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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Estudo do Apocalipsr (o setimo selo)




O capítulo 7 forma um tipo de interlúdio entre o sexto e o sétimo selos. A abertura do sétimo selo (8.1) revela as sete trombetas. Assim, essas duas séries de sete estão interligadas.

Este capítulo divide-se naturalmente em duas partes, como é indicado pela frase E, depois destas coisas, vi nos versículos 1 e 9. O que João viu foi a Igreja Militante na terra (vv. 1-8) e a Igreja Triunfante no céu (vv. 9-17).

a.       Os cento e quarenta e quatro mil são selados (7.1-8). João viu quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma(1). Os julgamentos de Deus precisavam ser retidos por um período. Cada um dos quatro anjos estava parado em um dos quatro cantos da terra — significando as quatro direções da bússola — retendo (segurando firme, mantendo sob controle) os quatro ventos da terra, simbolizando os julgamentos que estavam prestes a ocorrer. Nenhum furacão deveria varrer a terra ou o mar, nem derrubarárvore alguma.

João então viu outro anjo subir da banda do sol nascente (2) 

— literalmente “que subia do nascente do sol” (ARA). Ele tinha o selo do Deus vivo. selo “é aqui o anel de sinete [...] que o monarca Oriental usa para dar validade a documentos oficiais ou para marcar sua propriedade”. Paulo usa essa figura diversas vezes (2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30). Talvez o paralelo mais próximo no Novo Testamento seja 2 Timóteo 2.19: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus”. O simbolismo aqui em Apocalipse está provavelmente relacionado com o texto de Ezequiel 9.3-4, em que um homem vestido de linho e levando um tinteiro de escrivão recebe a ordem de marcar um sinal na testa de todos os justos em Jerusalém. Aqueles que não tinham essa marca deveriam ser mortos.

Os quatro anjos foram advertidos: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado na testa os servos do nosso Deus (3). O uso de nosso Deus sublinha o fato de que tanto santos quanto anjos servem o mesmo Senhor.

O número selado era cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos dos filhos de Israel (4). Mas o que representam exatamente os cento e quarenta e quatro mil? Essa é uma pergunta que tem recebido inúmeras respostas. Alguns entendem que o número indica o remanescente eleito de Israel (cf. Rm 11.5). Outros acham que se trata dos cristãos judeus. Afigura cento e quarenta e quatro mil não deve ser tomada literal­mente, mas simbolicamente. Ela representa aqueles que “foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro” (14.4). O número (12 x 12 x 1.000) significa uma multidão grande e completa. Provavelmente, o melhor ponto de vista seja aquele que diz que os cento e quarenta e quatro mil representam “todos os fiéis”. Esse parece ser o caso pela descrição dos cento e quarenta e quatro mil em 14.1-5.

Na lista das doze tribos (vv. 5-8) aparece um problema: Por que Dã é omitida? Em diversas listas do Antigo Testamento (Nm 1.5-15,20-43; 13.4-15) o nome de Levi é deixa­do fora — “Mas os levitas, segundo a tribo de seus pais, não foram contados entre eles” (Nm 1.47). Isso ocorria porque eles eram separados para um serviço sagrado especial. Para que o número continuasse sendo doze, a tribo de José era dividida em duas tribos, Efraim e Manassés. Eles são mencionados separadamente aqui, em que José (8) está no lugar de Efraim.Levi (7) é incluído.

Isso continua deixando em aberto a questão da omissão de Dã. Essa tribo está fal­tando nas listas genealógicas de 1 Crônicas 2.3—8.40. O mesmo ocorre com Zebulom, por alguma razão desconhecida.

Foi sugerido que Dã é deixado fora porque essa era a primeira tribo a enveredar pelo caminho da idolatria (Jz 18). Os antigos escritos rabínicos ressaltam a apostasia de Dã. O Testamento dos Doze Patriarcas (uma obra pseudepigráfica) sugere uma aliança entre Dã eBelial.

Duesterdieck diz: “O simples motivo de a tribo de Dã não ser citada está no fato de que ela já tinha sido extinta muito antes do tempo de João”. Mas, evidentemente, o mesmo ocorreu com as outras dez tribos do norte.

A explicação mais antiga, endossada amplamente pelos antigos Pais da igreja, foi primeiro oferecida por Irineu (segundo século). Ele entendia que Dã foi omitida porque o Anticristo deveria emergir dessa tribo (cf. Jr 8.16). Charles insiste que “essa tradição da origem do Anticristo é pré-cristã e judaica”.

A ordem das tribos conforme relacionadas aqui, tem evocado considerável discussão. Depois de mencionar Judá e Manassés, Charles afirma: “As tribos restantes são relaciona­das em ordem completamente ininteligível”. Swete apresenta uma explicação mais lógi­ca: “A ordem apocalíptica começa com a tribo da qual Cristo veio [...] e então continua para a tribo do filho primogênito de Jacó, que encabeça a maioria das listas do AT. Em seguida vêm as tribos localizadas no Norte, interrompidas pela menção de Simeão e Levi, que em outras listas geralmente seguem Rúben ou Judá; enquanto as tribos de José e Benjamim são mencionadas por último”. Ele acrescenta: “Essa organização parece ter sido sugerida em parte pela ordem de nascimento dos patriarcas e em parte pela situação geográfica das tribos”. J. B. Smith traz uma apresentação lógica ao colocar os nomes em pares, em vez de em triplas como são encontradas na versificação das nossas Bíblias.

b.      A multidão dos redimidos (7.9-17). João viu uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas (9) parada diante do trono no céu. As vezes, somos tentados a sentir que somente algumas pessoas estão servindo o Senhor. Mas o total de redimidos de todos os tempos e todas as nações é uma multidão incontável.

Eles trajam vestes brancas — símbolo de pureza e vitória — e levam palmas nas suas mãos, como fez a multidão alegre na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Jo 12.13). Swete habilmente observa: “Acena de Apocalipse 7.9ss. antecipa a condição final da humanidade redimida. Semelhantemente à Transfiguração antes da Paixão, ela pre­para o vidente a enfrentar o mal que está por vir”.

A multidão dos redimidos clama: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro (10). Aqui, como ocorre com frequência no Novo Testamento, Cristo é adorado junto com o Pai. Todos os anjos, os vinte e quatro anciãos, e as qua­tro criaturas viventes se unem na adoração (v. 11). O relato do louvor (v. 12) é sétuplo, como em 5.12. Cada um dos sete itens leva o artigo definido no texto grego, enfatizando-os individualmente.

Um dos anciãos (13) ofereceu-se para explicar a visão a João (cf. 5.5). Ele primeiro fez uma pergunta dupla acerca daqueles que estavam trajando vestes brancas: quem são e de onde vieram? João respondeu: Senhor, tu sabes (14) — literalmente: “tu tens conhecimento” (tempo perfeito). Então vem a explicação: Estes são os que vieram de grande tribulação — literalmente: “Estes são os que estão vindo de grande tribulação”. Essa frase tem levado ao nome “A Grande Tribulação”, por um breve período (três anos e meio ou sete anos), no fim dos tempos. Muitas vezes fala-se que a referência aqui é aos chamados “santos da tribulação” que são salvos durante a Grande Tribulação. Em certo sentido, todos os cristãos precisam passar “por muitas tribulações” (At 14.22). Mas, no fim dos tempos haverá um período de muita aflição que bem poderia ser entendido como a Grande Tribulação (cf. Dn 12.1). Essa continua sendo uma pergunta aberta, se, de fato, a referência aqui deveria ser restrita aos santos desse breve período.

Os redimidos são descritos como aqueles que lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. A ideia das vestes serem literalmente lavadas para se tornarem brancas no sangue é paradoxal. Mas essa não é uma linguagem literal. Toda a história da salvação é um paradoxo, em que muitos intelectuais sofis­ticados têm tropeçado. O fato continua o mesmo: a única forma de salvação é aceitar humildemente a expiação provida pelo Filho de Deus, que derramou o seu sangue para todos os pecadores.

Somente os lavados pelo sangue podem ficar diante do trono de Deus (15) e des­frutar da sua presença para sempre. Eles o servem de dia e de noite no seu templo. O céu é um lugar de descanso, mas não de preguiça ou inatividade. Templo não é hieron, usado para o tempo em Jerusalém, mas naos, “santuário”. No antigo Tabernáculo e no Templo posterior somente os sacerdotes e levitas podiam entrar no santuário. Mas agora todos os crentes são sacerdotes e podem servir no santuário. Swete observa: “O ‘templo’ é aqui a Presença divina, compreendida e desfrutada”. Ele faz essa aplicação prática para o presente: “Mas a visão de adoração incessante é compreendida somente quando a vida em si é entendida como um serviço. A consagração de toda vida para o serviço de Deus é um alvo para o qual nossa adoração presente aponta”. Na última frase do versículo 15 ele comenta: “O serviço perpétuo encontrará seu estímulo e sua recompensa na visão perpétua daquele que é servido”.

O Eterno, que está assentado sobre o trono, os cobrirá com a sua sombra. O verbo é skenosei — literalmente, “estenderá a tenda ou tabernáculo”. Somente João usa essa palavra. Apocalipse 21.3 é semelhante à declaração empregada aqui. Em João 1.14 o termo é usado para a Encarnação: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós”. A vinda de Cristo para a terra preparou o caminho para todos que aceitassem a sua salvação e desfrutassem da presença de Deus para sempre no céu. Assim, essa parte da frase pode ser traduzida da seguinte forma: “E aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo” (NVI).

A bem-aventurança dos redimidos é descrita mais adiante da seguinte maneira: Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles (16). A linguagem desse versículo e uma boa parte do próximo versículo são tomadas por empréstimo de Isaías 49.10: “Nunca terão fome nem sede, nem a calma nem o sol os afligirão, porque o que se compadece deles os guiará e os levará mansamen­te aos mananciais das águas”. E, assim, nós lemos: porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida (17). Há uma reflexão aqui não só de Isaías 40.11 e Ezequiel 34.23, mas também do amado Salmo 23. Somente Cristo é a Água da Vida (cf. Jo 4.14).

O capítulo termina com a bela promessa: e Deus limpará de seus olhos toda lágrima. Isso é repetido em 21.4. Swete observa: “Na verdade, todo o episódio de 7.9-17 tem eco nos últimos dois capítulos do livro, onde o clímax aqui introduzido é descrito de forma mais completa”.

Os capítulos 6 e 7 apresentam contrastes marcantes. Richardson observa: “O sexto capítulo conclui com uma pergunta: ‘quem poderásubsistir?’ O capítulo sete dá a respos­ta”. São os salvos e selados pelo sangue de Cristo. Da combinação encontrada no capítu­lo 7 ele diz: “Vitória e alegria por meio de luta e tribulação é a mensagem desse livro”.

c.       O Sétimo Selo: Silêncio (8.1)

Quando o sétimo selo foi aberto, fez-se silêncio no céu quase por meia hora; isto é, por um breve período. Aparentemente, esse era o silêncio da apreensão, a calma súbita antes da tempestade. McDowell sugere: “As multidões do céu são para­lisadas e ficam mudas enquanto olham extasiadas para o Cordeiro enquanto ele move a sua mão para quebrar o último selo do rolo que ele havia tomado da destra de Deus”. Richardson chama esse momento de “um silêncio de ‘suspense e tremor’, uma pausa dramática; um silêncio de reverência, expectativa e oração”. Charles é um pouco mais específico: “Os louvores das ordens mais elevadas dos anjos no céu são silenciados para que as orações de todos os santos sofredores na terra possam ser ouvidas diante do trono. Suas necessidades são de maior importância para Deus do que toda a salmodia do céu”.

           ( notas Bibliografia Ralph Earle,comentatario do apocalipse 2000)  


A selagem dos mártires (Ap 7:1-8).

Consideremos os fatos abaixo enumerados, conforme os encontramos nas Escrituras, em favor da ideia que a igreja terá de atravessar a Grande Tribulação:

1.      O livro de Apocalipse foi escrito para confortar à igreja sob perseguição. Historicamente, isso se aplicava aos próprios dias do autor sagrado, à perseguição movida por Domiciano e pelos imperadores que se seguiram, cujos atos foram antecipados. Profeticamente, porém, isso se aplica à igreja que viverá na terra nos tempos do anticristo, o qual promoverá a mais cruel de todas as perseguições religiosas que o mundo já terá visto ou poderá ver. Ver a igreja ausente durante esse tempo é negar o propósito mesmo com que este livro foi escrito.

2.      Os mártires do trecho de Ap 6:9-11 têm de ser mártires cristãos, já que será somente perto do fim do período da Grande Tribulação que Israel será salva como uma nação. O vidente João não escreveu este livro a fim de consolar os mártires de Israel; escreveu para uma igreja perseguida, que já contava com muitos mártires sob Nero. Domiciano foi apelidado «segundo Nero», e o Apocalipse foi escrito durante o tempo de Domiciano, pouco antes do fim do primeiro século de nossa era. Por conseguinte, foi para «mártires cristãos» que João escreveu. Eles é que aqui pedem vingança a Deus, contra a ímpia Roma. Estão em foco mártires cristãos, que terão sofrido sob os selos segundo a quarto, e que farão o mesmo clamor contra o anticristo; e esse é o aspecto «profético» do trecho de Ap 6:9-11.

3.      Porém, antes do golpe final da Grande Tribulação, ou melhor, antes de desencadear-se a «ira» de Deus, no julgamento inaugurado pela vinda de Cristo (ver Ap 4:17), os mártires serão selados, e, portanto, aceitos na presença de Deus, de tal modo que a ira divina não poderá atingi-los prejudicialmente. O capítulo que temos à nossa frente descreve isso. Esse capítulo garante-nos que o martírio e todas as temíveis provações da Grande Tribulação não poderão prejudicar àquele que está firme em Cristo. Seu propósito é indestrutível, a despeito da ira do homem. Os mártires em potencial serão selados, e, portanto, protegidos de todo o dano, até que chegue o momento, dentro da vontade de Deus, de oferecerem o seu sacrifício. Se fosse da vontade de Deus, alguns crentes ou mesmo todos eles, seriam capazes de desafiar ao anticristo, até ao fim mesmo da Grande Tribulação. Mas a verdade é que os crentes, em vastos números, sofrerão o martírio (ver Ap 6:9-11 e 7:9). Observemos quão avantajado é o número deles. É impossível que pudesse continuar havendo na terra tão «inumerável» companhia de crentes, se a igreja tivesse de ser arrebatada antes da Grande Tribulação. A «selagem» protegerá os corpos deles enquanto Deus assim quiser fazê-lo: mas, principalmente, a ideia dessa selagem é que estarão protegidos da ira de Deus, que se seguirá imediatamente à Grande Tribulação, bem como estarão protegidos da ira de Deus que será desfechada durante a Grande Tribulação, a qual meramente será predição daquela ira maior que se seguirá. Seja como for, esse grupo representa o Israel espiritual, protegido em meio aos horrores da Grande Tribulação, e não retirados do meio dela.

4.      Tudo isso pode ser confrontado com o trecho de Mt 24:29-31. Será somente «após a tribulação» que os anjos serão enviados para recolher os eleitos, de uma à outra extremidade dos céus, de uma à outra extremidade da terra. Esses estarão «selados» até que tenha lugar esse recolhimento; e isso só terá lugar «após a tribulação daqueles dias». É impossível ver aqui a nação de Israel, já convertida, como se fosse ela, exclusivamente, quem está focalizada no quadro, embora seja verdade que a conversão de Israel antecederá à batalha de Armagedom por um bom tempo. Contudo, o trecho de Ap 7:9 e ss. certamente descreve a igreja cristã. Nesta passagem, o «Israel espiritual», embora inclua judeus convertidos, certamente é a igreja cristã. Do ponto de vista do vidente João, somente o Israel espiritual pode estar em foco; porém, do ponto de vista profético, a nação de Israel, futuramente convertida a Cristo, provavelmente também está em foco. O vidente João, ao exaltar os mártires cristãos, chama-os de «Israel espiritual». Porém, embora ele não pudesse saber disso em seus dias, uma vez que a nação de Israel se converta, sem dúvida haverá a selagem dos mártires em potencial entre eles, de tal modo que possam escapar ao poder do anticristo. A exposição abaixo aborda o problema que indaga se o Israel espiritual ou a nação de Israel é que está aqui em foco, ou se ambos são focalizados neste ponto. A maioria dos intérpretes da herança da literatura cristã tem opinado que está em pauta o Israel espiritual, de princípio a fim.

Certo número de intérpretes supõe que o trecho de Ap 7:1-8 fala da nação literal de Israel, ao passo que os versículos nono em seguida, desse mesmo capítulo, falam dos cristãos gentílicos, ou seja, da igreja. Outros acreditam que o mesmo grupo —a igreja— está em pauta, embora apresentada sob diferentes condições e perspectivas. Outros eliminam totalmente a possibilidade da igreja estar presente, preferindo pensar apenas na nação literal de Israel, que então terá se convertido a Cristo, uma vez que a igreja já foi arrebatada, supostamente devido ao testemunho de Israel. Esse último ponto de vista é de origem relativamente recente, dentro da história dos estudos escatológicos, não sendo aprovado pela herança geral da literatura cristã dos séculos. Tal posição moderna idealiza o arrebatamento da igreja antes da tribulação, o que é ponto de vista extremamente duvidoso, embora se tenha tornado popular em certas esferas do protestantismo evangélico de nossa época. Também supõe, essa posição, que a nação de Israel, uma vez que a igreja tenha sido arrebatada, passará a prestar testemunho ao mundo, quase desde o início da tribulação predita. Mas isso é altamente improvável, ou melhor, impossível, porque Israel, como nação, só se converterá nos estágios finais da Grande Tribulação, e não nos seus primeiros desenvolvimentos.

Conforme se dá com outras porções do Apocalipse, há um grande número de interpretações acerca deste sétimo capítulo. Apesar de não sermos capazes de dar resposta a muitas das questões que então se apresentam, porque somente o cumprimento dos acontecimentos preditos fornecerá a resposta exata para tudo, cremos que podemos fornecer um quadro geral do que é aqui tencionado.

O sétimo capítulo é considerado um parêntesis por muitos eruditos, como se fosse uma pausa entre o sexto e o sétimo selos. Mas outros estudiosos veem aqui certos aspectos do sexto selo, ainda sob consideração. O trecho de Ap 6:17 promete a ira divina contra os rebeldes. Este sétimo capítulo mostra que essa ira não poderá descarregar-se contra os selados, os quais estão justificados em Cristo. Este capítulo, pois, representa uma interrupção no ritmo e no estilo do sexto capítulo. Mas é ponto relativamente destituído de importância se o mesmo faz parte ou não da descrição do sexto selo.

O principal problema que envolve o capítulo à nossa frente é a identificação dos cento e quarenta e quatro mil. Isso é discutido de modo breve mais acima, e mais amplamente nas notas expositivas sobre o quarto versículo deste capítulo, onde são expostas as principais opiniões dos intérpretes. O que quer que digamos sobre os cento e quarenta e quatro mil, este capítulo certamente retrata a igreja de Cristo durante a Grande Tribulação, sofrendo sob a ferocidade do anticristo, o qual promoverá a pior perseguição religiosa de todos os séculos.

7:1         Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sabre o mar, nem contra arvore alguma.

«...Depois disto...» Essas palavras são um artificio literário do autor sagrado, a fim de identificar uma mudança de assunto ou o desenvolvimento do mesmo assunto. Algumas vezes a expressão aparece em forma plural, «depois destas coisas», e às vezes em forma singular, como aqui. Os manuscritos minúsculos 1, 27, 30, 33, 47 e os latinos g e n apresentam aqui o plural, no grego, «tauta»; mas sem dúvida isso é secundário. A forma singular aparece aqui nos mss Aleph, acp, 046 e na maioria das versões.

«...vi...» Em visão

Esperaríamos uma descrição sobre o «sétimo» selo, mas a narrativa faz
uma pausa a fim de dizer-nos como os verdadeiros crentes, durante a Grande Tribulação, serão ou protegidos, ou então, como, a despeito do seu martírio, não serão atingidos pela ira de Deus. Esses são os que podem «resistir» no dia da ira do Senhor, sem sofrerem qualquer dano. Pouco ou nada importa se considerarmos este sétimo capítulo como a continuação da descrição sobre o sexto selo, ou se o considerarmos como um parêntesis, uma interrupção na narrativa dos selos.

«...em pé...» Trata-se de uma visão. Pois nenhum anjo é grande bastante para dar a impressão que está apoiado sobre o globo terrestre. Quando há tal simbolismo na Bíblia, como podemos presumir em dizer que a interpretação «simbólica» ou «mística» prejudica nosso entendimento sobre o Apocalipse? Bem pelo contrário, se sempre tentarmos interpretar este livro literalmente, nossa compreensão deste livro será fatalmente distorcida, porquanto o Apocalipse certamente é um documento de natureza «mística», devendo ser interpretado como tal. Somente a prosaica mente ocidental é que procura interpretar um livro místico de forma literal «sempre quepossível», conforme dizem alguns eruditos. 

A consulta das «fontes informativas» do Apocalipse, especialmente das fontes informativas dos vários apocalipses do período helenista, nos convencerá que devemos ter extremo cuidado com a interpretação literalista. Como exemplo, disso, em Ap 8:8, há um «monte» que atinge incendiado o mar, o qual poderíamos identificar de imediato como um cometa que atingirá o oceano, ou seja, um objeto físico literal. Ao assim dizermos, teremos simbolizado toda a questão, porquanto um meteorito não é um monte. E assim teremos preservado um objeto literalmente físico, como se estivesse aqui em foco. Então, ao consultar outra literatura apocalíptica, como se vê em I Enoque 18:13, onde há uma cena similar, poderíamos pensar estar confirmada essa interpretação literal. Mas, prosseguindo até I Enoque 21:3 e 108:3-6, descobriremos que esse monte é, na realidade, um anjo caído, isto é, um dos sete que cairão no mar, por terem sido expulsos por Deus dos lugares celestes, devido à sua desobediência. A terra estremecerá ante a vinda desses anjos. Talvez, então, nesse caso, o «oceano» represente as nações. Em outras palavras, o ensino pode ser que anjos caídos, ou poderosos seres demoníacos, estão sendo enviados para vexar os homens, e isso como castigo devido àquilo que os homens merecem. Quão diferente é essa interpretação daquela outra que vê aqui um meteorito a mergulhar em algum de nossos oceanos! Outrossim, a tentativa de interpretarmos o Apocalipse de maneira literal, «sempre que possível», com facilidade nos desviará para longe da verdade.

«...quatro anjos...» Consideremos os pontos abaixo, a esse respeito:

1.      O termo «anjo» pode implicar em seres angelicais literais, dotados de alguma missão especial a ser realizada na terra. O terceiro versículo deste capítulo mostra que eles têm missões de juízo a efetuar. Esses anjos tiveram de ser entravados por um outro anjo, «...que subia do nascente do sol...» (no segundo versículo). Supomos, pois, que aquilo que têm de fazer deve ser incorporado dentro do sétimo selo, talvez os juízos das «trombetas», porquanto aquilo que são impedidos de fazer (no terceiro versículo) é mais ou menos paralelo àquilo que é realmente feito (em Ap 8:7); e, de modo geral, no restante das trombetas, porquanto trarão «dano contra a terra». É possível que esses quatro anjos pertençam ao número dos sete anjos que farão soar as trombetas, mas não se pode afirmar isso com confiança absoluta. São em número de «quatro» porque exercem controle sobre as «quatro extremidades» da terra e sobre os «quatro ventos». Em cada caso, todavia, o número «quatro» fala de algo completo. A terra «inteira», pois, está debaixo do controle desses anjos, até ao ponto que Deus lhes determinar.

2.      Outros eruditos creem que o termo «anjo», neste caso, simboliza as operações de Deus, de sua providência, nada tendo a ver com seres celestes literais.

3.      É possível que o autor sagrado aluda aqui aos «quatro anjos da natureza», as forças naturais que controlam o meio ambiente terrestre, sob direção divina.

4.      Alguns eruditos supõem que esses anjos são maus, forças espirituais malignas que invadirão a terra nos últimos dias; mas certamente essa interpretação erra totalmente o alvo, ainda que aquela invasão também seja predita na Bíblia.

5.      As interpretações históricas veem aqui quatro impérios mundiais; mas estão equivocadas, sem dúvida alguma.

Pouca dúvida pode haver que a alusão é ao trecho de Zc 6:5, «...os quatro ventos do céu...» Isso pode ser comparado aos quatro seres viventes de Ap 4:6,7, e aos quatro cavaleiros.

«...quatro cantos da terra...» Os antigos pensavam que a terra fosse quadrada, e, portanto, dotada de quatro cantos. Os filósofos gregos jônicos (600 A.C.) modificaram isso, pensando ser a terra um disco; mas a maioria dos antigos, desde os tempos babilônicos, aceitava a ideia de uma terra com «quatro cantos». O vidente João contempla a terra do alto de seu ponto visionário, vendo a terra como um plano retangular, havendo um imenso anjo de pé sobre cada um de seus cantos. 
É indagação inútil se o vidente João cria ou não em uma terra quadrada. Sem dúvida ele assim cria, mas isso em nada prejudica a mensagem de sua visão, ainda que inclua o que agora é uma ideia cosmológica obsoleta. É tão inútil isso como tentar «modernizar» o autor sagrado, e supor que, enquanto ele escrevia, usando ideias antigas, ele mesmo sabia melhor do que elas. A questão inteira, sobre o que o vidente João pensava sobre o formato da terra, não tem peso algum para a fé, pelo que é inútil a discussão sobre a mesma, positiva ou negativamente.

A expressão quatro cantos, inteiramente à parte do fato se expressa ou não o formato da terra, diz-nos que esses anjos controlam a terra inteira, de todo o ponto de vista, de todos os ângulos, até ao ponto onde Deus lhes dá permissão. Portanto, podem provocar vastos juízos, se assim lhes for dado fazer. E quando soarem as trombetas, assim realmente farão; por enquanto, porém, são impedidos de agir, até que sejam selados os mártires em perspectiva.

«...para que nenhum vento soprasse sobre a terra...» Os anjos que se acham nos quatro cantos da terra, conservam presos os quatro ventos. Não lhes é permitido soprar e nem destruir. Também se vê nas cosmologias babilônica e outras da antiguidade, a ideia que seres angelicais ou espirituais, controlam os quatro ventos, mantendo-os sob controle desde o seu posto, nos quatro cantos da terra. Assim sendo, o vidente João uma vez mais se utiliza de uma expressão da cosmologia antiga, a qual agora nos é estranha, mas que não o era para os leitores originais do Apocalipse. Em Dn 7:2,3, vemos os quatro ventos do céu irrompendo sobre o mar, provocando destruições imensas. É óbvio que esses ventos não são literais, e, sim, alguma força cósmica e espiritual, que tem o poder de produziracontecimentos horrendos sobre a face da terra, mediante forças humanas e sobre-humanas.

Assim, pois, se insistirmos em uma interpretação «literal», fazendo com que esses ventos sejam quatro ventos literais, estaremos nos afastando da verdade. No Apocalipse Siríaco de Pedro, há uma advertência da parte de Deus, no sentido que quando ele soltar os quatro ventos, haverá saraiva antes do vendaval, um fogo consumidor diante do vento sul, enquanto montanhas e rochas serão partidas pelo meio pelo vento ocidental. Mas nada é dito ali sobre o quarto vento. 
No Apocalipse do Pseudojoão 15, a promessa de Deus é que os quatro ventos deixarão o mar limpo de todo o pecado. Por igual modo, nas Perguntas de Bartolomeu 4:31-34, aos quatro anjos será dado o poder de restringir aos quatro ventos, para não liberarem sua força destruidora sobre a terra. De modo bem geral, pois, o versículo ensina-nos que Deus controla a terra inteira; que os seus juízos são administrados como e quando ele quiser, e através dos instrumentos e eventos que melhor lhe agradarem. Outrossim, ele restringe seus julgamentos a fim de proteger os seus servos. Além desse significado geral, é perfeitamente possível que nada mais seja aqui ensinado, e que os objetos da visão, como os anjos, os quatro cantos e os quatro ventos, sejam apenas imagens necessárias para dar-nos um quadro interessante, mas que não têm qualquer significado literal ou metafísico. O número «quatro», entretanto, retém seu simbolismo de algo «completo». A terra inteira, com todos os seus acontecimentos, são controlados pela providência divina.
(notas comentario biblico Normam R.Champlin).


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