo e por isso também ao mundo, ao diabo, ao abandono por Deus. Isso nos revela que o Pai não suporta passivamente o sofrimento e a morte do Filho, mas que nisso oamor sacrifical do Pai é tão incompreensivelmente grande quanto o amor do Filho, que obedientemente se deixa sacrificar.

O Senhor Jesus “tomou o pão e, depois de oração de graças, ele o partiu e disse: Isto é meu corpo que é para vós” [tradução do autor]. Também agora, quando Jesus vê toda a realidade de sua paixão e morte diante de si no ―partir do pão‖, ele ―agradece‖. Não é lamento nem tampouco pesar pela despedida que preenchem seu coração, e sim a gratidão. Seu corpo partido, afinal, é “o para vós”, como é dito aqui com a mais lacônica reserva bíblica. Nesse breve e contido ―para vós‖ concentra-se tudo: todo o amor que se entrega pelos culpados e perdidos, e todo o imenso ganho que resulta desse sacrifício, a eterna redenção dos perdidos. É por isso que Jesus consegue agradecer; e por essa razão sua igreja pode celebrar esse ―partir do pão‖, essa lembrança da entrega, paixão e morte como santa festa de alegria.
Nada é dito sobre a distribuição do pão, sobre receber e comer. Os participantes daquela ceia na última noite ficam completamente fora do foco. Unicamente o próprio Senhor e sua ação e fala preenchem tudo. No entanto, o pão foi ―partido‖, a fim de ser distribuído aos companheiros da ceia e comido por eles. Jesus não protagonizou uma ação simbólica, a fim de expor aos discípulos uma verdade de maneira figurada e compreensível, mas com o pão partido ele lhes deu seu corpo. Não um corpo místico, uma substância transfigurada e sobrenatural, mas justamente corpo terreno, partido por eles. Contudo, agora recebem verdadeiramente esse corpo com todo seu sentido de salvação e o ―comem‖, ou seja, acolhem-no para si com toda sua realidade.
Jesus não queria celebrar apenas essa uma ceia com seus discípulos e não queria conceder seu amor apenas a esse pequeno grupo. Ele olhou para a igreja de todos os tempos e por isso ordenou expressamente: “Fazei isto em memória de mim.” Desse modo a ceia não se torna mera ―celebração memorial‖. O ―recordar‖ autêntico traz à presença. A igreja de fato tem necessidade de que toda a sua perdição e toda a magnitude da ação redentora de seu Senhor sejam expostas vivamente diante dela. Também o crente repetidamente começa a ―esquecer‖ quem ele é e o que o Senhor fez por ele. Ao receber, tomar e comer no pão o corpo partido de seu Senhor, a igreja ―recorda‖ toda a história da salvação de Deus em Cristo. Porém esse ―recordar‖ não consiste apenas de ―pensamentos‖ e recordações, mas de ―fazer‖, uma ação, um verdadeiro receber. De qualquer forma, o próprio Paulo estava convicto da ―participação‖ real no corpo do Senhor, como já constatamos em 1Co 10.16.

“Do mesmo modo também o copo após a refeição” [tradução do autor]. “Do mesmo modo” como com o pão, Jesus procedeu com o copo. Também o ―tomou‖, proferiu sobre ele a oração de graças, e o ofereceu aos participantes na mesa, como o pão. Fica explícito o quanto a ―santa ceia‖ estava inserida na refeição toda e não representava um ato fechado em si próprio, como entre nós. A partição e distribuição do pão pelo dono da casa fazia parte do começo de uma refeição. Ela prosseguia até o final, e somente agora, ―após a refeição‖, bem depois da distribuição do pão, o copo é abençoado e oferecido.
De maneira mais clara que no caso do pão Jesus profere aqui todo o significado de salvação da dádiva: “Esse copo é a nova aliança em meu sangue.” A declaração torna singularmente perceptível para nós que apesar de toda a realidade da dádiva de modo algum se trata de quaisquer substâncias sagradas. De acordo com a própria palavra de Jesus, não está no copo propriamente ―o sangue‖, e sim ―a nova aliança‖, que por sua vez somente se concretiza ―no sangue de Jesus‖, por intermédio de seu sangue. Quem recebe e bebe esse copo não recebe por meio dele uma matéria celestial, mas participação na nova aliança. Deus a havia prometido através do profeta Jeremias (Jr 31.31-34). Agora a institui e realiza em Jesus. 
Essa instituição, porém, não é uma coisa simples, não uma mera declaração de propósitos. O perdão prometido e necessário para essa nova aliança somente pode tornar-se realidade pelo fato de que toda a carga de pecados é levada embora por aquele que é o Cordeiro imaculado e santo de Deus (Jo 1.29). Em decorrência, a instituição dessa aliança somente podia acontecer através do sangue e custou o alto preço da morte maldita do Filho de Deus.
I Cor 11. 27 Foi assim que o próprio Senhor instituiu a ceia. Nem Paulo nem os coríntios podem dispor dela. Quando, no entanto, uma igreja a celebrar, isso tem de acontecer de modo digno, de conformidade com sua instituição. Paulo o expressa iniciando a frase seguinte com um enfático ―por isso‖. “Por isso, quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor de uma maneira indigna torna-se culpado do corpo e do sangue do Senhor” [tradução do autor]. Como a formulação é importante! A tradução conhecida de Lutero: ―Quem, porém, come e bebe indignamente‖ quase nos obrigou a entender ―quem come e bebe como um indigno‖. Quantas pessoas não se torturaram amargamente com a pergunta se são ―indignas‖ e se com sua participação na santa ceia estão pecando contra o corpo e sangue do Senhor! Desse modo foi-lhes infundido nos corações o medo da santa ceia, de maneira que atenderam ao convite do Senhor Jesus o mais raramente possível ou nunca. O texto grego diz inequivocamente: aquele que come e bebe “de uma maneira indigna”. Unicamente assim a frase também se encaixa no contexto da passagem. Paulo não critica os coríntios por virem à ceia do Senhor como pessoas indignas, mas por destruí-la através de um modo indigno de celebrá-la. 
Quando diante da mesa do Senhor há divisões dilacerando a igreja, quando um sofre fome e o outro está embriagado enquanto a morte inusitada do Kyrios por todos é proclamada, então isso constitui uma ―maneira indigna‖. Nesse caso, porém, ela não representa um defeito estético, mas possui um efeito terrível, que os coríntios precisam ter em mente. Desse modo tornam-se “culpados do corpo e sangue do Senhor”. Toda celebração da santa ceia é ―participação‖ no corpo e sangue do Cristo com pleno realismo, independentemente de como ela é celebrada. Contudo, a questão é se essa participação salva e agracia ou se ela torna culpado e sentencia. Esse tornar-se culpado em Cristo corresponde ao ―desprezar a igreja de Deus‖ (v. 22), mas de forma aprofundada. Quem se comporta na ceia do Senhor da maneira como diversos coríntios não apenas despreza a igreja de Deus, mas ignora e despreza o próprio Senhor e seu amor sério e sacrifical, tornando-se assim ―culpado de seu corpo e sangue‖, que justamente haviam sido entregues para sua salvação. Encontramo-nos muito próximos de Hb 10.28-31.
I Cor 11. 28 Diante dessa seriedade cresce a obrigação do ―exame‖. Paulo não elucidou mais detalhadamente sua exortação “Examine-se, pois, o homem a si mesmo”. Em parte alguma do NT se fala de uma ―confissão‖ anterior à ―santa ceia‖. Cada um deve “examinar-se a si mesmo”. Uma vez que na frase seguinte, como no contexto do trecho todo, está em jogo ―discernir o corpo‖, ter a atitude correta perante a ceia do Senhor, bem como perante a irmandade da igreja, também o auto-exame deverá referir-se sobretudo a isso. Sem dúvida o reconhecimento do pecado tem importância. Afinal, a verdadeira ―dignidade‖ para a mesa do Senhor Jesus reside unicamente na minha ―indignidade‖ real e por mim mesmo confirmada. Jesus realizou a ceia no passado e a realiza ainda hoje unicamente com ―pecadores‖. Somente os ―perdidos‖ têm necessidade do sacrifício salvador do corpo e sangue do Senhor. Nesse caso, porém, também estão cientes de toda a santa magnitude da ceia do Senhor e não a profanam por meio de uma celebração indigna. Estão plenos do amor do Cristo e por isso dispostos para a irmandade. 
Os abusos que se imiscuíram em Corinto são inconcebíveis para eles. Paulo aponta para esse alvo corretivo do ―exame‖ por meio da palavra grega dokimazein que inclui o resultado positivo, à semelhança do que acontece também entre nós, quando falamos de um ―motorista provado‖. Por isso Paulo prossegue: “E, assim, coma do pão e beba do copo”. Agora, sabendo claramente o que busca na ceia do Senhor, a saber, não ―seu próprio comer‖ (v. 21), mas verdadeiramente essa grande dádiva do Cristo e a irmandade da igreja, “assim” o cristão pode e deve vir confiante e agradecido à mesa do Senhor.
I Cor 11. 29 Mais uma vez, porém, Paulo salienta diante de uma igreja irresponsável toda a seriedade: “Pois quem come e bebe, para si próprio come e bebe um juízo se não discernir o corpo.” Como em 1Co 10. 16s temos de considerar que no “corpo” que alguém “não está discernindo” sempre ressoa também a ideia do ―corpo de Cristo‖, a igreja. Os que em Corinto se refestelavam tranquila e opulentamente já não ―discernem‖ no pão, dentre todos os demais alimentos, o corpo do Cristo entregue por eles. Mas tampouco ―discernem‖ o corpo de Cristo, a igreja, de outras reuniões em que se podia contemplar com indiferença a fome de pessoas e envergonhar os pobres. Contudo, nem mesmo agora seu comer e beber permanece ineficaz, apesar de sua indiferença contra o ―corpo do Senhor‖. Comem e bebem agora com a ceia do Senhor o juízo para si mesmos. Como em todas as situações Paulo leva a sério o corpo e os processos físicos! O corpo pertence ao Senhor, em nosso corpo glorificamos a Deus (1Co 6.13; 6.20). Nosso comer e beber nos leva à união real com os demônios ou com o corpo e sangue do Cristo (1Co 10.16,20). Pelo comer e beber honramos a Deus (1Co 10.31). Pelo comer e beber nos submetemos pessoalmente ao juízo de Deus. É isso que os coríntios, que acreditam, numa falsa ―intelectualidade‖ e ―liberdade‖, não ter necessidade de se importar com os processos reais e corporais, precisam reconhecer.

I Cor 11. 30 Eles mesmos têm diante dos olhos que o “juízo” que eles comem e bebem para si não é mera palavra ou até mera ameaça do apóstolo. Não, esse juízo está sendo executado: “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.” Pelo fato de que na celebração indigna da ceia se trata de comer e beber, a culpa também tem um efeito físico, em fraqueza e enfermidade, sim, ela até leva a falecimentos. Mais uma vez fica claro todo o realismo na compreensão paulina da santa ceia.
I Cor 11. 31 Será que agora os membros da igreja em Corinto estão assustados? Será que buscam o que poderão fazer? Paulo tem para eles uma resposta clara: “Se nos julgássemos a nós mesmos (corretamente), não seríamos julgados.” Deus age segundo a misericordiosa regra de que ele não realiza mais o seu julgamento quando uma pessoa sinceramente tenta obter clareza sobre si mesma e profere a sentença contra si mesma.
I Cor 11. 32 Entretanto, há mais a dizer. Novamente constatamos em Paulo (cf. acima, p. 166s) aquela peculiar guinada para o positivo, oriunda do fato de estar compenetrado do evangelho. Até mesmo aqueles em quem já se realizou um juízo, sobretudo aqueles ―fracos e enfermos‖, não precisam desesperar, porém podem ter a certeza: “Julgados, porém, pelo Senhor, somos disciplinados, para não sermos condenados junto com o mundo” [tradução do autor]. O sentido da frase não muda substancialmente quando combinamos as palavras ―pelo Senhor‖ com ―julgados‖ ou com ―somos disciplinados‖. O importante é que os juízos sobre o crente visam ser um auxílio genuíno, a fim de que escape do juízo sobre o mundo. Paulo sempre considerou esse juízo como terrivelmente sério, cf. Rm 2.5; 5.9; 1Ts 1.10. Nesse juízo sobre o mundo prevalece a ira. Se os juízos disciplinadores de Deus preservam o crente de “ser condenado junto com o mundo”, então ele poderá aceitar com grata submissão esses juízos disciplinadores.Werner de Boor. Comentário Esperança I Cartas aos Coríntios. Editora Evangélica Esperança.

O Significado da Ceia do Senhor (11.23-26)

O entendimento de Paulo a respeito da Ceia do Senhor se originava de uma revelação direta de Deus. O apóstolo apresenta a autoridade da sua narrativa “fundamentada em um alicerce imutável”. Quando Paulo recebeu o evangelho diretamente de Cristo (Gl 1.11-12), e não do homem, ele também recebeu instruções relativas à Ceia do Senhor. Além disso, ele havia transmitido estas informações à igreja de forma cuidadosa e fiel. Assim, o apóstolo podia afirmar com segurança e autoridade: Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei (23).
A Ceia representava a inauguração de um novo pacto de graça, e deveria ser observada como um memorial. Tanto o “corpo partido” quanto o “sangue derramado” deveriam ser considerados como símbolos e não como referências literais ao corpo de Cristo. Quando Jesus disse, isto é o meu corpo que é partido por vós (24), ele não estava fisicamente sentado à mesa. Qualquer ideia sobre uma transformação milagrosa, tanto no pão quanto no vinho, é contrária ao relato bíblico. Finalmente, a Ceia do Senhor deveria ser celebrada como um memorial ou lembrança, e não como meio de salvação. As afirmações: Fazei isto em memória de mim e Anunciais a morte do Senhor, até que venha (26) confirmam a ideia de que a Ceia é uma lembrança espiritual ou um símbolo da morte de Cristo.

Celebração da Ceia do Senhor (11.27-34)

A Ceia do Senhor é uma recordação espiritual do ato de redenção de nosso Senhor, e um testemunho público da nossa fé em Jesus Cristo. Portanto, ela deve ser celebrada como um agradecimento solene.
a) Participação indigna (11.27).Paulo afirma que é possível comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente. O advérbio indignamente se refere à diferença de pesos; portanto ele significa “pesos diferentes” ou “indevidamente equilibrados”. A atitude de uma pessoa pode não estar equilibrada com a importância da ocasião. Se ela participar da Ceia do Senhor de forma frívola e descuidada, sem respeito ou gratidão, ou mesmo se estiver em pecado ou manifestando amargura contra outro irmão crente, estará participando indignamente.
Participar indignamente é ser culpado do corpo e do sangue do Senhor. A palavra culpado (enochos) significa “ser passível do efeito penal de um ato; aqui a palavra... [envolve] a culpa pela morte de Cristo”. Ao invés de se apresentar à mesa com uma atitude imprópria ou pecadora, o crente deve comparecer “na fé, e com o devido comportamento em relação a tudo aquilo que é apropriado a este ritual solene”.

b) Exame espiritual (11.28).

Antes de participar desse serviço sagrado, examine-se o homem por meio de uma análise rigorosa. Essa palavra significa testar; portanto, o crente deverá examinar seus motivos e seus atos. Certamente ninguém poderá ganhar, como um pagamento, a graça e o perdão de Deus. Mas, por outro lado, um sincero exame irá indicar se a pessoa compareceu à mesa sagrada levada por motivos sinceros e uma obediência ativa ao Senhor. O ensino de Paulo é totalmente positivo. Ele não diz que alguém deva fazer um auto-exame, e deixar a mesa do Senhor em uma situação de desespero. Pelo contrário, ele aconselha o homem a examinar seu coração e, em seguida, cheio de uma fé sincera, coma deste pão, e beba deste cálice.

c) Os perigos da irreverência (11.29-30).

A versão ARA traduz o versículo 29 da seguinte forma: “Quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si”. A palavra krima, que a versão ARA traduz como juízo, significa condenação, como na versão ARC. Paulo não tem a intenção de afirmar que a pessoa que comparece à mesa sem a qualificação espiritual adequada será eternamente amaldiçoada. Ele quer dizer que tal ato irá trazer a condenação e a culpa. Não discernindo o corpo do Senhor significa que o crente não foi capaz de distinguir entre o memorial sagrado da Ceia de Senhor e outros tipos de refeição.
O apóstolo indica que como resultado do abuso da Ceia do Senhor... há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem (30). E muito grave declarar que o abuso da Ceia do Senhor resulta na maldição eterna, mas Paulo adverte que o castigo de Deus poderia acontecer, trazendo enfermidades e até a morte física. A palavra fracos Oasthenes) está relacionado a enfermidades; o termo doentes (arrostos) quer dizer enfermidade e decadência, enquanto a palavra dormem (koimaomai) é usada frequentemente no NT para indicar a “morte daqueles que pertencem a Cristo”. Godet diz que Paulo está descrevendo um “julgamento prévio, especificamente infligido por Deus, como aquele que Ele envia para despertar o homem para a salvação”.

d) Participação reverente (11.31-34)

A maneira de evitar o castigo de Deus é nos julgarmos a nós mesmos de modo voluntário e sincero (31). Mas, quando Deus envia seu julgamento para o crente, este é repreendido pelo Senhor (32). Nesses casos, os castigos de Deus não são severos, mas símbolos do seu amor. “Eles são enviados para nos livrar dos caminhos do pecado e para não participarmos da condenação do mundo”.
A maneira adequada de observar o sacramento é esperar uns pelos outros (33). Os membros devem esperar até que todos estejam reunidos e depois, com afeição fraterna e respeito, conduzir a festa do amor. A determinação final do versículo 34 é novamente uma advertência para não considerar a Ceia do Senhor uma refeição comum. Se um homem estiver com fome, coma em casa. A finalidade da Ceia é lembrar aos crentes a obra redentora de Cristo e despertar na igreja um espírito de unidade e amor.
Alguns outros pontos relativos a este assunto ainda exigem alguma atenção. Sobre eles Paulo escreve: Quanto às demais coisas, ordena-las-eis quando for ter convosco (34). Esses problemas estavam afetando seriamente a vida da igreja e podiam ser adiados para uma outra ocasião. Quais eram as demais preocupações que Paulo tinha em mente? Talvez ele quisesse separar completamente a ideia da festa do amor da celebração da Ceia do Senhor. Sabemos que por volta do ano 150 d.C. o costume de fazer uma refeição junto com a Ceia do Senhor havia sido abandonado.

Para os cristãos existe “Força Através das Ordenanças”. 1) Elas foram instituídas pelo Senhor, 23a; 2) Elas são memoriais do sacrifício de Cristo, 236-26; 3) Elas exigem um auto-exame, 27-29; 4) Elas produzem a preocupação pelos outros, 33-34.Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 329-331.

Em primeiro lugar, devemos olhar para trás (vv. 23·26a). O pão repartido nos lembra o corpo de Cristo dado por nós; o cálice representa seu sangue derramado. É impressionante o desejo de Jesus de que seus seguidores se lembrem de sua morte. A maioria de nós procura esquecer os detalhes sobre a morte de nossos entes queridos, mas Jesus deseja que lembremos como ele morreu.

Isso porque sua morte é o cerne de tudo o que temos como cristãos.

Devemos lembrar o fato de haver morrido, pois sua morte faz parte da mensagem do evangelho: "Cristo morreu [...] foi sepultado" (1 Co 15:3, 4). Não é a vida de Cristo nem seus ensinamentos que salvam os pecadores, mas sua morte. Portanto, devemos nos lembrar do motivo de ter morrido: Cristo morreu por nossos pecados; foi nosso substituto (ls 53:6; 1 Pe 2:24), quitando uma dívida que jamais poderíamos pagar.
Também devemos lembrar como ele morreu: voluntária e mansamente, demonstrando seu amor por nós (Rm 5:8). Entregou o corpo nas mãos de homens perversos e levou sobre si os pecados do mundo. No entanto, essa "memória" não é apenas uma lembrança dos fatos históricos. Também é uma participação de realidades espirituais. Quando celebramos a Ceia do Senhor, não caminhamos ao redor de um monumento e o admiramos a distância. Temos comunhão com o Salvador vivo, do qual nos aproximamos pela fé.Em segundo lugar, devemos olhar para a frente (v. 26b). Observamos a Ceia do Senhor "até que ele venha". A volta de Jesus Cristo é a esperança da Igreja e de cada cristão.

Jesus Cristo não apenas morreu por nós, mas também ressuscitou e subiu ao céu e, um dia, voltará para nos levar para junto dele. Não somos hoje tudo o que devemos ser; mas quando o vermos, "seremos semelhantes a ele" (1 Io 3:2).Em terceiro lugar, devemos olhar para dentro (w. 27, 28, 31, 32). Paulo não diz que devemos ser dignos de participar da Ceia, mas apenas que devemos fazê-lo de maneira digna. Em um culto de Ceia na Escócia, o pastor reparou que uma mulher da congregação não aceitou o cálice e o pão oferecidos pelo presbítero, mas apenas ficou sentada em seu lugar, chorando. O pastor dirigiu-se até ela e disse:

- Pode tomar, minha cara, a Ceia é para os pecadores!

De fato, é, mas os pecadores salvos pela graça de Deus não devem tratar a Ceia de maneira pecaminosa.A fim de participar dignamente, é preciso examinar o coração, discernir os pecados e confessá-los ao Senhor. Tomar a Ceia com pecados não confessados no coração é se tornar réu do corpo e do sangue de Cristo, pois foi o pecado que o pregou à cruz. Se não discernirmos nossas transgressões, Deus nos julgará e disciplinará até que confessemos e deixemos esses pecados.
Os coríntios não examinavam a si mesmos, mas eram especialistas em examinar a vida de todo mundo. Quando a igreja se reúne, devemos ter o cuidado de não nos tornarmos "detetives religiosos" que se dedicam a vigiar os outros, incapazes de reconhecer os próprios pecados. Se comemos e bebemos indignamente, comemos e bebemos julgamento (disciplina) para nós mesmos, algo que não deve ser considerado levianamente.

A disciplina é a maneira carinhosa de Deus tratar com seus filhos e filhas e de encorajá-los a amadurecer (Hb 12:1-11). Não é como a sentença de um juiz condenando um criminoso, mas como a repreensão de um Pai amoroso, que castiga os filhos desobedientes (e, possivelmente, obstinados). A disciplina é uma prova do amor de Deus por nós e, se cooperarmos, pode aperfeiçoar a vida de Deus em nós.Por fim, devemos olhar a nosso redor (w. 33, 34). Não se deve fazer isso com o objetivo de criticar outros cristãos, mas sim de discernir o corpo do Senhor (1 Co 11 :29). É possível que essa frase tenha um sentido duplo: devemos reconhecer seu corpo no pão e também na igreja a nosso redor – pois a igreja é o corpo de Cristo. "Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo" (1 Co 10:17). A Ceia deve ser uma demonstração de união na igreja -, mas a igreja de Corinto não era muito unida. Na verdade, sua celebração da Ceia do Senhor era apenas uma demonstração de sua desunião.

A Ceia do Senhor é uma refeição em família, e o Senhor da família deseja que seus filhos amem uns aos outros e cuidem uns dos outros. É impossível um cristão verdadeiro aproximar-se do Senhor e, ao mesmo tempo, se manter separado de seus irmãos e irmãs em Cristo. De que maneira podemos lembrar a morte de Jesus Cristo se não amamos uns aos outros? "Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros" (1 Jo 4:11 ).Nenhuma pessoa que não é verdadeiramente convertida deve tomar a Ceia. Também um cristão não deve tomar a Ceia se seu coração não estiver em ordem com Deus e com seus irmãos e irmãs em Cristo. É por isso que várias igrejas têm um tempo de preparação espiritual antes de realizar a Ceia, a fim de que nenhum dos participantes traga disciplina sobre si mesmo. lembro-me de um membro de igreja que me procurou e contou de uma derrota pessoal que não apenas o havia prejudicado espiritualmente, como também havia sido "divulgada" por outros e estava prestes a envergonhar a ele e à igreja.
- O que posso fazer para colocar a situação em ordem? - ele me perguntou, convencendo-me de que havia, de fato, discernido e confessado seu pecado. lembrei-o de que, na semana seguinte, realizaríamos a Ceia do Senhor e sugeri que pedisse a orientação de Deus. Na noite da Ceia, comecei a celebração de uma forma como nunca havia feito antes.- Há alguém que gostaria de compartilhar alguma coisa com a igreja? - perguntei.Meu amigo arrependido colocou-se em pé e veio à frente, onde parou a meu lado junto à mesa da Ceia. De maneira tranquila e concisa, reconheceu que havia pecado e pediu o perdão da igreja. Sentimos uma onda de amor vindo do Espírito tomar conta da congregação, e várias pessoas começaram a chorar. Naquela celebração da ceia, verdadeiramente discernimos o corpo de Cristo.Apesar de a confissão ser um elemento importante, a Ceia não deve ser uma ocasião de "autópsia espiritual" e tristeza. Deve ser um tempo de ação de graças e expectativa jubilosa de ver o Senhor! Jesus sabia que, em breve, passaria por grande sofrimento e morreria, mas ainda assim deu graças. Façamos o mesmo.WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 792-794. (estudaalicao.blogspot.com)
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com 

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PAZ DO SENHOR

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