ECLESIOLOGIA
Igreja de Cristo
. Apesar de abordarmos alguns aspectos teológicos fundamentais,
nosso enfoque estará no desenvolvimento da missão da Igreja no mundo.Como
podemos depreender do texto bíblico base da lição, a Igreja não é apenas uma
organização, mas um organismo vivo e divino que tem como encargo precípuo a
salvação dos pecadores e a congregação dos salvos a caminho da glória.A Igreja
não é obra humana (Mt 16.18), mas criação especial de Deus mediante Cristo, seu
Filho Amado.Jesus, como cabeça da Igreja (Ef 1.22,23), amou-a e se entregou por
ela (Gl 2.20).
O QUE É A IGREJA
Definição. A palavra “igreja”, no
grego, ekklēsia,
significa “chamados para fora”. Originalmente, os cidadãos de uma cidade eram
chamados mediante o toque de uma trombeta, que os convocava para se reunirem
como assembléia em determinado local, a fim de tratarem de assuntos
comunitários. Da mesma forma, a Igreja é um grupo de pessoas chamadas para fora
do mundo, para formar um povo seleto, especial, pertencer a Deus e servi-lo (1
Pe 2.9,10; 1 Ts 1.9).
A visão cristológica da igreja. Certa
ocasião, Jesus interrogou os seus discípulos acerca do que as pessoas pensavam
a respeito dEle. Após ouvir suas várias respostas, o Mestre lhes fez uma
derradeira pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.15). Pedro,
inspirado pelo Espírito Santo, respondeu-lhe imediatamente: “Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo” (v.16). A partir desta resposta, Jesus fez uma enfática
declaração revelando aos seus discípulos a edificação, a jornada e o futuro da
sua Igreja na Terra. O Senhor afirmou a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”
(Mt 16.18).
Quando o Mestre enunciou: “edificarei a minha igreja”,
identificou-se como seu Arquiteto, cuja edificação estender-se-ia até “à
consumação dos séculos” (Mt 28.20). O fundamento sobre o qual Ele edifica a
Igreja está indicado nas palavras do texto: “sobre esta pedra”. A pedra não se
refere a Pedro e, sim, à verdade que este acabara de afirmar: “Tu és o Cristo,
o Filho do Deus vivo” (v.16). Jesus não disse: “sobre ti edificarei a minha
igreja”, mas declarou que sobre a confissão revelada pelo Espírito Santo a
Pedro, a igreja seria edificada.
O próprio Pedro afirma que Jesus é a Pedra sobre a qual a Igreja
é edificada - “pedra angular, eleita e preciosa” (1 Pe 2.5; At 4.11). A
referência a Cristo como a “pedra angular” (1 Pe 2.5 - ARA), figura um edifício
construído com pedras espirituais, isto é, vidas regeneradas ao longo da
existência da Igreja na Terra (1 Co 3.9; Ef 2.22).
AS DIMENSÕES DA IGREJA NA TERRA
Universal. A Igreja universal é o
conjunto de todos os salvos em Cristo. É citada no Novo Testamento no singular
- “igreja” - nos textos de At 20.28; 1 Co 12.28; Ef 1.22; 5.27; 1 Tm 3.15; Hb
12.23. No plano eterno de Deus, a Igreja universal foi arquitetada por Ele
antes da fundação do mundo (Ef 1.4,9,10), e, tem um caráter geral porque inclui
todos os cristãos remidos por Cristo, dentre todos os povos.
Local. A palavra igreja, em
sentido literal, abrange o conceito de “congregar” e “reunir”, pois se trata da
reunião dos fiéis em um local específico. A Bíblia emprega o plural “igrejas”,
a fim de referir-se às igrejas locais (At 9.31; 16.5; Rm 16.4; 16.19; 2 Co 8.1;
Gl 1.2). No entanto, quando o termo está no singular, cita-se a região na qual
a igreja local encontra-se (At 14.23; Rm 16.1; 1 Co 1.2; 4.17; 1 Ts 1.1).
A perspectiva local da igreja fortalece o fato de que o trato e
relacionamento de Deus com ela não é só universal, mas local, congregacional e
direto.
A ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DA IGREJA
A organização administrativa da igreja. A
Igreja é tanto um organismo espiritual quanto uma organização que necessita do
trabalho de pessoas nos vários órgãos funcionais da igreja local. Organização
funcional da igreja refere-se à administração dos recursos materiais e humanos
de que ela dispõe, para que não haja interrupções no seu crescimento
quantitativo e qualitativo.
A organização ministerial da igreja. Esta
forma de organização diz respeito ao governo da igreja local através de homens
vocacionados e capacitados por Deus para o exercício do santo ministério
eclesiástico.
Ao longo da trajetória da igreja, temos várias formas de governo
eclesiástico: local, distrital, regional e nacional. Por meio do Novo
Testamento, verificamos que a autoridade administrativa e espiritual da igreja
local é competência do pastor. Todos os demais cargos e funções submetem-se à
autoridade pastoral.
Na igreja também há cargos de caráter espiritual, conforme expõe
a Escritura em Ef 4.11: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.
A organização espiritual da igreja. Essa
organização reere-se, essencialmente, à sua liturgia. Trata-se da ministração
do culto, da adoração coletiva, das ordenanças deixadas por Jesus, como a Ceia
do Senhor e o batismo em águas (Mt 28.19,20; Lc 22.16-20). Mesmo que não haja
uma forma prescrita e específica de liturgia dos cultos, devemos primar em
manter os princípios ensinados por Jesus, no sentido de promover a comunhão com
Deus e com os irmãos. Na realização do culto, deve-se evitar tanto o formalismo
que engessa a liberdade da adoração a Deus em “espírito e em verdade” (Jo
4.23,24), quanto à espontaneidade individual sem limites, que vulgariza e
profana o “culto racional” que devemos prestar continuamente a Deus (Rm 12.1;
Sl 95.1-6).
“Tipos da Igreja.A Igreja de Cristo é
apresentada de diferentes formas pelos escritores sagrados, mostrando-lhe a
natureza, a missão e os recursos com os quais foi dotada pelo Senhor.
Virgem imaculada. Tendo em vista a sua
pureza e candura, provenientes do sangue vertido por Cristo, o apóstolo Paulo
denomina-a uma virgem imaculada (2 Co 11.2).
Esposa do Cordeiro. A igreja é assim
conhecida, em virtude da aliança que o Senhor Jesus com ela estabeleceu por
intermédio do sangue do Novo Testamento (Ap 21.9).
Corpo de Cristo. Sendo o Filho de Deus a
sua cabeça, a igreja é conhecida como o Corpo de Cristo, pois dEle recebe toda
orientação e governo (1 Co 12.27).
Edifício. Edificada por Deus
através de Jesus, tem ela como fundamento a doutrina dos apóstolos e dos
profetas (1 Co 3.9).
Nação santa. Separada do mundo e
consagrada para o serviço de Deus, a Igreja é assim vista pelo apóstolo Pedro
(1 Pe 2.9).
. Castiçal. Luz do mundo, tem a
Igreja como missão acabar com as trevas espirituais e morais deste mundo (Ap
1.20).
Israel de Deus. Já que Abraão é o nosso
Pai na Fé, somos hoje o Israel de Deus. Afinal, a parede que nos separava da
comunidade espiritual dos hebreus foi derribada (Gl 6.16).
Universal assembléia. Refere-se o
apóstolo à Igreja de Cristo como universal e invisível (Hb 12.22).
Família de Deus. Sendo os crentes filhos
de Deus por adoção, reunimo-nos, todos os que aceitaram a Cristo, como a
família de Deus (Ef 2.17-22)”(ANDRADE, C. Verdades centrais da fé cristã. RJ:
CPAD, 2006, p.209-10.)
A Igreja não é constituída por cimentos, tijolos e ferros, mas
por aqueles que experimentaram o novo nascimento e amam a Jesus de todo o
coração.
O valor da Igreja não é resultado de sua arquitetura, de suas
obras sociais ou da quantidade de filiais que possui, mas do precioso sangue de
Cristo. Embora classificada em universal e local, a Igreja de Cristo é apenas
uma. É um só corpo constituído por membros de todas as nações, raças e línguas.
A verdadeira Igreja de Cristo é indivisível - pois não há duas Igrejas de
Cristo -; militante, porque é composta por todos os salvos vivos; triunfante,
visto ser caracterizada por aqueles que já se encontram na glória com o Senhor.
Essas verdades são bálsamos para a vida de cada cristão, pois
veremos na glória àqueles que, triunfantes, partiram para estar para sempre com
o Senhor. Enquanto não alcançamos essa gloriosa promessa, nós, os crentes
militantes em Cristo, seguimos a nossa marcha triunfal até o maravilhoso
encontro com o Senhor da Igreja. Exaltemos, pois, a Jesus que nos resgatou e
constituiu-nos seu corpo místico!
Evangelização – A missão máxima da
Igreja
Nossa oração a Deus é que você continue sempre cheio do Espírito
Santo. Afinal, estar cheio do Espírito faz toda diferença quando ministramos a
Palavra de Deus! O Senhor Jesus, quando ensinava as Escrituras, estava
repleto do Santo Espírito (Lc 4.14-21). Ele próprio concedeu-nos o seu
Espírito, a fim de ensinarmos com ousadia, desembaraço e unção (At 1.8). Não
são as nossas belas palavras que vencem o mal e transformam a vida de nossos
alunos, mas a Palavra do Senhor transmitida “em demonstração de Espírito e de
poder” (1 Co 2.4). Seja, professor, continuamente “cheio do Espírito” (Ef
5.18).
O progresso de uma igreja local não pode ser medido ou avaliado
primeiramente por suas atividades filantrópicas, educacionais e materiais. O
progresso real de uma igreja é avaliado por seu alcance evangelístico,
juntamente com seus frutos espirituais, como resultado da semeadura da Palavra
de Deus. Todas as demais atividades são importantes, mas a prioritária e
incessante é a evangelização.
DEFINIÇÃO DE TERMOS
Existem três palavras interligadas na proclamação das Boas-Novas
que merecem a nossa atenção: evangelho, evangelismo e evangelização. Estas
definem e explicam a missão máxima da igreja na terra.
Evangelho (Mc 16.15). Só
entenderemos a importância da missão evangelizadora da igreja compreendendo o
significado de evangelho. O que é evangelho? No sentido mais simples, o
evangelho é definido como “boas-novas de salvação em Cristo”. Noutras palavras,
“evangelho” é o conteúdo da revelação de Deus, em Jesus como Salvador e Senhor
de todas as criaturas que o aceitam como seu Salvador pessoal. Evangelho,
portanto, é o conjunto das doutrinas da fé cristã que deve ser anunciado a toda
criatura.
Evangelização. Mateus 28.19,20 apresenta
o imperativo evangelístico de Cristo à sua igreja, com quatro determinações
verbais:
a) Ir. No sentido de mover-se ao encontro
das pessoas, a fim de comunicar a mensagem salvífica do evangelho;
b) Fazer discípulos. Com o sentido de
“estar com” as pessoas e torná-las seguidoras de Cristo;
c) Batizar. É o ato físico que
confirma o novo discípulo pela sua confissão pública de que Jesus Cristo é o
seu Salvador e Senhor;
d) Ensinar as doutrinas da Bíblia, com o
objetivo de aperfeiçoar e preparar o discípulo para a sua jornada na vida
cristã.
Evangelismo. Possui um caráter
técnico, pois se propõe a ensinar o cristão a cumprir, de modo eficaz, a tarefa
da evangelização. O evangelismo na igreja local implica uma ação organizada e
ativada pelos membros, para desenvolver três ações necessárias à pessoa do
evangelista: informação, persuasão e integração do novo convertido.
. A BASE DA EVANGELIZAÇÃO
O Pastor Guilhermo Cook, da Costa Rica, declarou num congresso
de missões que a tarefa da evangelização está firmada em três bases distintas:
a base cristológica, a ministerial e a sociológica.
A base cristológica. É
evidente que a mensagem que pregamos aos pecadores só pode ser a mesma que
Cristo pregou quando esteve na Terra. Jesus, ao iniciar o seu ministério
terreno, o fez a partir da cidade de Nazaré, quando entrou numa sinagoga e
levantou-se para ler a Escritura. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías e, ao
abri-lo, leu e explicou o texto de Isaías 61.1,2 (ver Lc 4.18,19). Nesta
Escritura, Cristo se identificou com a missão para a qual viera (Jo 1.14), mas
não restringiu a mensagem e a missão evangelizadora para si, pois outorgou-as a
seus discípulos (Jo 20.21). Ora, o mesmo Espírito que ungiu a Jesus para
proclamar as boas-novas habita na Igreja para que ela dê continuidade à
proclamação da mensagem salvadora do evangelho de Cristo (Lc 24.49; At 1.8; Rm
1.16).
A base ministerial. No Antigo
Testamento identificamos três ministérios distintos: o sacerdotal, o real e o
profético.
a) O sacerdote representava o povo diante de Deus, orando e
intercedendo por ele no exercício do ministério no Tabernáculo ou no Templo;
b) O rei representava a Deus perante o povo, e simbolizava o
domínio do divino sobre o humano;
c) O profeta era o intermediário entre Deus e o povo,
comunicando a mensagem de amor e de juízo.
Quando Jesus se fez homem, exerceu esse tríplice ministério.
Como rei, nasceu da linhagem real de Davi (Lc 1.32; Rm 1.3). Como sacerdote,
foi declarado sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque, e não segundo a
levítica (Hb 7.11-17,21-27). Como profeta, Cristo foi identificado pela
mensagem que pregava (Lc 4.18,19). Porém, o Senhor Jesus transferiu para a
igreja esse tríplice ministério. A igreja é vinculada à linhagem real de Jesus,
porque somos o seu corpo glorioso na terra (Ap 1.6; 1 Co 12.27). O sacerdócio
da igreja é identificado pela sua presença no mundo como intermediária entre
Deus e os homens. Exercemos esse ministério, cumprindo as responsabilidades
sacerdotais: interceder e reconciliar o mundo com Deus (2 Co 5.18,19; Hb 2.17).
E, por último, a igreja, ao anunciar a Cristo como Senhor e Salvador, cumpre o
seu papel profético (1 Pe 2.9; At 1.8).
A base sociológica. Em síntese,
pessoas evangelizam pessoas, pois Jesus morreu pelos pecadores. É sociológica
porque a igreja emprega os meios da comunicação pessoal para persuadir os
indivíduos de que Jesus é o Salvador; e porque a mensagem não se restringe a um
grupo, mas tem por objetivo alcançar todas as criaturas.
Evangelização urbana. Sem
prescindir da evangelização nos meios rurais, é um fato notório em nossos
tempos que a vida urbana é uma realidade que desafia e exige da igreja uma
pronta e veemente atitude para alcançá-la. Existe um fluxo migratório
incontrolável de pessoas que deixam a vida rural e saem em busca de melhores
oportunidades nas grandes cidades. Muitos problemas sociais resultam da
desorganização da vida urbana, e a igreja deve estar preparada para responder a
esses dilemas.
Estratégias adequadas devem ser desenvolvidas para alcançar as
pessoas. Os problemas típicos da vida urbana, tais quais a diversidade
cultural, a marginalização social, o materialismo, a invasão das seitas e as
tendências sociais, desafiam a igreja no sentido de, sem afetar a essência da
mensagem do evangelho, demonstrar o poder da Palavra de Deus que transforma e
dá esperança a todos (Rm 1.16).
Evangelização transcultural. A
evangelização transcultural começa na vida urbana com as diferentes culturas
vividas pelos seus habitantes. Porém, ela avança quando requer dos missionários
uma capacitação especial para alcançar as pessoas. É preciso que o missionário
tenha uma visão nítida de que a mensagem do evangelho é global, pois o
Cristianismo deve alcançar cada tribo, e língua, e povo, e nação até as
extremidades da terra (Is 49.6; At 13.47).
A mensagem do evangelho deve ir a todas as extremidades da
Terra, porque a salvação que Cristo consumou no Calvário visa a toda a
humanidade. A igreja não pode negligenciar sua missão principal: alcançar todos
os povos com a mensagem do evangelho.
“Renovando e Alcançando Pessoas.Precisamos
começar perguntando mais uma vez: Qual a nossa missão como igreja? A resposta
está em reconhecer que somos o corpo de Cristo. Portanto, devíamos estar
fazendo o que Ele fez na terra. A evangelização do mundo, portanto, tem de ser
a missão, o objetivo norteador da Igreja, pois era a meta central de nosso
Senhor — a única razão pela qual o Filho eterno, despojando-se de suas vestes
de glória, assumiu nossa forma. Ele veio para ‘buscar e salvar o que se havia
perdido’ (Lc 19.10) — ‘não veio para ser servido, mas para servir; e para dar a
sua vida em resgate de muitos’ (Mt 20.28).
Uma senhora, num grupo de turistas que visitava o Mosteiro de
Westminster, pinçou exatamente o problema. Voltando-se para o guia,
perguntou-lhe: ‘Moço, moço! Pare um pouco essa conversa, e me responda: será
que alguém foi salvo aqui por esses dias?’.
Um estranho silêncio recaiu sobre o grupo de turistas assustados
e, quem sabe, já embaraçados. Salvo no Mosteiro de Westminster? Por que não?
Não é essa a função da igreja? Uma igreja que esteja descobrindo o entusiasmo
do avivamento saberá disso, e estará em atividade, procurando ganhar os
perdidos. O avivamento e a evangelização, embora diferentes quanto à natureza,
brotam da mesma fonte e fluem juntos. Uma igreja que não sai para o mundo
anunciando as verdades do reino não reconheceria o avivamento, mesmo que este
viesse”(COLEMAN, R. Como
avivar a sua igreja. 15.ed., RJ: CPAD, 2005, p. 87-88.)
A Igreja não foi edificada por Cristo para construir escolas,
fundar hospitais ou assumir cargos políticos, por mais dignas que sejam tais
realizações, mas para cumprir com o mandato de “ir por todo o mundo e pregar o
evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Quando os crentes prescindem da
evangelização, não resta mais nada a igreja do que ser uma associação religiosa
em busca de privilégios e reconhecimento social. Somente um poderoso
reavivamento na vida dos crentes será capaz de transformar uma igreja apática quanto
à evangelização em uma comunidade rediviva. Cada crente deve envolver-se com a
evangelização dos pecadores. Cada cristão deve ser uma fiel testemunha de
Cristo.
Igreja, batismo e sua finalidade integradora
O educador David P. Ausubel, a partir do contexto escolar,
desenvolveu a teoria da Aprendizagem
Significativa. O educando aprende, de fato, quando uma nova
informação ministrada pelo professor se relaciona de modo
significativo com o conhecimento que o estudante já possui, produzindo uma
transformação no conteúdo assimilado e naquele que o aluno já sabe. Essa forma
de aprendizado se opõe à aprendizagem repetitiva, isto é, que não estabelece
qualquer relação entre os conhecimentos prévios do aprendiz e o novo conteúdo
apresentado. Saber que a classe já conhece o tema é um desafio ao professor que
apenas transmite informações, mas, para o educador de formação continuada, gestor
do conhecimento em sala de aula, é uma grande oportunidade para avançar e
compartilhar novos conceitos e discussões. Portanto, faça uma exegese de Rm
6.2-11 e Cl 2.12,13, e relacione os conceitos teológicos ao conhecimento que o
aluno já possui.
Para constituir o seu povo na Terra, o Senhor Jesus estabeleceu
a Igreja, o seu corpo místico (Ef 1.22,23). A Igreja do Senhor Jesus é composta
de pessoas que se arrependeram de seus pecados e, pela fé, aceitaram a Jesus
como seu único e suficiente Salvador. Entretanto, o sinal de ingresso e
identificação do novo crente na igreja local é a sua obediência às ordenanças
de Jesus à igreja: o batismo em águas e a Santa Ceia.
O
QUE É BATISMO
Sentido literal. Na língua original
do Novo Testamento, o grego, a palavra batismo (baptizō) significa “imergir”, “mergulhar”.
Vários textos do Novo Testamento mostram que o batismo era efetuado em águas
abundantes de rios, lagos ou mares, ou algum outro local com água suficiente
para imergir a
pessoa que desejasse ser batizada. Jesus, quando dirigiu-se a João Batista para
ser batizado, foi conduzido pelo profeta para dentro do rio Jordão (Mt 3.13-17;
Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34). Nos Atos dos Apóstolos, que contém a
história inicial da igreja, o mesmo procedimento do batismo por imersão é
registrado em diversas passagens: At 2.41; At 8.36-39; 9.18.
O sentido litúrgico. O
Novo Testamento estabelece apenas duas ordenanças que, embora não salvem,
testemunham da graciosa salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Essas ordenanças
são também símbolos que expressam a nossa fé e comunhão com Cristo, a saber: o
batismo em águas por imersão e a Santa Ceia. Essas duas instituições são
chamadas pela igreja deordenanças,
porque foram ordenadas por Jesus (Mt 28.19; 26.26-28; Mc 16.16). Os discípulos
cumpriram a ordem do Senhor Jesus, batizando os novos crentes, conforme o
mandamento de Cristo (Mc 16.20; At 2.41; 8.12,13,36-39; 10.47).
A IMPORTÂNCIA DO BATISMO POR IMERSÃO
O batismo cristão não salva, não lava pecados e não complementa
a salvação. Somente a obra expiatória de Cristo consumada no Calvário salva e
purifica o pecador de seus pecados (Hb 2.17; Ef 1.7; 1 Co 15.3). No entanto, o
batismo em água por imersão é um testemunho público da nova vida em Cristo
assumida pelo batizando.
A forma do batismo. Ao tratar do
batismo, a Bíblia é incisiva ao demonstrar que o convertido deve ser imerso na
água (At 8.36) como um sinal físico e visível de sua fé. Portanto, o batismo
além de requerer muita água (Jo 3.23), também condiciona que, tanto o que
batiza, o oficiante, quanto o batizando, o candidato, desçam à água (At 8.38).
A linguagem bíblica empregada na simbologia do batismo em Romanos 6.4 e
Colossenses 2.12 implica imersão total.
A autoridade para batizar e a fórmula do batismo. Muitos
não percebem estes dois fatos da doutrina do batismo e trabalham de forma
errada.
a) Autoridade. A ordem divina para
batizar, bem como a fórmula do batismo, temo-las a partir de Mateus 28.19:
“Batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. O “nome”, de
acordo com a cultura hebraica, está relacionado com “autoridade concedida”,
como ocorre até hoje no dia-a-dia. “Em nome” fala-nos do direito concedido por
Jesus aos seus ministros para efetuarem o batismo de acordo com a ordenança divina.
Os textos de At 2.38; 8.16; 10.48 e 19.5 enfatizam a autoridade para batizar
“em nome de Jesus”.
b) A fórmula. Ainda em Mateus 28.19,
encontramos a fórmula do batismo na expressão: “do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo”, pois a salvação procede do Pai que a planejou; do Filho, que a
consumou; e do Espírito Santo que tanto efetuou a encarnação do Filho, como
também aplica a salvação ao homem. A fórmula tríplice do batismo é uma maneira
de ressaltar a Santíssima Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. No
entanto, os unitaristas deturpam e negam a doutrina da Trindade de Deus. As
Escrituras, porém, ensinam que Deus é uno e ao mesmo tempo triúno, isto é, Deus
o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo.
AÇÃO INTEGRADORA DO BATISMO NA VIDA DA IGREJA
A prática do batismo no início da igreja. O
dia de Pentecostes, com o derramamento inicial do Espírito Santo na vida dos
discípulos de Jesus, assinalou também o nascimento da Igreja depois da pregação
de Pedro, quando, naquele mesmo dia, foram batizadas quase três mil pessoas que
se agregaram a nova igreja (At 2.37-41). No entanto, o batismo em águas não é
pré-requisito para receber o batismo com o Espírito Santo. Na casa de Cornélio,
toda a sua família foi cheia do Espírito e falou em outras línguas e, a seguir,
foi batizada em água (At 10.44-48). Naturalmente, uma pessoa que aceita a
Cristo como seu Salvador e Senhor não deve ficar alheia à vida da igreja e ao
batismo em água. Este, além de ser uma ordenança, objetiva integrar o crente ao
Corpo de Cristo (At 2.41).
As realidades espirituais figuradas no batismo. O
batismo em água é uma identificação pública do crente com Cristo, o seu
Salvador, em que:
a) A descida do candidato às águas fala da nossa morte com
Cristo;
b) A imersão nas águas está relacionada com o nosso sepultamento
com Cristo;
c) O levantamento das águas representa a nossa ressurreição com
Cristo em novidade de vida (Rm 6.3,4).
O batismo em água é a porta de entrada para agregar-se à igreja
visível, terrena e local. Portanto, é indispensável que todo convertido a
Cristo seja assim batizado e integrado à vida da igreja cristã local. O batismo
não salva, no entanto, todos os que crêem em Jesus para sua salvação pessoal
desejam descer às águas batismais em cumprimento ao mandato de Jesus (Mc
16.16).
“O significado do Batismo. É
um símbolo. O batismo é um símbolo da nossa identificação com a morte,
sepultamento e ressurreição de Jesus (Rm 6.3,4). Assim como Jesus morreu,
também morremos para o mundo (Gl 2.20; Cl 3.3) e somos ‘sepultados’ pelo
batismo, para que, juntamente com Ele, venhamos a ressuscitar em ‘novidade de
vida’ (Rm 6.5; Cl 2.12).
É uma confissão. O batismo é também um ato
de confissão da nossa fé em Jesus, pois, por intermédio desta, morremos para o
mundo, a fim de pertencermos a Jesus (Gl 3.27; 1 Pe 3.18). O batismo se torna
para o crente um verdadeiro limite entre o Reino de Deus e o mundo, como o mar
Vermelho foi o limite entre a terra da escravidão (o Egito) e o caminho para a
nova vida (Canaã - 1 Co 10.2).
É uma ordem. Jesus ordenou, e queremos
obedecê-lO. Jesus é o nosso exemplo em tudo (1 Pe 2.21 ; Jo 13.15), e Ele foi
batizado para cumprir toda a justiça de Deus (Mt 3.21). Assim, também queremos
seguir as suas pisadas (1 Pe 3.21; Sl 85.13).
É uma bênção. É um ato em que Jesus
opera na vida daquele que se submete a Ele, abençoando-o e confirmando a sua fé
na Palavra. Não é, como alguns afirmam, um ato mágico que, apenas pela
ministração, traz efeitos para a vida espiritual. A salvação é um dom de Deus
(Rm 6.23). Porém, Deus proporciona, mediante o batismo, ricas bênçãos que
aperfeiçoam a salvação recebida”.(BERGSTÉN. E. Teologia sistemática. 4.ed.,
RJ: CPAD, 2005, p.244-5.)
A figura do batismo em águas ilustra a nossa plena identificação
com Cristo. Somente aquele que experimentou a regeneração efetuada pelo
Espírito Santo provou o que o símbolo representa - a plena identificação do
crente com a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.O batismo não salva o
crente, no entanto, todos os que crêem em Jesus para sua salvação pessoal,
desejam descer às águas batismais em cumprimento ao mandato de Cristo Jesus.
O batismo no Espírito Santo é uma iniciativa divina. Jesus é
quem decide a hora e o lugar para o crente ser batizado no Espírito Santo.
Entretanto, o batismo em águas é uma decisão pessoal do cristão. Somente o
crente, ele ou ela, é que decide quando batizar-se.
Alguns crentes ainda não foram batizados, muito embora estejam a
tanto tempo na igreja. O que falta? Certeza de que é um salvo ou salva em
Cristo? Medo de comprometer-se com a doutrina da igreja? Ainda não nasceram de
novo? Não sabemos ao certo. Mas todo crente verdadeiramente convicto de todas
as promessas de Deus para a sua vida, se ainda não foi batizado, aguarda com
expectativa o momento para testemunhar publicamente de sua fé em Cristo.
Discipulado, a missão educadora da
Igreja
O pastor Oséas Macedo, na obra Manual de Missões “ afirma que a
tarefa de salvar o mundo não pode ser desassociada do enviar
crentes para alcançá-lo. O processo de salvar o mundo começa com enviar. Enviar
pessoas capacitadas por Deus para pregar, a fim de que todos possam ouvir, crer
e invocar o nome de Jesus para serem salvos. No entanto, a tarefa da igreja não
estará completa enquanto o novo crente não for integrado à vida da igreja e
tornar-se capaz de ganhar outros para Cristo. Reproduza e apresente
graficamente as etapas acima descritas como segue abaixo.
A existência da igreja local decorre, essencialmente, de duas
atividades conjuntas: da evangelização e do discipulado. Não há como trabalhar
com o discipulado sem a evangelização, pois o primeiro complementa a segunda.
Essas duas tarefas indissociáveis estão relacionadas à suprema missão da
igreja: Pregar o evangelho a toda criatura e ensinar a todas as nações (Mt
18.19,20). Nas palavras de Jesus em Mateus 28.19,20, temos o modelo e o método
do discipulado cristão. Porquanto, “pregar o evangelho” implica proclamar as
boas-novas de salvação aos pecadores, a fim de convertê-los a Cristo e
torná-los discípulos idôneos, fiéis a Jesus e capazes de gerarem outros
seguidores (2 Tm 2.2). Devemos ressaltar que a conversão é uma obra espiritual
que somente o Espírito Santo pode realizar. Só Ele pode “fazer convertidos”,
mas “fazer discípulos” é um ofício que compete a cada crente em Cristo.
A TAREFA DA IGREJA NO DISCIPULADO
A visão da igreja quanto ao discipulado. Três
importantes elementos relacionados aos cristãos locais devem estar vinculados
ao propósito de uma igreja que deseja crescer em quantidade e qualidade:
conservação, desenvolvimento e multiplicação. O trabalho da semeadura da
Palavra possui métodos específicos, assim como o da regadura e da ceifa. A
evangelização (o ato de semear o evangelho) e o discipulado (integração do novo
crente) requerem tempo, pelo fato de que ambas as atividades envolvem um
processo contínuo e, não apenas, um ato isolado. Além disso, demandam muita
oração, esforço, paciência, fé e perseverança para alcançar os resultados
desejados. A maturidade espiritual do cristão não ocorre de modo rápido e
instantâneo, mas progressivamente em Cristo (Cl 1.28,29). Para que conservemos
em nossas igrejas os novos convertidos em Cristo, precisamos trabalhar com
amor, dedicação e objetividade. Muito da imaturidade espiritual dos membros da
igreja local é resultado da ignorância destes em relação às doutrinas básicas
da Bíblia (Hb 5.12-14).
O quadriforme método de Jesus. O
texto de Mateus 28.19,20 apresenta o método quadriforme, ordenado por Jesus:
indo, fazendo discípulo, batizando e ensinando. Como se vê, a ordem de Jesus a
seus discípulos requer uma ação de natureza crescente e dinâmica. Jesus, ao
ordenar “Ide”, estava mobilizando o discipulador a irá pessoa que se quer
discipular. No segundo ato da ordem, “fazer discípulos”, a tarefa exige que o
discipulador acompanhe e conviva com o aprendiz. O terceiro passo do mandado
inclui o ato do batismo, como uma confissão pública, resoluta e definitiva do
novo seguidor de Cristo. E, por último, a ordem do Mestre à igreja demanda que
o neoconverso seja ensinado na doutrina do Senhor e conduzido à maturidade
espiritual, para que possa discipular outros para Jesus.
DISCIPULADO E DISCÍPULO
Que é discipulado? É o trabalho
cristão efetuado pelos membros da igreja, a fim de fazer dos novos crentes -
crianças, jovens e adultos -, autênticos cristãos, cujas vidas se assemelham em
palavras e obras do ideal apresentado pelo Senhor Jesus Cristo, conforme lemos
em Mateus 28.18-20; Colossenses 1.28,29; Efésios 4.13-16. A igreja precisa, no
discipulado cristão, de uma visão celestial multiplicadora, selecionando e
treinando homens e mulheres para que, por suas vidas santas e ungidas e, pelo
ensino das verdades cristãs, possam educar os novos discípulos e torná-los
aptos para fazer outros.
Que significa ser discípulo? A
palavra discípulo no Novo Testamento quer dizer um “aprendiz” e “seguidor do
seu mestre”. Na Leitura Bíblica em Classe (v.24), Jesus chama seus discípulos
para seguirem seus passos como Mestre, Salvador, Guia e Senhor. Jesus, em certa
ocasião, ensinou sobre a relação entre o mestre e o discípulo, dizendo: “Não é
o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta
ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor” (Mt 10.24,25). Em
Lucas, o Senhor Jesus reitera o princípio anterior e reforça-o afirmando: “O
discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o
seu mestre” (Lc 6.40).
A IGREJA REALIZANDO O DISCIPULADO
A Igreja deve selecionar pessoas para o discipulado. Os
primeiros crentes que Jesus escolheu para trabalhar foram: João e André (Jo
1.35-40); este último trouxe seu irmão Pedro (Jo 1.41,42); Filipe e Natanael
(Jo 1.43-46); Mateus (Mt 9.9) e outros mais. Na força do Senhor, a igreja
precisa investir o máximo na preparação de discipuladores, a fim de fazer mais
discípulos.
A igreja deve concentrar sua atenção sobre os discipuladores. O
pastor da igreja é o ponto de partida para a dinâmica do ministério do
discipulado. Nesse sentido, o progresso do trabalho do discipulador depende
muito da visão do pastor da igreja. Jesus devotou grande parte do seu
ministério terreno aos seus discípulos, para que eles pudessem “fazer
discípulos” posteriormente. Dentre a massa de seus seguidores, Jesus escolheu
12 homens, sobre os quais concentrou toda a sua atenção na preparação dos
mesmos para cuidarem da sua Igreja, que surgiria depois da sua morte no
Calvário.
A igreja deve treiná-los para a tarefa do discipulado. Foi
num grupo pequeno, distinto, mas coeso, que Jesus investiu a maior parte do
tempo do seu ministério. Temos a tendência de acreditar que a maior parte do
tempo da igreja deve ser dedicado à multidão. Entretanto, os Evangelhos mostram
que o treinamento individual de homens e mulheres para o serviço do Mestre
surte maior efeito. A igreja que deseja conservar os frutos da evangelização
precisa priorizar o trabalho do discipulado.
“O que é ser discípulo.A palavra grega mathēthēs, traduzida para
o português, significa discípulo. O dicionário grego de Taylor a define como se
referindo aos que aderiam a Jesus. Portanto, ser discípulo de Jesus é aderir a
Ele e a seus ensinos. Aderir no sentido de viver com Ele e para Ele. É estar a
seus pés e dEle retirar ensinos e exemplos a serem seguidos. Este é o sentido
de discípulo no Novo Testamento.
Há uma coisa importante que precisa ser dita sobre o que
significa ser discípulo de Jesus. Nenhum ser humano que já viveu sobre a face
da Terra conseguiu ser discípulo de Cristo, sem antes passar por uma
experiência de conversão com esse próprio Cristo. Do Senhor é que obtemos
forças e condições para a eficácia do discipulado. Aliás, o padrão de vida que
o Senhor estipulou para o discípulo é tão elevado que ninguém pode alcançá-lo
baseado em sua condição natural, humana. Precisamos de uma capacitação
espiritual, moral e ética que só pode ser obtida pela própria presença de Jesus
Cristo. Ele vivendo em nós e através de nós. O apóstolo Paulo chega a dizer que
o verdadeiro discípulo tem a ‘mente de Cristo’ (1 Co 2.16). O discípulo,
portanto, deve agir e reagir como se fora o Senhor mesmo”.(CIDACO, J. A. Um grito pela vida
da igreja. RJ:
CPAD, 1996, p.104-5.)
Centenas de pecadores convertem-se anualmente, experimentam o
novo nascimento, mas não chegam à maturidade espiritual, pois lhes faltam pais
espirituais. Muitos daqueles que permanecem se desenvolvem com anomalias e
atrofias éticas e doutrinárias. Onde estão os discipuladores? Você está
disposto a “fazer discípulos”? Assim como o recém-nascido necessita de cuidados
para desenvolver-se de modo saudável, o novo convertido precisa de cuidados
espirituais para chegar à maturidade na fé. Isso só é possível se cada crente
assumir o inalienável compromisso de ser um discipulador cristão. Alguém em
certo lugar afirmou que a igreja é um hospital. Mas perguntamos: “Será que e
uma geriatria?” — uma vez que não há renovação de seus membros. “Será que é uma
ortopedia?” — uma vez que o corpo está atrofiado. “Será que é uma pediatria?” —
pois todos os que nascem recebem os cuidados espirituais necessários. Façamos
de nossas igrejas um hospital geral, que trate do ser humano em todas as suas
necessidades espirituais.
Igreja,
povo exclusivo de adoração
O QUE É ADORAÇÃO
1. Adorar é um ato de rendição a Deus. Nas
línguas bíblicas, o sentido do termo “adoração” é chegar-se a Deus de modo
reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-Lo. Adorar é um ato de
total rendição, gratidão e exaltação jubilosa a Deus (Sl 95.6; 2 Cr 29.30; Mt
2.11). Éo Espírito Santo que habilita o crente a adorar com profundidade e
temor a Deus (Jo 4.23,24; Ef 5.18,19; 1 Co 14.15; At 10.46; Fp 3.3).
2. Adorar é um sublime ato de serviço a Deus. O
servir a Deus tem relação direta com o adorar a Deus. O serviço que fazemos
para Deus por amor e gratidão, sob o estímulo do Espírito Santo, é uma forma de
adoração. Na verdade, como afirmou o pastor Russell Shedd: “o Senhor reivindica
a totalidade do serviço dos seres a quem Ele resgatou e deu vida”.
3. Adorar a Deus requer reverência. Deus
é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória.
Por isso, devemos adorá-Lo e servi-Lo com toda reverência, fervor, zelo,
sinceridade e dedicação (Hb 12.28,29). Portanto, adoração e reverência são
elementos inseparáveis em nosso culto a Deus. Adorar é também exaltar e
reconhecer que Deus é o Senhor, Criador de todas as coisas (Sl 95.3-6).
A NATUREZA DA ADORAÇÃO
Adorar é uma experiência interior. No
Salmo 95.6,7, o salmista convida: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos!
Ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou. Porque ele é o nosso Deus, e nós,
povo do seu pasto e ovelhas da sua mão”. Ele exalta a Deus por aquilo que Ele é
e faz. E sendo Deus infinito, há muitas maneiras de adorá-Lo, conforme o
Espírito Santo nos ensina e dirige. A adoração a Deus, no qual vivemos, nos
movemos e existimos, é, acima de tudo, uma atitude interior do ser humano,
imagem e semelhança do Criador (At 17.28). Faz parte da estrutura espiritual de
quem crê, teme, ama e serve ao Eterno, a necessidade interior de adorá-Lo (Ef
1.6,12,14).
A adoração testifica da redenção. A
Igreja tem um papel relevante no que diz respeito à obra redentora de Jesus. A
Igreja não salva, mas é através dela que a salvação é difundida e recebida. O
crente, que foi salvo da condenação do pecado, deve aqui viver em santidade
prática, liberto do poder do pecado, e vencedor por Cristo, mediante a fé (Hb
11.17-39).
Na adoração e ministração da Palavra de Deus, a ignomínia do
pecado é revelada e a necessidade de salvação é demonstrada (Sl 51.10-12,17;
32.5-7). O homem sob o poder do pecado não é capaz de avaliar o perigo eterno
que aguarda aquele que é escravo do pecado. Mas, uma vez remido e salvo do
pecado, o crente deseja adorar ao Senhor que o salvou (Sl 32.1,2;
34.15-22).
. ADORAÇÃO E O SERVIÇO CRISTÃO PRESTADO A DEUS
Adorar e servir ao Senhor (Mt 4.10; Ap 2.19). Liturgia
é o conjunto dos elementos que compõem o culto de adoração a Deus. Em 2 Co
9.12, a palavra é traduzida por “serviço”, ao referir-se à coleta que se fazia
durante o culto para auxílio dos missionários e irmãos necessitados (2 Co 8;
9). A oferta apresentada como gratidão a Deus, para o sustento de sua obra, é
um ato de adoração (2 Co 9.7-12). O termo também é empregado em Filipenses
2.17,30, descrevendo o “serviço da fé”, isto é, o esforço pessoal empreendido
pelo servo de Cristo a favor de sua obra. Portanto, essa palavra tem uma
relação direta com o culto que fazemos a Deus, seja no serviço da adoração,
contribuição financeira ou realização da obra do Senhor (Mt 4.10; Jo 16.2; Hb
9.9; Ap 2.19).
O apóstolo Pedro declara que, nós, a Igreja, somos templo
espiritual edificado para a glória de Deus. A Igreja é, também, “um sacerdócio
santo” para oferecer sacrifícios espirituais a Deus, o que se constitui um
“serviço de adoração” (1 Pe 2.5,9).
Adorar e estar unido a Cristo. Na
adoração, a união entre Cristo e a Igreja é demonstrada na celebração da Santa
Ceia do Senhor, nas figuras da “videira e seus ramos”, e da Igreja como “corpo
de Cristo”.
a) A Santa Ceia (Lc 22.14-20; 1 Co 11.23-34). A
Santa Ceia, com todo o simbolismo bíblico envolvido, além de celebrar a unidade
e a identificação da igreja com a vida, sofrimento e glória de Jesus Cristo,
promove a comunhão fraternal entre os irmãos (Jo 6.48-58). Uma maravilhosa
cerimônia de adoração, instituída pelo próprio Cristo (Mt 26.25-30; Mc
14.22-26).
b) A Videira e os ramos (Jo 15.1-10). Essa
alegoria descreve a união de Jesus com a sua Igreja, mediante as figuras dos
ramos e do tronco (vv.3-5). Essa unidade é enfatizada na expressão: “Estai em
mim, e eu, em vós” (Jo 15.4,6,7), e na palavra “permanecer” (vv.9,10,11).
Permanecer diariamente nEle é a única maneira de vivermos renovados pela seiva,
o Espírito Santo, que brota ininterrupto da vide (Jo 7.37-39; 8.31).
c) Corpo de Cristo (Ef 1.22,23). Assim
como a vida do ramo procede da seiva da videira (Jo 15.4,5), o corpo é
vivificado enquanto está unido à cabeça. Portanto, a Igreja e Cristo constituem
uma unidade santa indissociável, da qual cada crente participa, se permanecer
nEle.
Não precisamos de qualquer talismã ou objeto, tido como sagrado,
para desfrutarmos da presença, proteção e comunhão do Senhor Jesus Cristo. Ele
tem de estar presente pelo Espírito Santo, no seio da Igreja e no coração dos
crentes. Essa presença dinâmica faz fluir a adoração da Igreja através de
cânticos, manifestação de dons espirituais e do ensino da Palavra de
Deus.
“Concentre-se na Eternidade.Paulo
nos diz em Colossenses 3.1,2 para pensarmos ‘nas coisas que são de cima’, não
naquelas que são terrenas. Afinal, como ele diz, a nossa vida ‘está escondida
com Cristo em Deus’. Nosso espírito habita com Ele nos lugares celestiais; por
que deveríamos ficar confortáveis na sarjeta? [...] Seguem algumas idéias para
você começar sua vida de louvor. Recomendo a seleção e a prática imediata de
algumas.
1. Louve a Deus através da música. Existe
bastante boa música de louvor, mas minha sugestão é para que você escolha
alguns bons hinos e de fato passe algum tempo ouvindo, meditando profundamente
nas palavras e louvando a Deus através deles.
2. Louve a Deus através de versículos das Escrituras
memorizados. Não posso recomendar a você nenhuma tarefa mais merecedora
de seu tempo que aprender os grandes versículos da Bíblia memorizando-os. Uma
vez que aqueles versículos estão incutidos em seu coração, tornam-se uma parte
permanente de seu ser. Você recebeu do Espírito santo uma ferramenta para
encorajamento em sua vida. Ele o fará recordar daqueles versículos quando você
mais precisar deles.
3. Louve a Deus nos intervalos diários. Escolha
pequenos intervalos em que você possa parar suas atividades e cantar baixinho,
louvores a Deus ou entoá-los em voz alta. Leve consigo um Novo Testamento de
bolso ou mesmo alguns dos seus versículos favoritos anotados em um cartão.
Depois de algum tempo, isto não acontecerá apenas em intervalos determinados.
Você estará adorando constantemente durante suas atividades diárias”.(JEREMIAH,
D. O desejo do meu
coração: vivendo cada momento na maravilha da adoração. RJ:
CPAD, 2006, p.224-6.)
Em Gn 22.5, Abraão ordena aos seus servos que fiquem no sopé do
monte enquanto ele e seu filho adoram a Deus — Ele obedeceu. Levantou-se cedo,
separou a madeira e o fogo, e pôs o altar do holocausto em ordem — Ele serviu.
Por fim, após obedecer pela fé, servir mediante o rito, ele adora reconhecendo
o que Deus é — Ele louva (v.14). Portanto, adoração integral inclui: obedecer,
servir e louvar.
Somos desafiados a servir e adorar a Deus como fez o patriarca
Abraão. A fidelidade do patriarca ao Senhor era muito maior do que a montanha
da terra de Moriá. O seu amor e devoção ao Deus verdadeiro eram superiores ao
amor que ele sentia pelo seu único filho.
Às vezes, adorar a Deus requer esforço e sacrifício. Quantas
chuvas, frio e calor já impediram você de adorar a Deus! Outros olham para o
guarda-roupa e queixam-se por terem de repetir as vestes da semana anterior e,
por isso, deixam de ir à igreja adorar a Deus. Com certeza Abraão riria de
situações tão banais quanto estas, uma vez que ele foi desafiado a adorar a
Deus sacrificando o que ele possuía de melhor — seu filho Isaque.
Missão profética da Igreja — A
proclamação da Palavra
A PROCLAMAÇÃO
PROFÉTICA DA IGREJA PRIMITIVA
A Leitura Bíblica em Classe nos mostra que a pregação do Reino
de Deus tinha um sentido profético e missionário na vida da
igreja primitiva. Um dos termos originais usado no Novo Testamento para
descrever a proclamação da igreja é kerygma,
traduzido por “pregação” (Rm 16.25; 1 Co 1.21; 2 Tm 4.17; Tt 1.3), e “proclamação”
(Lc 4.18; 1 Ts 2.9 - ARA).
Demonstrada na revelação do mistério da vontade de Deus. As
Sagradas Escrituras descrevem a proclamação das boas-novas e o seu conteúdo
doutrinário como a revelação do “mistério que desde os tempos eternos esteve
oculto em Deus” (Rm 16.25; 1 Co 2.7; Ef 1.9; 3.3,4,9; 5.32; 6.19). Esse
mistério não é descrito apenas como uma mensagem (Rm 16.25; Ef 3.3; 6.19), mas
como o Verbo encarnado (Cl 1.26-28; 2.2,3; 4.3). Este revelou a Deus (Jo 1.18;
8.16; 10.30), a vontade divina (Mt 7.21; Jo 4.34) e a Palavra de Deus (Jo
14.24; 17.6,14,17).
a) O mistério revelado à Igreja. Segundo
o Novo Testamento, o mistério foi revelado à Igreja para a glória dos santos (1
Co 2.7; Cl 1.26,27); como está escrito: “descobrindo-nos o mistério da sua vontade,
segundo o seu beneplácito” (Ef 1.9). O mistério revelado da salvação em Cristo
deve ser anunciado a todos os homens (Ef 3.9; 6.19; Cl 4.3; 2.2).
b) O mistério desvendado em Cristo. Deus
havia planejado a Igreja antes da fundação do mundo e a sua concretização
haveria de acontecer na história da humanidade. Todo o plano de restauração e
salvação que estava oculto cumpriu-se em Jesus Cristo (Ef 1.9,10; Cl 1.27; 2.2)
“na plenitude dos tempos” (Gl 4.4; Ef 1.10), quando Deus enviou seu Filho para
salvar o homem (Lc 19.10), e despojar a Satanás e seus anjos, triunfando sobre
eles (Cl 2.15; 1 Jo 3.5,8). Este é o “mistério da piedade” que inclui os fatos
da encarnação, morte, ressurreição e triunfo glorioso de Jesus Cristo (1 Tm
3.16).
Revelada na missão de anunciar o reino de Deus. Os
Evangelhos são enfáticos quanto à mensagem de Cristo e dos seus discípulos no
sentido de proclamar o Reino de Deus a todas as gentes (Mt 3.1,2; Mel.14,15; Lc
18.16,1 7). A centralidade da mensagem está no Reino de Deus — o foco principal
da proclamação da Igreja em seus primórdios (At 1.3; 8.12; 14.22; 19.8; 20.25;
28.23,31). Quando se diz “é chegado o Reino...” (Mt 4.17), o sentido é
profético, referindo-se tanto à presença do Reino no presente quanto no futuro.
A atual manifestação do Reino de Deus implica salvação do poder do pecado, mas
quanto ao futuro, a libertação da presença do pecado (1 Co 15.20-25,42-57).
DIMENSÕES DA MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA
A Grande Comissão (Mt 28.18-20). A
missão profética da Igreja está implícita na Grande Comissão que lhe foi
outorgada por Cristo. Vários textos dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos
falam da abrangência ilimitada da missão profética da Igreja (Mt 28.18-20; Mc
16.15-20; Lc 24.46,47; At 1.8). Essa missão profética de pregar o evangelho tem
seu alicerce na autoridade de Jesus. É função da Igreja proclamar a todos que
se arrependam, para que sejam perdoados os seus pecados (Mc 1.14), e possam
ingressar no Reino de Deus.
O novo pacto de Deus (Êx 19.1,2; Ef 3.2-5). Da
semente de Abraão, Deus suscitou Israel e fez um pacto com esse povo para ser o
seu representante na Terra. Israel recebeu de Deus uma missão profética, mas
falhou. Então, o Todo-Poderoso elegeu um novo povo constituído de judeus e
gentios, estabelecendo através de seu Filho Jesus um novo pacto. Deste modo, as
promessas de Deus a Abraão cumprem-se na Igreja (Ef 3.10,11; Hb 8.6).
A MENSAGEM PROFÉTICA DA IGREJA (At 3.18-26)
Arrependimento (At 2.38; 3.19; 17.30). O
arrependimento requer uma mudança completa na vida de rebelião e pecado do
homem contra Deus, para uma nova vida de fé e obediência ao Senhor. Jesus
ordenou que em seu nome se pregasse o arrependimento a todas as nações (Lc
24.47). A mensagem de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos
(At 2.38) era uma veemente chamada ao arrependimento: “Arrependei-vos e crede
no evangelho” (Mc 1.15). Uma igreja morna perde sua função profética e não
prega o arrependimento dos pecados. Todavia, a Igreja do Deus vivo, a coluna e
firmeza da verdade (1 Tm 3.15), não se associa ao mundo inconverso e perdido;
ao contrário, conclama a todos que se arrependam e se convertam, para que sejam
perdoados de seus pecados (At 3.19).
A segunda vinda de Cristo (vv.20,21; 1 Ts 4.13-18). A
pregação do evangelho pelos apóstolos anunciava o retorno triunfante de Cristo
à Terra, como cumprimento da palavra profética anunciada pelos santos profetas
do Antigo Testamento. A missão profética da Igreja, portanto, inclui a proclamação
do retorno triunfante de Cristo como juiz dos vivos e dos mortos (At 10.42;
17.31), não apenas dos cristãos, mas também dos pecadores.
Segundo o texto de 1 Pe 2.9,10, a igreja deve cumprir plenamente
o seu tríplice ministério: real, sacerdotal e profético, para que a sua missão
satisfaça o projeto de Deus na Terra.
“Revelação e Mistério.Os termos revelação e
mistério são associações comuns nas epístolas paulinas. Paulo emprega, por
exemplo, o termo mistério seis vezes na epístola aos Efésios. Para compreender
adequadamente este termo é necessária uma comparação formal com a epístola aos
Colossenses, pois esta também usa o termo várias vezes (1.26,27; 2.2; 4.3). O
termo também pode ser encontrado em Romanos (duas), 1 Coríntios (seis), 1
Timóteo (duas), 2 Timóteo (duas). Os usos do termo mystēhon nestas
epístolas possuem particular afinidade com o contexto já encontrado em Efésios
e Colossenses.
Em Colossenses, mistério é especificado pelo genitivo ‘mistério
de Deus’ (2.2) e ‘mistério de Cristo’ (4.3). Nos outros dois casos (1.26,27), o
contexto define o mistério em relação a Deus e a Cristo: ‘Deus quis fazer
conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é
Cristo em vós, esperança da glória’. Em Colossenses 2.2, este mistério é o
próprio Cristo: ‘para conhecimento do mistério de Deus — Cristo’.
Esse conjunto de características se encontra também nos textos
de Efésios. Em três casos, o mystēhon é
determinado por um genitivo que o coloca em relação com a iniciativa eficaz e gratuita
de Deus, a sua ‘vontade’ (1.9), com o Cristo (3.4) ou com o Evangelho (6.19).
Em dois casos, o termo é usado de forma absoluta, ‘o mistério’ (3.3,9), mas o
contexto permite referi-lo, sem dúvida, a Deus ou ao Cristo. Exclui-se dessa
perspectiva o caso de 5.32, onde designa uma interpretação ‘profética’ de um
texto bíblico, precisamente, de Gênesis 2.24, relido à luz da ligação salvífica
entre Cristo e a Igreja [...]”.
(BENTHO. E. C. Hermenêutica
fácil e descomplicada. 3.ed. RJ: CPAD, 2005,
p.37-8.)
Cada membro do Corpo de Cristo é responsável pela comunicação da
“sabedoria de Deus em mistério” (1 Co 2.7). O mistério, anteriormente oculto,
foi revelado por meio de Jesus e preordenado desde a eternidade para nossa
glória salvífica. O anúncio da sabedoria de Deus em mistério não é apenas um
privilégio, mas uma responsabilidade que impele o crente a consagrar a sua
vida, esforço e tempo.
O crente é responsável pela comunicação do mistério de Deus
revelado em sua vida: as bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3), a adoção (Ef
1.5), o selo e penhor do Espírito (Ef 1.13), entre tantos outros mistérios que
foram compartilhados com cada crente em particular. Sejamos, pois, ministros de
Cristo e despenseiros fiéis dos mistérios de Deus, como ordena a Bíblia (1 Co
4.1).
A missão ética da Igreja
De modo geral, a ética relaciona-se aos costumes ou
práticas sociais de um povo. Na Igreja, a ética consiste nos conceitos que
determinam o certo e o errado, de acordo com as Escrituras. A ética cristã tem
por finalidade moldar a vida do crente dentro dos princípios que levam a um
viver pleno de virtudes, valores morais e espirituais, segundo as Escrituras e
a ação do Espírito Santo em nosso ser (2 Co 3.17,18; Gl 5.22,23).
A BASE ÉTICA DA IGREJA
A ética da Igreja baseia-se no caráter de Deus, segundo o que
está revelado na Bíblia. No Antigo Testamento, estão os princípios divinos que
norteiam o comportamento humano. Jesus confrontou o legalismo hipócrita dos
escribas e fariseus quanto à Lei, a espiritualidade e a vida material. Ele
objetivava destacar as normas éticas e morais do Antigo Testamento sob uma nova
perspectiva, que é a continuação da revelação divina através do Novo
Testamento.
Deus é um Ser pessoal e ético. A
ética perfeita é inerente ao caráter de Deus. Ele não precisa, nem depende de
regras, pois é a fonte da ética. Os vários nomes de Deus, expressos na Bíblia,
revelam que o Altíssimo é perfeito em santidade por si mesmo. No princípio da
criação, Ele se revelou como o Deus Criador, que existe por si mesmo, de
eternidade em eternidade (Sl 90.2).
Quando chamou a Abrão de Ur dos Caldeus, o Senhor se revelou de
modo muito pessoal. A Moisés, Ele se revelou como Jeová, o Deus Eterno e
Todo-Poderoso. Deus não está limitado à dimensão física como o homem. Na
Bíblia, nos deparamos com expressões referentes ao Eterno que identificam seu
caráter ético, por exemplo: "maus aos olhos de Deus" (Gn 38.7,10; Dt
6.18; 1 Cr 2.3). Isso indica que o Senhor estava consciente das ações morais dos
homens.
Atributos morais de Deus. São
qualidades morais que revelam o caráter ético de Deus, tais como justiça,
retidão, perfeição, santidade, misericórdia e amor. Sua justiça é um atributo
moral que revela seu perfeito julgamento. A Igreja de Cristo apregoa a justiça,
segundo a justiça de Deus, que se manifestou em Cristo, o qual cumpriu toda a
justiça (Rm 1.17). Por isso, Cristo se tornou da parte de Deus sabedoria,
justiça, santificação e redenção (1 Co 1.30). A misericórdia de Deus é a
expressão da sua justiça (Êx 34.6,7; Sl 145.8). Finalmente, aludimos ao
infinito e eterno amor de Deus revelado à obra-prima da sua criação, o homem
(Jr 31.3; 1 Co 13.1-7).
A DEMONSTRAÇÃO DA ÉTICA BÍBLICA PELA IGREJA
Nenhum sistema ético do mundo, mesmo o mais depurado,
assemelha-se ao sistema que Jesus implantou, pois trata-se da ética como
elemento do Reino dos céus, como vemos no Sermão da Montanha (Mt 5-7; Mc 1.15;
4.11).
Características do Reino de Deus (Mt 10.7). Não
se trata de um reino físico ou político, mas de um reino espiritual, a saber, o
predomínio de Deus sobre um povo por Ele redimido (Rm 14.17; 1 Co 4.20; 2 Ts
1.5). É o povo genuinamente cristão, remido por Cristo, que aceita as condições
do reino de Deus e se esforça por viver em obediência à sua vontade. É, também,
um reino invisível. Jesus declarou que o seu reino não se pode ver fisicamente,
porque não vem com aparência exterior. O reino que Ele estava implantando
situava-se a partir do coração dos seus discípulos (Lc 17.20,21). É um reino
que se manifesta no ser humano, de dentro para fora. Por isso, as ações do
homem salvo por Cristo são a expressão do Reino de Deus na sua presente
manifestação através da Igreja de Cristo.
A ÉTICA DA IGREJA EXEMPLIFICADA POR JESUS
A figura do sal (Mt 5.13; Lc 14.34,35). Jesus
empregou muitas vezes a linguagem dos fatos cotidianos de sua época, quando
ensinava as verdades morais e espirituais aos seus ouvintes. A figura do sal
fala de preservação, gosto, sabor, equilíbrio e influência. A ética ilustrada
pelo sal é, na verdade, a ética da pureza do comportamento cristão. O cristão
deve ser santo em todas as formas de proceder, em meio a um mundo corrompido (1
Pe 1.15,16). Num mundo sob o domínio do pecado, que perverte, degrada e destrói
o ser humano, o cristão existe para dar testemunho da luz, que é Deus em sua
vida, e evitar a deterioração total deste. No plano individual o crente deve,
pelo poder do Espírito Santo, viver uma vida pura, sempre evitando o pecado,
para assim influenciar positivamente as pessoas ao seu redor (Jo 17.11-13).
A figura da luz (Mt 5.14-16; Ef 5.8). Temos
irradiado luz do céu para as pessoas ao nosso redor? A metáfora da luz fala da
santidade de vida do crente perante o mundo. Nossa luz deve refletir o conteúdo
do evangelho como testemunho para o mundo (2 Co 4.6), pois somos chamados
"filhos da luz" (1 Ts 5.5). Nossa luz não deve ficar escondida, mas
deve estar sempre à vista, em lugar alto (Mt 5.15), com nossa vida e nossas
obras testemunhando de Jesus (Mt 5.16). Palavras, atitudes, relacionamentos, e
todo o nosso modo de viver na igreja, no emprego, no lar, devem refletir a luz
que temos de Deus e projetar nossa ética comportamental.
A Igreja de Cristo na Terra deve expressar, no seu
comportamento, a ética que Cristo viveu e ensinou em relação à vida particular,
à família, ao uso do dinheiro, às responsabilidades civis e ao comportamento
social.
“Aceitando
o Desafio.Os indivíduos não só devem tomar a decisão de ter uma
fé ativa, mas a Igreja, como corpo coletivo, tem de tomar esta mesma decisão. Quando
o programa de trabalho é estabelecido pela cultura popular prevalecente, a
Igreja não tem a influência que deveria ter. A Igreja é a Igreja e não a
cultura popular. Sua praxis deve permanecer fiel ao seu caráter.
A igreja permanece fiel ao seu caráter ao preservar sua
distinguibilidade. Ela não faz nenhum favor à sociedade adaptando-se à cultura
popular prevalecente, porque falha em sua tarefa justamente no ponto em que
deixa de ser ela mesma. Como Hauerwas argumenta com exatidão: ‘A Igreja não tem
uma ética social, mas é uma ética social, [...] na medida em que é uma
comunidade que pode ser claramente distinta do mundo. Pois o mundo não é uma
comunidade e não tem tal história, visto que está baseado na pressuposição de
que os seres humanos, e não Deus, governam a história’.
Quando a Igreja adota uma ética moral formada pela cultura
popular prevalecente, está negando sua natureza. Antes, a Igreja tem de
expressar a ética social que já encarna; tem de transmitir a história de
Cristo, uma história que continuamente causa impacto nas relações sociais dos
seres humanos.
A igreja deve ser ela mesma pelo bem da humanidade. É o papel da
Igreja servir e transformar a sociedade e suas instituições. Para realizar esta
tarefa, a igreja deve ser a Igreja e não se assimilar com a cultura popular
prevalecente. Só um Cristianismo que não se envergonha de ser ele mesmo pode
fazer isto”.(JOHNS, C. B.; WHITE, V. W. A
ética de ser: caráter, comunidade, praxis. In: PALMER, M. D.
(ed.) Panorama do
pensamento cristão. RJ: CPAD, 2001, p. 314.)
Não devemos desassociar o que somos do que fazemos. Entretanto,
não é o que faço que determina o que sou, mas o que sou define o que faço.
Jesus disse que o fruto revela a natureza da árvore (Mt 12.33). Portanto, a
essência de uma pessoa é conhecida pelas suas obras (Lc 6.44; Pv 20.11). Logo,
estar ou ser cristão envolve uma conduta condizente com as palavras que
ensinamos e cremos. Ética e discurso são dimensões indissociáveis da vida
cristã. A conduta exemplar do cristão em seu relacionamento eclesiástico,
doméstico, social e profissional fala mais alto do que um extenso sermão
domingueiro. O que dizemos precisa ser confirmado pelo que fazemos. Somente
assim seremos imitadores de Cristo. O crente não chega à maturidade cristã
enquanto não for capaz de imitar a Jesus em seus atos e palavras. Precisamos
estar sempre com um pé no Sinai e outro no monte das Oliveiras, para que
sintamos a seriedade com que Deus escreveu os Dez Mandamentos e, Cristo, o
Sermão da Montanha.
A missão social
da Igreja
A evangelização e a responsabilidade social cristã são dois
temas imprescindíveis ao contexto social e religioso
brasileiro. O serviço social e a evangelização fazem parte da missão integral
da Igreja — somos chamados à evangelização pessoal, mas também ao serviço
social, pois Jesus andava por toda parte “... pregando e anunciando o
evangelho” e “andava fazendo o bem” (Lc 8.1; At 10.38). No entanto, é
necessário que o professor distinga a expressão serviço social de ação
social.
Atender ao pobre em suas necessidades é um preceito bíblico (Lv
23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3; At 11.28-30; Cl 2.10). A missão assistencial da
Igreja no mundo é a continuação da obra iniciada por Jesus. Assim como o Senhor
jamais se esqueceu dos pobres, a Igreja não deve desprezá-los (Lc 4.18,19). O
imperativo da Grande Comissão inclui, na essência da mensagem do evangelho, o
atendimento às pessoas necessitadas. Ver Mt 25.35-40; Jo 13.14,15. Nesta lição,
estudaremos a responsabilidade social da Igreja.
FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA
No Antigo Testamento (Dt 15.10,11). Esta
é uma das muitas referências do Antigo Testamento sobre o nosso dever de
ajudar, assistir e socorrer os necessitados. Devemos atender ao pedinte (Dt
15.7-10) e ao carente de víveres para a sua subsistência (Sl 132.15). Ver Lv
19.10; 23.22; Êx 23.11. A justiça social ordenada por Deus determinava que os
ricos não desprezassem os pobres (Dt 15.7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o
órfão fossem atendidos em suas necessidades (Êx 22.22; Dt 10.18; 14.29).
No Novo Testamento (Mt 26.11; Gl 2.10). Aqui
estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos,
desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir
quaisquer favores recebidos (Lc 14.13,14). Quando Cristo veio ao mundo, a
Palestina passava por graves problemas sócio-econômicos, de sorte que muitos o
buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que
devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2.43-46; 6.1; Rm
15.25-27; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8; 9; Cl 2.9; Fp 4.18,19, etc.
. A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA PRIMITIVA
Após o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes em
Jerusalém, e a conversão de quase três mil almas a Cristo, houve um grande
despertamento espiritual entre os primeiros crentes. A despeito de os apóstolos
jamais deixarem arrefecer a principal missão da Igreja na Terra, que
compreende: a pregação do evangelho, a doutrina, a comunhão, a fraternidade e a
oração (At 2.42; 4.31; 5.42), o Espírito Santo também inspirou e guiou aqueles
servos de Deus rumo ao cumprimento da missão social da igreja. Vejamos:
Doutrina. “E perseveravam na
doutrina dos apóstolos”. A doutrina cristã, ensinada por Jesus durante seu
ministério terreno, continuou no coração e na mente dos apóstolos. Agora, o
Espírito Santo vivificava e consolidava em suas mentes tudo quanto o Senhor
ensinara, como Jesus havia predito (Jo 14.26; 15.26; 16.13). A primeira coisa
que cuidaram na igreja nascente foi a doutrina, que é essencial à fé cristã.
Comunhão. “E perseveravam na
comunhão”. Comunhão quer dizer “aquilo que é comum a todos”; “fraternidade”;
“compartilhar de um interesse comum”. Portanto, é relacionamento íntimo e
fraternal entre os irmãos. Na igreja primitiva, era uma prática que fortalecia
o relacionamento social e despertava a sensibilidade dos crentes pelas
necessidades uns dos outros (At 2.44-46; 4.32-36).
Solidariedade. “E perseveravam no partir
do pão”. Em Atos 2.42, pode referir-se tanto às refeições comuns quanto à Ceia
do Senhor. Era costume, entre os judeus, representar a comunhão entre as
pessoas, segurando com as mãos o pão e partindo-o em pedaços, ao invés de
cortá-lo (Lc 22.19; 1 Co 11.24). Era um ato de fraternidade e solidariedade
entre os irmãos. Essa prática sugere a necessidade de a Igreja partilhar, por meio
do serviço social, o pão material com os necessitados.
Oração. “E perseveravam nas
orações”. O sentido plural da palavra oração indica a diversidade dos
propósitos pelos quais oramos, bem como as diferentes formas de oração. A
oração foi a força motriz do grande avivamento no dia de Pentecostes (At 1.14;
2.1; 3.1). Havia uma assídua participação nas reuniões de oração da igreja
primitiva, porque os crentes estavam sempre unidos em um mesmo Espírito, fé e
amor.
UM PROFUNDO SENSO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL (vv.44,45)
Ao invés de a igreja primitiva discutir se era ou não de sua
responsabilidade suprir as necessidades dos cristãos pobres, realizava esse
serviço movida de amor e compaixão de Deus. O bem-estar social de cada irmão em
Cristo tinha sua base nos valores espirituais e morais da igreja nascente.
A igreja era caridosa (At 2.45). Os
versículos 43 e 44 indicam três qualidades da igreja cristã: temor, fervor
pentecostal e unidade. No original, os verbos dos vv.43,44 descrevem uma ação
repetida e contínua — os discípulos continuavam sendo cheios de temor e
vendendo seus bens à medida que as necessidades individuais surgiam: “repartiam
com todos, segundo cada um tinha necessidade” (v.45). O temor dos crentes não
era medo, mas um profundo reconhecimento de que tudo o que estava acontecendo
com eles procedia de Deus. A Igreja era pentecostal, no sentido bíblico da
palavra, e unida: “tinham tudo em comum”. A consciência dos crentes foi
despertada para sair da neutralidade e da omissão social.
Consciência das necessidades materiais dos cristãos (At
11.27-30). A Bíblia registra a profecia concernente à grande fome e
empobrecimento que atingiu o mundo de então. Esse fato ocorreu no governo de
Cláudio César, imperador de Roma, entre 45-54 d.C. Josefo, historiador judeu,
registra uma grande fome na Judéia em 46 d.C. Foi nesse período de extrema
necessidade que os cristãos de Antioquia enviaram suprimentos à igreja de
Jerusalém. A igreja missionária em Antioquia se preocupava com o estado dos
demais cristãos no mundo, especialmente com a igreja-mãe em Jerusalém. Os
cristãos foram estimulados a contribuírem conforme suas posses, enviando as
ofertas por meio de Barnabé e Paulo, e assim socorreram os irmãos da Judéia.
A igreja primitiva cumpria sua missão social (2 Co 8.3,4;
9.13). A igreja não apenas pregava o evangelho, mas também
atendia àqueles que necessitavam de socorro físico e material (Cl 2.9,10). Os
seguintes princípios devem nortear o serviço social da igreja:
a) Mutualidade — isto é, ser generoso,
recíproco, solidário.
b) Responsabilidade — trata-se de privilégio
e não obrigação (2 Co 8.4; 9.7);
c) Proporcionalidade — contribuição de
acordo com as possibilidades individuais (2 Co 9.6,7).
A missão da igreja inclui não apenas a proclamação do evangelho,
mas também a assistência aos pobres, a cura dos enfermos e a libertação dos
oprimidos pelo diabo (Mc 16.15-18).
“Ação Social: Compromisso de uma igreja.Porque
falar em ação social da igreja quando estamos discursando sobre a Igreja Viva?
Porque cremos ser esta, sem dúvida, uma das manifestações mais convincentes de
que a vida de Deus está no meio de seu povo.
1. Avivamento e ação social: equilíbrio. O
avivamento espiritual, que é tanto a causa como o produto de uma Igreja Viva,
precisa abranger a igreja como um todo, se não queremos um organismo aleijado
ou disforme. Não se pode falar de um avivamento que priorize apenas um aspecto
da totalidade do ser humano como, por exemplo, o destino de sua alma, em
detrimento de seu bem-estar físico e social.
Não nos interessa uma comunidade apenas voltada para o futuro,
em prejuízo do hoje, pois isso implica em negligenciar as necessidades
imediatas e urgentes do ser humano. O homem vive na dimensão do aqui e agora.
Tem fome, frio, doença, sofre injustiças; enfim, tem mil motivos para não ser
feliz. Nossa missão, pois, é socorrer o homem no seu todo, para que não somente
usufrua paz de espírito, mas também conserve no corpo e na mente motivos de
alegria e esperança. O projeto de Jesus é para o homem todo e para todos os
homens. Fugir dessa verdade é desobediência e rebelião contra aquEle que nos
comissionou.
Um verdadeiro avivamento trará de volta ao crente brasileiro o
amor pelos quase 50 milhões de irmãos pátrios que vivem na pobreza absoluta. O
estilo de vida de uma igreja avivada não se presta a esquisitices humanas, mas
à formação de personalidades de acordo com o caráter de Cristo, que não
negligenciam o amor ao próximo”.(CIDACO, J. A. Um grito pela vida da igreja. RJ:
CPAD, 1996, p.87-8.)
As necessidades sociais das pessoas podem ser: psicológica
(desequilíbrio emocional; depressão, doenças psicossomáticas), econômica
(desemprego, pobreza, miséria), educacional (analfabetismo), física (abrigo,
alimento, roupas, enfermidades), e espiritual (idolatria, pecado).
O evangelho integral, no entanto, não se limita apenas ao
atendimento espiritual da pessoa, mas implica em atendê-la em suas necessidades
gerais — psicológica, econômica, educacional, física e espiritual (Tg 1.27;
2.1-17). É desafiador quando sabemos que o julgamento de Cristo inclui o modo
como agimos em relação à obra social, às necessidades de nossos semelhantes:
“Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e
destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e
vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e
te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos
estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos7 E, quando te vimos enfermo ou
na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo
que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”
(Mt 25.34-39).
Aconselhamento-A missão auxiliadora a
Igreja
O aconselhamento cristão é um preceito bíblico que tem como
propósito ajudar e edificar os membros do Corpo de Cristo. É por meio do aconselhamento
aplicado às igrejas e pela ministração mútua entre os cristãos, que somos
admoestados a permanecer firmes na fé até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo:
“admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai
aproximando aquele Dia” (Hb 10.25).
O ACONSELHAMENTO ESPIRITUAL
O Novo Testamento emprega diversas palavras que descrevem e
definem a prática do aconselhamento espiritual. Vejamos:
Admoestar (v.16). A palavra
“admoestar” significa aconselhar, advertir. Embora nesse texto ela apareça
associada ao ensino, há muita diferença entre admoestar e ensinar. “Ensinar” (didachē) diz respeito ao
ensino metódico das doutrinas bíblicas, enquanto que “admoestar” (noutheteō), refere-se aos
conselhos, observações, exortações e advertências concernentes ao comportamento
e à prática de vida do cristão. Enquanto o ensino visa ao intelecto, a
admoestação objetiva os sentimentos e a vontade. É por isso que a Bíblia
orienta-nos a cuidarmos uns dos outros, ensinando, instruindo e aconselhando
com base nas Sagradas Escrituras (Rm 14.1-23; 15.1,2; Cl 6.1,2).
Exortar. Dentre os dons
espirituais concedidos por Deus à igreja está o de exortar, no sentido de
encorajar e fortalecer a vida espiritual dos crentes (Rm 12.8). O apóstolo
Paulo certamente tinha esse dom, conforme Romanos 12.1 a 15.19.
A palavra “exortar”, como aparece no Novo Testamento, significa
“encorajar”, “consolar”, “conclamar”. A exortação como aconselhamento, segundo
trata essa lição, deve ser exercida por todos os crentes na igreja: “Exortai-vos
uns aos outros todos os dias” (Hb 3.13; 1 Ts 5.11). Exortar, aqui, não quer
dizer “censurar”, “repreender”, “ofender”, “magoar”, “machucar”, mas
“confortar”, “encorajar”, “animar”. O termo original tem a mesma procedência do
título e função do Espírito Santo, “o Consolador” (Parákletōs) (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7).
Portanto, exortar é biblicamente uma prática da igreja cristã, mediante a qual
os crentes são encorajados, consolados e exortados mutuamente a permanecerem
fiéis ao Senhor Jesus Cristo (At 11.23; 2 Pe 1.12; 1 Ts 2.3; 3.2).
Repreender. Esta palavra aparece em 2
Timóteo 4.2, com o sentido de “censurar ou desaprovar uma ação repreensível”.
No Antigo Testamento, o povo judeu é instado a “repreender o seu próximo”, a
fim de mostrar-lhe o erro, e impedi-lo que continue pecando (Lv 19.17). Repreender
um irmão com amor, prudência, e no momento oportuno, revela o desejo de vê-lo
progredindo na fé, pois não sendo observado e confrontado pelo pecado cometido,
poderá ser motivado a continuar pecando (Mt 18.15-17; 1 Co 5.1,2). Segundo o
texto de 2 Timóteo 4.2, “redargüir”, “repreender” e “exortar” são pontos ou
itens distintos no aconselhamento cristão. Vejamos:
a) Redargüir é falar, com determinada
pessoa, a respeito de seu erro ou estado espiritual, até que fique convicta de
sua situação, mesmo que não mude sua condição repreensível.
b) Repreender é censurar ou admoestar
de forma severa. O faltoso é instado a reconhecer a gravidade de seu pecado e
pedir perdão por tê-lo cometido.
c) Exortar é dar uma palavra de
encorajamento e ânimo, com o propósito de o exortado continuar servindo ao
Senhor Jesus.
Tudo isso deve ser feito com oração, amor e sabedoria de Deus,
considerando o outro irmão como conservo na fé e membro do Corpo místico de
Cristo (1 Co 12.12-27).
PROPÓSITOS DO ACONSELHAMENTO INTERPESSOAL
Para que o crente não seja endurecido pelo pecado (Hb
3.13). O capítulo 3 da Epístola aos Hebreus adverte que a
incredulidade leva à dureza de coração (vv.7-10; 4.2), à desobediência
(vv.10,16), à rebelião e à apostasia (vv.12-19). Sendo assim, somos orientados
a exortar uns aos outros, todos os dias, a fim de não sermos endurecidos pelo
pecado. Essa admoestação não é para envergonhar o faltoso, como explica a
Palavra de Deus em 1 Coríntios 4.14, mas para adverti-lo “como filho amado”.
Portanto, admoestar o crente que insiste na prática do pecado é tarefa de cada
membro do Corpo de Cristo (Cl 3.16; Mt 18.15-17). Todavia, em certos casos, é
necessário que a igreja local exerça a disciplina para expurgar o erro, e servir
de exemplo aos outros (1 Co 5; 2 Tm 2.25,26; Mt 18.15-20).
Para que o crente permaneça firme no Senhor (At 11.23). Barnabé,
o “Filho da Consolação” ou “Filho da Exortação” (At 4.36), admoestou os crentes
de Antioquia a permanecerem fiéis ao Senhor com todo o coração. O mesmo fez o
apóstolo Paulo quando enviou o jovem Timóteo à Tessalônica, a fim de fortalecer
e encorajar aqueles crentes (1 Ts 3.2). Judas, em sua pequena, mas instrutiva
epístola, também exortou os santos a batalharem pela fé (v.3; 2 Pe 1.12; 3.1).
Embora o aconselhamento e a admoestação sejam de responsabilidade primeiramente
dos obreiros do Senhor (1 Ts 5.12; At 20.31; 1 Ts 3.2), todos os crentes fiéis
a Deus devem aconselhar e admoestar uns aos outros (1 Ts 5.11; Hb 3.13).
Para firmar nossa filiação em Cristo (Hb 12.5-11). Segundo
o escritor aos Hebreus, a exortação, correção e repreensão do "Maravilhoso
Conselheiro" (Is 9.6) são um forte e eficaz testemunho de que somos
“filhos de Deus” (vv.5,6). Pois, “que filho há a quem o pai não corrija?”
(v.7). Somos corrigidos pelo Senhor para sermos “participantes de sua
santidade” (v.10). Lembremos: o “Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer
que recebe por filho” (v.6).
Para reconciliação com o irmão (Mt 18.15-17). “Se
teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o” (v.15; Mt 5.24). Trata-se, na
verdade de uma circunstância que pode ser resolvida com a exortação do ofendido
ao ofensor. A dureza de coração deste último não deve impedir que o irmão
ofendido continue buscando a reconciliação: “Mas, se não te ouvir, leva ainda
contigo um ou dois” (v.16). Caso o faltoso mantenha sua posição inicial, a
desavença ou ofensa deve ser comunicada à igreja: “E, se não as escutar, dize-o
à igreja” (v.17a). Mas, se o transgressor não escutar a igreja, deve ser
considerado ”como um gentio e publicano” (v.17b).
IGREJA, UM CORPO AJUSTADO (Ef 4.16)
O aconselhamento e a saúde do Corpo de Cristo (1 Co
12.26). A Bíblia enfatiza a unidade do Corpo de Cristo, usando
como ilustração a perfeita ligação de todos os órgãos do corpo humano (Ef
4.16). O apóstolo refere-se à igreja como um corpo dinâmico que deve estar bem
ajustado e harmonizado para crescer sem distorções. O aconselhamento bíblico
interpessoal auxilia no ajuste das partes do corpo — a Igreja. Portanto, cuidar
um do outro é também cuidar de si mesmo, pois essa prática promove o equilíbrio
espiritual e geral do Corpo de Cristo (1 Co 12.26).
Duas dimensões do aconselhamento na igreja. A
primeira é vertical, pois tem a finalidade de reconciliar o aconselhado com
Deus (2 Co 5.18,19; Ef 2.16; Rm 5.1). Nesta fase, mostramos que os problemas
resultam da nossa incapacidade de agir dentro dos princípios de Deus. Na
segunda, horizontal, tratamos dos problemas por meio do aconselhamento cristão
e bíblico. Abrir o coração e confessar os pecados para alguém devidamente
preparado traz solução e bênção (Tg 5.16; Pv 28.13; Sl 32.1-6).
“Aconselhamento Bíblico.Quando os pastores,
através da Palavra de Deus, dão os conselhos de Deus, eles oferecem algo que
ajuda não só espiritualmente, mas também emocional e mentalmente. [...]
Os conselheiros pastorais não podem tirar as aflições da vida
das pessoas, mas podem ajudá-las a tirar lições do sofrimento que passam. Ao
entenderem a necessidade de serem sensíveis e compassivos, os pastores procuram
meios de ajudar as pessoas a crescer através das experiências negativas da
vida. [...]
Pessoas precisam de pessoas para encorajá-las na fé. Se os
ministros procuram ajudar as pessoas que estão em necessidade, o maior bem que
podemos fazer por elas, depois de ouvir e demonstrar compreensão, é
apresentá-las a Jesus Cristo.[...]
Pessoas que tenham sofrido experiências abusivas obtêm consolo
de nosso Deus compassivo e ajudam outras pessoas que foram abusadas. Através
das lembranças, as pessoas se tornam mais sensíveis aos seus semelhantes e os
alcançam.[...]
Pessoas são preciosas, qualquer que seja seu pecado ou problema,
elas têm valor aos olhos de Deus. Deus as ama e as criou para a sua glória.
Nós, do ministério, não podemos deter-nos a examinar o comportamento das
pessoas, devemos ver o quanto o Senhor quer ajudar cada indivíduo”.(COODALL, W.
I. O que é
aconselhamento bíblico? In: O pastor pentecostal. RJ:
CPAD, 2005, p. 562-8.)
Dependendo do relacionamento que você, professor, tiver com seus
alunos, poderá ser procurado para aconselhá-los. Portanto, tenha em mente
alguns princípios bíblicos para fazê-lo: sabedoria (capacidade de saber
utilizar o conhecimento de modo eficiente ou de fazer escolhas certas), ética
(conjunto de regras de conduta válidas para determinado grupo ou pessoa),
empatia (o colocar-se no lugar do outro), vida devocional de oração e Palavra
de Deus. Para que você obtenha sucesso nessa área é indispensável os princípios
mencionados anteriormente, porquanto como aconselhar alguém sem a sabedoria
necessária para ouvir e ministrar a palavra certa, ou sem o compromisso em
guardar aquilo que será dito, ou se não houver em você a sensibilidade de
sentir o que o outro está sentindo. Além disso, como ministrar aconselhamento
se não tivermos uma vida regada de oração e fundamentada na Bíblia, donde
procedem os melhores conselhos. Portanto, mesmo que esta não seja sua área de
atuação na igreja, em virtude de sua função formadora e educadora, esta lição
será imprescindível à sua prática.
Visitação — A missão consoladora da Igreja
É comum a responsabilidade da visitação recair sobre o pastor da
igreja local. Mas, na prática, essa missão deve ser cumprida por grupos
especiais de irmãos devidamente preparados. A Bíblia afirma que a visitação aos
necessitados é a expressão de uma religião pura e imaculada (Tg 1.27). Assim
sendo, a religião cristã deve manifestar aos pobres e carentes o mesmo amor que
Deus demonstrou à humanidade (Jo 3.16; Gl 6.10).
A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO DE VISITAÇÃO
O trabalho de visitação, feito pela igreja, é um ministério que
deve ser entendido a partir do contexto de 1 Coríntios 12.4-6, que trata dos
dons espirituais. Neste texto, há distinção de ministrações do Espírito Santo
por meio dos dons, ministérios e operações. O termo
“ministérios” significa literalmente “serviços”. A forma plural indica que há
serviços especiais da parte do Senhor, para os quais Ele habilita seus servos a
executarem.
Visitar é uma missão restauradora e salutar. Na
lição anterior, vimos o aconselhamento cristão como um meio de ajudar as
pessoas a pautarem suas vidas pelos padrões das Sagradas Escrituras. A
visitação tem o mesmo objetivo. É por isso que o ato de visitar demanda do
visitador preparação adequada, conhecimento bíblico e maturidade espiritual.
Conforme ensina Romanos 12.8, o “dom da exortação” tem o significado literal de
“alguém que se coloca ao lado de outrem para ajudar”.
Visitar é uma missão de consolidação da fé em Cristo. Cada
igreja local deve cuidar bem dos novos convertidos que se agregam à comunidade
cristã. Foi Jesus quem ordenou em João 21.15-17: “Apascente meus cordeiros;
apascenta minhas ovelhas”. Discipular os que se convertem ao Senhor Jesus é
parte integrante da Grande Comissão: “ensinando-as a guardar todas as coisas”
(Mt 28.19,20). Integrar o novo crente à igreja e doutriná-lo é uma missão
conjunta do pastor e dos visitadores. O ministério de visitação exige a
utilização adequada de recursos e talentos que auxiliem as pessoas visitadas a
se fortalecerem e crescerem na fé com o genuíno leite espiritual (1 Pe 2.2;
1.23; Jd v.20).
Visitar é uma missão de consolo. O
consolo e o conforto que vêm de Deus suavizam o sofrimento e aflição da pessoa
assistida. Quem nos capacita para isto é o Espírito Santo, que é o divino Parákletōs, isto é, “o
Consolador” (Jo 14.16). A igreja como Corpo de Cristo possui uma grande
diversidade de membros, e cada qual com sua diferente função. Esses membros se
ajudam mutuamente para a perfeita saúde e bem estar de todo o corpo. A Palavra
de Deus afirma: “para que não haja divisão no corpo, mas, antes, tenham os
membros igual cuidado uns dos outros” (1 Co 12.25). Isto significa que o
ministério de visitação, quando realizado de acordo com a doutrina bíblica,
contribui eficazmente para o cumprimento da missão consoladora da Igreja neste
mundo.
A VISITAÇÃO DE JESUS AOS LARES
Ele visitou as famílias em suas casas. O
ministério terreno de Jesus caracterizou-se não só pelas atividades
evangelísticas de massa, mas, especialmente, pelas visitas aos lares. O Novo
Testamento registra alguns casos, mas numerosos outros tiveram lugar no
ministério do divino Mestre. Seu primeiro milagre foi operado numa residência
quando foi convidado para participar das bodas de um casamento (Jo 2.1,2).
Depois, foi à casa de Pedro, ocasião em que curou-lhe a sogra (Mc 1.29-31).
Mais tarde esteve também na casa de Levi (Lc 5.27-29) e na de Jairo, a fim de
curar-lhe a filha (Mc 5.38-42). Ceiou na casa de um fariseu, ocasião em que foi
ungido por uma pecadora (Lc 7.36-38). Na verdade, uma das prioridades
ministeriais de Jesus era a visitação aos lares.
Ele enviou seus discípulos às residências de Israel (Mt
10.12,13). Jesus orientou os discípulos para que saudassem as pessoas
visitadas com a expressão: “Paz seja nesta casa” (Lc 10.5,6). Também orientou
quanto ao comportamento social que deveriam ter toda vez que fossem hóspedes em
um lar: (1) ficar satisfeitos com o que lhes fosse colocados à mesa, (2) e
curar os enfermos que ali houvesse (Lc 10.7,9).
Ele visitou pessoas específicas da sociedade. As
visitas que Jesus realizava tinham objetivos espirituais e sociais. São casos
como o seu encontro e diálogo com Nicodemos, um líder social e religioso do
povo (Jo 3.1-21). Algumas vezes, Ele hospedou-se no lar de seus amigos Lázaro,
Maria e Marta (Jo 12.1,2); outra, na casa de Zaqueu, o publicano (Lc 19.5,6).
OS APÓSTOLOS E O TRABALHO DE VISITAÇÃO APÓS O PENTECOSTES
Pedro. O apóstolo Pedro compreendeu o
ensino de Jesus sobre a importância da visitação para o estabelecimento efetivo
e frutífero da Igreja na Terra. Ele, como um dos três discípulos mais chegados
a Jesus, esteve com o divino Mestre muitas vezes em suas visitas aos lares.
Pedro visitava com freqüência as casas dos primitivos cristãos. Naqueles
primeiros tempos, não havia templos como hoje. A igreja estava em formação e
reunia-se nos lares. As visitas de Pedro incluem:
a) O lar de Enéias, paralítico há oito anos,
sendo este curado em nome de Jesus (At 9.32,33);
b) A casa de Dorcas, uma mulher caridosa que havia
falecido. Ocasião em que, após a oração de Pedro, a mulher ressuscitou (At
9.36-42);
c) A residência de Cornélio, um
centurião romano de Cesaréia, para o qual Pedro pregou o Evangelho de Cristo,
para ele e toda sua família (At 10.33,34).
João. Duas referências nas
epístolas de João indicam o quanto o apóstolo valorizava a visitação aos irmãos
em Cristo e a comunicação interpessoal. Expressões típicas de suas cartas
revelam esse hábito, tais como: “falar de boca a boca” (2 Jo v.12; 3 Jo v.14).
Ele valorizava esse ministério de visitação.
Paulo. O apóstolo Paulo era um
visitador consistente. Ele ensinava especialmente nas casas. Em suas epístolas,
costumava lembrar das pessoas visitadas em suas viagens (Fm vv.1,2). Paulo
pregava em todas as residências que se lhe abriam as portas para ensinar a
doutrina de Cristo (At 20.20,21).
O MINISTÉRIO DE VISITAÇÃO NA IGREJA
Programa sistemático de visitação na igreja. O
ministério de visitação só terá êxito se for feito de forma organizada e
sistemática. Deve haver um plano de ação que inclua: listagem com nomes e
endereços; treinamento dos visitadores; oração coletiva e individual;
supervisão e relatório do trabalho realizado.
A liderança da igreja deve motivar o ministério de visitação. A
igreja precisa ser motivada e mobilizada para essa missão. A Escola Dominical
deve liderar o ministério da visitação. Cada departamento, com suas diversas
classes, deve realizar este trabalho em coordenação com os demais setores da
igreja. Os líderes responsáveis pela supervisão devem saber selecionar as
pessoas para visitação, conforme as necessidades dos lares que serão visitados.
Portanto, cada departamento da igreja deve ser instruído e motivado, para que
haja a consolidação da vida cristã normal e socorro aos necessitados.
A preparação bíblica dos visitadores (2 Tm 2.15). A
preparação bíblica pode ser feita através de cursos intensivos que envolvem
conhecimento das doutrinas fundamentais da fé cristã e orientações bíblicas de
aconselhamento cristão. O visitador precisa de orientação sobre relacionamento
social, o que envolve: tato, sabedoria, discernimento, precaução, paciência,
prudência, compromisso, amor e outros valores indispensáveis ao que almeja
contribuir com o reino de Deus na igreja.
A missão de visitação requer da igreja uma atenção especial,
pois não pode ser feita por pessoas despreparadas espiritual e biblicamente.
Nosso principal objetivo nessa lição foi despertar os crentes para a urgência e
importância da visitação cristã.
“Características do visitador cristão.Todo
servo de Deus que se coloca à disposição da igreja para realizar o importante
trabalho de visitação precisa possuir valores espirituais que o credenciem para
tal atividade. É certo que outras características devem ser encontradas no
instrumento de Deus que presta tão relevante serviço, mas o fundamental é que
seja realmente espiritual, o que implica ter vida de comunhão com Deus através
da oração. Para o visitador cristão, não basta apenas gostar de fazer visita; é
necessário ter conhecimento daquilo que vai efetuar. Este conhecimento
compreende saber o que a Palavra de Deus diz acerca da ação de visitar e
possuir habilidades espirituais e naturais para o trabalho.
Vejamos algumas características do visitador cristão:
1. A sabedoria é indispensável característica do visitador. Esta
capacitação, que não é meramente intelectual, mas principalmente espiritual,
deve possuir o instrumento de Deus que se dá para a missão de visitar. A
sabedoria aqui referida certamente é àquela recomendada pelo apóstolo Tiago (Tg
3.17).
2. A Fé é outro elemento indispensável na vida do visitador
cristão. Em primeiro lugar, a Bíblia nos adverte que sem fé é
impossível agradar a Deus. O trabalho que se realiza visitando a alguém tem,
como objetivo, agradar a Deus. Em segundo lugar, a fé é fator preponderante nas
atividades dos servos de Deus, e quando se trata do ofício de visitar qualquer
pessoa, em qualquer circunstância, a fé deve operar na vida do visitador porque
a palavra que [...] pregamos é de fé (Rm 10.8c). Ora, o visitador vai ao
encontro de uma pessoa para falar-lhe das possibilidades de Deus para solução
de problemas, e se sua palavra não estiver ‘misturada com fé’ (Hb 4.2),
certamente os frutos do seu trabalho não serão obtidos”.(OLIVEIRA, T. R. Manual do visitador cristão. RJ:
CPAD, 2005. p. 19-22.)
A Igreja, enquanto representante de Cristo na Terra, deve
desenvolver um ministério espiritual e social de visitação. Aos que exercitam
bem o ministério da visitação, o Senhor dirá: “Vinde, benditos de meu Pai,
possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”
(Mt 25.34b). Aos que desprezam o ministério de visitação, o Senhor Jesus dirá:
“Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e
seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me
destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me
vestistes; e estando enfermo e na prisão, não me visitastes.” (Mt 25.41b-43).
De que lado você está?
Comunhão dos Santos – A missão
conciliadora da Igreja.
No dia de Pentecostes a conversão de quase três mil almas foi o
resultado da demonstração do poder do Espírito. Os novos crentes perseveraram
nos ensinamentos dos apóstolos e na unidade da fé e do Espírito entre eles, ou
seja, mantinham comunhão uns com os outros. A comunhão surgiu, então, após
serem cheios de poder e através dos ensinamentos de Pedro. A nossa oração é
para que sejas cheio do Espírito Santo e, que através do ensino da Palavra de
Deus, cultives a mesma fé c o mesmo Espírito com os santos que o cercam.A palavra comunhão é a chave
para entendermos o rápido progresso da Igreja, formada por dois povos, judeus e
gentios. A Igreja somente progrediu mediante a comunhão e unidade de seus
membros. A Bíblia assevera que de ambos os povos, Deus fez apenas um, constituindo
o Corpo místico de Cristo (Ef 2.14-17; 4.3-6; 1 Co 12.13).
SIGNIFICA DE “COMUNHÃO” NO NOVO TESTAMENTO
Definição. A palavra comunhão é a tradução
de um dos termos mais enfáticos a respeito da unidade e fraternidade cristã: “E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão (koinōnia)...” (At 2.42). O
sentido desta palavra no Novo Testamento vai além de “associação de pessoas”,
“agremiação” ou “companheirismo”. A comunhão que trata as Escrituras (At 2.42;
Fp 2.1; 1 Jo 1.3), resulta da salvação que desfrutamos em Cristo (1 Co 1.9). É
a “comunhão do e no Espírito Santo” (2
Co 13.13; Fp 2.1); a “comunhão da fé” (Fm v.6), e a “comunhão dos crentes uns
com os outros e com Cristo” (1 Jo 1.3,6,7).
As bases da comunhão da Igreja. A
Igreja não é um clube de amigos ou uma associação humana secular. Também não é
uma empresa. Todavia, é o conjunto ou comunhão dos redimidos em Cristo, que
compartilham da “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3). A Igreja é
o corpo místico de Cristo, e, cada crente em particular, é membro desse corpo
glorioso (1 Co 12.12,13). Por conseguinte, a comunhão no Espírito (Fp 2.1) é
vital à unidade e à paz da Igreja. Segundo Efésios 4.3, a comunhão, unidade e
paz na Igreja não são produtos dos esforços humanos, mas uma ministração do
Espírito Santo. Uma vez que o crente é templo e habitação do Espírito de Deus
(Jo 14.16,17; Rm 8.14; 1 Co 3.16; 6.19), somos todos “um só corpo” (Ef 4.4),
servindo e amando a “um só Senhor”, compartilhando de “uma só fé”, “um só
batismo”, “uma só esperança”, “um só Deus e Pai de todos” (vv.5,6). Guardemos,
pois, a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (v.3).
CINCO EXPRESSÕES DA COMUNHÃO EM CRISTO NA IGREJA
Amor Fraternal. Nas páginas do
Novo Testamento, encontramos as expressões “amor fraternal” (Rm 12.10; 2 Pe
1.7) e “caridade fraternal” (1 Ts 4.9; Hb 13.1; 1 Pe 1.22). Trata-se
literalmente do amor e afeição entre irmãos (1 Pe 3.8). No plano espiritual,
isto significa muito mais do que “irmandade” ou “concórdia entre irmãos”. Nos
textos de Romanos 12.10; 1 Pedro 1.22; 3.8, o amor fraternal refere-se ao
estado e atitude do cristão humilde e compassivo, que continuamente prefere dar
honra aos outros em vez de recebê-la. Observe o que afirma Romanos 12.10:
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em
honra uns aos outros”. Ver também Filipenses 2.3,4. Portanto, amar o irmão na
fé em Cristo é: (1) honrá-lo acima e independente dos interesses pessoais; (2)
ser sincero, compassivo, afável; (3) ser entranhavelmente misericordioso com
ele em seus sofrimentos e faltas (1 Pe 3.8,9); (4) levar as cargas uns dos
outros (Cl 6.2).
A Unidade (Jo 17.21-23; Ef 4.5,6). Jesus,
em sua oração intercessória, fez sua mais ardente petição ao Pai: “Que todos
sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em
nós” (Jo 1 7.21). A comunhão é includente e excludente. É includente, pois a
comunhão do corpo de Cristo em um “só Espírito”, “um só Senhor”, “uma só fé”,
“um só batismo” e “um só Deus”, é possível somente entre os que nasceram de
novo (Jo 3.2-8). É excludente, porque todos os que não receberam a Cristo como
seu Salvador pessoal, não podem participar da comunhão (koinōnia) da igreja. Os
incrédulos não desfrutam dessa comunhão, porque a luz e as trevas, a justiça e
a injustiça, o fiel e o infiel, não se associam (2 Co 6.14-16).
A Filantropia. O termo filantropia
aparece no texto original de Tito 3.4 (ARA), referindo-se ao incomensurável
amor de Deus pela humanidade: “A benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu
amor para com todos”. A expressão “amor para com todos” é a tradução da palavra
original filantropia. Por conseguinte, significa “benevolência, amor ao
próximo”. De acordo com Tito 3.4, a filantropia bíblica é a manifestação do
amor divino para com o homem. Na Igreja do Novo Testamento, os cristãos
reuniam-se a fim de participarem de uma festividade filantrópica denominada “ágape”. Era o “partir do
pão” em cada casa de forma a quebrar toda e qualquer diferença social ou
étnica. Também os cristãos vendiam suas propriedades e colocavam o dinheiro
arrecadado aos pés dos apóstolos, para ser dividido entre os necessitados (At
2.45). O amor divino os impulsionava à prática de boas obras (Ef 2.8-10).
A Comunidade. O texto de Atos 2.42 diz
que “perseveravam na comunhão”. Os fiéis se reuniam fraternalmente e tinham uma
causa comum. A igreja cristã era a comunidade dos remidos. Todos compartilhavam
dos mesmos interesses. Ninguém se sentia excluído, pois as diferenças sociais e
espirituais não eram superiores à fraternidade comunitária. Tal comunhão vinha
do Espírito Santo que os enchia, como em Atos 4.31,32. Assim deve ser numa
comunidade cristã autêntica, cheia do Espírito Santo e do seu fruto, como está
patente em 1 Coríntios 13.4-7, Gálatas 5.22,23 e Efésios 4.9,10.
O Amor (1 Co 13.1-8). Em 1 Coríntios 13,
a Bíblia destaca o amor divino como a virtude que deve reger na igreja o
relacionamento das pessoas. É esse santo amor, de que trata a presente lição,
que promove a comunhão dos santos, conforme 1 Coríntios 13.4 e Filipenses 2.1b.
Esse amor faz-nos acolher e aceitar o próximo como irmão.
A COMUNHÃO ATRAVÉS DOS DONS ESPIRITUAIS
1. A comunhão dos santos requer decoro e ordem no culto cristão
(1 Co 14.26-40). Esse texto ensina que não basta haver a plenitude do
Espírito nos membros da igreja, bem como o exercício dos dons espirituais na
vida cotidiana da congregação. É também necessário que os dons sejam exercidos
com ordem e decoro para que não haja confusão, desordem e escândalo. A
espiritualidade que se manifesta sem a doutrina, como ensina a Bíblia, produz
divisão, dispersão, evasão e afastamento, ao invés de fraternidade, unidade e
comunhão.
2. Os dons espirituais e seu efeito na comunhão (1 Co 14.3). Os
dons são recursos poderosos do Espírito Santo para a Igreja, inclusive para sua
exortação e edificação. Por isso, devemos buscá-los com zelo e redobrado amor,
a fim de que todo o povo de Deus seja edificado na sã doutrina.
A comunhão espiritual e fraterna de que participamos na Santa
Ceia do Senhor (1 Co 10.16; 11.33), ilustra o tipo de relacionamento fraternal
e espiritual que deve sempre haver entre os filhos de Deus: comunhão com Deus e
uns com os outros.
“Comunhão e Santa Ceia.A essência da Santa Ceia
é a comunhão. Comum-união entre
os discípulos: somente um corpo e um só Espírito... um só Senhor, uma só fé, um
só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de
todos e está em todos (Ef 4.4-6).
Repartir nossos recursos é uma confissão do evangelho de Cristo
e uma oração de obediência na qual glorificamos a Deus e contribuímos para
criar e manter uma verdadeira comunidade. É no momento da celebração da ceia
que se reavalia a unidade e a comunhão cristã. É por essa razão que a celebração
da ceia sucedia a festa
do amor durante os primeiros anos da igreja. Realizava-se a
ceia com o pão e o vinho utilizados na festa
do amor, onde os membros partilhavam os alimentos que traziam numa
verdadeira festa de amor e confraternização, celebrando a comunhão horizontal profetizada
por João em 1 Jo 1.7.
Segundo alguns estudiosos, não bastava somente ser batizado nas
águas, era necessário desenvolver a comunhão cristã. Era necessário participar
dos sofrimentos e lutas dos demais irmãos na fé como verdadeiro corpo de Cristo
(1 Co 12.25,26).
A celebração da Santa Ceia exigia que seus celebrantes
desenvolvessem a comunhão fraterna, que vivessem o verdadeiro sentido do
evangelho na perfeição da unidade cristã (Jo 17.23). Segundo os primitivos
cristãos, a verdadeira comunhão com Deus, acomunhão
vertical, só seria possível mediante a comunhão com os demais
irmãos da comunidade onde se vive a fé (1 Jo 4.20). Aliás, o perdão mediante o
sangue de Cristo só se efetiva mediante a comunhão (1 Jo 1.7)”.
(SANTOS, R. R. A
Santa Ceia. RJ: CPAD, 2005, p.7,9,60,61,62.)
Comunhão é o sentimento de unidade que leva os cristãos a se
sentirem um só corpo em Cristo Jesus. Tendo como vínculo o amor, a comunhão
cristã desconhece distinções sociais, culturais e nacionais. Agora somos um em
Cristo. Não basta amar o próximo como a nós mesmos; temos de amá-lo como Jesus
nos amou. Somente assim poderemos expressar o amor ágape, tal qual afirma
a Escritura em 1 Coríntios 13.
O amor de Jesus por nós é o exemplo do amor que devemos expressar
na comunhão diária com nossos irmãos em Cristo. O amor ágape, manifestado
entre os irmão, é mais precioso do que a manifestação do dom profético, da
sabedoria ou da fé. Pois somente através do amor é que podemos entender e nos
relacionarmos adequadamente uns com os outros.
Preservando a doutrina — A missão conservadora da Igreja
Doutrina: No Novo Testamento, a
palavra grega mais empregada para doutrina é didachē,
cujo sentido é “instrução” e “ensino”. A igreja primitiva fazia uso do
vocábulo didachē para referir-se “a doutrina dos apóstolos” (At
2.42).
O ensino das Escrituras deve ser, antes de mais nada, ortodoxo.
Todo ensino bíblico-doutrinário deve ser estritamente de acordo com a mensagem
divina revelada no Antigo e Novo Testamentos. Tal ortodoxia cristã tem nas
Sagradas Escrituras a única fonte do verdadeiro conhecimento de Deus, de suas
doutrinas e da maravilhosa salvação em Cristo Jesus.
A ORTODOXIA DOUTRINÁRIA DA IGREJA
A palavra ortodoxia na religião cristã significa: “absoluta
conformidade com um princípio ou doutrina bíblica”.
Cristo está edificando a sua Igreja. Aos
discípulos, Jesus declarou que edificaria sua igreja (Mt 16.18). O fundamento e
as colunas (pilares) desse edifício são as doutrinas bíblicas fundamentais, as
quais dão sustentação a esse edifício espiritual (1 Co 3.9,10,16). A Igreja é
edificada sobre “o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus é a
principal pedra de esquina” (Ef 2.20). A ordem da frase “apóstolos e profetas”
deixa claro que a “doutrina dos apóstolos”, citada em Atos 2.42, refere-se ao
ensino que receberam de Jesus e que foram comissionados a ensinar. Não se
tratava de uma doutrina particular dos apóstolos Pedro, João, Tiago ou Paulo,
mas a mesma ensinada por Jesus. A referência aos profetas trata-se dos profetas
da igreja primitiva que confirmavam, pelo Espírito Santo, as doutrinas
ensinadas. A ordem da frase apóstolos
e profetas indica tratar-se do dom profético naqueles dias
outorgado pelo Espírito Santo (Ef 4.11).
Os edificadores desse edifício (1 Co 3.10,11). Paulo
ilustra que a edificação da Igreja é efetuada pelos ministros do Senhor. No
versículo 11, a Bíblia declara que “ninguém pode colocar outro fundamento além
do que já está posto”. No texto de Efésios 4.11, vemos os edificadores que Deus
tem dado à Igreja, tais como “apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e mestres”. Eles usam os materiais
da doutrina cristã para construir este edifício espiritual.
A IGREJA É GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA
A Igreja de Cristo é vista numa linguagem figurada como “casa” e
“família” (1 Tm 1.2,18; 2.13-15). A Bíblia, em 1 Timóteo 3.15, usa a expressão
“coluna e firmeza” que fala de suporte, apoio, sustentáculo de uma
construção. A lição que aqui podemos aprender é que devemos fielmente preservar
aquilo que temos recebido da parte do Senhor. A verdadeira igreja é aquela que
se mantém em tudo fiel à sã doutrina bíblica.
O significado de “coluna e firmeza da verdade” (1 Tm
3.15). Consoante à Igreja, esses termos indicam a função do Corpo
de Cristo no que se refere à Verdade. O comportamento requerido da Igreja,
conforme o texto “para que saibas como convém andar na casa de Deus”, revela
sua natureza, no sentido de que ela deve ter um comportamento digno e santo em
relação ao mundo pecador. Isso porque a “Igreja do Deus vivo” é um povo santo,
separado do pecado e do mundanismo. Portanto, a Igreja é a demonstração viva e
santa da Verdade do evangelho. Seu papel é o de sustentar, manter e defender a
Verdade contra todo erro e oposição intelectual, religiosa e filosófica dos
falsos mestres. A Verdade foi confiada à Igreja, e todo erro e heresia devem
ser refutados por ela (1 Tm 6.3-5; 2 Tm 2.18; 3.8; 4.4).
A Verdade no contexto de 1 Timóteo 3.15. Essa
Verdade do evangelho é o vastíssimo conteúdo doutrinário da fé cristã. A Igreja
tem a missão de viver e representar essa Verdade, mas também de mantê-la e
defendê-la de toda oposição que se lhe ataca.
A PRESERVAÇÃO DA ORTODOXIA DOUTRINÁRIA PELA IGREJA
O perigo das infiltrações heréticas na igreja. Três
textos nos alertam contra essas ameaças:
a) Atos 20.28-30 fala de “lobos cruéis”
que entrariam no meio do povo de Deus. Esses lobos representam falsos obreiros
que só cuidam de si próprio, e não do rebanho do Senhor.
b) 2 Pedro 1.1,2 refere-se “aos que conosco alcançaram fé
igualmente preciosa”. Essa fé preciosa deve ser vivida e ensinada a
todas as pessoas.
c) Gálatas 1.6,10 menciona pessoas que
experimentam a graça de Deus e, facilmente, abandonam a “fé recebida” e a
trocam por “outro evangelho”.
Fatos danosos que facilitam o surgimento de heresias e
outros males semelhantes. Vejamos dois desses fatos
ou casos que ocorrem e surgem no seio da Igreja, os quais ocasionam o
surgimento de heresias e outros males semelhantes.
a) Imaturidade espiritual. Há
uma nítida distinção entre uma criança e um adulto na fé cristã (1 Pe 2.2). O
recém-nascido na fé requer cuidado especial por ser mais vulnerável às
heresias. Tal pessoa quer experimentar tudo que lhe é oferecido. Há também,
nesse contexto da imaturidade espiritual, os crentes movidos por emoção, os
quais mudam de atitude ante o vento de doutrina que sopre diferentemente. São
facilmente seduzidos quanto à fé por pessoas fraudulentas (2 Tm 4.3).
b) Subversão espiritual. Isso pode ocorrer
com pessoas na igreja que, além de imaturas, são carnais, que se deixam levar
por novas idéias, princípios e atitudes sem respaldo bíblico. Elas promovem
confusão doutrinária, renegam a fé recebida, e forjam outras doutrinas fora dos
princípios básicos da doutrina cristã defendidos na Bíblia Sagrada. Além disso,
em nome de uma falsa revelação espiritual, contrariando toda a revelação
bíblica, distorcem a verdade de acordo com suas conveniências pessoais e
desvirtuam o texto bíblico de várias maneiras, para adaptá-lo ao seu modo de
crer; aos seus conceitos pessoais.
É necessário que a Igreja de Cristo mantenha-se sempre vigilante
e precavida contra as heresias que contestam as verdades fundamentais da fé
cristã, segundo o que está escrito na Palavra de Deus. Esta é uma das cautelas
para a Igreja evitar os erros doutrinários e combater as heresias.
“Doutrina e ortodoxia.1. Definição
de doutrina. Na Bíblia Almeida Revista e Corrigida o termo ‘doutrina’
aparece cinqüenta vezes, enquanto na Almeida Revista Atualizada, cerca de
trinta e nove vezes. Todas traduzem os termos leqach, torah e didachē por doutrina, classificando-a
como ‘doutrina pura’ (Jó 11.4); ‘boa doutrina’ (Pv 4.2); ‘doutrina do sábio’
(Pv 13.14); ‘doutrina dos fariseus’ (Mt 16.12); ‘doutrina dos apóstolos’ (At
2.42); ‘doutrina do Senhor’ (At 13.12); ‘sã doutrina’ (1 Tm 1.10); ‘doutrina de
demônios’ (1 Tm 4.1); ‘doutrina de Deus’ (Tt 2.10); ‘doutrina de Cristo’ (Hb
6.1); ‘doutrina de Balaão’ (Ap 2.14); ‘doutrina dos nicolaítas’ (Ap 2.16).
O termo ‘doutrina’ nos textos de Dt 32.2; Jó 11.4 e Pv 4.2, é a
tradução do hebraico leqach,
isto é, ‘ensino’, ‘aprendizagem’ ou ‘poder de persuasão’ de quem ensina (Pv
16.21).
Nas páginas do Novo Testamento, a palavra grega mais empregada
é didachē,
cujo sentido é ‘instrução’, ‘ensino’ ou ‘doutrina’ (Mc 1.22,27; 11.28; Jo
7.16,17; Mt 22.33).
2. Uso corrente. A igreja cristã primitiva
usava o vocábulo didachē para
referir-se à doutrina dos apóstolos (At 2.42), ou à doutrina do Senhor (At
13.12), que era, na verdade, a exposição do evangelho de Cristo.
O apóstolo Paulo também usou o termo diversas vezes, a fim de
descrever o conjunto de ensinos e crenças que compunham a pregação cristã
primitiva (Rm 6.17; 16.17; Ef 6.4; 1 Tm 1.3; 4.16; 6.3).
Essa mesma tradição, chamada posteriormente de ‘kerygma’ pelos teólogos, é
mencionada na teologia paulina como ‘a pregação (kerygma) de Jesus Cristo, conforme a
revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto’ (Rm 16.25; 1 Co
1.21; 2.4; 15.14).
Segundo o apóstolo João, esse arcabouço de ensinos constitui a
‘doutrina de Cristo’ (2 Jo 1.9). A doutrina, portanto, é o conjunto de ensinos
e crenças que constituem o cânon de fé e prática do cristão.
3. A proclamação da doutrina de Cristo. O kerygma é tanto a
mensagem, a pregação, quanto a substância do que é pregado. Okerysso era um arauto
ou proclamador, conforme os textos de Mt 3.1; Mc 1.45; Lc 4.18,19; 12.3; At
10.37; Rm 2.21; Ap 5.2.
Os apóstolos foram comissionados por Jesus para serem os
proclamadores do Reino de Deus. Jesus capacitou formal e espiritualmente os
apóstolos para que interpretassem a sua vida e os seus ensinos conforme as
Escrituras do Antigo Testamento (Lc 24.44-47). Esse conjunto de interpretações
(dos ensinos, vida, morte, ressurreição e exaltação de Cristo) é chamado, nas
Escrituras Neotestamentárias, de pregação, evangelho ou a doutrina de Cristo (2
Jo v.9).
A doutrina de Cristo, como se depreende de textos semelhantes ao
de 2 João v.9, é o conjunto de todos os ensinos de Cristo, como os encontramos
em o Novo Testamento. Não se limita apenas às palavras ensinadas por Jesus, mas
estende-se também ao mistério da encarnação do Verbo, ministério terreno,
paixão, morte, ressurreição e exaltação de Cristo. Jesus confiou aos seus
apóstolos a transmissão de seus ensinos”.
As Escrituras Sagradas dão um enfoque todo especial à doutrina
como sendo a substância da fé. Estamos vivendo tempos trabalhosos, onde a cada
dia surgem novas filosofias heréticas. Estas somente poderão ser combatidas
caso a Igreja se mantenha fiel e dedicada ao estudo da doutrina bíblica.Que a
instrução de Paulo a Timóteo seja observada com atenção em seu ministério: “Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina...” (1 Tm 4.16).
Avivamento espiritual — A
missão dinâmica da Igreja
Avivamento: Avivamento é sempre o
retorno de algo à sua verdadeira natureza e propósito.Atos
17.1-12 relata o início e o crescimento da igreja em Tessalônica, cidade
comercial da Macedônia, na Grécia. Naqueles tempos, houve um grande avivamento
espiritual mediante a pregação da Palavra de Deus (1 Ts 1.5). Foi um movimento
do Espírito tão maravilhoso que serviu de modelo para todas as demais igrejas
da região (1 Ts 1.7).
A CHAMA DO AVIVAMENTO DA IGREJA TESSALÔNICA (1 Ts 1.1-3)
A chama do zelo e do fervor espiritual (v.1). O
apóstolo Paulo identifica os destinatários da epístola como “a igreja dos
tessalonicenses”. Ele difere no endereçamento quando diz “dos tessalonicenses”,
e não “aos” tessalonicenses, indicando que aquela igreja tinha identidade
própria. Ou seja, desde o seu nascimento, o zelo e o fervor espiritual daqueles
cristãos era uma marca que os caracterizava.
A chama da fé ativa (v.3). Aqui
vemos que a igreja creu e desenvolveu uma fé dinâmica e crescente: “a vossa fé
cresce muitíssimo” (2 Ts 1.3). Nesse texto, estão três grandes virtudes do
cristianismo: fé, amor e esperança. A expressão “obra da vossa fé” (v.3) não se
contrapõe à justificação pela fé. Essa “obra” não é um ato de justiça que
justifica o homem diante de Deus (Is 64.6; Ef 2.8,9). Na verdade, a “obra da
fé” se refere ao desempenho espiritual do cristão, pela fé, depois de salvo.
A chama do amor em ação. “Trabalho
do vosso amor” (v.3). Não se trata de amor filantrópico, mas do amor gerado
pelo Espírito Santo, como “fruto do Espírito” (Gl 5.22). Não é apenas de “um
ato de amor”, mas do trabalho contínuo a favor do evangelho de Cristo.
A chama da esperança. A
frase “paciência da esperança” (v.3) tem a ver literalmente com: “resistência,
constância ou perseverança da esperança”. Só tem essa esperança quem sabe
esperar em Deus. Aquela igreja enfrentou perseguições e adversidades, no
entanto, o apóstolo a elogia pela capacidade que teve em manter acesa a chama
da esperança. É nas adversidades que devemos manter a esperança, pois temos
realmente o que esperar, segundo as promessas de Deus: “Fiel é o que prometeu”
(Hb 10.23).
. MANTENDO A CHAMA DO
AVIVAMENTO ACESA
A chama inicial deve permanecer acesa (1 Ts 2.1). Afirma
o apóstolo: “bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã”. Ele
queria saber do resultado de todo trabalho pioneiro que ali fora realizado com
muito sacrifício. Graças a Deus, o trabalho realizado não tinha sido inútil. O
resultado era patente na vida daqueles irmãos. A igreja precisa manter acesa a
chama do “primeiro amor”.
A chama da pregação precisa ser reavivada (1 Ts 2.13). O
evangelho tem sido pregado com abnegação e fervor? Lamentavelmente, o que mais
se vê são pregadores e mestres presunçosos, vaidosos, gananciosos e
trapaceiros, que apesar de na aparência não demonstrarem nada disso, revelam-se
nas atitudes. Aquele espírito amoroso e sacrificial que deve permear a mente e
o coração dos pregadores, parece ter desaparecido. O evangelho como Paulo
pregava era eficaz. A mensagem que aqueles crentes recebiam era a própria
Palavra de Deus (v.13). Por isso, tornavam-se imitadores das igrejas de Deus
(v.14). No versículo 20, Paulo fala de sua alegria pelos frutos resultantes de
seu ministério para Deus, pois a igreja de Tessalônica era, de fato, a sua
glória e alegria, na presença de Deus.
A CHAMA DO AVIVAMENTO E A VOLTA DO SENHOR (1 Ts 4.13-18)
A chama da pureza moral (1 Ts 4.1-12). Paulo
sabia que, enquanto a Igreja aqui estivesse, seus membros estariam sujeitos às
tentações e pecados na sua vida cotidiana. Por isso, no texto bíblico acima
mencionado, três coisas da vida do crente são tratadas pelo apóstolo: a pureza
moral (vv.1-8), o amor fraternal (vv.9,10) e o trabalho honesto (vv.11,12).
Quanto à pureza moral, fala da maldita realidade da prostituição em suas várias
formas. Esse tipo de pecado da sociedade deve ser totalmente rejeitado por um
crente que ama ao Senhor (1 Ts 4.1,2). O “amor fraternal” é o tipo de
relacionamento que deve ser cultivado pelo cristão (1 Ts 4.9,10). Sobre a
prática do trabalho honesto, devemos evitar atitudes que desabonem nossa
conduta ou que representem engano, negligência e irresponsabilidade em nossas
atividades diárias, sejam elas quais forem (1 Ts 4.11,12).
Corrigindo conceitos equivocados (4.13). Paulo
soubera que entre os cristãos de Tessalônica propagavam-se equívocos
doutrinários referentes à situação dos mortos em Cristo e acerca da volta do
Senhor. A liderança da igreja tem a responsabilidade de esclarecer
doutrinariamente os enganos dos crentes, bem como seu desconhecimento das
doutrinas vitais da Bíblia. Foi justamente o que Paulo fez: “Não quero que
sejais ignorantes acerca dos que dormem” (v.13).
A verdade acerca do estado dos mortos (1 Ts 4.14-17). A
Bíblia ensina que, num determinado momento da sua vinda, o Senhor voltará
apenas para a sua Igreja, constituída pelos vivos e pelos mortos em Cristo.
Nesta fase, Jesus virá até as nuvens, e ouvida a voz de convocação para os
santos (v.16), os “mortos em Cristo” ressuscitarão primeiro, e num “abrir e
fechar de olhos” (1 Co 15.51), subirão ao encontro do Senhor nos ares. Os vivos
ouvirão, em seguida, a chamada do Senhor, e já transformados do seu estado
material para o espiritual, subirão ao encontro do Senhor, juntamente com os
que foram ressuscitados (v.17).
“Por que precisamos de avivamento contínuo.Uma
igreja sem renovação espiritual constante cai na rotina, isto é, fica parada no
tempo, no espaço e no trabalho. Ela pode até trabalhar, mas não avança, não
progride, porque algum fruto que surja é destruído pelas contendas, inveja,
ganância, desunião e outras obras da carne. Tal igreja não resiste, nem supera
as rápidas mutações de comportamento da sociedade ímpia ao seu redor.
Tal igreja, ainda, perde a guerra espiritual contra a ‘carne’ e
as potestades do mal (Gl 3.3; 5.17). O crente regenerado pelo Espírito Santo
precisa também manter-se renovado pelo mesmo Espírito Santo (Tt 3.5; 2 Co
4.16). O avivamento espiritual não é só ter o fogo e o calor do Espírito Santo;
é preciso continuar a avivar a chama do fogo espiritual (2 Tm 1.6 — lit.,
‘aviva de novo a chama viva do fogo’).
As palavras do evangelista Billy Graham, em seu sermão, três
dias após os atentados terroristas contra os Estados Unidos: ‘Prostemo-nos
perante Deus, humilhados, contritos, arrependidos, confessando os nossos
pecados como cristãos, para que venha sobre nós um avivamento celestial’.
Precisamos de avivamento contínuo da parte do Senhor, para que sejamos
vencedores. Somente um real e contínuo avivamento é capaz de restringir, deter
e neutralizar na igreja a atual avalanche de secularismo, de mundanismo, de
comodismo, de conformismo, de transigência com o erro, com o pecado e com o
mal.
Segundo o modelo bíblico, o reavivamento resulta em santidade do
crente em toda a sua maneira de viver (1 Pe 1.15). Se um avivamento não
resultar nisso — nessa mudança de vida —, tudo não passará de mero entusiasmo,
mecanicismo e emoção, como acontece com certos ‘avivamentos’ orquestrados pelos
homens. O avivamento sob Esdras e Neemias, nesse sentido, obteve grandioso
resultados (Ne 8; 9.1-38).
A santificação deve ocorrer em ‘todo o vosso espírito, e alma, e
corpo’, conforme lemos em 1 Tessalonicenses 5.23. Isso significa que devemos
ser santos em nosso viver, e em nossa conduta — isto é, em nosso caráter,
inteiramente —, e em nosso proceder, externamente. Mantenhamo-nos, pois,
separados do mundo pecaminoso.
Preparemos, pois, ‘o caminho do Senhor’ para o avivamento — ou
reavivamento — celestial, como proclamou João Batista (Jo 3.3)”.(GILBERTO,
A. Verdades
Pentecostais. RJ: CPAD, 2006, p. 26, 27 e 89.)
Como já é do seu conhecimento, no passado Deus levantou alguns
homens para trazer o avivamento espiritual para o seu povo. O Senhor não mudou.
Hoje, em tempos de pós-modernismo, o Todo-Poderoso continua a levantar e a usar
homens (“os homens são o método de Deus”) para que a chama do avivamento
continue a arder em sua Igreja. Somente uma Igreja avivada poderá cumprir
integralmente sua missão nesta Terra. Então, que você possa se colocar
inteiramente nas mãos do Pai, orando como fez o profeta Habacuque: “Aviva, ó
Senhor a tua obra no meio dos anos” (Hc 3.2).
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