CARTA AOS FILIPENSSES
Paulo e a Igreja em Filipos
Filipenses
1.1-11.
1
- Paulo
e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão
em Filipos, com os bispos e diáconos:
2
- graça
a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3
- Dou
graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,
4
- fazendo,
sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas,
5
- pela
vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora.
6
- Tendo
por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará
até ao Dia de Jesus Cristo.
7
- Como
tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração,
pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões
como na minha defesa e confirmação do evangelho.
8
- Porque
Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável
afeição de Jesus Cristo.
9
- E
peço isto: que o vosso amor aumente mais e mais em ciência e em todo o
conhecimento.
10
- Para
que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem escândalo
algum até ao Dia de Cristo,
11
- cheios
de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
.
Os temas contemplados nesta epístola são diversos. O apóstolo fala sobre o
caráter de Deus, a alegria, o serviço, o conflito e o sofrimento dos santos.
Mas o tema que ganha maior destaque na carta é o senhorio de Jesus Cristo,
o kyrios de
Deus (2.9,10).
Duas
partes principais: (1) Circunstâncias em que Paulo se encontrava e (2) assuntos
de interesse da Igreja — alegria, o serviço, o caráter de Deus, o conflito e o
sofrimento, etc.
ESBOÇO
DA EPÍSTOLA AOS FILIPENSES
Autor: Apóstolo Paulo.
Tema: Alegria de viver
por Cristo.
Data: Cerca de 62/63
d.C.
Propósitos: Agradecer aos
filipenses por suas ofertas generosas; informar o seu estado pessoal na prisão
de Roma; transmitir à congregação a certeza do triunfo do propósito de Deus na
sua prisão para levar os membros da igreja de Filipos a se esforçarem em conhecer
melhor o Senhor, conservando a unidade, a humildade, a comunhão e a paz.
Introdução
(1.1-11)
• Saudações.
• Ação
de graças e oração pelos Filipenses.
I.
As circunstâncias em que Paulo se encontrava (1.12-26)
• A
prisão de Paulo contribuiu para o avanço do Evangelho.
• A
proclamação de Cristo de todas as formas.
• A
disposição de Paulo para viver ou morrer.
II.
Assuntos de Interesse da Igreja (1.27-4.9)
• Exortação
de Paulo aos filipenses.
• Os
mensageiros de Paulo à Igreja.
• Advertência
de Paulo a respeito de falsos ensinos.
• Conselhos
finais de Paulo.
Conclusão
(4.10-23)
• Reconhecimento
e gratidão pelas ofertas recebidas.
• Saudações
finais e bênção.
Palavra
Chave.Epístola: Cada carta ou lições dos apóstolos às
comunidades cristãs primitivas.
Esta
carta é uma declaração de amor e gratidão do apóstolo pelo amoroso zelo dos
filipenses para com os obreiros do Senhor. A epístola está classificada no
grupo das cartas da prisão — Filipenses, Filemon, Colossenses e Efésios. Além
de realçar a verdadeira cristologia, a epístola orienta-nos quanto ao
comportamento que devemos ter diante das hostilidades e perseguições
enfrentadas pela Igreja de Cristo.
INTRODUÇÃO
À EPÍSTOLA
A
cidade de Filipos. Localizada
no Norte da Grécia, foi fundada por Filipe II. Outras cidades como Anfípolis,
Apolônia, Tessalônica e Bereia também faziam parte daquela região (At 17.1,10).
Filipos, porém, era uma colônia romana (At 16.12) e um importante centro
mercantil, pois estava situada no cruzamento das rotas comerciais entre a
Europa e a Ásia. “[Filipos]
A
cidade de Filipos foi fundada em 360 a.C. por Filipe da Macedônia. Foi
construída na aldeia de Krenides em Trácia e serviu como um centro militar
significativo. Quando Roma conquistou a área duzentos anos mais tarde, Filipos
se tornou a principal cidade na Macedônia, um dos quatro distritos romanos do
que é hoje conhecido como a Grécia. Lá, aconteceu a famosa batalha entre os
exércitos de Brutus e Cassius e aqueles de Otávio e Marco Antônio (42 a.C.). A
vitória de Otávio levou ao estabelecimento do Império Romano, e ele é lembrado
pelo nome sob o qual governou aquele império — Augustus. Filipos floresceu como
uma cidade colonial no Império Romano; é a única cidade romana chamada de
‘colônia’ no Novo Testamento (At 16.12). Muitos veteranos de guerras romanas,
particularmente do conflito mais antigo entre Antônio e Otávio, povoaram este
lugar, tendo recebido porções de terras por seu serviço a Roma. A cidade teve
orgulho deste estado como uma colônia romana, desfrutando dos privilégios de
isenção de impostos. Promoveu o latim como sua língua oficial e modelou muitas
de suas instituições segundo as de Roma (por exemplo, o governo cívico). Os
magistrados que Paulo e seus companheiros encontraram primeiro em Atos 16
trouxeram o título honorário de ‘pretores’. O sentimento de orgulho dos
filipenses é evidente em Atos 16.21, onde vários cidadãos se referem a si
mesmos como ‘Romanos’” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (Eds.) Comentário
Bíblico Pentecostal:Novo Testamento. 4 ed., Vol. 2, RJ: CPAD, 2009,
p.470).
O
Evangelho chega à Filipos. Por volta do ano 52 d.C, o apóstolo Paulo,
acompanhado por Silas e Timóteo, empreendeu uma segunda viagem missionária (At
15.40; 16.1-3). Ao entrar numa cidade estrangeira, a estratégia usada por Paulo
para anunciar o Evangelho era sempre a mesma: dirigir-se em primeiro lugar a
uma sinagoga. Ali, o apóstolo esperava encontrar judeus dispostos a ouvi-lo.
Mas, na sinagoga de Filipos, havia uma comunidade não muito inclinada a
escutá-lo. Por isso, Paulo concentrou-se num lugar público e informal para
falar a homens e mulheres desejosos por discutir assuntos religiosos.
Lá,
o apóstolo encontrou Lídia, de Tiatira, uma comerciante que negociava púrpura
(At 16.14). Ela se converteu a Cristo e levou o primeiro grupo de cristãos de
Filipos a congregar-se em sua casa. No lar da irmã Lídia, a igreja começou a
florescer (At 16.15-40).
Data
e local da autoria. Apesar
das dificuldades para se referendar a data e o local da Epístola aos
Filipenses, os especialistas em Novo Testamento dizem que a carta foi redigida
entre os anos 60 e 63 d.C, provavelmente em Roma. Na ocasião, o apóstolo Paulo
estava encarcerado numa prisão, e recebeu a visita de um membro da igreja em
Filipos, chamado Epafrodito. Este chegara a ficar gravemente adoentado, “mas
Deus se apiedou dele” que, agora recuperado, acabou por levar a mensagem do
apóstolo aos filipenses.
AUTORIA
E DESTINATÁRIOS
Paulo
e Timóteo. O
nome de Timóteo aparece juntamente com o de Paulo na introdução da epístola
filipense (v.1). Apesar de Timóteo ser apresentado como coautor da carta, a
autoria principal pertence ao apóstolo Paulo. Este certamente tratou com
Timóteo, seu discípulo, os assuntos expostos na carta. O apóstolo Paulo também
não desfrutava de boa saúde, e este fato fazia com que dependesse
constantemente da ajuda de um auxiliar na composição de seus escritos (Rm
16.22; 1Co 1.1; Cl 1.1).
Os
destinatários da carta: “todos os santos”. Paulo chama os cristãos de Filipos
de “santos” (v.1). Isto é, aqueles que foram salvos e separados, por Deus, para
viver uma nova vida em Cristo. Este era o tratamento comum dado por Paulo às
igrejas (Rm 1.7; 1Co 1.2). Quando o apóstolo dos gentios usa a expressão “em
Cristo Jesus”, ele quer ilustrar a relação íntima dos crentes com o Cristo de
Deus — semelhante ao recurso usado por Jesus quando da ilustração da “videira e
os ramos” (cf. Jo 15.1-7).
Alguns
destinatários distintos: “bispos e diáconos”. A distinção entre “bispos e
diáconos” expressa a preocupação paulina quanto à liderança espiritual da
igreja (v.1). O modelo de liderança adotado pelas igrejas do primeiro século
funcionava assim: os “bispos” eram responsáveis pelas necessidades espirituais
da igreja local e os “diáconos” pelo serviço à igreja sob a supervisão dos bispos.
AÇÃO
DE GRAÇAS E PETIÇÃO PELA IGREJA DE FILIPOS (1.3-11)
As
razões pela ação de graças. “Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me
lembro de vós” (v.3). A razão de o apóstolo Paulo lembrar-se dos filipenses nas
suas orações, e alegrar-se por isto, foi a compaixão deles para com o apóstolo
quando da sua prisão, defesa e confirmação do Evangelho (v.7). Esta lembrança
fortalecia Paulo na sua solidão, pois, apesar de estar longe fisicamente dos
filipenses, aproximava-se deles pela oração, onde não há fronteiras.
Uma
oração de gratidão (vv.3-8). Paulo lembra a experiência amarga
sofrida juntamente com Silas em Filipos (v.7). Eles foram arrastados à presença
das autoridades, açoitados em público, condenados sumariamente e jogados no
cárcere, tendo os pés atados ao tronco (At 16.19,23,24). Essa dura experiência
fez o apóstolo recordar o grande livramento de Deus concedido a ele, a Silas e
ao carcereiro (At 16.27-33).
Os
filipenses participaram das aflições do apóstolo e proveram-no, inclusive, de
recursos financeiros (4.15-18), ao passo que os coríntios fecharam-lhe as mãos
(1Co 9.8-12). Por isso, quando lemos a Epístola aos Filipenses percebemos o
amor, a amizade e a grande estima que Paulo nutria para com aquela igreja
(v.8).
Uma
oração de petição (vv.9-11). Após agradecer a Deus pelos
filipenses, o apóstolo passa a rogar a Deus por eles:
a)
Que o vosso amor aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento (v.9). O desejo do
apóstolo é que o amor cresça e se desenvolva de modo mais profundo, levando
cada crente em Filipos a ter um maior conhecimento de Cristo.
b)
Para que aproveis as coisas excelentes para que sejais sinceros e sem escândalo
algum até ao Dia de Cristo (v.10). Paulo intercedia pelos filipenses,
pedindo ao Senhor que lhes concedesse a capacidade de discernir entre o certo e
o errado. Esta capacidade fará do crente uma pessoa sincera e sem escândalo até
a volta do Senhor.
c)
Cheios de frutos de justiça (v.11). O apóstolo desejava que os crentes
filipenses não fossem estéreis, mas cheios do fruto da justiça para a glória de
Deus. A justiça que vem de Deus manifesta-se com perfeição no caráter e nas
obras do crente.
As
adversidades ministeriais na vida do apóstolo Paulo eram amenizadas na
demonstração de amor das igrejas plantadas por ele. Ao longo deste trimestre,
veremos o quanto a igreja de Filipos foi pastoreada por aquele que não media
esforços nem limites para proclamar o Evangelho: o apóstolo Paulo.
Paulo
e a Igreja de Filipos.A Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses é o
assunto deste trimestre. Para planejarmos com eficiência a aula de cada lição,
precisamos considerar o contexto histórico da Epístola. Mas, antes, é de bom
alvitre ler toda a Carta. Assim, o professor se apropriará do panorama geral da
Epístola. Em seguida, sua atenção deve se voltar para as seguintes questões: a
cidade de Filipos, as circunstâncias sociais da redação da Epístola e o seu
propósito.Filipos foi a primeira cidade européia a receber o Evangelho (At
16.6-40). Foi na casa de uma negociante de púrpura, Lídia, que se estabeleceu o
primeiro núcleo da comunidade cristã fundada por Paulo em Filipos. O apóstolo
visitou a cidade muitas vezes, quando das suas viagens para a Macedônia.Quando
o apóstolo Paulo escreveu a Epístola aos Filipenses, ele achava-se preso.
Correntes, pés presos aos troncos, solidão e longos períodos de prisão são umas
das muitas consequências daquilo que significava ser preso no Novo Testamento.
O sofrimento na prisão é um tema muito explorado pelo apóstolo nesta Epístola.
A
Carta aos Filipenses retrata a assistência oferecida pela igreja ao apóstolo.
Aqui está todo o contexto que impulsiona Paulo a redigir uma carta à comunidade
que lhe assiste em tudo. A melhor maneira que o apóstolo encontrou de agradecer
aquela igreja foi escrevendo a ela sobre o sentimento de gratidão que
transbordara no seu coração pela generosidade da igreja filipense. Além desse
motivo, podemos encontrar outros que constituem o propósito da Epístola:
(1)
Agradecer a ajuda enviada pela comunidade filipense (2.25);
(2)
informar a visita de Timóteo e explicar o motivo do retorno inesperado de
Epafrodito (2.19-30);
(3)
prevenir a comunidade cristã do perigo de se cultivar o “espírito” de competição,
egoísmo e individualismo de alguns (2.1-4);
(4)
alertar a comunidade de Filipos acerca dos pregadores judaizantes que
depositavam a salvação nos costumes passageiros e na observação da Lei
(3.2-11), como se esses elementos tivessem algum valor espiritual para conter
os impulsos da carne (Cl 2.23).
Em
sua Epístola aos Filipenses, o apóstolo Paulo mostra com vigor que a salvação
não depende de observar a lei judaica e as suas tradições, mas apenas de Jesus
Cristo, o Senhor Jesus é tanto o início como o fim da Lei. Ele é a própria Lei:
“Misericórdia quero e não sacrifício” (Mateus 12.7).
Esperança em meio à adversidade
Filipenses
1.12-21.
12
- E
quero, irmãos, gue saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para
maior proveito do evangelho.
13
- De
maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda
pretoriana e por todos os demais lugares;
14
- e
muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a
palavra mais confiadamente, sem temor.
15
- Verdade
é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa
mente;
16
- uns
por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;
17
- mas
outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando
acrescentar aflição às minhas prisões.
18
- Mas
que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com
fingimento, ou em verdade, nisto me regozijo e me regozijarei ainda.
19
- Porque
sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do
Espírito de Jesus Cristo,
20
- segundo
a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes,
com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu
corpo, seja pela vida, seja pela morte.
21
- Porque
para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.
A
prisão do apóstolo Paulo em Roma foi crucial para a propagação do Evangelho na
região de Filipos. A partir de uma experiência de sofrimento, Deus usou pessoas
para propagar a mensagem das Boas Novas. É verdade que alguns pregadores usavam
o sofrimento do apóstolo para proclamar Cristo de boa consciência. Outros
utilizavam-se do sofrimento alheio para obterem vantagens pessoais. Cristo não
era o centro das suas preleções. Infelizmente, na atualidade, algumas pessoas
perderam o temor de Deus. A exemplo daqueles pregadores de Filipos, elas
exploram as tragédias pessoais, pois veem nelas a oportunidade de se
locupletarem com as feridas alheias (elas sabem que o sofrimento humano pode
ser muito rentável). Cristo não se acha mais no centro de suas vidas.
Palavra
Chave.Adversidade: Infelicidade, infortúnio, revés. Qualidade
ou caráter de adverso.
Veremos
como a paixão pelas almas consumia o coração de Paulo. Embora preso em Roma,
ele não esmorecia na missão de proclamar o Evangelho. E, tendo como ponto de
partida o seu sofrimento, o apóstolo ensina aos filipenses que nenhuma
adversidade será capaz de arrefecer-lhes a fé em Cristo. Ao contrário, ele
demonstra o quanto as suas adversidades foram positivas ao progresso do Reino
de Deus.
.
ADVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO
Paulo
na prisão. Paulo
estava preso em Roma, aguardando julgamento. Ele sabia que tanto poderia ser
absolvido como executado. Todavia, não se achava ansioso. O que mais desejava
era, com toda ousadia, anunciar a Cristo até mesmo no tribunal. Paulo não era
um preso qualquer; sua segurança estava sob os cuidados da guarda pretoriana
(1.13). Constituída de 10 mil soldados, esta guarda encarregava-se de proteger
os representantes do Império Romano em qualquer lugar do mundo. Sua principal
tarefa era a proteção do imperador.
Uma
porta se abre através da adversidade. Uma das principais contribuições
da prisão de Paulo foi a livre comunicação do Evangelho na capital do mundo
antigo. Os cristãos estavam espalhados por toda a cidade de Roma e adjacências.
Definitivamente a prisão de Paulo não reteve a força do Evangelho e o promoveu
universalmente. Deus usou o sofrimento do apóstolo para que o Evangelho fosse
anunciado de Roma para o mundo (v.13).
O
TESTEMUNHO DE PAULO NA ADVERSIDADE (1.12,13)
O
poder do Evangelho. De
modo objetivo, Paulo diz aos filipenses que nenhuma cadeia será capaz de impor
limites ao Evangelho de Cristo. Esse sentimento superava todas as expectativas
do apóstolo concernentes ao crescimento do Reino de Deus. O seu propósito era
ver as Boas Novas prosperando entre os gentios. Portanto, nenhum poder humano
conterá a força do Evangelho, pois este é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê (Rm 1.16).
A
preocupação dos filipenses com Paulo. Está implícita a preocupação dos
filipenses com o bem-estar de Paulo. Eles o amavam e sabiam do seu ardor em
proclamar o Evangelho. Todavia, achavam que a sua prisão prejudicaria a causa
cristã. O versículo 12 traz exatamente essa conotação: “E quero, irmãos, que
saibais as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do
evangelho”. Para o apóstolo, seu encarceramento contribuiu ainda mais para o
progresso da mensagem evangélica (v.13).
Paulo
rejeita a autopiedade. Paulo era um missionário consciente da sua
missão. Para ele, o sofrimento no exercício do santo ministério era
circunstancial e estava sob os cuidados de Deus (v.19). Por isso, não
manifestava autopiedade; não precisava disso para conquistar a compaixão das
pessoas. Para o apóstolo, a soberania de Deus faz do sofrimento algo
passageiro, pois os infortúnios servem para encher-nos de esperança,
conduzindo-nos numa bem-aventurada expectativa de “que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados por seu decreto” (Rm 8.28).
MOTIVAÇÕES
PARA A PREGAÇÃO DO EVANGELHO (1.14-18)
Duas
motivações predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo Paulo atuava.
São elas:
A
motivação positiva. “E
muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a
palavra mais confiadamente, sem temor” (v.14). Estava claro para os cristãos
romanos, bem como para a guarda pretoriana, que o processo judicial contra
Paulo era injusto, porque ele não havia cometido crime algum. Além de saberem
da inocência do apóstolo, os pretorianos recebiam diariamente deste a mensagem
do Evangelho (v.13). O resultado não poderia ser outro. Os cristãos filipenses
foram estimulados a anunciar o Evangelho com total destemor e coragem.
A
motivação negativa. A
prisão de Paulo motivou os cristãos a proclamar o Evangelho de “boa mente” e
“por amor”. Mas havia aqueles que usavam a prisão do apóstolo para garantir
vantagens pessoais. Dominados pela inveja e pela teimosia, agiam por motivos
errados. Mas pelo Espírito, o apóstolo entendeu que o mais importante era
anunciar Cristo ao mundo “de toda a maneira”. Isto não significa que Paulo
aprovava quem procedia dessa forma, porque um dia todo mau obreiro terá de dar
contas de seus atos ao Senhor (Mt 7.21-23).
O
DILEMA DE PAULO (1.19-22ss.)
Viver
para Cristo. “Nisto
me regozijo e me regozijarei ainda” (v.18). Estas palavras refletem a alegria
de Paulo sobre o avanço do Evangelho no mundo. Viver, para o apóstolo, só se
justifica se a razão for o ministério cristão: “Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha
obra, não sei, então, o que deva escolher" (vv.21,22).
A
morte para ele era um evento natural, mas glorioso. Significava estar
imediatamente com Cristo. O Mestre era tudo para Paulo, o princípio, a essência
e o fim da sua vida. Nele, o apóstolo vivia e se movia para a glória de Deus.
Por isso, podia dizer: “E vivo, não mais eu; mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
Paulo
supera o dilema. “Estar
com Cristo” e “viver na carne”. Este era o dilema do apóstolo (vv.23,24). Ele
desejava estar na plenitude com o Senhor. Todavia, o amor dele pelos gentios
era igualmente intenso. “Ficar na carne” (v.24), aqui, refere-se à vida física.
Isto é: viver para disseminar o Evangelho pelo mundo. Mais do que escolha
pessoal, estar vivo justifica-se apenas para proclamar o Evangelho e fortalecer
a Igreja. Este era o pensamento paulino. Nos versículos 25 e 26, ele entende
que, se fosse posto em liberdade, poderia rever os irmãos de Filipos, e viver o
amor fraterno pela providência do Espírito Santo.
Paulo
resolveu o seu dilema em relação à igreja, declarando que o seu desejo de estar
com Cristo foi superado pela amorosa obrigação de servir aos irmãos (vv.24-26).
Ele nos ensina que devemos estar prontos a trabalhar na causa do Senhor, mesmo
que isso signifique enfrentar oposição dos falsos crentes e até privações
materiais. O que deve nos importar é o progresso do Evangelho e o crescimento
da Igreja de Cristo (vv.25,26).
“Alguns
pregam Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente (1.15). Posteriormente
Paulo voltará sua atenção aos judaizantes, que distorcem o evangelho insistindo
nas obras como algo essencial para a salvação (3.2-11). Aqui a tensão é pessoal
em vez de doutrinária. Alguns se tornam evangelistas mais ativos por um
espírito competitivo, tendo um prazer perverso no pensamento de que Paulo está
atado e incapaz de tentar alcançá-los. Outros se tornam evangelistas mais
ativos por amor, um esforço de aliviar Paulo da preocupação de que expansão do
evangelho retrair-se-á devido à sua inatividade forçada.
É
fascinante ver como Paulo recusa-se a julgar as motivações, e está encantado
com o fato de que, seja pela razão que for, o evangelho está sendo pregado.
Poucos de nós têm essa maturidade. Os críticos de Paulo poderão ficar
amargamente ressentidos com o seu sucesso, mas o apóstolo não ficará ressentido
com eles! Em vez disso ele se regozijará por Cristo estar sendo pregado, e
deixará a questão dos motivos para o Senhor.
Porque
sei que disto me resultará salvação (1.19). Paulo não se refere aqui à sua
libertação da prisão. O maior perigo que qualquer um de nós enfrenta é o
desânimo que as dificuldades frequentemente criam”Notas (RICHARDS, L.
O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed.,
RJ: CPAD, 2007, p.437).
Esperança
em meio à adversidade.É possível ter esperança em meio à adversidade?
Esta pergunta pode parecer mera retórica, pois uma vez proposta àquele que
sofre, mas alienada da sua realidade, ela ignora o sofrimento e as
circunstâncias existenciais que a maioria dos seres humanos enfrenta no mundo.
A consequência não poderia ser outra: a dissimulação de quem pergunta.
Porém,
esta acusação não se pode fazer ao apóstolo Paulo. A sua esperança na adversidade
está latente quando ele comunica aos seus irmãos: “As coisas que me aconteceram
contribuíram para maior proveito do evangelho” (1.12). Aqui, quem fala não é
uma pessoa que se acampa e um escritório opulento e distante do sofrimento
alheio, mas um ser humano que redige uma mensagem de esperança em um lugar
contrário a qualquer esperança: a prisão. Mas resolutamente encarcerado. Como
alguém como Paulo poderia estar resoluto numa prisão do primeiro século da era
cristã?
A
fé na soberania divina é a chave para entender a tranquilidade do apóstolo. A
partir dela, ele estava convencido de que o seu sofrimento serviria para
expandir o Evangelho entre os gentios. E os filipenses deveriam estar
conscientizados disso também.
O
olhar do apóstolo agora se volta para a necessidade da igreja de Filipos. Paulo
sabe que a igreja é perseguida e sofredora. Embora o apóstolo estivesse cheio
da graça de Deus desejando imediatamente estar com Cristo, ao voltar sua
atenção para a necessidade da comunidade de Filipos ele entra num dilema.
O
dilema paulino é este: “Desejo partir e estar com Cristo”, mas “julgo mais
necessário, por amor de vós, ficar na carne”. Aqui, descobrimos qual a
esperança gloriosa do apóstolo em meio à adversidade: Estar com Cristo. Esta
esperança deve ser a da Igreja também. Mas, em meio ao sofrimento, e após olhar
para o sofrimento alheio, o apóstolo não se julga no direito de partir com
Cristo sabendo que poderia ser um instrumento de Deus para encorajar irmãos na
fé, edificá-los, e encorajá-los a proclamar o Evangelho ao mundo. A lição
apostólica não poderia ser outra: quando olhamos para o sofrimento alheio e
decidimos aliviá-lo brota em nós a esperança de sermos salvos das nossas
adversidades. Estar com Cristo deve ser o nosso anseio, mas enquanto Ele não
vem estaremos com Cristo juntamente com o próximo sofredor. O nosso sofrimento
deve impulsionar-nos a proclamar ao outro aquilo que nos dá esperança: o
Evangelho.
O comportamento dos salvos em Cristo
Filipenses
1.27-30; 2.1-4.
Filipenses
1
27
- Somente
deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá
e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo
espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
28
- E
em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício
de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus.
29
- Porque
a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também
padecer por ele,
30
- tendo
o mesmo combate que já em mim tendes visto e, agora, ouvis estar em mim.
Filipenses
2
1
- Portanto,
se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor; se alguma
comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
2
- completai
o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo,
sentindo uma mesma coisa.
3
- Nada
façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os
outros superiores a si mesmo.
4
- Não
atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é
dos outros.
O
crente é salvo pela graça, mediante a fé em Jesus. Este dom veio de Deus e não
do próprio crente (Ef 2.8). O apóstolo Paulo faz questão de lembrar essa
verdade eterna aos efésios para que eles não caíssem na sandice de gloriarem-se
nas próprias obras. As obras são o resultado da salvação e não a causa dela. As
Escrituras ensinam que é inimaginável um salvo em Cristo não manifestar obras
de arrependimento e amor ao próximo (Jo 15), pois do contrário, ele não seria
discípulo de Jesus. Por isso, estude a lição desta semana com o viés do Evangelho
que diz respeito a nossa conduta para com a sociedade, levando em conta que não
nos comportaremos dignamente perante aos homens para sermos salvos, mas porque
o somos pela graça de Deus, o nosso Senhor.
Palavra
Chave. Comportamento: Conjunto de atitudes e reações
do indivíduo em face do meio social.
Aprenderemos
que muitas são as circunstâncias adversas que tentam enfraquecer o compromisso
do crente com o Evangelho de Cristo. Veremos que o testemunho do cristão é
testado tanto pelos de fora (sociedade) quanto pelos de dentro (igreja).
Todavia, a Palavra do Senhor nos conclama a nos portarmos dignamente diante de
Deus e dos homens.
O
COMPORTAMENTO DOS CIDADÃOS DO CÉU (1.27)
O
crente deve “portar-se dignamente”. “Somente deveis portar-vos
dignamente conforme o evangelho de Cristo” (v.27). A palavra-chave desta porção
bíblica é dignamente. Este termo sugere a figura de uma balança com
dois pratos, onde o fiel da pesagem determina a medida exata daquilo que está
sendo avaliado. Em síntese, precisamos de firmeza e equilíbrio em nossa vida
cotidiana, pois esta deve harmonizar-se à conduta do verdadeiro cidadão dos
céus.
Para
que os outros vejam. O
apóstolo Paulo deseja estar seguro de que os filipenses estão preparados para
enfrentar os falsos obreiros que, sagazmente, intentam desviá-los de Cristo.
Por isso fala do fato de estando ou não entre os filipenses, quer ouvir destes
que estão num “mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé
do evangelho” (v.27).
A
autonomia da vida espiritual. Os filipenses teriam de
desenvolver uma vida espiritual autônoma em Jesus, pois o apóstolo nem sempre
estaria com eles. Diante da sociedade que os cercava, Paulo esperava dos
filipenses uma postura firme, mas equilibrada. Naquele momento a sociedade
caracterizava-se por uma filosofia mundana e idólatra, na qual o imperador era
o centro de sua adoração. Quantas vezes somos desafiados diante das vãs
filosofias e modismos produzidos em nosso meio? O Senhor nos chama a ser firmes
e equilibrados, testemunhando aos outros como verdadeiros cidadãos do céu.
O
COMPORTAMENTO ANTE A OPOSIÇÃO (1.28-30)
O
ataque dos falsos obreiros. A resistência ao Evangelho vinha através de
pregadores que negavam a divindade de Cristo e os valores ensinados pelos
apóstolos. Paulo, porém, exorta os crentes de Filipos quanto à postura que
deveriam adotar em relação a tais falsos obreiros (v.28).
O
objetivo dos falsos obreiros. Os falsos obreiros queriam
intimidar os cristãos sinceros. Eles aproveitavam a ausência de Paulo e de seus
auxiliares para influenciar o pensamento dos filipenses e, assim, afastá-los da
santíssima fé. Por isso, o apóstolo adverte para que os filipenses não se
espantassem. De igual modo, não devemos temer os que torcem a sã doutrina.
Guardemos a fé e falemos com verdade e mansidão aos que resistem à Palavra de
Deus (1Pe 3.15).
Padecendo
por Cristo. A
Teologia da Prosperidade rejeita por completo a ideia do sofrimento. No
entanto, a Palavra de Deus não apenas contradiz essa heresia, mas desafia o
crente a sofrer por Cristo. É um privilégio para o cristão padecer por Jesus
(v.29). Paulo compreendia muito bem esse assunto, pois as palavras de Cristo
através de Ananias cumpriram-se literalmente em sua vida (At 9.16). Por isso,
os crentes filipenses aprenderam com o apóstolo que o sofrimento, por Cristo,
deve ser enfrentado com coragem, perseverança e alegria no Espírito. Aprendamos,
pois, com os irmãos filipenses.
PROMOVENDO
A UNIDADE DA IGREJA (2.1-4)
O
desejo de Paulo pela unidade. Depois de encorajar a igreja em
Filipos a perseverar no Evangelho, o apóstolo começa a tratar da unidade dos
crentes. Como a Igreja manterá a unidade se os seus membros forem egoístas e
contenciosos? Este era o desafio do apóstolo em relação aos filipenses. Para
iniciar o argumento em favor da unidade cristã, o apóstolo utiliza vocábulos
carregados de sentimentos afetuosos nos dois primeiros versículos (2.1,2). Tais
palavras opõem-se radicalmente ao espírito sectário e soberbo que predominava
em alguns grupos da congregação de Filipos:
a)
Consolação de amor, comunhão no Espírito e entranháveis afetos e compaixões. Cristo é o
assunto fundamental dos filipenses. Por isso, a sua experiência deveria
consistir na consolação mútua no amor de Deus e na comunhão do Espírito Santo,
refletindo a ternura e a compaixão dos crentes entre si (cf. At 2.42ss).
b)
Mesmo amor, mesmo ânimo e sentindo uma mesma coisa. Quando o afeto
permeia a comunidade, temos condições de viver a unidade do amor no Espírito
Santo. O apóstolo Paulo “estimula os filipenses a se amarem uns aos outros,
porque todos têm recebido este mesmo amor de Deus” (Comentário Bíblico
Pentecostal, p.1290). Consolidada a unidade, a comunhão cristã será
refletida em todas as coisas.
O
foco no outro como em si mesmo. Vivemos numa sociedade tão
individualista que é comum ouvirmos jargões como este: “Cada um por si e Deus
por todos”. Mas o ensinamento paulino desconstrói tal ideia. O apóstolo convoca
os crentes de Filipos a buscar um estilo de vida oposto ao egoísmo e ao
sectarismo dos inimigos da cruz de Cristo (2.3). No lugar da prepotência, deve
haver humildade; no lugar da autossuficiência, temos de considerar os outros
superiores a nós mesmos.
Não
ao individualismo. Paulo
ainda adverte: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual
também para o que é dos outros” (v.4). Esta atitude remonta a um dos ensinos
mais basilares do Evangelho: “ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31; cf.
At 2.42-47). Isto “rememora o exemplo de Paulo, de colocar as necessidades dos
filipenses em primeiro lugar (escolhendo permanecer com eles, 1.25) e de
procurar seguir o exemplo de Cristo de não sentir que as prerrogativas da
divindade sejam ‘algo que deva ser buscado’ para os seus próprios propósitos” (Comentário
Bíblico Pentecostal, p.1291).
Com
a ajuda do Espírito Santo, podemos superar tudo aquilo que rouba a humildade e
o relacionamento sadio entre nós. O Espírito ajuda-nos a evitar o partidarismo,
o egoísmo e a vanglória (Gl 5.26). Ele produz em nosso coração um sentimento de
amor e respeito pelos irmãos da fé (Fp 2.4). A unidade cristã apenas será
possível quando tivermos o sentimento que produz harmonia, comunhão e
companheirismo: o amor mútuo. O nosso comportamento como cidadãos dos céus deve
ser conhecido pela identidade do amor (Jo 13.35).
“O
Comportamento à Luz da Experiência Cristã. Paulo desafia seus ouvintes a
tornarem a sua alegria completa. A ideia que está por trás de fazer algo
completo é trazer isto à sua realização ou ao objetivo final. Em Filipenses,
Paulo observa que experimentou a alegria no sofrimento, a alegria de ser
lembrado pelos filipenses por ocasião de sua necessidade, e a alegria pelo
evangelho ser pregado. Para ele, a alegria completa é que a igreja, que é a
comunidade redimida, viva a realidade do evangelho.
Depois
de rogar aos filipenses que compartilhassem a experiência da salvação, Paulo
desafia-os a refletir várias qualidades em suas vidas (vv. 2b-4), todas aquelas
que dependam ou aumentem a primeira: ‘sentindo uma mesma coisa’ (v.2b). Esta
expressão indica muito mais do que compartilhar pensamentos ou opiniões comuns;
denota o completo processo de pensamentos e emoções de uma pessoa, que estão
intimamente refletidos na maneira de viver, pois ambos estavam ligados como se
fossem uma única característica.
Uma
característica de boa consciência é que os cristãos deveriam ter ‘o mesmo amor’
uns para com os outros. Paulo estimula os filipenses a amarem-se uns aos
outros, porque todos têm recebido este mesmo amor de Deus (2.1)”Notas
(ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (Eds.) Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. 4 ed., Vol. 2, RJ: CPAD, 2009,
p.486).
“PONTO
DE VISTA DE UMA BANHEIRA QUENTE.Antes, eu pensava em banheira quente
como algo reservado a hedonistas em Hollywood, e sibaritas em San Francisco; agora
sei que, sob certas circunstâncias, a banheira quente é o símbolo perfeito da
rota moderna da religião. A experiência da banheira quente é voluptuosa,
relaxante, lânguida, — não de um modo exigente, seja intelectualmente ou de
outra forma, mas muito, muito agradável, a ponto de ser excelente diversão.
Muita gente hoje quer que o cristianismo seja assim, trabalham para que o seja.
O último passo, claro, seria tirar os assentos da igreja e, em seu lugar,
instalar banheiras quentes, então não mais haveria qualquer problema com a
frequência. Entrementes, muitas igrejas, evangelistas, e pregadores eletrônicos
já estão oferecendo ocasiões que, sentimos, são a coisa mais próxima da
banheira quente — a saber: reuniões alegres e livres de cuidados, momentos de real
diversão para todos, [...] Esta espécie de religião projeta a felicidade na
forma de um bem-vindo caloroso a todos quantos sintonizam ou vêm visitar; um
coro aquecido com uma música sentimental balançante; o uso de palavras ardentes
e massageadoras em orações e pregações; e um arrebol vespertino cálido e
animado (outro toque da banheira quente). À indagação, ‘Onde está Deus’, a
resposta que estas ocasiões geralmente projetam, não importa o que seja dito,
é: ‘No bolso do pregador’. Calmamente, certamente, mas... isto é fé? Adoração?
Culto a Deus? É religiosidade o nome verdadeiro deste jogo?
Os
sintomas da religião banheira quente, hoje, incluem um índice fragorosamente
crescente de divórcio entre os cristãos; tolerância largamente difundida das
aberrações sexuais; um sobrenaturalismo, que busca sinais, maravilhas, visões,
profecias e milagres; xaropes calmantes, de pregadores eletrônicos e de
púlpitos liberais; sentimentalismo anti-intelectual e ‘picos’ emocionais
deliberadamente cultivados, o equivalente cristão da maconha e da cocaína; e
uma fácil e irrefletida aceitação da luxúria no viver diário. Esta não é uma
tendência saudável. Ela faz a Igreja parecer-se com o mundo, levada pelo mesmo
apetite desarrazoado pelo prazer temperado com magia. Desta forma, eles minam a
credibilidade do evangelho da nova vida. Se esta tendência for revertida, uma
nova organização de referência terá de ser estabelecida. Para esta tarefa,
portanto, movemo-nos agora para onde as Escrituras nos guiam” Notas (PACKER, J.
I. O Plano de Deus Para Você. 1 ed., RJ: CPAD, 2004,
pp.54,68,69).
O
comportamento dos salvos em Cristo.Vivemos numa sociedade onde a hipocrisia
é a sua maior característica. Muitos se julgam árbitro de políticos, artistas,
jornalistas e etc. Outros quando perguntado sobre a corrupção no país não
titubeiam em dizer que os políticos devem ser presos. Mas quem são as pessoas
que respondem a esta pergunta? São técnicos em refrigeração, taxistas,
contadores, advogados, gente que representa as mais variadas classes sociais do
Brasil. Ao mesmo tempo em que condenam a corrupção, eles cometam as maiores
atrocidades éticas nas suas próprias profissões.
À
luz deste contexto social e hipócrita é que somos desafiados a ler a mensagem
aos Filipenses. O que nela está posta para o Corpo de Cristo é uma mensagem que
não aceita uma vivência de vida dualista. No versículo 27 do capítulo 1 o
apóstolo usa a expressão ‘quer vá e vos veja, que esteja ausente’ para denotar
que o marco moral regulatório do discípulo de Cristo está muito bem definido. O
cristão é o que é sem ou com os olhares das pessoas. O apóstolo não admitia a
ideia de uma vida ‘pública’ e outra ‘privada’.
Os
discípulos foram chamados para salgarem e serem luz em todas as esferas da
vida, onde quer que eles estejam. Tanto para a sociedade quanto para os
crentes. É bem verdade que esta postura pode causar grandes oposições e
incompreensões. O apóstolo Paulo alerta aos filipenses sobre isso quando disse
que eles não deviam se espantar com aqueles que resistem as reivindicações do
Evangelho.
E
comum nos dias de hoje os obreiros que não adotam o discurso da teologia da
prosperidade ter as portas fechadas para fazer uso do púlpito. O pregador que
não adere ao ‘hit do momento’ corre o risco de não ter acesso ao microfone. Mas
este obreiro quando tem a consciência do que é realmente padecer por Cristo
sabe distinguir o Evangelho de Cristo do falso evangelho da prosperidade. O
Evangelho de Cristo é centrado na pessoa de Jesus, o da prosperidade no homem.
Logo, não é possível conciliar uma mensagem materialista com aquela que
reivindica a completa anulação humana dos seus próprios desejos e deleites.A
Teologia da Prosperidade é incompatível com o Evangelho pelos seguintes
motivos: enquanto uma foca o si mesmo, o outro foca no outro; enquanto uma diz
sim ao individualismo, o outro diz não; enquanto uma diz ‘conquiste o que é
seu’, o outro conclama ‘reparta o que é seu’.
Jesus, o modelo ideal de humildade
Filipenses
2.5-11.
5
- De
sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus,
6
- que,
sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
7
- Mas
aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens;
8
- e,
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte,
e morte de cruz.
9
- Pelo
que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o
nome,
10
- para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e
debaixo da terra,
11
- e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Você
concorda que Jesus Cristo é a plena revelação de Deus? Que em Jesus, o
Altíssimo se fez Deus Conosco, o Emanuel? Que o Nazareno é a encarnação suprema
do Deus Pai? Mas por que o Altíssimo não escolheu manifestar-se como um
político poderoso judeu? Por que Ele não elegeu um sacerdote da linhagem de
Arão para salvar à humanidade? Por que o nosso Deus escolheu alguém que não
tinha onde “reclinar a cabeça”? Alguém que em seu nascimento não tinha onde
pousar com a sua mãe? A vida de Jesus de Nazaré demonstra, ainda que soberano e
glorioso, um Deus que não se revelou plenamente a humanidade exalando
opulência, mas simplicidade e ternura. O Pai se fez carne e humilhou-se. Ele
revelou-se para o mundo em humilhação. Isto lhe diz alguma coisa?
As
Escrituras apresentam uma doutrina robusta acerca da humanidade e divindade de
Jesus Cristo. A história da Igreja apresenta fundamentos sólidos à luz dos
concílios ecumênicos que, ao longo do tempo, deram conta da evolução de toda a
teologia cristã no Ocidente.
“[Do
gr. hypostasis] Doutrina que, exposta no Concílio de Calcedônia em
451, realça a perfeita e harmoniosa união entre as naturezas humana e divina de
Cristo. Acentua este ensinamento ser Jesus, de fato, verdadeiro homem e
verdadeiro Deus” (Dicionário Teológico, p.352, CPAD).
Natureza
Humana.“Embora
o título ‘Filho do Homem’ apresente duas definições principais, são três as
aplicações contextuais, no Novo Testamento. A primeira é o Filho do Homem no
seu ministério terrestre. A segunda refere-se ao seu sofrimento futuro (como
por Mc 13.24). Assim, atribuiu-se novo significado a uma terminologia existente
dentro do Judaísmo. A terceira aplicação diz respeito ao Filho do Homem na sua
glória futura (ver Mc 13.24, que aproveita diretamente toda a corrente profética
que brotou do livro de Daniel). [...] Logo, Jesus é o Filho do Homem — passado,
presente e futuro. [...] O fato de o Filho do Homem ser um homem literal é
incomparável”Notas (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal, pp.312-13, CPAD).
Natureza
Divina.“Os
escritos joaninos dão bastante ênfase ao título ‘Filho de Deus’. João 20.31
afirma de forma explícita que o propósito do evangelho é ‘para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome’. Além do uso do próprio título, Jesus é chamado inúmeras vezes ‘o Filho’,
sem acréscimo de outras qualificações. Há também mais de cem circunstâncias em
que Jesus se dirige diretamente a Deus ou se refere a Ele como ‘Pai’ As
afirmações: ‘Eu sou’ são exclusivas do evangelho de João. Elas, como afirmações
de Jesus na primeira pessoa, formam uma parte relevante da autorrevelação dEle
[‘Eu Sou’ é a declaração da autorrevelação divina (cf. Êx 3.14)]” (Teologia
do Novo Testamento, pp.203,205, CPAD).
Palavra
Chave.Humildade: Virtude que nos dá o sentimento da nossa
fraqueza. Modéstia, pobreza.
Enfocaremos
as atitudes de Cristo que revelam a sua natureza humana, obediência e
humilhação, bem como a sua divindade. Humanidade e divindade, aliás, são as
duas naturezas inseparáveis de Jesus. Esta doutrina é apresentada por Paulo no
segundo capítulo da Epístola aos Filipenses.Veremos ainda que Jesus nunca
deixou de ser Deus, e que encarnando-se, salvou-nos de nossos pecados. A
presente lição revela também a sua exaltação.
O
FILHO DIVINO: O ESTADO ETERNO DA PRÉ-ENCARNAÇÃO (2.5,6)
Ele
deu o maior exemplo de humildade. Na Epístola aos Filipenses, lemos:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”
(v.5). Este texto reflete a humildade de Cristo revelada antes da sua
encarnação. Certa feita, quando ensinava aos seus discípulos, o Mestre disse:
“Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29).
Jesus
Cristo é o modelo perfeito de humildade. O apóstolo Paulo insta a que os filipenses
tenham a mesma disposição demonstrada por Jesus.
Ele
era igual a Deus. “Que,
sendo em forma de Deus” (v.6). A palavra forma sugere o objeto
de uma configuração, uma semelhança. Em relação a Deus, o termo refere-se à
forma essencial da divindade. Cristo é Deus, igual com o Pai, pois ambos têm a
mesma natureza, glória e essência (Jo 17.5). A forma verbal da palavra sendo aparece
em outras versões bíblicas comosubsistindo ou existindo.
Cristo
é, por natureza, Deus, pois antes de fazer-se humano “subsistia em forma de
Deus”. Os líderes de Jerusalém procuravam matar Jesus porque Ele dizia ser
“igual a Deus”. A Filipe, o Senhor afirmou ser igual ao Pai (Jo 14.9-11). A
divindade de Cristo é fartamente corroborada ao longo da Bíblia (Jo 1.1; 20.28;
Tt 2.13; Hb 1.8; Ap 21.7). Portanto, Cristo, ao fazer-se homem, esvaziou-se não
de sua divindade, mas de sua glória.
Mas
“não teve por usurpação ser igual a Deus” (v.6). Isto significa
que o Senhor não se apegou aos seus “direitos divinos”. Ele não agiu egoisticamente,
mas esvaziou- se da sua glória, para assumir a natureza humana e entregar-se em
expiação por toda humanidade. O que podemos destacar nesta atitude de Jesus é o
seu amor pelo mundo. Por amor a nós, Cristo ocultou a sua glória sob a natureza
terrena. Voluntariamente, humilhou-se e assumiu a nossa fragilidade, com
exceção do pecado.
O
FILHO DO HOMEM: O ESTADO TEMPORAL DE CRISTO (2.7,8)
“Aniquilou-se
a si mesmo” (2.7). Foi
na sua encarnação que o Senhor Jesus deu a maior prova da sua humildade: Ele
“aniquilou-se a si mesmo”. O termo grego usado pelo apóstolo é o verbo kenoô,
que significa também esvaziar, ficar vazio. Portanto, o verbo esvaziar comunica
melhor do que aniquilar a ideia da encarnação de Jesus;
destaca que Ele esvaziou-se a si mesmo, privou-se de sua glória e tomou a
natureza humana. Todavia, em momento algum veio a despojar-se da sua divindade.
Jesus
não trocou a natureza divina pela humana. Antes, voluntariamente, renunciou em
parte às prerrogativas inerentes à divindade, para assumir a nossa humanidade.
Tornando-se verdadeiro homem, fez-se maldição por nós (Gl 3.13). E levou sobre
o seu corpo todos os nossos pecados (1Pe 2.24). Em Gálatas 4.4, Paulo escreveu
que, na plenitude dos tempos, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”. Isto
indica que Jesus é consubstancial com toda a humanidade nascida em Adão. A
diferença entre Jesus e os demais seres humanos está no fato de Ele ter sido
gerado virginalmente pelo Espírito Santo e nunca ter cometido qualquer pecado
ou iniquidade (Lc 1.35). Por isso, o amado Mestre é “verdadeiramente homem e
verdadeiramente Deus”.
Ele
“humilhou-se a si mesmo” (2.8). Jesus encarnado rebaixou-se mais
ainda ao permitir ser escarnecido e maltratado pelos incrédulos (Is 53.7; Mt
26.62-64; Mc 14.60,61). A auto-humilhação do Mestre foi espontânea. Ele
submeteu-se às maiores afrontas, porém jamais perdeu o foco da sua missão:
cumprir toda a justiça de Deus para salvar a humanidade.
Ele
foi “obediente até a morte e morte de cruz” (2.8). O Mestre amado
foi obediente à vontade do Pai até mesmo em sua agonia: “Não se faça a minha
vontade, mas a tua” (Lc 22.42). No Getsêmani, antes de encarar o Calvário,
Jesus enfrentou profunda angústia e submeteu-se totalmente a Deus, acatando-lhe
a vontade soberana. Quando enfrentou o Calvário, o Mestre desceu ao ponto mais
baixo da sua humilhação. Ele se fez maldição por nós (Dt 21.22,23; cf. Gl
3.13), passando pela morte e morte de cruz.
A
EXALTAÇAO DE CRISTO (2.9-11)
“Deus
o exaltou soberanamente” (2.9). Após a sua vitória final sobre o
pecado e a morte, Jesus é finalmente exaltado pelo Pai. O caminho da exaltação
passou pela humilhação, mas Ele foi coroado de glória, tornando-se herdeiro de
todas as coisas (Hb 1.3; 2.9; 12.2).
Usado
pelo autor sagrado para designar especialmente Jesus, o termo grego Kyrios revela
a glorificação de Cristo. O nome “Jesus” é equivalente a “Senhor”, e, por
decreto divino, Ele foi elevado acima de todo nome. As Escrituras atestam que
ante o seu nome “se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor [o Kyrios]”
(v.10).
.
Dobre-se todo joelho. Diante de Jesus, todo joelho se dobrará (v.10). Ajoelhar-se
implica reconhecer a autoridade de alguém. Logo, quando nos ajoelhamos diante
de Jesus, deixamos bem claro que Ele é a autoridade suprema não só da Igreja,
mas de todo o Universo. Quando oramos em seu nome e cantamos-lhe louvores,
reconhecemos-lhe a soberania. Pois todas as coisas, animadas e inanimadas, estão
sob a sua autoridade e não podem esquivar-se do seu senhorio.
“Toda
língua confesse” (v.11). Além de ressaltar o reconhecimento do
senhorio de Jesus, a expressão implica também a pregação do Evangelho em todo o
mundo. Cada crente deve proclamar o nome de Jesus. O valor do Cristianismo está
naquilo que se crê. A confissão de que Jesus Cristo é o Senhor é o ponto de
convergência de toda a Igreja (Rm 10.9; At 10.36; 1Co 8.6). Nosso credo implica
o reconhecimento público de Jesus Cristo como o Senhor da Igreja. A exaltação
de Cristo deve ser proclamada universalmente.
O
tema estudado hoje é altamente teológico. Vimos a humilhação e a encarnação de
Jesus. Estudamos a dinâmica da sua humanização e a sua consequente exaltação.
Aprendemos também que o Senhor Jesus é o Deus forte encarnado — verdadeiramente
homem e verdadeiramente Deus. E que Ele recebeu do Pai toda a autoridade nos
céus e na terra. Ele é o Kyrios, o Senhor Todo-Poderoso. O nome sob
o qual, um dia, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus
Cristo é o Senhor. Proclamemos essa verdade universalmente.
KENOSIS.[Do gr. kenós,
vazio, oco, sem coisa alguma] Termo usado para explicar o esvaziamento da
glória de Cristo quando da sua encarnação. Ao fazer-se homem, renunciou Ele
temporariamente a glória da divindade (Fp 2.1-6). O capítulo 53 de Isaías é a
passagem que melhor retrata a kenósis de Cristo. Segundo
vaticina o profeta, em Jesus não havia beleza nem formosura. Nesta humilhação,
porém, Deus exaltou o homem às regiões celestes.
Quando
se trata de Kenósis de Cristo, há que se tomar muito cuidado.
É contra o espírito do Novo Testamento, afirmar que o Senhor Jesus esvaziou-se
de sua divindade. Ao encarnar-se, esvaziou-se Ele apenas da sua glória. Em todo
o seu ministério terreno, agiu como verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
KENÓTICA,
TEOLOGIA DA.Movimento
surgido na Inglaterra no século 19, cujo objetivo era enfatizar a kenósis de
Cristo. Em torno do tema, muitas questões foram suscitadas: Cristo, afinal,
esvaziou-se de sua glória ou de sua divindade? Caso haja se esvaziado de sua
divindade, sua morte teve alguma eficácia redentora?Ora, como já dissemos no
verbete anterior, a kenósis de Cristo não implicou no
esvaziamento de sua divindade, mas apenas no autoesvaziamento de sua glória. Em
todo o seu ministério, agiu Ele como verdadeiro homem e verdadeiro Deus“Notas
(ANDRADE, C. Dicionário Teológico. 13 ed., RJ: CPAD,
2004, p.246).
“O
termo ‘Senhor’ representa o vocábulo grego kurios, bem como os
vocábulos hebraicos Adonai (que significa ‘meu Senhor, meu
Mestre, aquEle a quem pertenço’) e Yahweh (o nome pessoal de
Deus). Para as culturas do Oriente Próximo e do Oriente Médio antigos, ‘Senhor’
atribuía grande reverência quando aplicado aos governantes. As nações ao redor
de Israel usavam o termo para indicar seus reis e deuses, pois a maioria dos
reis pagãos afirmavam-se deuses. Esse termo, pois, representava adoração e
obediência. Kurios podia ser usado no trato com pessoas
comuns, como uma forma polida de tratamento. Entretanto, a Bíblia declara que o
nome ‘Senhor’ foi dado a Jesus pelo Pai, identificando-o, assim, como divino
Senhor (Fp 2.9-11). Os crentes adotaram facilmente esse termo, reconhecendo em
Jesus o Senhor divino. Por meio de seu uso, indicavam completa submissão ao Ser
Supremo. O título que Paulo preferia usar para referir-se a si mesmo era
‘servo’ (no grego, doulos, ‘escravo’, ou seja, um escravo por amor)
de Cristo Jesus (Rm 1.1; Fp 1.1). A rendição absoluta é apropriada a um Mestre
absoluto. A significação prática desse termo é espantosa quanto às suas
implicações na vida diária. A vida inteira deve estar sob a liderança de
Cristo. Ele deve ser o Mestre de cada momento da vida de todos quantos nasceram
na família de Deus.
Isso,
contudo, não significa que Cristo seja um tirano, pois Ele mesmo declarou: ‘Os
reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são
chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja
como o menor; e quem governa, com quem serve. Pois qual é maior: quem está à
mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Eu porém, entre vós,
sou como aquele que serve’ (Lc 22.25-27; ver também Mt 20.25-28). Jesus viveu e
ensinou a liderança de servos” Notas (MENZIES, W. W.; HORTON, S. M. Doutrinas
Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 5 ed., RJ: CPAD, 2005,
pp.51-52).
Jesus,
o modelo ideal de humildade.Um termo grego muito importante no
capítulo 2 de Filipenses é κενωσις (kenosis). Este é um
conceito que ganhou força na Teologia Cristã através dos séculos, pois, em
Cristologia, ele trata do esvaziamento da glória divina de Jesus para tornar-se
em “forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. E a iniciativa de Jesus
em aniquilar a própria vontade para fazer a do Pai.
Quando
estudamos Cristologia e deparamo-nos com o milagre da encarnação de Deus em
Jesus Cristo, uma pergunta é inevitável: “Como o Deus todo-poderoso, soberano e
criador de todas as coisas, revelou-se plenamente a humanidade de forma tão
frágil (criança) e humana (Jesus de Nazaré)?”. Os palácios não foram a Sua
casa, muito menos o quarto nababesco de um grande hotel. O lugar que acomodou o
nosso Senhor foi uma estrebaria, onde se abrigava diversos animais. O símbolo
da estrebaria remonta o significado do que o apóstolo Paulo quer dizer com esvaziamento
de Cristo.
Deus
estava em Jesus revelando-se à humanidade como nunca se revelara antes:
humilde, humano, servo, lavador de pés. Esta foi a causa dos judeus não
reconhecê-lo como Messias, pois ele era o oposto daquilo que os judeus
esperavam. Deus jamais se revelara assim tão humilde como se revelou em Jesus.
Jesus, o Cristo, uma loucura para gentios e judeus.
Usando
a kenosis de Deus é que o apóstolo Paulo conclama os
filipenses para terem o mesmo sentimento que predominava em Cristo Jesus. Logo,
segundo a expressão do teólogo Reinold Blank, “a kenosis de Deus implica na
kenosis do homem”. O mesmo sentimento que estava em Jesus deve estar no homem.
Aqui, a humildade de Jesus nos constrange e modela.
Uma
verdade que precisa ser destacada é a de que em Jesus o homem é capaz de
abdicar-se de todo sentimento de poder, egoísmo e opressão. Livrar-se de todos
os atributos que descrevam um caráter soberbo, individualista, desejoso de
fazer o mal. Outra verdade que deve ser ressaltada na classe é que em Jesus o
ser humano é convidado a realizar a obra kenótica de si mesmo. Foi assim que
Deus Pai se revelou nEle. Humilde e inimigo de qualquer artifício para fazer o
mal. Conclame sua classe a ter a mesma postura de Jesus. Mostre aos alunos que
o Evangelho quando encarna no discípulo de Cristo o impulsiona a fazer o bem,
renunciar os próprios interesses e até mesmo amar os seus supostos inimigos.
As virtudes dos salvos em Cristo
Filipenses
2.12-18.
12
- De
sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha
presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa
salvação com temor e tremor;
13
- porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa
vontade.
14
- Fazei
todas as coisas sem murmurações nem contendas;
15
- para
que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma
geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo;
16
- retendo
a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, possa gloriar-me de não ter
corrido nem trabalhado em vão.
17
- E,
ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé,
folgo e me regozijo com todos vós.
18
- E
vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo.
Há
muitos significados que poderíamos tomar emprestado para conceituar o termo
“obediência”. Como, por exemplo, “sujeitar-se a vontade de”, “estar sob
autoridade de” e “estar sujeito”. Estes manifestam o sentido estrito e real da
expressão obediência. Há de se destacar, porém, que o apóstolo Paulo quando
fala de obediência, refere-se à virtude — uma disposição firme para praticar o
bem — de uma pessoa que abraçou a fé mediante o Evangelho de Cristo. Aqui,
obedecê-lo é encarnar os valores do Reino de Deus numa perspectiva de se
espalhar o bem no mundo. Para Paulo, a melhor forma de fazer isso é semeando o
Evangelho, a mais bela das notícias para a humanidade.
A
DINÂMICA DA SALVAÇÃO
Obra
realizada e consumada na cruz. O brado de Cristo na cruz — “Está
consumado!” — representa o significado atemporal da salvação. Nele, somos
salvos do passado, guardados do presente, mas esperançosos no futuro. O pecado
não tem mais poder sobre a vida do discípulo de Cristo: “Portanto, agora,
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
O
progresso da operação da salvação. É bem verdade que não estamos
plenamente redimidos porque habitamos num corpo corrompido. Mas as palavras de
Agostinho de Hipona têm muito a nos dizer sobre como devemos lidar com essa
tensão: “A permanência da concupiscência em nós, é uma maneira de provarmos a
Deus o nosso amor a Ele, lutando contra o pecado por amor ao Senhor; é,
sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a prova real do
nosso amor”.
A
plenitude da salvação. Vivemos a vida cristã numa tensão entre o
“já” e o “ainda não”. Isto é, o reino de Deus está entre nós, mas não se
manifestou plenamente. Temos a esperança de uma transformação gloriosa que
permeará toda a terra quando da vinda de Jesus: “Porque a ardente expectação da
criatura espera a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8.19).
Palavra
Chave. Virtude: Na lição é a disposição firme e constante
para prática do bem.
Aprenderemos
que a obediência a Deus é uma virtude que deve ser buscada por todos aqueles
que são salvos em Cristo. O apóstolo Paulo não duvidava da obediência dos
irmãos filipenses, contudo, ele reafirma aos crentes a verdade de que a
submissão ao Evangelho de Cristo é uma das principais virtudes dos salvos.
Assim, a intenção do apóstolo é estimular os cristãos de Filipos a continuar
perseverando na obediência ao Santo Evangelho.
A
DINÂMICA DA SALVAÇÃO (2.12,13)
O
caráter dinâmico da salvação. No texto de Filipenses 2.12,
podemos destacar três aspectos da salvação operada em nossa vida pelo Senhor
Jesus. O primeiro refere-se à obra realizada e consumada de forma suficiente na
cruz do Calvário. É a salvação da pena do pecado. Não somos mais escravos, e
sim libertos em Cristo (Rm 8.1). O segundo aspecto diz respeito ao caráter
progressivo da salvação na vida do crente. Mesmo que o nosso corpo ainda não
tenha sido transformado, resistimos ao pecado e este não mais nos domina (Rm
8.9; cf. 1Jo 2.1,2).
Não
obstante o fato de a salvação eterna vir de Deus, Paulo diz que o Senhor nos
chama a zelar e a “desenvolvê-la” em nosso cotidiano. Por último, o texto trata
da plenitude da salvação, quando finalmente o nosso corpo receberá uma redenção
gloriosa e não mais teremos dor, angústia ou lágrima, pois estaremos para
sempre com o Senhor (1Ts 4.14-17).
Deus
é a fonte da vida. Por
si só o crente não pode ser salvo (Fp 2.13), pois é o Espírito Santo quem
“opera” no homem a salvação (Jo 16.8-11). Sem o Senhor, a humanidade está cega,
morta no pecado e carente da iluminação do Espírito para o arrependimento. Se
na vida dos ímpios Satanás opera instigando-os à prática das obras más (2Ts
2.9), é o Espírito de Deus quem opera nos crentes a vida eterna (Jo 16.7-12;
cf. Rm 8.9,14). Dessa forma, o salvo torna-se um instrumento de justiça num
mundo corrompido.
A
bondade divina. A
ideia que a salvação tem um caráter seletivo não é bíblica. Todos têm o direito
de recebê-la. O querer e o efetuar de Deus não anulam esse direito, pelo
contrário, a operação do Eterno habilita qualquer pessoa à salvação através da
iluminação do Evangelho (Jo 1.9), tornando-se posteriormente útil ao Corpo de
Cristo (Ef 4.11-16; 1Co 12.7).
OPERANDO
A SALVAÇÃO COM TEMOR E TREMOR (2.12-16)
“Fazei
todas as coisas sem murmurações nem contendas”. No versículo 14,
o apóstolo Paulo destaca duas posturas nocivas à predisposição dos filipenses:
a)
Murmurações. O
Antigo Testamento descreve a murmuração dos judeus como uma atitude de
rebelião. Quando os israelitas atravessaram o deserto, sob a liderança de
Moisés, passaram a reclamar da pessoa do líder hebreu. Para eles, Moisés jamais
deveria ter estimulado a saída do povo judeu do Egito (Nm 11.1; 14.1-4;
20.2-5). Esse ato constrangeu o homem mais manso da face da terra, e os
israelitas receberam dele a alcunha de “geração perversa e rebelde” (Dt 32.5,20).
Tal “titulação” não se aplicava aos filipenses, pois eles não eram rebeldes nem
murmuradores, ainda assim o apóstolo Paulo os exortou a fazer todas e quaisquer
coisas sem murmurações ou queixas, tal como convém aos mansos.
b)
Contendas. Em
o Novo Testamento, a expressão grega para contendas é dialogismos.
Essa expressão descreve as disputas e os debates inúteis que geram dúvidas e
separações na igreja local. É o mesmo que discussões, litígios e dissensões.
Infelizmente, muitos hoje as promovem levando, inclusive, seus irmãos aos
tribunais (1Co 6.1-8). Esta, definitivamente, não é a vontade de Deus para a
sua Igreja.
“Sejais
irrepreensíveis e sinceros”. O apóstolo apela aos filipenses
para que se achem irrepreensíveis e sinceros. Ser irrepreensível significa
conduzir-se de forma correta e moralmente pura, não necessitando de repreensão.
É alguém que dominou a carne, pois anda no Espírito (Gl 5.16,17). A sinceridade
é outra virtude que se opõe ao mal, ao dolo, ao engano e à má fé. A pessoa sincera
pauta-se pela lealdade, a lisura e a boa fé. Nada menos que isso é o que o
Eterno espera do seu povo.
“Retendo
a palavra da vida”. Para
o apóstolo, reter a Palavra de Deus não é apenas assimilá-la, mas, sobretudo
praticá-la, pois o poder da Palavra gera vida (Hb 4.12). Por isso, Paulo
encoraja os filipenses a guardarem a Palavra, pois além de promover a vida no
presente, ela ainda nos garante esperança e vida eterna para o futuro próximo.
A
SALVAÇÃO OPERA O CONTENTAMENTO E A ALEGRIA (2.17,18)
O
contentamento da salvação operada. O apóstolo Paulo reporta-se ao
Antigo Testamento para mostrar aos filipenses como, a fim de servi-los, ele
entregou sua vida: “ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e
serviço da vossa fé” (v.17). O apóstolo está ciente das privações que impôs a
si mesmo para edificar o Corpo de Cristo em Filipos. Ele, porém, se regozija e
alegra-se pelo privilégio de servir aos filipenses. Em outras palavras, a essa
altura, o sacrifício e os desgastes do apóstolo são superados pela alegria de
contemplar, naquela comunidade, o fruto da sua vocação dada por Cristo Jesus: a
salvação operada em sua vida também operou na dos filipenses.
A
alegria do povo de Deus. O apóstolo estimula os filipenses a
celebrarem juntamente com ele esta tão grande salvação (Hb 2.3). O apelo de
Paulo é contagiante: “regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo”
(v.18). A alegria de Paulo é proveniente do fato de que uma vez que Jesus nos
salvou mediante o seu sacrifício no Calvário, agora o Mestre nos chama para
testemunharmos a verdade desta mesma salvação operada em nós (v.13). Portanto,
alegremo-nos e regozijemo-nos nisto.
O
Evangelho nos convoca a desenvolvermos a salvação recebida por Deus através de
Cristo Jesus. Devemos ser santos, como santo é o Senhor nosso Deus. Para isso,
precisamos nos afastar de todas as murmurações e contendas e abrigarmo-nos no
Senhor, vivendo uma vida irrepreensível, sincera e que retenha a palavra da
vida (Fp 2.16). Somente assim a alegria do Senhor inundará a nossa alma e
testemunharemos do seu poder salvador para toda a humanidade.
“Que
é virtude? A
Bíblia dá maior importância à virtude moral e ao caráter, do que às regras de
conduta. O homem justo e o puro de coração são eternamente bem-aventurados. E o
fruto do Espírito Santo descrito em Gálatas 5 são as virtudes Que é virtude? Há
pouco me referi aos motivos, intenções e disposições subjacentes, o que têm em
comum, visto que são estados interiores e não comportamentos visíveis; e porque
são estados afetivos e não puramente cognitivos. Virtude é uma disposição
interior para o bem, e disposição é uma tendência a agir de acordo com certos
padrões. A disposição é mais básica, duradoura e penetrante do que o motivo ou
intenção existente por trás de uma certa ação. É diferente de um impulso
momentâneo, por ser um hábito mental estabelecido, um traço interior e muitas
vezes reflexivo. As virtudes são traços gerais do caráter que formulam sanções
interiores sobre nossos motivos, intenções e conduta exterior”Notas (HOLMES,
A. F. Ética: As decisões Morais à Luz da Bíblia. 1 ed.,
RJ: CPAD, 2000, pp.138-39).
O ALCANCE DA OBRA SALVÍFICA DE CRISTO
Há
entre cristãos uma diferença significativa de opiniões quanto à extensão da
obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evangélicos, de modo global,
rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não
permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o diabo e os anjos caídos permaneçam
eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de
Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos textos bíblicos que
demonstram ser a natureza de Deus de amor e de misericórdia, o versículo chave
do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve permanecer no Céu
‘até aos tempos da restauração de tudo’. Alguns entendem que a expressão
grega apokastaseōs pantōn (‘restauração de todas as coisas’)
tem significado absoluto, ao invés de simplesmente ‘todas as coisas, das quais
Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas’. Embora as Escrituras
realmente se refiram a uma restauração futura (Rm 8.18-15; 1Co 15.24-26; 2Pe
3.13), não podemos, à luz dos ensinos bíblicos sobre o destino eterno dos seres
humanos e dos anjos, usar esse versículo para apoiar o universalismo. Fazer
assim seria uma violência exegética contra o que a Bíblia tem a dizer deste
assunto.
Entre
os evangélicos, a diferença acha-se na escolha entre o particularismo, ou
expiação limitada (Cristo morreu somente pelas pessoas soberanamente eleitas
por Deus), e o universalismo qualificado (Cristo morreu por todos, mas sua obra
salvífica é levada a efeito somente naqueles que se arrependem e creem). O fato
de existir uma nítida diferença de opinião entre crentes bíblicos igualmente
devotos aconselha-nos a evitar a dogmatização extrema que temos visto no
passado e ainda hoje. Os dois pontos de vista, cada um pertencente a uma
doutrina específica da eleição, têm sua base na Bíblia e na lógica. Nem todos
serão salvos. Os dois concordam que, direta ou indiretamente, todas as pessoas
receberão benefícios da obra salvífica de Cristo. O ponto de discórdia está na
intenção divina: tornar a salvação possível a todos ou somente para os
eleitos?”Notas (HORTON, S. (Ed.).Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. 10 ed., RJ: CPAD, 2007, pp.358-59).
As
virtudes dos salvos em Cristo.Quem opera a salvação no homem é Deus
através do Espírito Santo que convence o homem do seu estado de pecado. Quando
isto acontece o homem está livre para dizer sim à graça de Deus. O arrependimento
e a fé em Deus são brotados no coração do homem pelo próprio Pai. Isto faz do
Senhor o autor da salvação humana. Esta verdade precisa ficar clara para os
alunos.Uma vez lavados e remidos pelo sangue do Cordeiro o ser humano é livre
para colocar em prática a consequência da salvação. O discípulo de Jesus foi
chamado para produzir frutos. João 15.8 diz: “Nisto é glorificado meu Pai: que
deis muitos frutos; assim serei meus discípulos”. Frutos, aqui, não é
ascetismo, arroubos exteriores e comportamentais, mas é amar “uns aos outros,
assim como eu vos amei” (Jo 15.12). Esta característica é que distinguirá quem
é o discípulo de Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se
vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35). Ou seja, é pela prática do amor às
outras pessoas que o mundo saberá ou não quem é discípulo de Jesus.
É
com esse olhar que devemos ler a Epístola de Paulo aos filipenses. Então
compreenderemos a sua conclamação: “operai a vossa salvação com temor e
tremor”. A ideia desta expressão não é a de reforçar que o crente é responsável
de ir ou não para o inferno segundo as suas ações. Ali, o apóstolo quer mostrar
que o crente recebeu uma tão grande salvação que é inimaginável ele não por em
prática esta nova realidade devida, pois é “Deus que opera em vós tanto o
querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.
O
prezado professor deve destacar para a classe que o operar a salvação é a mesma
conotação vista acima no Evangelho de João para produzir frutos. É por isso que
o apóstolo usa expressões tão fortes que tem haver com a relação com o próximo:
“Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas”; “sejais irrepreensíveis
e sinceros”; “retendo a Palavra da vida”.
Paulo
espera ver a igreja de Filipos operando a sua salvação, pois segundo o
apóstolo, não pode haver outro resultado, se não, um profundo contentamento e
alegria do povo de Deus. Os crentes são chamados a praticar as boas obras.
Estas foram preparadas por Deus para os nascidos de novo andarem por elas.
Enfatize essa grande verdade aos alunos: não somos salvos pelas obras, mas
somos salvos para produzi-las. Era inimaginável para o apóstolo um crente sem
obras (amor).
A
fidelidade dos obreiros do Senhor
Filipenses
2.19-29.
19
- E
espero, no Senhor Jesus, que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu
esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios.
20
- Porque
a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado;
21
- porque
todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus.
22
- Mas
bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho
ao pai.
23
- De
sorte que espero enviá-lo a vós logo que tenha provido a meus negócios.
24
- Mas
confio no Senhor que também eu mesmo, em breve, irei ter convosco.
25
- Julguei,
contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e
companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades,
26
- porquanto
tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis
ouvido que ele estivera doente.
27
- E,
de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente
dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
28
- Por
isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis,
e eu tenha menos tristeza.
29
- Recebei-o,
pois, no Senhor, com todo o gozo, e tende-o em honra...”
“Eu
sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. É assim que Jesus
é apresentado aos seus discípulos pela narrativa do Evangelho de João. O bom
Pastor doa a sua vida às ovelhas. Ele não espera receber nada em troca do seu
exercício ministerial, a não ser a alegria e a grata satisfação em ver uma
vida, outrora em frangalhos, mas agora em perfeito juízo com a mente e o
coração imersos no Evangelho. O verdadeiro pastor sabe bem a dimensão profunda
daquilo que significa “apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo
cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas
de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo
de exemplo ao rebanho” (1Pe 5.2,3).
Palavra
Chave. Fidelidade: Qualidade de fiel; lealdade.
A
preocupação de Paulo com a unidade e a comunhão da igreja filipense era tão
intensa que ele desejava estar presente naquela comunidade. Todavia, o apóstolo
encontrava-se preso. Impedido de rever aqueles pelos quais estava disposto a
“sacrificar-se” (Fp 2.17), Paulo envia dois obreiros fiéis, Timóteo e
Epafrodito, para cuidar daquela igreja até sua chegada (2.19-30).
A
PREOCUPAÇÃO DE PAULO COM A IGREJA
Paulo,
um líder comprometido com o pastorado. O versículo do texto áureo revela
o coração amoroso de Paulo que, apesar de encarcerado, ansiava por notícias dos
irmãos na fé. O apóstolo temia que a igreja filipense ficasse exposta aos
“lobos devoradores” que se aproveitam da vulnerabilidade e da fragilidade das
“ovelhas” a fim de “devorá-las” (Mt 10.16; At 20.29). Paulo se preocupava com a
segurança espiritual do rebanho de Filipos e esforçava-se ao máximo para
atendê-lo.
Paulo,
o mentor de novos obreiros. O apóstolo apresenta dois obreiros especiais
para auxiliar a igreja de Filipos. Primeiramente, Paulo envia Timóteo, dando
testemunho de que ele era um obreiro qualificado para ouvir e atender às
necessidades espirituais da igreja. Em seguida, o apóstolo valoriza um obreiro
da própria igreja filipense, Epafrodito. Este gozava de total confiança de
Paulo, pois preservava a pureza do Evangelho recebido. O apóstolo Paulo ainda
destaca a integridade desses dois servos de Deus contra a avareza dos falsos
obreiros (v.21). Estes são líderes que não zelam pela causa de Cristo, mas se
dedicam apenas aos seus próprios interesses.
Paulo,
um líder que amava a igreja. Ao longo de toda a Carta aos
Filipenses, percebemos que a relação do apóstolo Paulo para com esta igreja era
estabelecida em amor. Não era uma relação comercial, pois o apóstolo não
tratava a igreja como um negócio. Ele não era um gerente e muito menos um
patrão. A melhor figura a que Paulo pode ser comparado em seu comportamento em
relação à igreja é a de um pai que ama os seus filhos gerados na fé de Cristo.
Todas as palavras do apóstolo — admoestações, exortações e deprecações —
demonstram um profundo amor para com a igreja de Filipos. Precisamos de
obreiros que amem a Igreja do Senhor. Esta é constituída por pessoas
necessitadas, carentes, mas, sobretudo, desejosas de serem amadas pelos
representantes da igreja (2Tm 2.1-26).
O
ENVIO DE TIMÓTEO À FILIPOS (2.19-24)
Paulo
dá testemunho por Timóteo. O envio de Timóteo à Filipos tinha a
finalidade de fortalecer a liderança local e, consequentemente, todo o Corpo de
Cristo. Além de enviar notícias suas à igreja, Paulo também esperava consolar o
seu coração com boas informações acerca daquela comunidade de fé. Assim, como
Timóteo era uma pessoa de sua inteira confiança, considerado pelo apóstolo como
um filho (1Tm 1.2), tratava-se da pessoa indicada para ir a Filipos, pois sua
palavra à igreja seria íntegra, leal e no temor de Deus. Paulo estava seguro de
que o jovem Timóteo teria a mesma atitude que ele, ou seja, além de ensinar
amorosa e abnegadamente, pregaria o evangelho com total comprometimento a
Cristo (v.20).
O
modelo paulino de liderança. Timóteo, Epafrodito e Tito foram
obreiros sob a liderança de Paulo. Eles aprenderam que o exercício do santo
ministério é delineado pela dedicação, humildade, disposição e amor pela obra
de Deus. Qualquer obreiro que queira honrar ao Senhor e sua Igreja precisa
levar em conta os sofrimentos enfrentados pelo Corpo de Cristo na esperança de
ser galardoado por Deus. Nessa perspectiva, o principal ensino de Paulo aos
seus liderados era que o líder é o servidor da Igreja. O apóstolo aprendera com
Jesus que o líder cristão deve servir à Igreja e jamais servir-se dela (Mt
20.28).
As
qualidades de Timóteo (2.20-22). Timóteo aprendeu muito com Paulo
em relação à finalidade da liderança. Ele se solidarizou com o apóstolo e
dispôs-se a cuidar dos interesses dos filipenses como um autêntico líder. Paulo
declarou aos filipenses que Timóteo, além de “um caráter aprovado”, estava
devidamente preparado para exercer a liderança, pois tinha uma disposição de
“servir” ao Senhor e à igreja. Todo líder cristão precisa desenvolver uma
empatia com a igreja, tornando-se um marco referencial para toda a comunidade
de fé (1Tm 4.6-16).
EPAFRODITO,
UM OBREIRO DEDICADO (2.25-30)
Epafrodito,
um mensageiro de confiança. Epafrodito era grego, um obreiro local
exemplar e de caráter ilibado. O apóstolo Paulo o elogia como um grande
“cooperador e companheiro nos combates”. Sua tarefa inicial era a de ajudar o
apóstolo enquanto ele estivesse preso, animando-o e fortalecendo-o com boas
notícias dos crentes filipenses. Epafrodito também fora encarregado de levar a
Paulo uma ajuda financeira da parte da igreja de Filipos, objetivando custear
as despesas da prisão domiciliar do apóstolo.
Epafrodito,
um verdadeiro missionário. Epafrodito não levou apenas boas notícias
para o apóstolo, mas também propagou o Evangelho nas adjacências da cidade de
Filipos. Em outras palavras, Epafrodito era um autêntico missionário. À
semelhança de Silvano e Timóteo (1Ts 1.1-7), bem como Barnabé, Tito, Áquila e
Priscila, ele entendia que, se o alvo era pregar o Evangelho, até mesmo os
sofrimentos por causa do nome de Jesus faziam parte de seu galardão.
Paulo
envia Epafrodito. Filipenses
2.20 relata o desejo de Paulo em mandar alguém para cuidar dos assuntos da
igreja em Filipos. O pensamento inicial era enviar Timóteo, pois Epafrodito
adoecera vindo quase a falecer. Deus, porém, teve misericórdia desse obreiro e
o curou (v.27), dando ao apóstolo a oportunidade de enviá-lo à igreja em
Filipos (v.28). Epafrodito possuía condições morais e emocionais para tratar
dos problemas daquela igreja. Por isso, o apóstolo pede aos filipenses que o
recebam em Cristo, honrando-o como obreiro fiel (vv.29,30). Que os obreiros
cuidem da Igreja de Cristo com amor e zelo, e que os membros do Corpo do Senhor
reconheçam a maturidade, a fidelidade e a responsabilidade dos obreiros que
Deus dá à Igreja (Hb 13.17).
A
Igreja pertence a Cristo, e nós, os obreiros, somos os servidores desta grande
comunidade espalhada por Deus pela face da terra. Que ouçamos o conselho do
apóstolo Pedro, e venhamos apascentar “o rebanho de Deus , tendo cuidado dele,
não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo
pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo
ao rebanho” (1Pe 5.2,3).
“Quando
a Igreja nasceu,
no Dia de Pentecoste, Deus começou a chamar ‘pastores’ para apascentar os
rebanhos de fiéis que se levantariam ao redor do mundo. Os pastores devem ser
responsáveis pelo cuidado, direção e ensinamentos que uma congregação recebe.
Eles são dons para a igreja (Ef 4.11), líderes necessários que devem ter vidas exemplares.
Seu chamado ao ministério é de procedência divina (At 20.28); seu exemplo é
Jesus Cristo, e o poder para fazerem esta incrível obra vem do Espírito Santo.
Julgo
que os pastores têm de ser pentecostais para que apascentem igrejas também
pentecostais. Essa é ordem de Deus. Visto que vivemos num dos tempos mais
complicados e plenos de avanços tecnológicos que este mundo jamais viu, é
crucial que os líderes da Igreja do Senhor sejam não só cheios mas também
guiados pelo Espírito Santo. As pessoas são complexas; suas dificuldades e
problemas, também. Somente Deus pode capacitar-nos a entendê-las e ajudá-las. À
medida que os pastores empenham-se em auxiliar os que se acham nas garras do
alcoolismo, das drogas, do divórcio e de outras incontáveis tragédias, precisam
urgentemente de poder e discernimento do Espírito para ministrar. Os métodos
para se alcançar as pessoas mudam; entretanto, nossa mensagem não pode mudar”
Notas (CARLSON, R.; TRASK, T. (et all.). Manual Pastor Pentecostal: Teologia
e Práticas Pastorais. 3 ed., RJ: CPAD, 2005, p.7).
A
FIDELIDADE DOS OBREIROS DO SENHOR
Certa
feita escrevendo a Timóteo Paulo disse: “os homens maus e enganadores irão de
mal a pior, enganando e sendo enganado” (2Tm 3.13). Mas o conselho do apóstolo
a Timóteo foi bem contemporâneo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e
de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2Tm 3.14). Este era
o grande desafio para os obreiros de Filipos. Por ser uma igreja nova na fé o
perigo de os seus obreiros desviarem-se do alvo era iminente. Falsos
ensinadores, os gnósticos e judaizantes, se multiplicavam nas cercanias da
igreja filipense.
O
apóstolo Paulo apesar de estar longe tinha o seu coração inclinado para
comunidade de Filipos. Ele era um verdadeiro pastor. O seu coração era voltado
para as ovelhas. Um líder que amava a Igreja. Aqui, salta aos olhos as
características basilares de um verdadeiro pastor. É a mesma que pronunciou
Jesus de Nazaré: “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Não há
dúvidas que esta era à disposição do apóstolo. Somente dá a vida por alguém,
aquele que compreende o real valor do outro. Para o apóstolo o valor de uma
vida era incalculável. Por isso, mesmo preso, Paulo informa o seu plano de
enviar Timóteo à Filipos e a ida de Epafrodito.
O
que nos chama atenção é que estes obreiros são pessoas da maior confiança de
Paulo. Eles haviam aprendido o modelo paulino de liderança. Eles sabiam que o
exercício do ministério de serviço (pastorado) deve levar em conta a humildade,
a disposição e o amor pelas pessoas que constituem o rebanho. O ministério
pastoral nunca pode ser encarado numa perspectiva dominadora; mas servidora,
espontânea e voluntária. É naquele “espírito” de Pedro: “apascentai o rebanho
de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas
voluntariamente... nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo
de exemplo ao rebanho” (1Pe 5.2,3).
Nesta
lição cabe uma reflexão do pastorado contemporâneo à luz do contexto evangélico
atual. A cada ano a igreja evangélica se torna mais forte, midiática, política
e numerosa. A tentação de homens desejarem o “episcopado” pela motivação errada
é enorme. Não há outro caminho a ser feito para evitar as motivações erradas
que o da humilhação, voluntariedade e simplicidade. Por isso todo candidato ao
Santo Ministério precisa beber muito dos Evangelhos e dos Apóstolos.
A atualidade dos conselhos paulinos
Filipenses
3.1-10.
1
- Resta,
irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as
mesmas coisas, e é segurança para vós.
2
- Guardai-vos
dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão!
3
- Porque
a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em
Jesus Cristo, e não confiamos na carne.
4
- Ainda
que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na
carne, ainda mais eu:
5
- circuncidado
ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus;
segundo a lei, fui fariseu,
6
- segundo
o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível,
7
- Mas
o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
8
- E,
na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas
estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo.
9
- e
seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela
fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé;
10
- para
conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições,
sendo feito conforme a sua morte.
INTERAÇÃO
A
presente estudo busca ressaltar a atualidade que os conselhos do apóstolo Paulo
têm para o tempo que se chama “hoje”. Além de o apóstolo versar sobre o cuidado
com os falsos obreiros, aqueles que distorcem a liberdade em Cristo Jesus,
Paulo conclama a igreja a se alegrar em Deus, a despeito de todos os
transtornos que ela possa ter sofrido no confronto com os falsos obreiros. A
vida de Paulo nos mostra que é possível alegrar-se em meio ao sofrimento. O
sofrimento na vida do crente não significa ausência de alegria em Deus. O
apóstolo mostrou que a fé no Cristo ressurreto transcende o nosso estado
momentâneo de sofrimento.
SEGUNDO
O ENSINO DO APÓSTOLO PAULO AOS FILIPENSES, O VERDADEIRO CRISTÃO É DE FATO A
VERDADEIRA CIRCUNCISÃO, NÃO O COSTUME DO JUDAÍSMO. O APÓSTOLO USA TRÊS
CONCEITOS PARA IDENTIFICAR TAIS CRISTÃOS:
1) Eram aqueles “que adoravam pelo
Espírito de Deus”. A palavra traduzida na NIV como “adoração” (latreuo)
é usada na LXX [septuaginta] e no livro de Hebreus para se referir ao serviço
dos sacerdotes no templo (Êx 23.25; Dt 6.12; Hb 8.5; 10.2). A palavra é também
usada em Romanos 12.1, onde Paulo incita seus ouvintes a oferecerem seus corpos
a Deus como sacrifício, bem como um “ato de adoração espiritual”. Paulo
continua a encorajar os cristãos romanos a permitirem que suas mentes sejam
renovadas e suas vidas capacitadas pelo poder do Espírito, exercitando seus
dons para servirem uns aos outros (12.2-8).
2) Os cristãos filipenses não
deveriam ter como orgulho quaisquer sinais físicos que demonstrassem sua
condição de comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se em Cristo e na sua
obra. Não deveriam depositar a sua confiança em regra e rituais respeitados ou
valorizados por aqueles que viviam sob a lei Mosaica. O motivo de orgulho do
cristão nunca deveria consistir em ser irrepreensível com respeito aos
mandamentos da lei (3.4). A verdadeira circuncisão é formada por aqueles que
colocam sua fé somente em Cristo, e que têm nEle seus motivos de orgulho.
3) “A [verdadeira] circuncisão” são
aqueles que não depositam nenhuma confiança na carne. Para Paulo, a ideia de
“carne” (sarx) significou frequentemente um “local natural” de
existência humana (Rm 9.3; 1Co 10.18), mas usa frequentemente a palavra em um
sentido teológico para se referir à condição da humanidade em rebelião contra
Deus. A consequência final de ser dominado pela carne é a morte (Rm 8.6). O
cristão é chamado a crucificar a carne e as suas obras e viver de acordo com o
Espírito (Gl 5.16ss). Deste modo, sarx traz consigo um
significado duplamente nítido em Paulo: (a) É renúncia sincera a toda e
qualquer observância da lei cerimonial, como a circuncisão, que alegue poder
alcançar a salvação; (b) Paulo, à luz do uso mais amplo do termo sarx,
expõe as ações dos judaizantes ao que realmente são: obras realizadas em
rebelião contra Deus.
Paulo
mostra que a espiritualidade dos judaizantes está em manter a lei; sua glória
está em suas realizações; e sua confiança em cerimônias e costumes religiosos
exteriores. Caso alguém pense que Paulo tenha exagerado nesta ênfase, basta
olhar para sua vida e veremos que ele sabe o que está dizendo. Antes de se
tornar um cristão, ele mesmo aceitava as convicções judaicas.
Palavra
Chave. Conselho: Parecer, juízo, opinião.
Advertência que emite; admoestação, aviso.
No
capítulo três de sua carta aos Filipenses, Paulo continua revelando preocupação
a respeito dos “maus obreiros”. Estes se aproveitavam de sua ausência para
introduzir falsas doutrinas na igreja. A fim de precavê-la, por três vezes o
apóstolo diz: “guardai-vos” (v.2). Nesta lição, veremos que Paulo também não
deixou de exortar os filipenses a que, mesmo diante das adversidades, se
alegrassem no Senhor (v.1), pois a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10).
A
ALEGRIA DO SENHOR
Regozijo
espiritual. A
expressão “resta, irmãos meus” (v.1), aparece no texto grego como to
loipon, que é traduzido como “finalmente”. Ela sugere que Paulo estava
concluindo sua carta, mas ainda havia algo importante a dizer aos irmãos da
igreja em Filipos. O apóstolo ensina aos irmãos filipenses que a alegria do
Senhor é a força que nos faz superar toda e qualquer adversidade. O
contentamento que Jesus nos oferece é um reforço para a nossa fé em tempos de
adversidade.
Exortação
ao regozijo. A
alegria do Senhor é produzida pelo Espírito Santo no coração do crente. Esta
alegria independe das circunstâncias, pois é divina e faz com que o cristão
supere as dificuldades. Paulo mostra aos filipenses que esse sentimento de felicidade,
concedido pelo Senhor, é uma capacitação divina que fortalece a igreja a
suportar as adversidades. Para o apóstolo, que se encontrava na prisão, a
alegria do Senhor era como um precioso consolo, capaz de trazer descanso e
quietude para a sua alma.
Alegria
em meio às preocupações e aflição. Paulo percebeu que, em virtude do
sofrimento, os irmãos de Filipos poderiam ser tomados pelo desânimo. Por isso,
ele os exortou a se alegrarem em Deus, pois a alegria vinda da parte do Senhor
nos fortalece (Ne 8.10). Triunfante por causa de sua confiança no Cristo
ressurreto, o apóstolo sabe que somente aquele que conhece e confia no Senhor,
e em sua Palavra, é capaz de regozijar-se diante das dificuldades, tal como ele
e Silas o fizeram (At 16.24,25). Deus é o nosso conforto. Nele podemos confiar
e regozijar-nos sempre (1Ts 5.16).
A
TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS (3.2-4)
“Guardai-vos
dos cães”. A
hostilidade de Paulo contra os maus obreiros era forte e decisiva, pois eles
causavam muitos males à igreja, em especial aos novos convertidos. Paulo chama
os judaizantes de “cães”, pois estes acreditavam e ensinavam que os gentios
deviam obedecer a todas as leis judaicas, um fardo legalista que nem mesmo os
próprios judeus suportavam (Gl 2.14). Os judaizantes eram como “cães” que
atacavam os novos convertidos durante a ausência de Paulo. O apóstolo
repelia-os com veemência e orientava os filipenses a que deles se
resguardassem.
“Guardai-vos
dos maus obreiros”. Estes
também são denominados por Paulo como “cães” e os da “circuncisão”. Eles
espalhavam falsos ensinos, não se importando com a sã doutrina ensinada pelos
apóstolos. Pregavam um falso evangelho (Gl 1.8,9). Afirmavam que para que os
gentios se tornassem cristãos deveriam seguir a lei mosaica e, pior, as
tradições judaicas. Todavia, no concílio da igreja em Jerusalém, conforme Atos
15, os apóstolos já haviam discutido sobre o papel da lei judaica em relação
aos gentios. Segundo as deliberações do “concílio de Jerusalém” os gentios
cristãos não deveriam comer alimentos oferecidos aos ídolos, carne com sangue e
sufocada (Lv 17.14). Deveriam também evitar as práticas sexuais imorais. Não
obstante, os “maus obreiros” faziam questão de discordar do ensino paulino, a
fim de impor aos gentios as práticas judaicas.
“Guardai-vos
da circuncisão”. Um
dos costumes judaicos que aqueles “maus obreiros” queriam impor era a prática
da “circuncisão”. Eles ensinavam, erroneamente, que a circuncisão tornaria os
gentios verdadeiramente cristãos. Paulo então passa a ensinar aos filipenses
que a verdadeira circuncisão é aquela operada no coração; logo não é algo da
carne, mas do Espírito Santo. De acordo com o Comentário Bíblico
Pentecostal, editado pela CPAD, “os cristãos filipenses não deveriam ter
como motivo de orgulho quaisquer sinais físicos que demonstrassem sua condição
de comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se em Cristo e na sua obra”.
A
VERDADEIRA CIRCUNCISÃO CRISTÃ (3.3)
A
circuncisão no Antigo Testamento. Sabemos que a circuncisão era um
rito religioso com caráter moral e espiritual, consistindo em um sinal físico
de que a pessoa pertencia ao povo com o qual Deus fez um pacto. Era também um
sinal de obediência a Deus (Gn 17.11; At 7.8). Porém, os seguidores de Jesus
não precisam da circuncisão para serem identificados como pertencentes a Ele. A
circuncisão do cristão é espiritual e interior, operada pelo Espírito Santo, no
coração, mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 4.9-11).
A
verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas. Paulo ensina aos
colossenses que a verdadeira circuncisão em Cristo não é por intermédio de mãos
humanas, mas “no despojo do corpo da carne” (Cl 2.11,12). É um ato espiritual,
levado a efeito pelo Senhor Jesus que remove a nossa velha natureza e nos concede
uma nova (2Co 5.17). É uma circuncisão do coração (Rm 2.29).
A
verdadeira circuncisão não confia na carne (3.3-7). Os cristãos
judaizantes que participavam da igreja em Filipos confiavam muito mais na carne
e na circuncisão do que em Cristo. Por isso, Paulo narra a sua história como
judeu. Ele declara ter sido circuncidado ao oitavo dia (v.5) e ter seguido
todos os ritos da lei (v.6). Mas o apóstolo enfatiza que ao encontrar-se com
Cristo, renunciou a tudo da velha religião para servir apenas a Cristo. Paulo
declara: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e
nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (3.3). A salvação é
somente pela fé em Jesus. Nenhum rito religioso é capaz de trazer salvação.
Paulo
ensinou aos filipenses que a confiança em Cristo nos garante alegria. Tal
felicidade independe das circunstâncias e faz-nos enfrentar todas as
dificuldades comuns às demais pessoas com uma diferença: temos esperança! Paulo
também mostrou aos filipenses que as leis do Antigo Testamento e seus ritos
tinham sua importância, todavia, a obediência a tais leis e ritos não garantiam
a salvação de ninguém. O que deve ser considerado pelo crente é o seu
relacionamento com o Cristo ressurreto.
“A
Alegria em Filipenses.Todos querem ser felizes. Isto era tão verdadeiro
no século I quanto hoje. E, nesta área, várias filosofias ofereciam sistemas
éticos que prometiam guiar os estudantes a uma vida completa e feliz. Estes
sistemas eram sofisticados demais para confundir ‘sentir-se feliz’ com
felicidade. E assim os filósofos começaram a redefinir o termo, porque embora
não pudessem ajudar ninguém a se sentir feliz, era certamente possível
convencê-los de que seu estado era feliz, não importa como pudessem se sentir!
Os
filósofos consideravam a alegria (chara) uma subdivisão do prazer (hedone).
Como uma emoção, chara era vista com desconfiança pelos
estóicos, que sob a pressão da opinião comum posteriormente a classificaram
como ‘um bom humor’ da alma. [...]
O
que é admirável no uso do NT deste conceito, seja na forma de substantivo (chara)
ou verbo (chairo), é que ela retém uma força secular básica. Contudo, a
forma como se experimenta este estado de espírito forte, positivo, confiante e
exaltado está diretamente ligada a um outro paradoxo da fé. Mesmo sabendo que o
caminho para a exaltação é a humilhação voluntária, ilustrada em Filipenses
2.6-11, a alegria do cristão é frequentemente experimentada em circunstâncias
que ninguém consideraria feliz!”Notas (RICHARDS, L. O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007, p.441).
A
atualidade dos conselhos paulinos.O apóstolo Paulo toma emprestado da
cultura grega a figura do atleta. Este para alcançar o prêmio final de uma
maratona se esforça, dedica-se e trabalha com todo o esmero. Paulo não havia se
enganado com a falsa ideia de que a perfeição plena era já uma realidade em sua
vida. Pelo contrário, como um atleta que se prepara à exaustão, o discípulo de
Cristo deve deixar os entraves desta vida e manter o foco na pessoa de Jesus, o
nosso Senhor. Para alcançar a verdadeira maturidade espiritual o crente não
pode enganar a si mesmo. Ele precisa reconhecer a verdade existencial dele
mesmo. O seu estado real.
Apesar
de todas as suas experiências, desde o seu encontro com o Ressuscitado no
caminho para Damasco, o apóstolo dos gentios não considerava ter alcançado a
perfeição, mas também não transigia em afirmar: “esquecendo-me das coisas que
atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo”.
Com estas palavras Paulo demonstra que o discípulo de Cristo sempre deve
encarar a sua peregrinação cristã como um caminho inacabado. A vida que Deus dá
ao discípulo é uma caminhada de construções e crescimentos. Uma hora ele pode
cair, mas o Senhor o acolhe e levanta. Outra vez, ele pode se sentir imaturo,
mas o Senhor o ensina. A vida do discípulo de Cristo está em constante
desenvolvimento.
Por
isso, aqui, cabe uma pergunta para a classe: Qual a sua aspiração cristã hoje?
Não
é a falsa ideia de ter Deus na perspectiva de um papai Noel. Ou de um garçom
que está disponível a servir o próprio capricho. Explique aos seus alunos que a
vida de Paulo nos mostra uma verdade inevitável. A de quem quiser viver uma
vida de fidelidade a Deus e de intensa busca pela maturidade espiritual precisa
reconhecer que padecerá as mesmas angústias que o apóstolo padecia.
Você
ama ao Senhor? Deseja estar com Ele por onde quer que você ande? Então, o
caminho é desembaraçar-se com as coisas deste mundo, pois mesmo em angústias,
receberemos “o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Ter uma
vida centrada na pessoa de Jesus Cristo é saber que apesar das angústias dessa
vida, todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam ao Senhor.
A suprema aspiração do crente
Filipenses
3.12-17.
12
- Não
que já a tenha alcançado ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar
aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.
13
- Irmãos,
quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante
de mim,
14
- prossigo
para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
15
- Pelo
que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma
coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará.
16
- Mas,
naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo.
17
- Sede
também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes
em nós, pelos que assim andam.
Temos
visto, na sociedade atual, muitos cristãos lutando arduamente pela conquista de
bens materiais, fama, prestígio e poder. As pessoas querem, a todo o custo,
serem VIPs. Logo, é urgente que venhamos refletir a respeito da verdadeira
ambição do cristão. Cremos que o desejo maior do crente deve ser a conquista do
prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. De que adianta ter todos os bens
nesta terra, ser VIP, ter prestígio e no fim de tudo não desfrutar da vida
eterna com Cristo? O que é mais precioso para o cristão? Sigamos o exemplo de
vida do apóstolo Paulo. Seu alvo era a pessoa de Jesus Cristo. Seu ideal e sua
aspiração consistiam em conhecer mais do Mestre. Que Jesus Cristo seja o nosso
maior alvo até que venhamos ouvir: “Bem está, servo bom e fiel”.
Palavra
Chave. Aspiração: Desejo profundo de atingir uma
meta espiritual; sonho, ambição.
Aprenderemos
que o alvo da vida do apóstolo Paulo era somente um: conquistar a excelência do
conhecimento de Jesus Cristo (Fp 3.8,10). Semelhante a um atleta, o apóstolo se
esforçava para alcançar este objetivo, pois era consciente de que o exercício
de aprender cada dia mais de Jesus exige labor e disposição para servir.
Prosseguindo para “o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus”, Paulo convidou os filipenses a imitá-lo, despertando-os à esperança de
um dia receberem a mesma recompensa (Fp 3.14-17).
A
ASPIRAÇÃO PAULINA
“Prossigo
para o alvo”. Para
participar de uma maratona, o atleta tem de treinar muito. É preciso esforço,
dedicação e trabalho para alcançar o prêmio final. Paulo utiliza neste texto a
analogia do atletismo, a fim de mostrar aos filipenses que o crente em sua
caminhada também precisa se esforçar para conhecer mais a Cristo, deixando de
lado os embaraços dessa vida e o pecado, mantendo o foco em Jesus. Quando o
crente deixa de olhar firmemente para o “Alvo”, corre o risco de tropeçar e
cair, podendo até abandonar a fé. Vigiemos, pois, em todo o tempo, na
dependência do Senhor.
O
sentimento de incompletude de Paulo. Paulo sabia que havia muita coisa
ainda a ser conhecida. Por isso, nunca corria sem meta (1Co 9.26). Mesmo
estando no cárcere, o apóstolo declara estar disposto a avançar para as coisas
que estavam diante dele (Fp 3.13b). Paulo era um homem que confiava em Deus. E,
assim, seguia confiante, pois no Senhor ainda teria grandes desafios em seu
ministério. Sua força estava em Deus. Eis porque venceu grandes lutas e foi fiel
até o fim. Para vencer, temos que igualmente olhar para frente e “esquecer das
coisas que atrás ficam” (v.13).
O
engano da presunção espiritual. Paulo não se deixou enganar pela
falsa ideia de ter alcançado a perfeição. Os mestres do gnosticismo afirmavam
ter alcançado tal posição e, assim, reivindicavam ser iluminados e não terem
mais nada a aprender ou que desenvolver. Paulo, contudo, refutou esse
pensamento equivocado, demonstrando que a conquista da perfeição será para
aquele que terminar a carreira e ganhar a vida eterna, pois o prêmio está no
final da jornada e não em seu início ou meio (1Co 9.24; Gl 6.9).
A
MATURIDADE ESPIRITUAL DOS FILIPENSES (3.15,16)
Somos
perfeitos (3.15)? O
vocábulo “perfeito”, empregado por Paulo neste texto, tem um sentido especial,
pois se refere à “maturidade espiritual”. Em termos de recebimento do benefício
da obra perfeita de Cristo no Calvário, todos nós já alcançamos tal
“perfeição”. Neste sentido, a nossa salvação é perfeita e completa. Segundo
o Comentário Bíblico Beacon, quando a expressão paulina refere-se
aos filipenses tratando-os de “perfeitos”, neste versículo, apresenta-os
servindo a Deus no Espírito, isto é, não confiando na carne (3.3).
O
cristão deve andar conforme a maturidade alcançada (3.16). Quando Paulo
diz, “andemos segundo a mesma regra”, não significa caminhar segundo os
regulamentos da lei mosaica, tão requerida pelos judeus convertidos a Cristo.
Trata-se de andar conforme a doutrina de Cristo, segundo aquilo que já
recebemos do Senhor. Assim, esse “andemos segundo a mesma regra” denota modo de
viver, atitudes, ações, obras, e comportamentos em geral, semelhantes aos do
Senhor Jesus, que o crente deve seguir. Aprendemos com Paulo que não basta
“corrermos”, pois se realmente desejamos progredir em nossa vida cristã,
devemos conhecer e obedecer aos preceitos da Palavra de Deus até o Dia de Jesus
Cristo (Fp 1.6).
Exemplo
a ser imitado (3.17). Paulo
procurou em tudo imitar o Mestre, servindo apenas aos interesses da Igreja de
Cristo (Fp 2.17). Dessa maneira, exortou os filipenses a que o imitassem assim
como ele imitava ao Senhor (Fp 3.17). Como obreiro de Deus, Paulo tinha um
caráter ilibado e os filipenses deveriam tê-lo como um exemplo a seguir. Se
quisermos servir ao Senhor com inteireza de coração,
A ASPIRAÇÃO CRISTÃ HOJE
A
atualidade do desejo paulino. O propósito de Paulo em relação a
si e aos filipenses deve servir-nos de instrução, pois as dificuldades,
tentações e demais obstáculos que serviam de empecilhos à vida de comunhão
naquela época continuam atuais e bem maiores. Mais do que nunca, devemos nos
esforçar para vivermos uma vida de íntima comunhão com Deus (Fp 3.12).
O
cristão deve almejar a maturidade espiritual. Seguindo o exemplo de Paulo,
reconheçamos que ainda precisamos alcançar a perfeição. Sejamos sóbrios e
vigilantes, reconhecendo também o quanto carecemos de maturidade espiritual e
de um maior conhecimento acerca da pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Rejeitando
a fantasia da falsa vida cristã. Paulo era um sofredor consciente,
um homem que sabia o quanto é difícil ser fiel a Deus. Ele, porém, suportava
tudo por causa da obra de Deus (Fp 2.17). Quem quiser viver assim nos dias
atuais, precisa reconhecer que padecerá as mesmas angústias (2Tm 3.12).
Semelhante ao apóstolo Paulo, podemos ter certeza de que receberemos o “prêmio
da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14).
Toda
a vida de Paulo era centrada na pessoa de Jesus Cristo. Ele tudo fazia para
agradá-lo. Sua grande aspiração era conhecer mais do Mestre da Galileia. Por
isso, o apóstolo podia declarar: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não
mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé
do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).
“‘... Prossigo
para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus’
(3.14). Prossigo é tradução da mesma palavra grega que ocorre no versículo 12
(‘prossigo’) e no versículo 6 (‘perseguidor’). Significa literalmente
‘perseguir’, ‘ir ao encalço de’. Paulo está perseguindo o prêmio em Cristo com
a mesma determinação, liberdade de pesos estorvadores e empenho incessante, com
que ele perseguira a igreja anteriormente [...].
O
significado de alvo (skopon) é incerto. Pode indicar a
linha de chegada para qual o corredor corre, ou propósito definido com o que
ele corre. De acordo com a última opção, supunha-se que o corredor seguisse uma
linha branca que indicava a trajetória da corrida do ponto de partida à meta.
Se pisasse fora da linha, ele não estaria correndo de acordo com as regras, não
sendo coroado mesmo que chegasse em primeiro lugar. Prêmio sugere a coroa ou
troféu (1Co 9.24). Soberana vocação é, literalmente, ‘chamado superior’. O
cristão é chamado ‘do alto’ ou de cima (Hb 12.2). Este chamado é de Deus em
Cristo Jesus, que ao término da corrida dirá: ‘Bem está, servo bom e fiel’”
Notas (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. RJ: CPAD, 2006, p.271).
“A
Santa Ambição. Ganhar a Cristo. Paulo considera os seus privilégios
anteriores como refugo, ou lixo. Todas as coisas juntas são lixo e escórias
comparadas com o único desejo de Paulo: ganhar o próprio Cristo. O que
significa ganhar a Cristo? Significa estar em comunhão com Ele e ter a sua
presença na alma. Significa ser vinculado a Ele como nossa Cabeça, ser
enxertado nEle como nossa Videira (Jo 15.1), ser casado com Ele como nosso
Noivo (2Co 11.2), ser edificado sobre Ele como nossa Pedra Fundamental. Ser
achado ‘em Cristo’ é estar sob o seu controle, cuidado e proteção.
Possuir
a retidão de Deus.
Quando Paulo teve uma visão de Cristo no caminho para Damasco, ficou convicto
de que era um pecador e que a sua justiça própria não passava de trapos imundos
(Is 64.6), insuficiente para vestir a alma diante do olhar de Deus, que a tudo
perscruta. O Senhor, porém, lhe deu uma justiça que aguentaria o teste da
eternidade — a justiça de Deus imputada à pessoa que realmente confia em Cristo
para a salvação. Somos considerados justos porque o nosso Representante é
justo.
Conhecer
a Cristo.
‘Para conhecê-lo’. Paulo não fala aqui de conhecimento intelectual, mas sim, em
conhecimento baseado na experiência. Há uma grande diferença entre realmente
conhecer a Cristo e meramente saber acerca dEle. Assim como se sabe o gosto da
comida ao comê-la, assim também conhecemos a Cristo ao recebê-lo” Notas
(PEARLMAN, M. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas
Cristãs. 1 ed., RJ: CPAD, 1998, p.138).
A
suprema aspiração do crente.No capítulo três, após o apóstolo Paulo
enviar o obreiro Epafrodito à Filipos, ele abre esta seção destacando a
seguinte frase: “Resta, irmãos meus, que regozijeis no Senhor”. O tema da
alegria está implícito em toda a epístola. Um dos motivos de Paulo redigir esta
carta é o sentimento nobre de alegria do apóstolo em relação aos crentes
filipenses, pois estes o amavam demonstrando atos de amor. A alegria do Senhor
dominara o coração do apóstolo. Por isso ele convoca os filipenses a se
alegrarem no Senhor, pois apesar de tudo 8 da prisão, da perseguição e do
sofrimento H o Evangelho está sendo pregado e o relacionamento de amor entre o
apóstolo e a Igreja estava intensificando-se. Mas os filipenses devem se
prevenir do ensino judaizante para preservar esta alegria.
Este
ensino era poderoso para enterrar o regozijo do Espírito e despertar um
assombroso e obscuro sentimento de tormento. Não por acaso, o apóstolo dá uma
ordem imperiosa: “guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros”. Estes
pregavam ainda a antiquada interpretação distorcida da doutrina mosaica,
ignorando a decisão apostólica registrada em Atos 15. O apóstolo ficava
enciumado pela capacidade desses falsos mestres transformarem a mensagem
libertadora de Jesus numa sentença aprisionadora judaica. Para a alegria
verdadeira imperar nos corações dos filipenses, estes, por sua vez, deviam se
prevenir dos ensinos judaizantes e encarnar nas suas vidas não a circuncisão da
carne, mas a do coração.
A
circuncisão do coração não deixa marca física, não confia na carne, mas depende
do Espírito exclusivamente. O crente circunciso de alma e coração sabe
exatamente o valor e a suficiência do calvário. Neste, ele tem a certeza de que
os seus pecados passados foram perdoados, em Cristo Jesus, o nosso Senhor. Os
presentes e futuros estão e serão perdoados pela suficiência do sacrifício de
Cristo. A consciência do discípulo é tocada pelo Espírito, pois a lei do Senhor
não está registrada apenas num papel, mas na mente e no coração do crente. Esta
é a certeza da fé que gera alegria no coração do discípulo. Assim, o discípulo
deve ficar longe dos ensinos legalista que roubam esta certeza de vida em
Cristo Jesus.Não há nada no céu ou na terra que posa subjugar a alegria do
crente quando este se acha completamente entregue a suficiência do Calvário.
“Regozijai-vos sempre”, diz o apóstolo.
Confrontando os inimigos da Cruz de Cristo
Filipenses
3.17-21.
17
- Sede
também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes
em nós, pelos que assim andam.
18
- Porque
muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que
são inimigos da cruz de Cristo.
19
- O
fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para
confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas.
20
- Mas
a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo,
21
- que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso,
segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
Palavra
Chave. Inimigos: Na lição são os judaizantes e
aqueles que não tinham comunhão com a cruz de Cristo.
Das
advertências de Paulo à igreja em Filipos, a exortação para que permanecessem
firmes na fé e mantivessem a alegria que a nova vida em Cristo proporciona, é
uma das mais importantes. O apóstolo assim os estimula, por estar ciente dos
falsos cristãos que haviam se infiltrado no seio da igreja. Tais eram, de fato,
inimigos da cruz de Cristo.
EXORTAÇÃO
À FIRMEZA EM CRISTO (3.17)
Imitando
o exemplo de Paulo (v.17a). Quando Paulo pediu aos filipenses para que o
imitassem, não estava sendo presunçoso. Precisamos compreender a atitude do
apóstolo não como falta de modéstia, ou falsa humildade, mas imbuída de uma
coragem espiritual e moral de colocar-se, em Cristo, como referência de vida e
fé para aquela igreja (1Co 4.16,17; 11.1; Ef 5.1). Paulo mostrou que a
verdadeira humildade acata serenamente a responsabilidade de vivermos uma vida
digna de ser imitada. Que saibamos refletir sobre isso num tempo em que estamos
carentes de referências ministeriais.
O
exemplo de outros obreiros fiéis (v.17b). O texto da ARA tem uma tradução
melhor dessa passagem: “observai os que andam segundo o modelo que tendes em
nós”. Paulo estava reconhecendo o valor da influência testemunhal de outros
cristãos, entre os quais Timóteo e Epafrodito, que eram referências para as
suas comunidades. O apóstolo chama a atenção dos cristãos filipenses para
observarem os fiéis e aprenderem uns com os outros objetivando a não se
desviarem da fé.
Tendo
outro estilo de vida. Muitas
vezes somos forçados a acreditar que somente os obreiros devem ter um estilo de
vida separado exclusivamente a Deus. Essa dualidade entre “clero” e “leigos”
remonta à velha prática eclesiástica estabelecida pela Igreja Romana, na Idade
Média, onde uma elite (o clero) governa a igreja e esta (os leigos) se torna
refém daquela. É urgente resgatar o ideal da Reforma Protestante, ou seja, a
“doutrina do sacerdócio de todos os crentes”, ou “Sacerdócio Universal”,
reivindicada em 1 Pedro 2.9. Todos nós, obreiros ou não, temos o livre acesso
ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus. Não tentemos costurar o véu que
Deus rasgou!
OS
INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO (3.18,19)
Os
inimigos da cruz (v.18). Depois de identificar os inimigos da cruz de
Cristo, Paulo mostra que o ministério pastoral é regado com muitas lágrimas. A
maior luta do apóstolo era com as heresias dos falsos cristãos judeus. Paulo
chama os judaizantes de “inimigos da cruz de Cristo”. O apóstolo conclamou a
igreja a resistir tais inimigos, mesmo que com lágrimas, pois eles tinham como
objetivo principal minar a sua autoridade pastoral. O apóstolo já havia
enfrentado inimigos semelhantes em Corinto (1Co 6.12). Agora, em Filipos, havia
outro grupo que adotava a doutrina gnóstica. Este grupo de falsos crentes
(3.18,19) afirmava erroneamente que a matéria é ruim. Logo, não há nenhum
problema em pecar através da “carne”, pois toda e qualquer coisa que fizermos
com o corpo, e através dele, não afetará a nossa alma. Essa ideia herética e
diabólica é energicamente refutada pela Palavra de Deus (1Ts 5.23).
“O
deus deles é o ventre” (3.19). O termo “ventre” aqui é figurado e
representa os “apetites” carnais e sensuais. Os inimigos da cruz viviam para
satisfazer os prazeres da carne — glutonaria, bebedice, imoralidade sexual,
etc. — satisfazendo todos os desejos lascivos, pois acreditavam que tais
atitudes “meramente carnais” não afetariam a alma nem o espírito. Porém, o
ensino de Paulo aos gálatas derruba por terra esse equivocado pensamento (Gl
5.16,17).
“A
glória deles” (3.19). Paulo
sabia que aqueles falsos crentes não tinham qualquer escrúpulo nem vergonha.
Entregavam-se às degradações morais sem o menor pudor e, mesmo assim, queriam
estar na igreja como se nada tivessem feito de errado. O apóstolo os trata como
inimigos da cruz de Cristo, porque as atitudes deles invalidavam a obra
expiatória do Senhor. A declaração paulina é enfática acerca daqueles que negam
a eficácia da cruz de Cristo: a perdição eterna.
O
castigo dos ímpios será inevitável e eterno (Ap 21.8; Mt 25.46). Um dia, eles
ressuscitarão para se apresentarem diante do Grande Trono Branco, no Juízo
Final, e serão julgados e lançados na Geena (o lago de fogo),
que é o estado final dos ímpios e dos demônios (Ap 20.11-15).
O
FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO (3.20,21)
“Mas
a nossa cidade está nos céus” (Fp 3.20). Os inimigos da cruz de Cristo eram
os crentes que viviam para as coisas terrenas. Paulo, então, lembra aos irmãos
de Filipos que “a nossa cidade está nos céus”. Quando o apóstolo escreveu tais
palavras, ele tomou como exemplo a cidade de Filipos. Segundo a Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal, “Filipos estava localizada na principal rota
de transportes da Macedônia, uma extensão da Via Ápia, que unia a parte
oriental do império à Itália”.
O
apóstolo faz questão de mostrar que aquilo que Cristo tem preparado para os
crentes é algo muito superior a Filipos (v.20). O apóstolo mostra que o cidadão
romano honrava a César, porém os crentes de Filipos deveriam honrar muito mais
a Jesus Cristo, o Rei da pátria celestial. Em breve o Senhor virá sobre as
nuvens do céu com poder e glória, para arrebatar a sua igreja levando-a para a
cidade celeste, a Nova Jerusalém (Mt 24.31; At 1.9-11).
“Que
transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3.21). O estado atual
do nosso corpo é de fraqueza, pois ainda estamos sujeitos às enfermidades e à
morte. Mas um dia receberemos um corpo glorificado e incorruptível. Os
gnósticos ensinavam que o mal era inerente ao corpo. Por isso, diziam que só se
deve servir a Deus com o espírito. Eles afirmavam ainda que de nada aproveita
cuidar do corpo, pois este se perderá. Erroneamente, acrescentavam que o
interesse de Cristo é salvar apenas o espírito.
A
Palavra de Deus refuta tal doutrina. Ainda que venhamos a sucumbir à morte,
seremos um dia transformados e teremos um corpo glorioso semelhante ao de
Cristo glorificado (Fp 3.21; 1Ts 5.23; 1Co 15.42-54).
Vivendo
em esperança. Vivemos tempos trabalhosos e difíceis (2Tm 3.1-9). Quantas falsas
doutrinas querem adentrar nossas igrejas. Infelizmente, não são poucos os que
naufragam na fé. Nós, contudo, à semelhança de Paulo, nutrimos uma gloriosa
esperança (Rm 8.18). Haja o que houver, aconteça o que acontecer, o nosso
coração estará seguro em Deus e em sua promessa (Ap 7.17; 21.4).
Precisamos
estar atentos, pois muitos são os inimigos da cruz de Cristo. Eles procuram
introduzir, sorrateiramente, doutrinas contrárias e perniciosas à fé cristã.
Muitos são os ardis do adversário para enganar os crentes e macular a Igreja do
Senhor. Por isso, precisamos vigiar, orar e perseverar no “ensino dos
apóstolos” até a vinda de Jesus. Eis a promessa que gera a gloriosa esperança
em nosso coração.
“Cidadania
e unidade celestial.A visão cósmica e apocalíptica de Paulo da
realidade é enfatizada pelo conceito de cidadania celestial do crente (3.20).
Em Filipenses 1, esse conceito vem à tona no verbo politeuesthe (‘viver
como cidadão’). Seu cognato, politeuma (‘nação; comunidade’),
aparece no capítulo 3 de Filipenses. O termo sugere relação com polis (‘Cidade-estado’),
isto é, a nova comunidade de Cristo, cuja origem é o céu. Por isso, Paulo
escreve: ‘Nossa nação [cidadania] está no céu’ (3.20). Paulo afirma que esta
cidadania existe hoje; não é apenas uma esperança futura. O termo, como tal,
expressa uma orientação e uma identidade fundamentais dos crentes.
Filipenses
1.27-30 apresenta o ponto de que a vida do crente deve ser digna dessa origem;
ela deve ser digna de sua relação com o evangelho de Cristo. Isso quer dizer
que se deve perseguir a união, enquanto a comunidade permanece unida ‘num mesmo
espírito’ (v.27) no evangelho. Na verdade não é mais necessário temer os
oponentes, embora o chamado para essa nova comunidade seja para crer e para
sofrer. Os filipenses, ao se entregar a esse chamado, compartilhariam a mesma
luta (agõna) que Paulo empreende, e, por essa razão, eles teriam
comunhão com ele e demonstrariam sua união com ele e com Cristo em humilde
serviço (1.29 — 2.11)” Notas (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo
Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008. p.362).
“Uma
advertência solene (Fp 3.17-19).Nos versos 1-4, Paulo adverte seus
leitores contra um erro do lado judaico, a saber, o legalismo, que é submeter a
vida à escravidão das leis de Moisés. Nos versos 17-21, adverte-os contra o
perigo do lado pagão, a saber: a frouxidão moral.
‘Sede
meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós’
(cf. 1Co 11.1. Rm 16.17). O que deviam imitar? Nos versos 7-13, lemos que Paulo
não tinha confiança no seu eu — próprio, que estava disposto a sacrificar todas
as coisas por Cristo, que reconhecia a sua própria imperfeição e que estava
grandemente desejoso para avançar com o Senhor. Sua advertência é necessária,
porque há aqueles que tomam uma atitude diferente. São ‘inimigos da cruz de
Cristo’, não por causa de qualquer hostilidade da parte deles, mas por causa
das vidas que vivem. Interessam-se mais em satisfazer os seus apetites do que servir
a Deus (‘o deus deles é o ventre’) e jactam-se das liberdades que tomam na
licenciosidade e vidas impuras (2Pe 2.19). ‘Só pensam nas coisas terrenas’ —
alegam estar no caminho do Céu, mas amam as coisas mundanas; ‘o destino deles é
a destruição’. Contraste com o verso 14” Notas (PEARLMAN, M. Epístolas
Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs. 1 ed., RJ: CPAD,
1998, pp.141-42).
Confrontando
os inimigos da Cruz.Agora
Paulo chega a uma parte muito importante da sua carta, ele exorta os cristãos
filipenses para serem firmes em Cristo na observância do Evangelho. A
preocupação do apóstolo era com os falsos mestres que se aproximavam dos
crentes filipenses. Estes mestres eram considerados por ele “inimigos da cruz”,
pessoas que trabalhavam para esvaziar o sentido da Cruz de Cristo. O apóstolo
havia os enfrentado noutras ocasiões. De acordo com especialistas do Novo
Testamento, é difícil identificar os inimigos da cruz, propriamente dito, na
carta de filipenses. Mas pelo teor do ensino de Paulo contra uma concepção
legalista de cristianismo e uma perspectiva libertina da graça, judaizantes e
gnósticos são as identidades mais aceitas.
Os
assuntos que Paulo trata com os filipenses não são novos, ele havia tratado
desses mesmos assuntos em ocasião anterior (3.1). Mas nesta seção ele se
“desespera” só de imaginar a possibilidade de os filipenses entrarem em contato
com tais ensinos. A sua preocupação é que a igreja de Filipos, recém formada,
enverede pelo caminho do legalismo ou da libertinagem. Ambos são frontalmente
contrários a natureza genuína do Evangelho.
A
expressão “O deus deles é o ventre” denota aqueles que adoram a carne através
das práticas sensuais desenfreadas. Eles viviam o aqui e o agora, e jamais
pensavam na eternidade “comamos e bebamos que amanhã morreremos”. Esta postura
visava destruir o Evangelho e todo o progresso dele na vida dos filipenses.
Além de sensuais, os falsos mestres invalidavam a suficiência da Cruz de Cristo
com suas atitudes degradantes e sem quaisquer escrúpulos. Paulo diz que para
eles, não há outro destino, se não, o da perdição eterna.
Por
isso o apóstolo dos gentios conclama aos filipenses a não darem ouvidos para
esses falsos ensinamentos, ainda que apareçam de maneira lisonjeira. Paulo não
exita de lembrá-los que a esperança cristã está nos céus, esperando o Salvador,
Jesus Cristo. O discípulo do Mestre Amado não pode viver como se Deus não
existisse. O crente tem uma promessa: “[Deus] transformará o nosso corpo
abatido”. Ainda que vivamos tempos trabalhosos e difíceis, o nosso coração deve
estar seguro em Deus, confiante em sua promessa de que um dia Ele restaurará
todas as coisas. O que sofremos hoje não se compara com a glória que em nós, o
povo de Deus, há de ser revelada (Rm 8.18).
A alegria do salvo em Cristo
Filipenses
4.1-7.
1
- Portanto,
meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no
Senhor, amados.
2
- Rogo
a Evódia e rogo a Síntique que sintam o mesmo no Senhor.
3
- E
peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que
trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores,
cujos nomes estão no livro da vida.
4
- Regozijai-vos,
sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.
5
- Seja
a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6
- Não
estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.
7
- E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os
vossos sentimentos em Cristo Jesus.
Paulo
enfrentou muitas dificuldades e humilhações no serviço do Mestre. Em 2
Coríntios 11.23-29 ele faz uma pequena relação de algumas das dores e perigos
que teve que encarar por amor a Cristo. Todavia, o apóstolo não se deixou
abater pelas dificuldades. Ele não permitiu que as aflições roubassem sua
alegria. O contentamento de Paulo não dependia das circunstâncias, pois advinha
da sua comunhão com Cristo. Quem tem a Jesus tem a alegria da salvação e pode
se regozijar em toda e qualquer situação. Na obra do Senhor enfrentamos
momentos ruins, mas a alegria concedida pelo Eterno nos dá forças para
seguirmos em frente. Talvez professor, você esteja enfrentando momentos
difíceis em seu ministério de ensino ou em sua família, porém não perca a força
nem o ânimo. Confie no Senhor e permita que a alegria dEle inunde sua alma
trazendo paz e esperança.
Palavra
Chave. Alegria: Estado de viva satisfação, de vivo
contentamento; regozijo, júbilo.
Alegria,
regozijo e contentamento são expressões comuns ao longo da Epístola de Paulo
aos Filipenses. Paradoxalmente, elas revelam o coração do apóstolo na prisão de
Roma. Paulo não se desesperou com o seu cativeiro, mas alegrou-se no Senhor.
Ele sabia que estava nas mãos de Deus e contentava-se com as notícias de que a
igreja de Filipos, fruto do seu árduo ministério, caminhava muito bem. O
apóstolo não deixou se abater com as tribulações do seu ministério, pois nelas,
ele via a providência amorosa do Altíssimo.
EXORTAÇÃO
À ALEGRIA E FIRMEZA DA FÉ (4.1-3)
A
alegria de Paulo. O
primeiro versículo do capítulo 4 de Filipenses inicia-se com um “portanto”,
justamente por ser continuação do capítulo 3, quando o apóstolo tratara do
perigo dos “inimigos da cruz”. Aqui, Paulo diz que os crentes de Filipos são a
sua “alegria e coroa” e aconselha-os a continuarem firmes no Senhor (v.1). A
permanência dos filipenses em Cristo bastava para encher o coração do apóstolo
de alegria. Por isso, ele manifestou o seu orgulho e os mais íntimos
sentimentos de amor e carinho para com os irmãos de Filipos.
A
alegria nas relações fraternas. Nem tudo, porém, era maravilhoso e
perfeito na igreja de Filipos. Ali, estava ocorrendo um grande problema de
relacionamento entre duas importantes mulheres que cooperaram na implantação da
igreja filipense: Evódia e Síntique (v.2). Esse problema estava perturbando a
comunhão da igreja e expondo a saúde espiritual do rebanho.
A
fim de resolver a questão, Paulo se dirige a um obreiro local (Timóteo ou Tito,
não sabemos) que, com Clemente e os demais cooperadores, procuraria despertar e
restabelecer o relacionamento harmônico e fraterno entre Evódia e Síntique.
Como verdadeiro pastor, o apóstolo tratou as duas mulheres com o devido cuidado
e respeito, pois as tinha em grande estima pelo fato de ambas terem contribuído
muito para o seu apostolado.
A
alegria de ter os nomes escritos no Livro da Vida. O versículo 3
demonstra algo muito precioso para o cristão: a alegria de ter o nome escrito
no livro da vida. Paulo menciona tal certeza, objetivando reafirmar a
felicidade e a glória de se pertencer exclusivamente ao Reino de Deus.
Os
filipenses tinham cidadania romana porque eram originários de uma colônia do
império. Mas quando o apóstolo escreve sobre cidadania refere-se a uma muito
mais importante que a de Roma. Nossa verdadeira cidadania vem do céu, e o
“mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm
8.16). Você tem convicção de que o seu nome está arrolado no Livro da Vida?
Você compreende o valor disso?
A
ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A VIDA CRISTÃ (4.4,5)
Alegria
permanente no Senhor. A
versão bíblica ARC emprega a palavra “regozijar” no lugar de “alegria” (v.4). O
que é regozijar-se? É alegrar-se plenamente. A declaração paulina afirma que a
fonte da alegria cristã é o Senhor Jesus, que promoveu a nossa reconciliação
com Deus (Rm 5.1,11). Através dEle somos estimulados a permanecer firmes na fé
(Rm 5.2). Que alegria!
É
a presença viva do Espírito Santo em nós que produz essa certeza (Jo 16.7; Rm
14.17; 15.13). Nada neste mundo é capaz de superar as vicissitudes da vida como
a alegria produzida em nosso coração pelo Senhor (Tg 1.2-4; Rm 5.3). O apóstolo
sabia da batalha que os filipenses enfrentavam contra os falsos mestres. Estes
fomentavam heresias capazes de criar dúvidas quanto à fé. E, por isso, Paulo
imperativamente reitera aos filipenses: “Regozijai-vos sempre, no Senhor; outra
vez digo: regozijai-vos”.
Uma
alegria cuja fonte é Cristo. A alegria cristã tem como fonte a
pessoa bendita do Senhor Jesus. É por isso que, mesmo em meio às adversidades
sofridas em Filipos, o apóstolo teve grandes experiências de alegrias
espirituais (At 16; cf. 1Ts 2.2). Isso só foi possível pelo fato de ele
conhecer pessoalmente Jesus de Nazaré. Quando o apóstolo foi confrontado
interiormente e pediu a Deus para que fosse tirado o “espinho de sua carne”, o
Senhor lhe respondeu: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa
na fraqueza” (2Co 12.9a). Após esse episódio, Paulo então pôde afirmar: “De boa
vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o
poder de Cristo” (2Co 12.9b).
Uma
alegria que produz moderação. O texto bíblico recomenda que a
nossa “equidade [deve ser] notória a todos os homens”, pois “perto está o
Senhor” (v.5). Na versão ARA, o termo “equidade” é traduzido como “moderação”.
Ambas as palavras são sinônimas porque dizem respeito à amabilidade,
benignidade e brandura. Levando em conta o contexto de Filipenses, os termos
referem-se à pessoa que nunca usa de retaliação quando é provada ou ameaçada
por causa de sua fé.
O
apóstolo Paulo espera dos filipenses autocontrole e não um comportamento
explosivo, próprio de pessoas destemperadas ou sem domínio próprio. Ele assim o
faz, por saber que, aquele que tem a alegria do Senhor no coração, possui uma
disposição amável e honesta para com outras pessoas, particularmente em relação
àquelas inamistosas e más. William Barcklay escreve que “o homem que tem
moderação é aquele que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei,
quando deve deixar a justiça e introduzir a misericórdia”.
A
SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS (4.6,7)
A
alegria desfaz a ansiedade e produz a paz. Além de gerar equidade, a alegria
do Senhor desfaz a ansiedade, pois esta contraria a confiança que afirmamos ter
em Deus. Nada pode tirar a nossa paz, perturbando-nos a mente e o coração. As
nossas petições devem ser feitas humildemente, com ação de graças em
reconhecimento à misericórdia do Senhor (v.6), ao mesmo tempo em que confiamos
na providência do Pai Celeste.
Uma
paz que excede todo o entendimento. No versículo 7, o apóstolo fala
acerca da “paz de Deus, que excede todo o entendimento”. Ficando claro que a
alegria e a paz são recíprocas entre si. Não há alegria sem paz interior. Esta
é decorrência daquela. Essa paz vem do próprio Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha
paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27).
Em
síntese, a paz de Deus transcende qualquer compreensão humana, pois não há como
discuti-la filosófica ou psicologicamente. Há casos em que somente a paz de
Deus acalma os corações perturbados. É a paz divina que excede — ultrapassa ou
transcende — a todo o entendimento, pois não depende das circunstâncias.
Uma
paz que guarda o coração e os sentimentos do crente. Ainda no
versículo 7, lemos que essa paz, dada por Cristo, “guardará os vossos corações
e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”. O texto fala de “coração e
sentimento”, cidadelas dos pensamentos e das emoções que experimentamos no
cotidiano.
A
paz de Deus é uma espécie de muro em torno de uma casa, objetivando protegê-la
dos perigos externos. Ela torna-se um guarda fiel para o crente. Que saibamos,
em Cristo, ouvir o belo conselho do sábio: “Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).
A
Carta aos Filipenses, em sua completude, destaca a alegria do Senhor como uma
virtude de sustentação da vida cristã. Não se trata de alegria passageira ou
meramente emocional. A alegria do Senhor alimenta a nossa alma e produz paz e
segurança, porque essa “paz é como uma sentinela celestial” que nos guarda do
mal. Ora, a alegria também é “fruto do Espírito” (Gl 5.22), pois a presença
dela em nós produz uma vida interior que supera todas as nossas vicissitudes.
“Seja
a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. O termo
grego epieikes, equidade, descreve restrição de paixões, sobriedade
ou aquilo que é apropriado. Pode significar boa disposição para com as pessoas
(cf. Rm 14). Em 1 Timóteo 3.3 e Tito 3.2, a palavra é usada com um adjetivo que
significa ‘não propenso a brigar’. A ideia é de ser tolerante, não insistindo
em direitos próprios, mas agindo com consideração uns com os outros. Em
questões que sejam dispensáveis, os crentes filipenses não devem ir a extremos,
mas evitar o fanatismo e a hostilidade, julgando uns aos outros com indulgência.
Perto está o Senhor pode ser aviso que a igreja primitiva costumava usar. Neste
caso, Paulo está dizendo: ‘Qual é o propósito das rivalidades? Sede tolerantes
uns com os outros para que Deus seja tolerante convosco quando o Senhor vier’.
A frase também era entendida como promessa da proximidade do Senhor, e
interpretada com relação ao versículo seguinte. Não estejais inquietos por
coisa alguma [...] Embora possamos planejar o futuro (1Tm 5.8), não devemos
ficar ansiosos quanto a nada (Mt 6.25). O segredo desta qualidade de vida é a
oração e as súplicas. ‘Cuidado e oração [...] são mais opostos entre si que
fogo e água’. Oração é geral e baseia-se nas promessas divinas, envolvendo
devoção ou adoração. Súplicas são rogos especiais em tempos de necessidade
pessoal e apelam para a misericórdia de Deus”Notas (Comentário Bíblico
Beacon. 1 ed., Vol. 9, RJ: CPAD, 2006, p.277).
“Pessoal
(4.2,3). A advertência de Paulo nestes dois versos marca uma
ocorrência incomum em suas cartas. É comum o apóstolo enfrentar os problemas,
as objeções ou as falsas doutrinas dentro de suas igrejas. Porém, esta é uma
das poucas ocasiões onde ele realmente nomeia as pessoas envolvidas (1 Tm
1.20). Na maioria das vezes, Paulo prefere manter os envolvidos em
controvérsias no anonimato. O fato de mencionar aqui estes indivíduos reflete a
seriedade da situação, seu relacionamento íntimo com os filipenses e sua alta
consideração para com as duas irmãs a quem fez este sincero apelo. Obviamente
ele considera estas mulheres, bem como o restante da congregação, como
suficientemente maduros para lidarem com este assunto publicamente.
Paulo
propõe um sério apelo às duas mulheres na congregação em Filipos, Evódia e
Síntique (possivelmente diaconisas naquela igreja). As mulheres desempenharam
um papel muito importante na fundação daquela igreja na macedônia (veja At
16.14). Paulo fala com cada uma das mulheres separadamente, possivelmente para
mostrar sua imparcialidade na situação.
Estas
mulheres, juntamente com Clemente e outros cooperadores, têm combatido com
Paulo como se estivessem em um combate de gladiadores (1.27), por amor ao
evangelho. Agora, nestas ocasiões em que existem relacionamentos hostis, Paulo
pede a este ‘verdadeiro companheiro’ que seja um parceiro para estas duas senhoras,
a fim de trazer uma solução. É significativo que os termos ‘cooperadores’,
‘contender’ e ‘ajudar’ contenham a preposição ‘com’ (syn), enfatizando o
papel vital da comunidade cristã e do trabalho em equipe, no pensamento de
Paulo”Notas (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 4
ed., RJ: CPAD, 2009, p.505).
Alegria
dos salvos em Cristo.O
apóstolo Paulo abriu o capítulo 4 reconhecendo que os filipenses eram sua
alegria e coroa. A alta estima que Paulo tinha à igreja de Filipos fazia com
que o apóstolo não economizasse no vocabulário, riquíssimo de nobres
sentimentos. Por isso, ele exortava os filipenses a estarem firmes no Senhor,
numa espécie de redundância ao assunto exposto no capítulo anterior.
Em
seguida conclama a Evódia e Síntique que sentisse o mesmo sentimento no Senhor.
Amor, carinho, ternura e compaixão eram sentimentos que deviam está no coração
dessas duas irmãs, pois afinal de contas, elas eram crentes fundadoras daquela
comunidade. Estavam no início de tudo, lado a lado com o apóstolo na labuta da
fé. Mas algo de errado ocorrera com estas duas preciosas irmãs no cotidiano da
igreja.Imediatamente Paulo pede a um obreiro local que auxilie essas irmãs, mas
não somente ele, Clemente também e muitos outros cooperadores no Evangelho. Aquele
era o momento onde os oficiais da comunidade local deviam socorrer e conciliar
o relacionamento daquelas duas irmãs pioneiras. O objetivo dessa medida
pastoral era que ao final de tudo, juntamente com toda igreja, Evódia e
Síntique pudessem atender a convocação paulina: “Regozijai-vos, sempre, no
Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”.
Este
relato ensina de maneira singular o quanto que o discípulo de Jesus deve
valorizar o bom relacionamento com os irmãos. A comunhão entre irmãos é um
instrumento de Deus para levar alegria ao coração daqueles que se sentem
solitários ou deprimidos. Muitos são os irmãos que não tem a oportunidade de
comungar com o outro irmão da mesma fé. A luz do relato de Evódia e Síntique, o
crente em Jesus é estimulado a resolver a diferença com o seu próximo e viver a
alegria de Deus com os irmãos.
O
ambiente que promove união e comunhão é propício para não haver inquietações
das almas e confusão de espírito. Neste ambiente se torna propício em Deus as
petições dos santos serem conhecidas pelos outros com oração e súplicas e ação
de graças. Então a paz de Deus que excede todo o entendimento guardará os
corações e os sentimentos dos discípulos de Cristo Jesus, o nosso Senhor. A
igreja local precisa ser este ambiente. Um lugar de Comunhão, Paz, Oração e
Ação de Graças entre os irmãos.
Uma vida cristã equilibrada
Filipenses
4.5-9.
5
- Seja
a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6
- Não
estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.
7
- E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os
vossos sentimentos em Cristo Jesus.
8
- Quanto
ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há
alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
9
- O
que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei;
e o Deus de paz será convosco.
A
vida do cidadão do Reino dos Céus é regida por alguns princípios e valores que
transcendem a vida terrena. A salvação em Jesus não somente nos garante a vida
eterna, ela também nos proporciona um novo caráter, uma nova forma de pensar e
agir. O crente deve ter os seus pensamentos e ações pautados segundo os valores
do Reino. Na epístola aos Filipenses, Paulo exorta os crentes de Filipos a respeito
do cuidado que eles deveriam ter com aquilo que iria ocupar suas mentes. O
apóstolo apresenta no capítulo quatro, versículo oito, uma relação do que deve
preencher o pensamento do cristão: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que
é de boa fama”. Tais coisas devem orientar os nossos pensamentos.
Seguinte
afirmação de Myer Pearlman: “O pensamento é o pai da ação”. Discuta com seus
alunos o significado desta afirmação. Explique que o cérebro é o quartel
general do nosso corpo, por isso temos que ter muito cuidado com a nossa mente,
com os nossos pensamentos, pois eles antecedem as nossas ações. Em seguida,
peça que os alunos leiam Romanos 12.2 e discuta com eles os efeitos que os
pensamentos têm sobre o nosso caráter e as nossas ações.
Palavra
Chave. Mente: Parte incorpórea, inteligente ou sensível
do ser humano; pensamento, entendimento.
Veremos
algumas virtudes que acompanham aqueles cujas vidas foram transformadas pelo Evangelho
de Jesus. O Evangelho não apenas proporciona salvação à humanidade, mas também
um conjunto de princípios de vida para cada crente, seja na igreja, na família,
na sociedade ou com Deus. Não são meras prescrições ou exigências frias de um
código de leis, mas valores que transcendem a vida terrena.
Veremos
que o Evangelho é poderoso para mudar o caráter de uma pessoa e torná-la apta a
tomar para si o “jugo suave” e o “fardo leve” de Cristo Jesus (Mt 11.30).
A
EXCELÊNCIA DA MENTE CRISTÃ
Nossos
pensamentos. O
versículo oito da leitura bíblica em classe na versão ARA diz: “seja isso o que
ocupe o vosso pensamento”. O apóstolo quer mostrar que a experiência de
salvação, em Cristo, produz uma mudança contínua em nossa forma de pensar, a
fim de evitarmos as futilidades mundanas que ocupam a mente das pessoas sem
Deus. Paulo exorta-nos a preenchermos a nossa mente com aquilo que gera vida e
maturidade espiritual, pois “nós temos a mente de Cristo” (1Co 2.16).
Aqui
surge uma pergunta inevitável: “O que tem ocupado as nossas mentes no mundo de
hoje?”. Infelizmente, deparamo-nos com uma geração atraída pela ideologia do
consumismo e do materialismo, onde o ter é mais importante do que o ser. Tal
postura anula o ser humano, e faz com que os relacionamentos sejam pensados em
termos de vantagens, ou seja, se não houver algum benefício imediato, logo são
descartados. Esse comportamento nos aproxima do modo de vida mundano, e nos
distancia das coisas do Alto.
Pensando
nas coisas eternas. Além
da epístola aos Filipenses, o tema do processo de pensar é tratado por Paulo em
muitas outras ocasiões (Rm 12.2; Cl 3.2). Pensar nas coisas que são de cima,
por exemplo, não sugere que devamos viver uma espiritualidade irreal, e sim
equilibrada, conjugando mente e coração a partir dos valores espirituais na
vida terrena (cf. Jo 17.15,18; 1Co 5.9,10).
Os
maus pensamentos são frutos da inclinação humana para o mal. Daí a recomendação
de que a nossa mente deve ocupar-se com a Palavra de Deus, com os princípios
eternos do reino divino, “levando cativo todo entendimento à obediência de
Cristo” (2Co 10.5).
Agindo
sabiamente. Sabemos
que a sociedade atual é dominada por ideologias contrárias ao Evangelho. E é
exatamente a esse mundo que o Senhor Jesus nos enviou a fazer a sua obra (Jo
17.18; cf. Mt 28.19). Temos de atender o seu chamado! Não com medo, mas com
coragem; não com ignorância, mas sabiamente; não como quem impõe uma verdade
particular, mas como quem expõe e testemunha verdades eternas. À luz do exemplo
de Jesus Cristo, sejamos sal da terra e luz do mundo tendo “luz na mente, mas
fogo no coração”.
O
QUE DEVE OCUPAR A MENTE DO CRISTÃO (4.8)
“Tudo
o que é verdadeiro e honesto”. O apóstolo Paulo inicia a sua
reflexão com a verdade. Percebemos que, com essa virtude, o apóstolo entende
tudo o que é reto e se opõe ao falso. É tudo aquilo que é autêntico, não
baseado em meras suposições, ou em algo que não possa ser comprovado.
Lamentavelmente, o espírito da mentira entrou até mesmo entre os crentes e vem
produzindo grandes males. Difamações e rumores negativos acabam sendo comuns
entre nós. E isso desagrada profundamente a Deus.
Quando
o apóstolo dos gentios afirma que devemos pensar “em tudo o que é honesto”, de
fato, está nos exortando a desenvolvermos uma conduta transparente e decorosa,
digna de alguém que age bem à luz do dia (Rm 13.13). O mundo não pode ver em
nós um comportamento que contradiga os conceitos éticos e bíblicos da verdade e
da honestidade, pois isso é incoerente aos princípios cristãos. O verdadeiro
crente tem um firme compromisso com a verdade. Ele não mente nem calunia seu
irmão.
“Tudo
o que é justo”. Aqui,
de acordo com o Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD), as
“coisas que são ‘justas’ obedecem aos padrões de justiça de Deus” para
desenvolvermos uma relação positiva com os que nos rodeiam.
O
padrão de justiça divina deve nortear o nosso comportamento moral em relação a
Deus e às pessoas. O verdadeiro cristão deve pautar a sua conduta pela defesa
de tudo o que é justo (Mt 5.6), agindo contra tudo aquilo que promove injustiça
e gera opressão.
“Tudo
o que é puro e amável”. Pureza sugere inocência, singeleza ou
sinceridade em relação a algo não contaminado ou poluído. Uma mente pura
significa uma mente casta. A ideia de “ser puro” é defendia por Paulo na
perspectiva de que as palavras, as ações e os pensamentos dos crentes de
Filipos fossem francos e sinceros.
A
fim de que toda impureza seja eliminada de sua vida, o crente tem de dar lugar
para que o Espírito Santo limpe continuamente o seu coração e consciência (Ef
5.3). Assim, estaremos prontos a desejar tudo o que promove o amor fraternal.
Desse modo, “tudo o que é amável” é aquilo que edifica os relacionamentos entre
irmãos.
“Tudo
o que é de boa fama”. O
sentido de “boa fama” é simples e objetivo, pois a expressão se refere ao
cuidado que devemos ter com as palavras e ações em nosso dia a dia. Então,
podemos afirmar que boa fama é tudo o que é digno de louvor, de elogio e graça.
Algumas versões bíblicas traduzem a mesma expressão por bom nome. Tal se refere
ao que uma pessoa é, pois possuir um bom nome é o mesmo que ter um bom caráter.
A
CONDUTA DE PAULO COMO MODELO (4.9)
Paulo,
uma vida a ser imitada. No versículo nove, o apóstolo dos gentios
utiliza cinco verbos que denotam ação: aprender, receber, ouvir, ver e fazer.
Paulo utilizou tais recursos para que os irmãos filipenses percebessem que
poderiam viver as virtudes da Palavra de Deus.
Ele,
inclusive, assume um papel referencial a ser imitado. Paulo não tem a presunção
de uma pessoa que se acha infalível, mas exorta aos filipenses a serem uma
carta transparente e exposta a quem quisesse vê-la. Eles deveriam, pois, ser um
modelo tanto aos crentes como aos descrentes.
Paulo,
exemplo de ministro. Os
obreiros do Senhor devem aprender com Paulo uma verdade pastoral: Todo ministro
de Deus deve ser transparente. Assim como o Deus da graça chamou os fiéis da
terra para serem irrepreensíveis, Ele igualmente nos chamou para administrarmos
o seu rebanho com lisura, amor e muita boa vontade (1Pe 5.2,3). Essas
qualidades pastorais são indispensáveis na experiência ministerial dos líderes
cristãos nos dias de hoje.
O
Deus de paz. Se
buscarmos tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama,
teremos uma preciosa promessa: “E o Deus de paz será convosco”. A presença do
“Deus de paz” descreve uma segurança inabalável para aqueles que confiam no seu
nome.
Ele
nos orienta, guarda e protege. Por isso, devemos experimentar da constante e
doce presença do “Deus de paz”, e manter uma vida irrepreensível diante dEle,
pois nas circunstâncias mais adversas lembraremos estas palavras: “E o Deus de
paz será conosco”.
Disse
alguém, certa vez, que “o homem é aquilo que pensa”. Devemos, portanto, guardar
a nossa mente de tudo quanto é vil, pernicioso, egocêntrico e imoral. Só
desfrutaremos de uma vida cristã saudável e equilibrada se alimentarmos a nossa
mente com tudo o que é do Alto. Por isso, leia continuamente a Palavra de Deus.
Apesar
de a verdade, a honestidade, a pureza, a justiça, o amor e a boa fama parecerem
estar fora de moda, e até ignorados por grande parte da sociedade, para o
Altíssimo continuam a ser virtudes que autenticam os valores do seu Reino. E
nós, os que cremos, somos chamados a vivê-las aqui e agora (Mt 5.13-16).
“Os
assuntos do pensar correto.Meus pensamentos produzem maus modos de viver; por
outro lado, o pensar correto levará a uma vida correta. Paulo faz uma lista de
assuntos que devem alimentar os pensamentos do cristão. ‘Nisso pensai’. (1) ‘Tudo
o que é verdadeiro’. As coisas verdadeiras se opõem à falsidade em palavras
e conduta. (2) ‘Tudo o que é honesto’. Honesto aqui
significa literalmente o que é honroso ou reverente. Refere-se às coisas
consistentes com santa dignidade e respeito e corresponde àquele amor que ‘não
se conduz inconvenientemente’. (3) ‘Tudo o que é justo’.
O trato justo em todos os nossos relacionamentos. O cristão auferirá todos os
seus pensamentos com a Regra Áurea. (4) ‘Tudo que é puro’
refere-se à pureza no seu sentido mais lato — pensamentos, motivos, palavras e
ações livres de elementos que rebaixam e maculam. ‘Bem-aventurados os limpos de
coração’. (5) ‘Tudo que é amável’ se refere à
delicadeza, humildade e caridade que atraem o amor e tornam amáveis as
pessoas. (6) ‘Tudo que é de boa fama’ se refere às
coisas que todos concordemente recomendam: a cortesia, agradabilidade, justiça,
temperança, verdade e respeito pelos pais. É impossível realizar coisas boas
com modos tais que lancem opróbrio sobre a causa de Deus. ‘Não seja, pois
blasfemado o vosso bem’ (Rm 14.16). [...] ‘Se há alguma virtude, [...] nisso
pensai’”Notas (PEARLMAN, M. Epístolas Paulinas:Semeando as
Doutrinas Cristãs. 1 ed., RJ: CPAD, 1998, pp.151-52).
“As
epístolas escritas na prisão refletem o casamento da profunda teologia de Paulo
com as preocupações pastorais. Deus triunfa na cruz e na ressurreição de Jesus.
Assim, o Pai estendeu sua libertação àqueles que vão a Ele pela fé. Isso quer
dizer que os crentes fazem parte do que Deus usa para refletir a redenção de
toda a criação. Essa esperança suprema quer dizer que a vida neste mundo também
é transformada. Vida, quer dizer servir a Deus (não a si mesmo), refletindo a
cidadania celestial (não a terrena), valendo-se da capacitação concedida por
Deus para conquistar o pecado e para resplandecer como luz em um mundo
necessitado. É estar disposto a sofrer e a permanecer unidos diante de um mundo
de trevas em necessidade, ao mesmo tempo em que revelamos o evangelho, a
bondade e o caráter de Deus na forma como nos relacionamos uns com os outros e
com os que precisam da obra redentora de Deus.
Paulo
foi um teólogo profundo que escreveu sobre temas de dimensões cósmicas, mas ele
não estava tão voltado para o céu a ponto de não ser um bem terreno. Ele era um
pastor que guiava os santos em seu chamado. O desejo de Paulo para os crentes é
simples: seja um bom cidadão do céu e tenha a mente tão voltada para o céu de
forma a ser bom para a terra. Ele também lembra aos crentes que Deus os
capacita para realizar a tarefa e que, à medida que eles mantêm o foco em
Jesus, podem ir, unidos em seu serviço a Ele, no encalço desse objetivo. Eles
nunca devem esquecer que, nEle, são uma nova comunidade. No contexto da obra
soberana de Deus e à luz da vitória e capacitação dEle, os crentes devem
refletir a presença, o amor e o caráter dEle até que Ele traga esperança da
realização e todas as coisas que sejam sintetizadas na restauração que, por
fim, Cristo trará”Notas (ZUCK, R. B. (Ed.)Teologia do Novo Testamento. 1
ed., RJ: CPAD, 2008. p.367).
Uma
vida cristã equilibrada.É notório que o sistema de pensamento do mundo se
volta contra tudo o que tem haver com Deus. Panoramicamente, três são os
pensamentos predominantes na sociedade atual: Materialismo, Hedonismo e
Relativismo.
O
materialismo, ou naturalismo, é um sistema de pensamento que trabalha com a
hipótese de que não há Deus, não há mundo espiritual, nem muito menos juízo
final. A ideia central deste sistema é que não há nada transcendente além da
matéria, do físico. As pessoas que adotam esse pensamento vivem a vida aqui e
agora sem se preocuparem com o além.
O
hedonismo é caracterizado por uma busca intensa e transloucada pelo prazer. E
um ponto de vista utilitário da vida. Os detentores desse sistema dizem: “Se me
dá prazer, eu faço; se me dá prazer, eu compro; se me dá prazer, eu quero”.
O
relativismo é uma concepção filosófica de meias verdades. Tudo é relativo. Não
há verdade absoluta. O absoluto se relativiza. O que é verdade para mim, pode
não ser para você. Cada um tem a sua própria verdade.
A
mensagem do apóstolo para os filipenses é bem atual para a igreja
contemporânea. Ela não nega que a fé cristã tem uma dimensão naturalista,
hedonista e até relativista. Naturalista porque Deus encarnou na matéria.
Fez-se carne num tempo, numa história e numa região geográfica. Hedonista
porque a fé cristã possui uma dimensão de prazer em Deus. É o prazer oriundo de
uma vida com Deus, onde o crente se sente preenchido por Ele. E tem uma
dimensão relativista porque o Evangelho relativiza a visão de mundo que
tínhamos antes de nos encontrarmos com Jesus. O Evangelho relativizou a
tradição da lei e a tradição gentílica, trazendo uma novidade de vida
indescritível para todo aquele que crê.
Por
isso o apóstolo propõe aos crentes de Filipos a pensar aquilo que é do alto,
pois o que vem de Deus gera vida. O que vem de Deus é verdadeiro, honesto,
justo, puro, amável, de boa fama. Mas o que oriunda de um sistema filosófico
mundano é irremediavelmente oposto. É falso, desonesto, injusto, impuro,
odioso, de má fama.
Uma
pergunta que cabe a classe, prezado professor, é que tipo de pensamento os
alunos tem cultivado nas mentes. E pensamento eterno ou efêmero? Não deixe de
esclarecer que o que preencher a nossa mente determinará a nossa a ação. Deus
chama os seus servos a relativizar o relativismo mundano.
A reciprocidade do Amor Cristão
Filipenses
4.10-13.
10
- Ora,
muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim;
pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.
11
- Não
digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que
tenho.
12
- Sei
estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as
coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter
abundância como a padecer necessidade.
13
- Posso
todas as coisas naquele que me fortalece.
Você
tem sido generoso para com aqueles que servem a Deus e a igreja? Então não terá
dificuldade alguma em ensinar a respeito do tema proposto para a aula de hoje:
a generosidade da igreja para com aqueles que a servem. Os irmãos de Filipos
eram bem generosos. Eles enviaram os recursos que Paulo necessitava para
sobreviver na prisão (4.10-20). Vivemos em uma sociedade marcada pelo egoísmo,
todavia o crente tem em seu coração o amor de Cristo e este amor o leva a
ajudar aqueles que necessitam de socorro. Nossa oferta de amor para aqueles que
realizam a obra de Deus revelam a graça do Todo-Poderoso em nossas vidas.
Ofertamos não para recebermos algo em troca, mas o fazemos de coração porque já
temos experimentado das dádivas divinas. Que não venhamos nos esquecer que
“mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35).
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Saber que as dádivas dos filipenses era resultado da providência
divina.
- Compreender que o cristão tem o contentamento de Cristo em qualquer
situação.
- Explicar a respeito da principal fonte de contentamento do cristão.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
reproduza no quadro de giz os dois tópicos abaixo. Utilize-os para introduzir a
lição. Discuta com os alunos estes princípios. Explique que estas duas regras
devem nortear a nossa doação em favor daqueles que trabalham na obra do Senhor:
•
“Ao entregar uma oferta o valor não é o mais importante, mas sim a
disposição de contribuir para o Reino”.
•
“A doação deve ser como resposta a Cristo, e não pelas vantagens
que podemos ter por fazê-lo. O modo como doamos reflete a nossa devoção ao Senhor”
(Bíblia de Aplicação Pessoal, CPAD, p.1620).
COMENTÁRIO
introdução
Palavra
Chave
Generosidade: Virtude daquele que se dispõe a
sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem; magnanimidade, ato
generoso; bondade.
Aprenderemos
a importância da generosidade da igreja para com aqueles que a servem.
Dependente das ofertas dos irmãos para sobreviver no cárcere romano, Paulo
expressava uma profunda gratidão à igreja de Filipos pelos recursos enviados
por intermédio de Epafrodito (4.10-20).O apóstolo estava agradecido aos
filipenses pelo amor que lhe haviam demonstrado. Ele, porém, destaca que sempre
confiou à providência divina o seu sustento, e que sua alegria maior estava não
nas ofertas recebidas, e sim no fato de os filipenses terem se lembrado dele.
AS
OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA
Paulo
agradece aos filipenses. A igreja em Filipos já vinha contribuindo com
o ministério de Paulo desde o seu início (v.15). Agora, o apóstolo fora
surpreendido pela segunda oferta enviada a ele, exatamente quando estava preso
em Roma. Por isso, agradece e regozija-se pela lembrança dos irmãos (v.10).
Ele
declara ainda que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina em
seu ministério, pois confiava plenamente em Deus, em qualquer situação.
Reciprocidade
entre o apóstolo e a igreja. Paulo amava a igreja em Filipos.
Esta cidade foi a primeira da Europa a receber a mensagem do Evangelho. Ali,
Paulo enfrentou perseguições, prisão e muito sofrimento. Porém, agora a igreja,
firmada em Cristo, demonstra sua gratidão ao apóstolo cuidando dele e
ajudando-o em suas necessidades (vv.10,11,15-18).
A
igreja deve cuidar dos seus obreiros. Nenhum obreiro deve fazer de sua
missão um meio de ganhar dinheiro. Todavia, a igreja precisa prover sustento
digno àqueles que a servem. Paulo muito sofreu com a falta de sensibilidade da
igreja em Corinto (v.15). Por outro lado, a igreja em Filipos procurou ajudar o
apóstolo.
A
Palavra de Deus nos exorta quanto ao sustento daqueles que labutam na seara do
Senhor: “Não amordaces o boi, quando pisa o trigo” (1Tm 5.18 — ARA). No mesmo
versículo, o apóstolo completa que “digno é o obreiro do seu salário”. Por
isso, a igreja deve apoiar devidamente àqueles que são verdadeiramente
obreiros, ajudando-os em suas necessidades (1Tm 5.17).
O
CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO
O
contentamento de Paulo. O apóstolo aprendeu a contentar-se em toda e
qualquer situação. Seu contentamento estava alicerçado no fato de que Deus
cuida dos seus servos e ensina-os a viver de forma confiante. Aos coríntios,
Paulo escreveu: “não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como
de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5).
Paulo
deu o crédito de sua força e contentamento a Deus. Muitos se gabam de sua
robustez, coragem e até espiritualidade, esquecendo-se de que a nossa
capacidade vem do Senhor. Para agirmos de forma adequada em meio às provações e
privações é preciso reconhecer que dependemos integralmente do Senhor.
“Sei
estar abatido” (v.12). Paulo inicia o versículo doze dizendo: “Sei
estar abatido e também ter abundância”. Ele estava convicto do cuidado de Deus.
Por isso, aceitava as privações sem se envergonhar ou mesmo entristecer-se.
Precisamos acreditar na provisão divina e aprender a contentar-nos em toda e
qualquer situação.
Talvez
você esteja passando por dificuldades. Não permita, porém, que elas o abatam.
Confie no cuidado e na bondade do Pai Celeste. Ele é o nosso provedor. Para que
o Evangelho chegasse aos confins da terra, muitos homens e mulheres, às vezes
sem qualquer sustento oficial, deixaram suas famílias e saíram pregando a
Palavra de Deus e fundando igrejas. Esses pioneiros não desistiram, e os
resultados ainda podem ser vistos. Hoje, as igrejas, em sua maioria, possuem
recursos para enviar obreiros e missionários a outras nações e ali
sustentá-los, e devem fazê-lo. Cumpramos, pois, o nosso dever conforme a Bíblia
nos recomenda.
O
contentamento desfaz os extremismos. Apesar de o exemplo paulino e de a
Bíblia ensinar-nos acerca do contentamento, é necessário abordar o perigo da
adoção dos extremismos nessa questão. Muitos servos de Deus são obrigados, pela
falta de compromisso de suas igrejas, a abandonar a obra de Deus. Para que isso
não aconteceça, sejamos fiéis no sustento daqueles que estão servindo a causa
do Mestre (1Tm 5.18).
Os
obreiros, por sua parte, não podem deixar-se dominar pela avareza e pela
ganância. Paulo nos dá uma importante lição quando afirma: “Aprendi a
contentar-me com o que tenho” (v.11). O culto ao Senhor não pode ser
transformado em uma fonte de renda. É o próprio apóstolo Paulo quem ensina a
nos apartar daqueles que não se conformam “com as sãs palavras de nosso Senhor
Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade”. Isto porque, os tais
apreciam “contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade,
cuidando que a piedade seja causa de ganho” (1Tm 6.5). O ensino paulino
demonstra que a piedade, com contentamento, já é, por si mesma, um “grande
ganho” (1Tm 6.6).
A
PRINCIPAL FONTE DO CONTENTAMENTO (4.13)
Cristo
é quem fortalece. Paulo
nos ensina, com a declaração do versículo 13, que sua suficiência sempre esteve
em Cristo. O que fez com que Paulo suportasse tantas adversidades? Havia algum
segredo? Não! O que fez do apóstolo um vencedor foi a sua fé em Jesus Cristo,
aquele que tudo pode. A força do seu ministério era o Senhor. Você quer forças
para vencer os obstáculos em seu ministério? Confie plenamente no Senhor!
Cristo
é a razão do contentamento. Nossa alegria e força vêm do Senhor Jesus.
Segundo Matthew Henry, “temos necessidade de obter forças de Cristo, para
sermos capacitados a realizar não somente as obrigações puramente cristãs.
Precisamos da força dEle para nos ensinar a como ficar contente em cada
condição”. Busque ao Senhor e permita que a alegria divina preencha a sua alma
(Ne 8.10).
O
cumprimento da missão como fonte de contentamento. Uma vez que o
objetivo de Paulo era pregar o Evangelho em toda parte, nada lhe era mais
importante que ganhar almas para o Reino de Deus. Nenhuma dificuldade
financeira roubaria a visão missionária do apóstolo.
Ele
não se angustiava pela privação material e social. Pelo contrário, a alegria do
Senhor era a sua força. Paulo regozijava-se com a suficiência que tinha de
Cristo. O descontentamento é como uma planta má que faz brotar a avareza (Hb
13.5,6), o roubo (Lc 3.14) e a preocupação com as coisas materiais (Mt
6.25-34). Por isso, contente-se em Cristo! Ele tomará conta de nós.
A
igreja de Cristo deve zelar pelo bem-estar dos seus obreiros, a fim de que não
venham a passar privações. Todavia, a real motivação para servirmos à igreja de
Deus jamais devem ser as recompensas materiais. Confiemos na provisão divina,
pois assim seremos felizes em toda e qualquer situação.Nosso contentamento em
meio às adversidades é resultado da nossa fé e comunhão com o Senhor Jesus. Que
estejamos na dependência do Senhor, para que Ele nos conceda alegria e força a
fim de vencermos as vicissitudes e tribulações da vida.
“Graças
pelo dom e comunhão deles. A principal razão para Paulo escrever a essa igreja
e de estar agradecido por esses irmãos é a expressão concreta deles de apoio a
ele (4.1-18). Essa igreja enviou um presente em dinheiro para auxiliar Paulo
enquanto estava na prisão (4.10-18). Paulo chama esse presente de ‘comunic[ar]
com ele, usando a forma verbal (ekoinõsen, v.15) da palavra grega para
comunhão (koinonia). Eles comungam com ele ao participar de seu
ministério por meio dessa expressão concreta de amor e de preocupação. Paulo
não esperava nem pretendia esse auxílio. Paulo aprendeu a se contentar seja
qual fosse sua situação, quer na pobreza quer na abundância. Na verdade, quando
Paulo escreve que pode todas as coisas por intermédio de Cristo que o fortalece
(4.13), ele quer dizer que pode enfrentar todo tipo de circunstância ou
situação financeira sem perder de vista o propósito de Deus para ele. Por isso,
recebe o presente deles com gratidão, no qual ele diz ser ‘oferta de aroma
suave’ a Deus (4.18 — NVI). A preocupação deles faz com que lhes assegure que
Deus também cuida deles (4.19)’”Notas (ZUCK, R. B. (Ed.)Teologia do
Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008, p.365).
“Nos
versos 15 e 16, Paulo alegremente relembra o apoio que os filipenses lhe
ofereceram. Relembra os dias anteriores, quando o evangelho foi proclamado pela
primeira vez em Filipos (At 16.4). Quando o apóstolo passou pela Macedônia até
a Acaia, em sua segunda viagem missionária, a igreja em Filipos foi a única a
sustentar seus esforços. Na linguagem emprestada do mundo comercial, o apóstolo
considerou sua parceria como uma questão de ‘dar e receber’ (termos
aproximadamente equivalente aos conceitos de débito e crédito). Paulo ‘deu’ o
evangelho aos filipenses e ‘recebeu’ seu apoio. De fato, o verso 16 indica que
por mais de uma vez enviaram sua assistência a Paulo antes que deixasse a
Macedônia, enquanto ainda estava na cidade vizinha de Tessalônica (At 17.1-9).
Os filipenses, por sua vez, ‘deram’ seu apoio material e moral a Paulo, tendo
recebido a mensagem das boas novas e agido de acordo com esta.
No
versículo 17, Paulo reitera a pureza de seus motivos em sua expressão de
gratidão aos cristãos de Filipos. Não está procurando ‘dádivas’ ou agradecendo
de alguma maneira que venha a ser a base para favores futuros. Sua motivação
visa o benefício deles. Sua descrição da recompensa que terão por associarem-se
a ele na obra de Deus é expressa em termos financeiros. Sua participação no
Evangelho produzirá juros ou dividendos (literalmente ‘fruto’), o que resultará
no ‘aumento da conta’ deles” Notas (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (Eds.) Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4 ed., RJ: CPAD, 2004.
p.510).
A
reciprocidade do Amor Cristão.“Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de
todas as tuas forças; Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30,31).
Estes dois mandamentos eram o estrado da prática cristã na Igreja do Primeiro
Século. Eles aparecem implicitamente na porção escrita pelo apóstolo Paulo.
Antes o apóstolo havia ordenado aos filipenses a regozijarem-se, mas agora ele
é quem se regozija em Deus pela atitude amorosa dos irmãos para com a sua vida.
Esses crentes, através das ofertas, supriram a necessidade do apóstolo dos
gentios.
O
amor mútuo e profundo dos irmãos filipenses pelo o apóstolo Paulo era forjado
nas raias do sofrimento. A alegria de Paulo não se deu pelo valor da oferta,
mas por aquilo que ela significava. Não era uma oferta negociada pelas regras
comerciais e de mercado, mas geradas pelo amor recíproco da comunidade de Filipos
para com seu pai na fé. Este ato de amor faz o apóstolo reviver reminiscências
entre ele e os filipenses. Como sofreram juntos pelo o amor do Evangelho!
Caminharam dia e noite objetivando demonstrar a verdade que gera vida. Ao
receber a oferta de amor da igreja tais recordações explodiram como bomba no
coração do apóstolo.
O
apóstolo não se turbava porque através da demonstração de amor dos seus filhos
na fé, ele compreendia que o próprio Cristo o fortalecera no amor partilhado
pelos seus irmãos. Paulo vivia uma vida de grande contentamento em Deus, pois
no amor recíproco ele sente-se recompensado por Deus em tudo. O contentamento
de Paulo o faz jamais elevar a sua voz para murmurar das circunstâncias que lhe
rodeavam. Ele compreende e aceita a vocação de padecer por amor ao Evangelho.
Interessante
ressaltar que, apesar de Paulo receber ofertas dos irmãos de Filipos, a sua
confiança não está nelas, pois o apóstolo estava instruído em tudo, seja no
abatimento, seja na abundância; a ter fartura como a passar fome. Esta
experiência não o permitia a dissimular e ser avarento. O apóstolo tinha
decidido há muito deixar o conforto do farisaísmo para padecer por Cristo. Ele
bem sabia o que isto representava. Por isso, Paulo tinha outro olhar quando
recebia a oferta de amor dos filipenses. Não para o dinheiro, mas para
motivação amorosa que se escondia por de trás daquele ato filipense.
O
sacrifício que agrada a Deus
Filipenses
4.14-23.
14
- Todavia,
fizestes bem em tomar parte na minha aflição.
15
- E
bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando
parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a
receber, senão vós somente.
16
- Porque
também, uma e outra vez, me mandastes o necessário a Tessalônica.
17
- Não
que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta.
18
- Mas
bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de
Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e
sacrifício agradável e aprazível a Deus.
19
- O
meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em
glória, por Cristo Jesus.
20
- Ora,
a nosso Deus e Pai seja dada a glória para todo o sempre. Amém.
21
- Saudai
a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.
22
- Todos
os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César.
23
- A
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!
Com
a graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre. Durante os encontros
dominicais você e seus alunos, com certeza foram edificados, exortados e
consolados por intermédio da Epístola aos Filipenses. Paulo foi um homem que
colocou sua vida a disposição do Mestre. Seu ministério esteve sempre em
primeiro lugar. Muitos foram os sacrifícios que este abnegado servo de Deus
teve que fazer para que o Evangelho chegasse até aos confins da terra. Nem
mesmo a prisão foi capaz de impedi-lo de levar as boas novas aos perdidos. Ele
pregou, ensinou e fez muitos discípulos, mesmo estando no cárcere. Paulo
padeceu muito, todavia ele ensinou os crentes de Filipos e a nós também a
termos uma vida cristã feliz. Sigamos o seu exemplo!
Palavra
Chave. Oblação: Oferta sacrifical comestível; na lição é a
oferta que os filipenses entregaram ao apóstolo Paulo.
Além
de apresentar assuntos de ordem doutrinária, a Epístola aos Filipenses destaca
a gratidão e a alegria do apóstolo Paulo. Nela, temos uma das mais belas
expressões de amor, confiança e contentamento de toda a Bíblia. Na última lição
deste trimestre, veremos Paulo apresentando a assistência que recebera dos
filipenses como oferta de amor e sacrifício agradável a Deus.O apóstolo
descreve o quanto o seu coração se aqueceu com a demonstração de amor e carinho
dos filipenses. No final da epístola, ele revela a sua total confiança na
suficiência de Cristo, pois esta lhe concedeu força para desenvolver o seu
ardoroso ministério.
A
PARTICIPAÇÃO DA IGREJA NAS TRIBULAÇÕES DE PAULO (4.14)
Os
filipenses tomam parte nas aflições do apóstolo. Paulo via a
participação dos filipenses em suas tribulações como o agir de Deus para
fortalecer o seu coração. A expressão “tomar parte” (v.14) sugere a ideia de
“partilhar com, ou coparticipar de”. A igreja de Filipos estava participando
das aflições e tribulações com o apóstolo. Ela sentia as agruras de sua prisão.
Por outro lado, o apóstolo sentia-se abençoado por Deus pelo fato de ser
lembrado com tamanho amor e ternura pela comunidade cristã filipense.
O
exemplo da igreja após o Pentecostes. A igreja de Filipos vivia a mesma
dimensão de serviço da comunidade de Jerusalém nos dias de Pentecostes (At
2.45-47). Com o seu exemplo, os filipenses nos ensinam que “tomar parte”, ou
“associar-se”, nas tribulações de nossos irmãos é mostrar-se amorosamente
recíproco. Ou seja: devemos nos amar uns aos outros, pois assim também Cristo
nos amou.
O
padrão de amor para a Igreja. O amor dos filipenses para com o
apóstolo Paulo mostra-nos que esse deve ser o padrão de nosso cotidiano: a
generosidade no repartir constitui-se em “sacrifícios que agradam a Deus” (Hb
13.16).
REMINISCÊNCIA: O ATO DE DAR E RECEBER (4.15-17)
Paulo
relembra o apoio dos filipenses. O versículo 15 destaca a
generosidade dos crentes filipenses em relação a Paulo. Mesmo sendo uma igreja
iniciante e pobre, assim que tomou conhecimento das necessidades do apóstolo, a
comunidade de fé de Filipos o apoiou integralmente (v.16). Com isso, os
filipenses tornaram-se cooperadores do apóstolo na expansão do Reino de Deus
até aos confins da terra. É por isso que Paulo não podia esquecer do amor que
lhe demonstraram os crentes daquela igreja.
O
necessário para viver. O versículo 16 revela-nos outro grande fato.
Enquanto o apóstolo estava em Tessalônica, a igreja em Filipos continuava a
enviar-lhe “o necessário” à sua subsistência. No ato de “dar e receber”, os
filipenses participavam do ministério de Paulo, pois não tinham em mente os
seus interesses, mas as urgências do Reino de Deus.
Por
outro lado, Paulo não se deixava cair na tentação do dinheiro. As ofertas que
ele recebia eram aplicadas integralmente na Obra Missionária. O apóstolo bem
sabia da relação perigosa que há entre o dinheiro e a religião (1Tm 6.10,11).
Tal atitude leva-nos a desenvolver uma consciência mais nítida quanto às demandas
do Reino. Fujamos, pois, das armadilhas das riquezas deste mundo, pois, como
disse o sábio Salomão, “quem ama o dinheiro, jamais dele se farta” (Ec 5.10).
“Não
procuro dádivas”. Para
o apóstolo, a oferta que lhe enviara a igreja em Filipos tinha um caráter
espiritual, pois ele não andava a procura de “dádivas” (v.17). Quem vive do
ministério deve aprender este princípio áureo: o ministro de Deus não pode e
não deve permitir que o dinheiro o escravize. No final de tudo, o autêntico
despenseiro de Cristo deve falar com verdade: “Não procuro dádivas”! Sua real
motivação tem de ser o benefício da igreja de Cristo. Assim agia Paulo. Ele
dava oportunidade aos filipenses, a fim de que exercessem a generosidade,
tornando-os seus cooperadores na expansão do Reino de Deus (v.17 cf. Hb 13.16).
A
OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS (4.18-23)
A
oblação no Antigo Testamento. A palavra “oblação” está
relacionada à linguagem proveniente do sistema sacrifical levítico. O termo
remete-nos a estas expressões: “cheiro de suavidade” e “sacrifício agradável e
aprazível” (v.18). E estas, por sua vez, estão relacionadas às “ofertas de
consagração” a Deus identificadas como “holocaustos” (Lv 1.3-17), “oferta de
manjares” (Lv 2; 6.14-23), oferta de libação e oferta pacífica (Nm 15.1-10).
Portanto,
quando falamos de oblação, referimo-nos a uma oferta sacrifical comestível —
azeite, flor de farinha etc. Uma parte era queimada para memorial e a outra
direcionada ao consumo dos sacerdotes (Lv 2.1-3).
A
oblação e a generosidade dos filipenses. Paulo encara como verdadeira
oblação a assistência que lhe ofereciam os filipenses. Tais ofertas eram-lhe
como um “cheiro suave, como sacrifício agradável a Deus” (v.18). Assim, tendo
em vista a generosidade praticada pelos filipenses, Paulo declara com plena
convicção: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas
necessidades em glória, por Cristo Jesus” (v.19).
A
expressão “o meu Deus” aponta para aquEle que haveria de suprir não somente as
suas necessidades, como também as dos filipenses e também as nossas. Aleluia!
Doxologia. Os versículos 20
a 23 trazem a saudação final do apóstolo à igreja em Filipos. E, como podemos
observar, Paulo não poderia concluir a sua carta de forma mais adequada: “A
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!” (v.23).
Ele
denota, assim, que todo o enfoque da carta é Cristo, e que nós, seus
seguidores, temos de nos lembrar e viver por sua graça, pois “Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2Co
5.19).
Após
estudarmos esta tão rica epístola, o nosso desejo é que você ame cada vez mais
o Senhor Jesus, e dedique-se a ser uma “oblação de amor” a Ele. O Senhor é o
meio providenciado pelo Pai, a fim de reconciliar o mundo com Deus. Exalte o
Eterno, pois você foi reconciliado com Ele em Cristo Jesus. A exemplo da igreja
em Filipos, não esqueça: “a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10).
“Saudações
Finais de Paulo (4.21-23).Considerando que as cartas seculares eram
frequentemente concluídas com um desejo de boa sorte ou boa saúde, do autor,
para o destinatário, Paulo concluiu tipicamente suas cartas oferecendo palavras
de saudação (por exemplo, Rm 6.3; 1Co 16.19; 1Ts 5.26). A epístola aos
filipenses reflete este estilo, pelo fato de o apóstolo concluir esta carta com
algumas saudações finais. Esta parte final da carta pode ter sido uma
observação realmente escrita pelo próprio Paulo, após seu escriba ter concluído
a parte mais formal da carta. Esta parte é destinada a várias pessoas dentro da
igreja — possivelmente os líderes mencionados no capítulo 1.1 (daí o uso do
plural imperativo: ‘Saudai a todos os santos em Cristo Jesus’).
No
verso 21, Paulo não está somente trazendo uma saudação coletiva à Igreja em
Filipos, no mesmo sentido em que uma pessoa hoje pede a alguém que ‘cumprimente
a todos’ em seu nome. Mantendo seu relacionamento afetuoso e sincero com os
filipenses, está pedindo que cada um, e todos os cristãos da congregação,
recebam a sua saudação.As palavras finais de bênçãos proferidas por Paulo
repercutem suas palavras de saudação. Seus seguidores são lembrados da ‘graça’
que lhes foi estendida, pela obra vicária realizada em seu favor pelo Senhor
exaltado (2.6-11)”Notas (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (Eds.) Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4 ed., Vol. 2, RJ: CPAD,
2009. p.511).
“A
Origem dos Sacrifícios. Em relação à origem dos sacrifícios,
existem duas opiniões: (1) que eles têm sua origem nos homens, e que Israel
apenas reorganizou e adaptou os costumes de outras religiões, quando inaugurou,
seu sistema sacrificial; e (2) que os sacrifícios foram instituídos por Adão e
seus descendentes em resposta a uma revelação de Deus.
É
possível que o primeiro ato sacrificial em Gênesis tenha ocorrido quando Deus
vestiu Adão e Eva com peles para cobrir sua nudez (Gn 3.21). O segundo
sacrifício mencionado foi o de Caim, que veio com uma oferta do ‘fruto da
terra’, isto é, daquilo que havia produzido, expressando sua satisfação e
orgulho. Entretanto, seu irmão Abel ‘trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e
da sua gordura’ como forma de expressar a contrição de seu coração, o
arrependimento e a necessidade da expiação de seus pecados (Gn 4.3,4). [Também
é possível que a razão do sacrifício de Abel ter sido agradável a Deus, em
contraste com sua rejeição ao sacrifício de Caim, tenha sido o fato de Abel ter
trazido o que tinha de melhor (‘primogênitos’ e ‘sua gordura’) enquanto Caim
simplesmente obedeceu aos procedimentos estabelecidos — Ed.]
Em
Romanos 1.21, Paulo refere-se à revelação e ao conhecimento inicial que os
patriarcas tinham a respeito de Deus, e explica a apostasia e o pecado dos
homens do seguinte modo: ‘Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças’.Depois do Dilúvio, ‘edificou Noé um altar ao Senhor; e
tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o
altar’ (Gn 8.20). Muito tempo antes de Moisés, os patriarcas Abrão (Gn 12.8;
13.18; 15.9-17; 22.2ss), Isaque (Gn 26.25), e Jacó (Gn 33.20; 35.3) também
ofereceram verdadeiros sacrifícios.
Um
grande avanço na organização e na diferenciação dos sacrifícios ocorreu com a
entrega da lei no Monte Sinai. Um estudo dos diferentes sacrifícios indicados
revela seu desenvolvimento final, visando atender às necessidades do indivíduo
e da comunidade” Notas (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ:
CPAD, 2009, p.1723).
O
sacrifício que agrada a Deus.Chegamos ao fim da Epístola do apóstolo
Paulo aos Filipenses. É importante recordar que o tema geral deste trimestre
objetivou aprendermos a humildade de Jesus como exemplo para a igreja
contemporânea. Em cada lição víamos a humildade do Meigo Nazareno
desdobrando-se na comunidade cristã antiga. À luz da relação do apóstolo Paulo
com a igreja filipense ao longo da epístola, pode-se destacar três lições
maravilhosas para vida eclesiástica contemporânea:
Uma
igreja participante das aflições alheias. Quando estudamos a Epístola aos
Filipenses percebemos que a igreja não se fechava em si mesma. Incentivada pelo
apóstolo, os membros daquela comunidade eram incansáveis no amor mútuo. Sua
preocupação em repartir o que tinham com o apóstolo preso denota a
predisposição que os cristãos devem ter em repartir generosamente com o outro
aquilo que tem. Este é o sacrifício que agrada a Deus: “E não vos esqueçais da
beneficência e comunicação, porque, com tais sacrifícios, Deus se agrada” (Hb
13.16).
Dar
e receber: um ato amoroso. O apóstolo mantém o tom de gratidão pelo carinho
dispensado dos crentes de Filipos ao longo de toda a Epístola. Era uma
recíproca permanente. Paulo tinha as suas necessidades materiais supridas pelos
filipenses, enquanto estes achavam-se espiritualmente sanados pelo apóstolo dos
gentios. Uma relação como esta é o que Deus requer para sua igreja. Um
relacionamento baseado no amor, sem interesse egoísta, mas pelo fato de
estarmos ligados com o outro irmão pelo amor do Pai.
O
verdadeiro sacrifício. Se tiver uma igreja que sabia adequadamente o
significado da palavra sacrifício ou oblação era a de Filipos. Ela encarnou
exatamente o que o apóstolo escreveu para os crentes romanos: “Rogo-vos, pois
irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1). Os filipenses encarnaram isso até a
última consequência. Mente, coração e corpo estavam em plena sintonia para
fazer o bem, pois quem faz o bem em Deus, ama, e “quem ama aos outros cumpriu a
lei” (Rm 13.8). Aqui, não há sacrifício maior que amar. Deus não o rejeita.
Que
a igreja de Filipos nos ensine o verdadeiro significado de humildade, serviço e
amor. Uma comunidade simples que nasceu a partir de uma simples mensagem do
Evangelho, mas que tem o poder de, com simplicidade, mudar o mais duro dos
corações. Ouçamos o que o Espírito diz através da comunidade de Filipos!
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PAZ DO SENHOR
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