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segunda-feira, 20 de junho de 2016

A tradução da biblia


                       O processo de tradução da Bíblia

                                               INTRODUÇÃO

Os italianos, por causa de sua aversão aos tradutores, costumam dizer: “Tradutore, traditores”, como se todos os que se põem a verter um texto para o vernáculo prestassem um desserviço á cultura pátria. Veremos nesta lição, contudo, que o tradutor não é, de forma alguma, um traidor. E, sim, alguém que, muitas vezes, sob o manto do anonimato, colocam-nos em contato com as grandes realizações do gênio humano.

Imaginemos se a Bíblia Sagrada ainda estivesse nas línguas originais. Quem haveria de refugiar-se em suas promessas e alianças? Certamente, os eruditos que se dedicam ao hebraico bíblico; e os que, entranhando-se no koinê, se esforçam por entender a mensagem do Cristo e de seus santos apóstolos.

Mas, graças a Deus, porque as Sagradas Escrituras acham-se á disposição de quase todos os seres humanos.

Nesta lição, veremos, em linhas gerais, como se faz uma boa tradução da Bíblia. As noções que, a seguir, daremos, serão utilíssimas àqueles que, no campo missionário, terão de, eventualmente, traduzir a Palavra de Deus para algum idioma que, ainda, não foi enriquecido com uma versão da Bíblia.

I. O QUE É UMA TRADUÇÃO DA BÍBLIA

“E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Ne 8.8).

1. Definição. Tradução [Do lat. traductione, ato de conduzir além, de transferir] é o ato de se transferir um discurso de um idioma para outro, com a preservação de suas equivalências semânticas e estilísticas.

2. Tradução da Bíblia. É o ato de se difundir a Palavra de Deus nos idiomas que, ainda, não foram enriquecidos com uma tradução da Bíblia Sagrada. É o mais nobre, elevado e sublime trabalho de tradução.

3. A tradução da Bíblia como ministério. Tendo em vista a relevância da tradução das Sagradas Escrituras, podemos afirmar, com segurança, que este não é um serviço qualquer; é um ministério que requer total consagração. Através deste mister, prestamos inestimáveis préstimos para o Reino de Deus nos seguintes ramos: evangelismo, missões, devoção pessoal, cultura, erudição etc.

4. O conceito de Raymond Elliot. “Tradução é o processo de começar com alguma coisa (escrita ou oral) em uma língua (a língua original) e expressá-la em outra (a língua receptora)”.

II. O TRADUTOR DA BÍBLIA SAGRADA

“Havia intérprete entre eles” (Gn 42.23).

1. O que é o tradutor. Tradutor vem do latim traductore. No latim, este é o significado literal de tradutor: o que conduz além, o que transfere. Por conseguinte, tradutor é o profissional habilitado a transferir, de um idioma para outro, um discurso escrito ou oral.

2. O tradutor como intermediário.
 Observa-se, pois, que o tradutor é o intermediário entre o texto original e aqueles que o lerão no vernáculo. É o que lemos em Gênesis 42,23: “Havia intérprete entre eles” (Gn 42.23).

3. O tradutor da Bíblia Sagrada. É o ministro, devidamente habilitado, a transferir para um outro vernáculo os textos da Palavra de Deus que se encontram nos originais hebraico, aramaico e grego.   
   
III. OS REQUISITOS DE UM BOM TRADUTOR DA BÍBLIA

“Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação” (Dn 5.12).

De acordo com este texto, podemos enumerar os requisitos básicos de um bom tradutor da Bíblia Sagrada. Usaremos as mesmas palavras utilizadas pelo rei babilônio que, por desconhecer a terminologia teológica hebraica, assim descreve os dons do profeta Daniel. O tradutor da Bíblia, portanto, deve:

1. Ser morada do Espírito Santo. “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos”.

2. Ter uma inteligência ungida por Deus. “Se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses”.

3. Possuir um espírito excelente. “Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento”.

4. Demonstrar um domínio da arte da interpretação. “Interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas”.

5. Desfrutar de confiabilidade. “Chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação”.

6. Revelar uma postura moral e espiritual. “As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação” (Dn 5.17).

7. Comprovar um singular zelo pela sã doutrina. Se o tradutor da Bíblia não for um ardoroso defensor da sã doutrina, certamente haverá de corromper o seu trabalho com heresias, apostasias e mentiras.

8. Dominar as línguas originais. É de fundamental importância que o tradutor das Sagradas Escrituras domine o hebraico, o aramaico e o grego.

9. Ser um mestre do vernáculo. É imprescindível que o tradutor também domine o idioma para o qual estará vertendo a Bíblia Sagrada. Em síntese: o tradutor tem por obrigação conhecer não somente as línguas originais, como também a língua receptora.

10. Dedicar-se a este ministério. Que haja dedicação e paciência, neste trabalho, porque algumas traduções bíblicas demandam décadas de minucioso extenuante labor.       

IV. AS QUALIDADES DE UMA BOA TRADUÇÃO DA BÍBLIA

“E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34).

De conformidade com Raymond Elliot, “as metas da tradução podem ser sumariadas em quatro tópicos: exatidão, adaptação, naturalidade e forma”.

1. Exatidão. Esta palavra significa, entre outras coisas, rigor, precisão, perfeição, esmero. Quando os escritores do Novo Testamento transcreviam algum texto do Antigo, buscam ser exatos em sua tradução, conforme observamos em Mateus: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL. (EMANUEL traduzido é: Deus conosco)” (Mt 1.23).

Nesta tradução, o evangelista foi, não somente exato, mas piedosamente fiel; traduziu a palavra hebraica almah por virgem, e não por jovem, como teimam alguns modernos exagetas.

2. Adaptação linguística. Eis o que isto significa: “Ajustar um texto literário, tornando-o acessível ao público a que se destina”. Embora o tradutor das Sagradas Escrituras tenha de ser rigoroso, exato e fiel em seu trabalho, deve ele levar sempre em conta as adaptações literárias que o texto a ser vertido para o vernáculo exige.

A tradução, por conseguinte, tem de ser literária e não literal.

Se fôssemos, por exemplo, traduzir, literalmente, Naum 1.3, ninguém haveria de compreender a referida passagem, que ficaria, mais ou menos, assim: “O Senhor tem longas narinas”. O bom tradutor, porém, compreendendo como compreende a índole e o gênio da língua hebraica, sabe que o profeta, naquele momento, referia-se ao Supremo Ser como aquele que, tendo excelente fôlego, prende a respiração, conta até ao infinito, antes de agir contra os impenitentes filhos dos homens. Noutras palavras: Deus possui um fôlego longuíssimo; é paciente e longânimo. Por isto, esta é a melhor tradução: “O SENHOR é tardio em irar-se” (Na 1.3). O tradutor foi exato? No entanto, viu-se obrigado a fazer as adaptações pertinentes, a fim de que viéssemos a entender este arcano de Deus.

3. Naturalidade. O que é um texto natural? É aquele que segue a ordem natural das coisas; é desafetado e espontâneo. Por conseguinte, quando nos pormos a traduzir as Sagradas Escrituras, temos de fazê-lo de tal forma que os leitores da Palavra de Deus pensem que esta foi escrita, em português, e não em hebraico, aramaico e grego.

Observe como este texto sagrado é natural e belo em português: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

4. Forma literária. Que o tradutor das Sagradas Escrituras jamais se esqueça de que a Bíblia é a obra-prima por excelência da humanidade. Eis porque, quanto possível, devemos preservar-lhe as belezas e os encantos com que os profetas e os apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, a escreveram.

CONCLUSÃO

No encerramento destas considerações, citaremos os conselhos do rei Dom Duarte de Portugal àqueles que, no século XV, dedicavam-se ao ofício de tradutor:

“Primeiro: conhecer bem a sentença do que há-de tornar, e pô-la inteiramente, não mudando, acrescentando, nem minguando alguma cousa do que está escrito.

“O segundo: que não ponha palavras latinadas, nem de outra linguagem, mas tudo seja em nossa linguagem escrito, mais achegadamente ao geral bom costume do nosso falar que se pode fazer.

“O terceiro: que sempre se ponham palavras que sejam direita linguagem, respondentes ao latim, não mudando umas por outras, assim que onde ele disse por latim scorregar não ponha afastar, e assim em outras semelhantes, entendendo que tanto monta uma como a outra; porque grande diferença faz, para se bem entenderem, serem estas palavras propriamente escritas.

“O quarto: que não ponha palavras que, segundo o nosso costume de falar, sejam havidas por desonestas.

“O quinto: que guarde aquela ordem que igualmente deve guardar em qualquer outra cousa que escrever deva, scilicet: que escreve ousa de boa substância claramente, para se bem poder entender, e formoso o mais que ele puder, e curtamente quanto for necessário, e para isto aproveita muito paragrafar e apontar bem”.)notas CPAD NEWS).



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