A atualidade dos Profetas Menores
SOBRE OS PROFETAS MENORES
INTRODUÇÃO
Autoridade. A coleção dos
Profetas Menores compõe-se dos seguintes livros: Oseias, Joel, Amos, Obadias,
Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Essa
estrutura vem da Bíblia Hebraica e, posteriormente, da Vulgata Latina. A Septuaginta
(antiga versão grega do Antigo Testamento) apresenta nos seis primeiros livros
uma disposição diferente da Hebraica, dispondo os livros assim: Oseias, Amos,
Miqueias, Joel, Obadias e Jonas.
É
importante ressaltar que o valor e a autoridade dos escritos dos Profetas
Menores em nada diferem dos Profetas Maiores. Tal classificação é puramente
pedagógica, visando tão somente facilitar a compreensão da presença de uma
estrutura literária nos livros proféticos do Antigo Testamento. Não obstante,
ambas as coleções são uma só Escritura e têm a mesma autoridade (Jr 26.18 cf.
Mq 3.12; Rm 9.25-27 cf. Os 1.10; 2.23; Is 10.22,23).
Origem do termo. A expressão
“Profetas Menores” advém da Igreja Latina por causa do volume do texto ser
menor em comparação aos de Isaías, Jeremias e Ezequiel. Assim explica Agostinho
de Hipona (345-430 d.C.) em sua obra A cidade de Deus. O termo é de origem
cristã, pois, na literatura judaica, essa coleção é classificada como Os
Doze ou Os
Doze Profetas.
Essa informação é confirmada desde o ano 132 a.C, quando da produção do livro
apócrifo de Eclesiástico (49.10). É também corroborada pelo Talmude (antiga
literatura religiosa dos judeus) e ratificada pela obra Contra
Apion do
historiador judeu Flávio Josefo (37-100 d.C).
Cânon e cenário dos Doze. O cânon judaico
classifica os profetas do Antigo Testamento em anteriores e posteriores, sendo:
a) Anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2
Samuel, 1 e 2 Reis; e b) Posteriores: Isaías, Jeremias,
Ezequiel e os Doze. A classificação e o arranjo do cânon hebraico diferem
sistematicamente do nosso.
Um
dado importante é que todos os profetas, de Isaías a Malaquias, viveram entre
os séculos 8 a 5 a.C, tendo alguns deles sido contemporâneos. O período
abrangeu o domínio de três potências mundiais: Assíria, Babilônia e Pérsia.
Oseias, Isaías, Amos, Jonas e Miqueias, por exemplo, viveram antes do exílio
babilônico (Os 1.1; Is 1.1; Am 1.1; 2 Rs 14.23-25 cf. Mq 1.1), e outros, como
Ageu e Zacarias, no pós-exílio (Ag 1.1; Zc 1.1).
A MENSAGEM DOS PROFETAS MENORES
Procedência (vv.16-18). O apóstolo Pedro
afirma que a revelação ministrada à Igreja era uma mensagem real e abalizada
pelo testemunho ocular do colégio apostólico. À semelhança dos apóstolos, os
profetas, inspirados pelo Espírito Santo, refletiram fielmente a vontade e a
soberania divina acerca da redenção de Israel, em particular, e da humanidade,
em geral.
A
mensagem dos profetas é de procedência divina e tem, como cenário, as
ocorrências do dia a dia. O casamento de Oseias (Os 1.2-5; 3.1-5) e a visita de
Amós a Samaria (Am 7.10-17) são apenas alguns dos exemplos que deram ocasião
aos oráculos divinos. Semelhantemente aconteceu aos apóstolos na transfiguração
de Jesus no Monte das Oliveiras (Mt 17.5,6; Mc 9.7; Lc 9.34-36).
“A palavra dos profetas” (v.19a). Convém ressaltar
que a expressão “os profetas”, nessa passagem, não se restringe aos literários
e nem mesmo aos Doze. Porque Deus levantou profetas desde o princípio do mundo
(Lc 1.70; 11.50,51). O ministério e os escritos proféticos eram tão importantes
que, algumas vezes, o termo é usado para se referir ao Antigo Testamento (At
26.27). Entre os seus escritos, encontramos mensagens da vinda do Messias,
orientações para a vida humana, para a nação de Israel e até para o mundo. Há
também mensagens que se aplicam à Igreja de Cristo (1 Tm 3.16).
“Como a uma luz que alumia em
lugar escuro” (v.19b). Os profetas pregaram tudo o que diz respeito
à vida e à piedade. Os temas eram diversos: Deus, o ser humano e a criação.
Estaríamos à deriva no mundo sem as palavras dos profetas, pois elas nos levam
à luz de Cristo (Sl 119.105). A Lei e os Profetas anunciaram a vinda de Jesus
de Nazaré (Jo 1.45; Lc 24.27). A mensagem dos profetas foi entregue às gerações
futuras, preparando-as para o tempo do Evangelho (1 Pe 1.12). Por isso, não
devemos abdicar de seus ensinamentos, pois a autoridade desses escritos é
perfeitamente válida para hoje.
A INSPIRAÇÃO DIVINA DOS PROFETAS
A iniciativa divina. O apóstolo Pedro
retoma o que afirmou nos versículos 16 a 18. A mensagem dos profetas não se
resume a uma retórica baseada em imaginação humana, nem é algo artificialmente
construído. Nenhuma parte dessa revelação “é de particular interpretação”
(v.20). As experiências dos profetas, como as do próprio Pedro no monte da
transfiguração, provam a iniciativa divina em comunicar seus oráculos à
humanidade.
A inspiração dos profetas. Está escrito que
“toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3.16 — ARA). O termo grego theopneustos para as
expressões “inspirada por Deus” e “divinamente inspirada” vem das
palavras Theos, “Deus”, e pneo, “respirar, soprar”.
Isso significa que os profetas foram “movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21 —
ARA).
O
caráter especial e único da “palavra dos profetas” a torna sui
generis.
Ela pode fazer qualquer pessoa sábia para a salvação em Cristo Jesus e é
proveitosa para ensinar, repreender, corrigir, redarguir e instruir em justiça
(2 Tm 3.15,16). Nenhuma literatura no mundo tem essa mesma prerrogativa.
A autoridade dos Profetas Menores. A Igreja
submete-se inquestionavelmente à autoridade dos apóstolos, e essa é a vontade
de Deus. Pois, os Evangelhos de Mateus e Lucas, ou pelo menos um deles, são
colocados no mesmo nível do Antigo Testamento (1 Tm 5.18; Dt 25.4; Mt 10.10; Lc
10.7). O mesmo acontece com as epístolas paulinas (2 Pe 3.15,16). Essa é uma
forma de se reconhecer definitivamente o Novo Testamento como Escritura
inspirada por Deus. Depreende-se, então, que todos os livros da Bíblia têm o
mesmo grau de inspiração e autoridade. Logo, devemos dar a mesma atenção e
credibilidade aos escritos dos Profetas Menores (2 Pe 1.19).
Diante
do exposto, os Profetas Menores, como parte integrante das Escrituras inspiradas,
não devem ficar em segundo plano. Por isso, recomendamos que, já no início do
trimestre, seja feita uma leitura dos Doze Profetas. Esta facilitará a
compreensão da mensagem desses despenseiros de Deus. Convém ressaltar que o
enfoque de cada lição, aqui, raramente coincide com o assunto predominante de
cada livro, pois a escolha desses temas baseou-se nas necessidades do mundo de
hoje. Profetismo Movimento que, surgido
no século VIII a.C, em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo
hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia
do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar
contra a esperança.
Tendo
sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista é visto como
o último representante deste movimento” (ANDRADE, C. C. Dicionário
Teológico. 8
ed., RJ: CPAD, 1999, p.244).O Ofício Profético O termo hebraico naby define em si o
profeta como porta-voz de Deus. Enquanto pregava para a própria geração, o
profeta também predizia eventos no futuro. O aspecto duplo do ministério do
profeta incluía declarar a mensagem de Deus e predizer as ações de Deus. Assim,
o profeta também era chamado de ‘vidente’ (hb.: roeh), porque podia ver
eventos antes de estes acontecerem.
A
Bíblia relata o profeta como alguém que era aceito nas câmaras do conselho
divino, onde Deus ‘revela o seu segredo’ (Am 3.7)” (LAHAYE, T. Enciclopédia
Popular de Profecia Bíblica. 1 ed., RJ: CPAD, 2008, p.383).
Os Profetas Menores
“Os
livros dos Profetas Menores são chamados assim por causa da brevidade relativa
em comparação a Isaías, Jeremias e Ezequiel, e não porque sejam menos
teologicamente importantes. Os doze livros que compõem os Profetas Menores
variam em data entre os séculos VIII e V a.C:
Embora
os acontecimentos registrados em Jonas tenham ocorrido no século VIII, a data
da autoria do livro é incerta.
[...]
Diversos temas teológicos se sobrepõem a maioria destes profetas, especialmente
nos mesmos períodos cronológicos acima esboçados.Os profetas não falaram sobre
Deus em termos abstratos de filosofia ou teologia. Falaram dEle como alguém
ativamente envolvido no mundo que Ele criou e intimamente interessado no povo
do concerto” (ZUCK, R. B. Teologia do Antigo
Testamento. 1
ed., RJ: CPAD. 2009, pp.429-30).
A atualidade dos profetas menores.Neste semestre
começamos o estudo dos profetas menores. Essa designação “profetas menores” não
representa uma forma de atribuir menor valor a esse grupo de profetas em
relação ao grupo anterior, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, também
conhecidos como profetas maiores. Essa designação é referente à classificação
feita pela igreja latina, que de forma didática, separou esses livros pela
extensão de seu conteúdo, e da mesma forma que os profetas maiores, os profetas
menores foram igualmente inspirados por Deus, e têm tanta autoridade quanto os
demais.
Uma
advertência precisa ser trazida aos que vão estudar os profetas menores. A
profecia é preditiva, ou seja, apresenta informações sobre o que há de
acontecer no futuro. Mas dizer o que ainda vai acontecer, para que tenhamos a
certeza de que Deus realmente falou por meio dos profetas, é apenas uma das
funções da profecia. Os profetas, inspirados por Deus, olharam para o futuro,
mas também para os seus próprios dias. Eles denunciaram os pecados do povo
quando esse se desviava dos caminhos do Senhor. Amós, por exemplo, clamou
contra as pessoas ricas de sua época, que de forma injusta, tomavam terras dos
mais pobres, deixando-os não apenas sem abrigo, mas também sem condições de ter
trabalho cotidiano. Obadias condenou a participação dos edomitas em um ataque
contra Judá, pois tinham ascendência comum, e como irmãos, jamais poderiam
viver com animosidade. Miqueias clamou para que o ritualismo não fosse superior
à obediência, e para que seu povo não pensasse que poderia manter os rituais e
serem desobedientes a Deus. Jonas foi mandado a pregar aos ninivitas, e aquela
geração se arrependeu. Na geração seguinte, tornaram a fazer as coisas erradas
que Deus abominava, e Deus usa Naum para decretar o juízo àquela nação.
Esses
são exemplos necessários para que não olhemos os profetas apenas como aqueles
que profetizaram sobre o futuro, mas que olharam para a sociedade em seus dias
e proclamaram a Palavra do Senhor, a fim de que seus contemporâneos se
arrependessem e se voltassem de coração ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Os
profetas nos mostram que o povo de Israel (e nós também) precisava se
arrepender de seus pecados, para finalmente, serem aceitos por Deus.
Portanto,
estudar os profetas menores é um dever dos cristãos que desejam ter suas vidas
alinhadas com a vontade de Deus no que tange à vida pessoal e às práticas
diárias.
Oseias A
fidelidade no relacionamento com Deus
O LIVRO DE OSEIAS
Contexto histórico. O ministério de
Oseias deu-se no período da supremacia política e militar da Assíria. Ele
profetizou em Samaria, capital do Reino do Norte, durante os “dias de Uzias,
Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei
de Israel” (1.1). A soma desses anos deve ser reduzida significativamente
porque Jotão foi corregente com seu pai, Uzias, e da mesma forma Ezequias
reinou com Acabe, seu pai (2 Rs 15.5; 18.1,2,9,10,13).Esses dados fornecidos
pelo profeta nos permitem datar o seu ministério entre 793-753 a.C. Jeroboão
II, reinou 41 anos num período de prosperidade econômica, mas também de
apostasia generalizada (2 Rs 14.23-29).
Estrutura. A revelação foi
entregue ao profeta pela palavra “dita a Oseias” (1.1a). A segunda declaração:
“O princípio da palavra do Senhor por Oseias” (1.2a), reitera a forma de
comunicação do versículo anterior. Também esclarece que a ordem para Oseias se
casar com “uma mulher de prostituições” aconteceu no começo do seu ministério,
como fica claro na ARA e na TB (1.2b).O livro pode ser dividido em duas partes
principais. A primeira é uma biografia profética escrita em prosa que descreve
a crise do relacionamento de Oseias com sua esposa infiel, ao mesmo tempo que
compara essa crise conjugal com a infidelidade e a apostasia do seu povo (1-3).
A segunda parte é escrita em forma poética e se constitui de profecias
proferidas durante um longo intervalo de tempo (4-14).
Mensagem. O assunto do
livro é a apostasia de Israel e o grande amor de Deus revelado, que compreende
advertência, juízo divino e promessas de restauração futura (8.11-14; 11.1-9;
14.4-9). Mesmo num contexto de decadência moral, o oráculo descreve o amor de
Deus de maneira bela e surpreendente (2.14-16; 6.1-4; 11.1-4; 14.4-8). Seus
oráculos são cheios de metáforas e símbolos dirigidos aos contemporâneos. Sua
mensagem denuncia o pecado do povo e a corrupção das instituições sociais,
políticas e religiosas das dez tribos do norte (5.1). Oseias é citado no Novo
Testamento (1.10; 2.23 cp. Rm 9.25,26; 6.6 cp. Mt 9.13; 12.7; 11.1 cp. Mt
2.15).
O MATRIMÔNIO
Etimologia. Os termos
“casamento” e “matrimônio” são equivalentes e ambos usados para traduzir o
grego gamos, que indica também “bodas” (Jo 2.1,2) e
“leito” conjugal (Hb 13.4). Trata-se de uma instituição estabelecida pelo
Criador desde a criação, na qual um homem e uma mulher se unem em relação
legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel (Gn 2.20-24; Mt 19.5,6). É
no casamento que acontece o processo legítimo de procriação (Gn 1.27,28),
gerando a oportunidade para a felicidade humana e o companheirismo.
Simbolismo. A intimidade, o
amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele
o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2;
Ef 5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada desde o Antigo Testamento.
A ordem divina para o casamento de
Oseias. Considerando
a santidade do casamento confirmada em toda a Bíblia, a ordem divina parece
contradizer tudo o que as Escrituras falam sobre o matrimônio. Temos
dificuldade em aceitá-la, mas qualquer interpretação contra o caráter literal
do texto é forçada. Quando Jeová deu a ordem, acrescentou: “porque a terra se
prostituiu, desviando-se do SENHOR” (1.2b). Isso era literal. A infidelidade a
Deus é em si mesma um adultério espiritual (Jr 3.1,2; Tg 4.4), ainda mais
quando se trata do culto a Baal, que envolvia a chamada prostituição sagrada
(4.13,14; Jz 8.33).
A LINGUAGEM DA RECONCILIAÇÃO
O casamento restaurado. O amor é o tema
central de Oseias. Com ele, Israel será atraído por Jeová (11.4; Jr 31.3). O
deserto foi o lugar do julgamento (2.3) e nele Israel achou graça, tal qual a
noiva perante o noivo (Êx 5.1; Jr 2.2). A expressão “e lhe falarei ao coração”
(2.14) é a linguagem de um esposo falando amorosamente à esposa (4.13,14; Gn
34.3; Jz 19.3). Nós fomos atraídos e alvejados pelo amor de Deus (Rm 5.6-8).
O vale de Acor e a porta de
esperança. Há
aqui uma menção do monumento erguido no vale de Acor, onde Acã pagou pelos seus
crimes e foi executado com toda a sua casa (Js 7.2-26). A promessa é que esse
vale não será mais lembrado como lugar de castigo. Será transformado em lugar
de restauração (Is 65.10), cujas vinhas serão dadas “por porta de esperança”
(2.15).
A reconciliação. A sentença de
divórcio (2.2) será anulada: “desposar-te-ei comigo para sempre” (2.19). O
baalismo generalizado (2.13) virá a ser transformado em conversão nacional e
genuína. Todo o povo servirá a Jeová em fidelidade, e cada um voltará a ter
conhecimento do Deus verdadeiro (2.20).
O BANIMENTO DA IDOLATRIA EM ISRAEL
Meu marido, e não meu Baal. A fórmula
“naquele dia” (2.6,18,21) é escatológica (Jl 3.18). As expressões “meu marido”
e “meu Baal”, em hebraico ishi e baali, são um jogo de
palavras muito significativo.
a) Significados. A palavra ish significa
“homem, marido” (Gn 2.24; 3.6); e baal, ou baalim, no plural, quer
dizer “dono, marido” (Êx 21.29; 2 Sm 11.26). O termo também é aplicado
metaforicamente a Deus, como marido: “Porque o teu Criador é o teu marido” (Is
54.5). A palavra “baal”, como “dono, proprietário”, aparece 84 vezes no Antigo
Testamento, sendo 15 delas como esposo de uma mulher, portanto “marido”.
b) Divindade dos cananeus. Como nome da
divindade nacional dos fenícios com a qual Israel e Judá estavam envolvidos
naquela época, aparece 58 vezes, sendo 18 delas no plural. Essa palavra se
corrompeu por causa da idolatria e por isso Jeová não será mais chamado de “meu
Baal”, mas de “meu marido” (2.16).
O fim do baalismo. Os ídolos
desaparecerão da terra (Jr 10.11). Isso inclui os baalins, cuja memória será
execrada para sempre, uma vez que a palavra profética anuncia o fim definitivo
do baalismo: “os seus nomes não virão mais em memória” (2.17). Apesar de a
promessa divina ser escatológica, esses deuses são hoje repulsa nacional em
Israel.O emprego das coisas do dia a dia como ilustração facilita a compreensão
da mensagem divina, e a Bíblia está repleta desses recursos literários. O
casamento é o símbolo perfeito para compreendermos o relacionamento de Deus com
o seu povo, e do Senhor Jesus Cristo com o cristão.
Livro de Oseias.] Quando Oseias
iniciou seu ministério, Israel estava desfrutando o zênite da sua prosperidade
e poder sob o reinado de Jeroboão II. Para entender melhor o livro de Oseias,
leia 2 Reis 14.23 a 15.31. Oseias distinguia as dez tribos pelo nome deIsrael, ou de Samaria, sua capital, ou
de Efraim, a tribo principal. Oseias não morreu
antes de ver o cumprimento de suas profecias.
O autor: Oseias, 1.1.
A chave: Adultério
espiritual, 4.12. A idolatria com toda espécie de vício, permeava todas as
classes sociais. Oseias por mais ou menos 60 anos condenava do modo mais
veemente o procedimento do povo, qualificando-o de adultério. Continuava seus
avisos sem resultados, o que é um tocante exemplo de perseverança no meio dos
maiores desânimos.
As divisões:
I.
Israel, a esposa infiel de Deus, caps. 1 a 3;
II.
Israel pecaminoso, 4.1 a 13.8;
III.
Israel restaurado, 13.9 a 14.9”.
(BOYER,
O. Pequena Enciclopédia Bíblica. 2 ed., RJ: CPAD,
2008, p.394)
“Diante
de tudo que temos estudado podemos compreender que o homem tem sido ingrato e
rebelde e mesmo assim Deus trabalha para a redenção humana. Primeiro levantou
um povo na antiguidade para a glória de seu nome: Israel. Esse povo fracassou,
mas ainda será restaurado. Quando Israel fracassou, rejeitando o seu Messias,
Deus levantou outro povo, a Igreja.É comum encontrar no livro do profeta Oseias
as promessas de bênçãos após as advertências de juízos, isso revela o grande amor
de Deus por seu povo e isso é confirmado no Novo Testamento pela expressão: ‘Se
formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo’ (2 Tm 2.13).
Depois
de anunciar o fim da casa de Israel, ‘farei cessar o reino da casa de Israel’
(1.4), e de afirmar que Israel não é mais seu povo, ‘porque vós não sois meu
povo, nem eu serei vosso Deus’ (1.9), logo em seguida afirma que os filhos de
Israel são povo de Deus e também chama de filhos de Deus. Não há nisso
contradição alguma, pois essa promessa é escatológica, vem depois dos juízos
anunciados nesse capítulo, em outros lugares do livro de Oseias.Vemos que no
Velho Testamento, Jeová se utilizou da experiência de seu povo para se revelar
a si mesmo de maneira progressiva, culminando com a manifestação de sua
plenitude na Pessoa de seu Filho Jesus Cristo (Cl 2.9). Agora, em Oseias,
começa-se a vislumbrar o amor de Jeová pelo seu povo e por toda a humanidade,
amor manifestado no calvário (Jo 3.16)” (SOARES, E. Oseias: A
restauração dos filhos de Deus. 1 ed., RJ: CPAD, 2002, p.53).
O
primeiro dos profetas menores é Oseias. Ele foi profeta às 10 tribos do Norte,
à nação de Israel já dividida. Notemos que por ocasião de seu ministério,
Israel experimentou o exílio pelos assírios. Antes de Oseias falecer, Samaria,
a capital da nação do Norte, caiu, cumprindo o que Oseias havia predito.
Profetas como Amós, Isaías e Miqueias foram contemporâneos de Oseias, sendo que
o primeiro profetizou para o Reino do Norte, ao passo que os dois últimos
profetizaram no reino do Sul.
O
nome Oseias significa Salvação. Esse nome difere de Josué e de Jesus, pois eles
significam “Jeová é Salvação”. Ele também é tido como “o mais gentil dos
profetas do Antigo Testamento” (Guia do Leitor da
Bíblia,
CPAD, pág.523). Ao longo de seu livro, Oseias é apresentado como um homem
casado com uma mulher infiel. De forma sintética e didática, podemos dividir o
livro de Oseias em duas grandes partes. Nos capítulos 1 a 3, Oseias se casa com
Gomer e tem três filhos com ela. Mas Gomer abandona o marido e vai buscar o
amor de outros homens. Oseias recebe de volta sua esposa adúltera, comprando-a
de volta em um mercado de escravos! Já nos capítulos 4 a 14, vemos a tristeza
de Deus para com Israel, e a advertência de Oseias para com a nação: eles seriam
levados para a Assíria cativos. Apesar de tudo, da mesma forma que Oseias
recebe de volta sua esposa infiel, demonstrando amor e misericórdia, Deus
receberá de volta a Israel, um povo desta vez amadurecido pela adversidade e
pelo reconhecimento de que só o Senhor é Deus.
E
certo que Gomer pagou um alto preço por ser infiel a Oseias. De uma mulher
honrada passou a ser adúltera, e depois, escrava, tendo sido resgatada por
aquele a quem ela desprezou. Da mesma forma que Gomer, Israel abandonou ao
Senhor, que lhe deu um nome e o transformou de um bando de escravos dos
egípcios em uma nação forte e reconhecida no cenário internacional. Apesar de
tudo o que Deus fez por eles, os israelitas não valorizaram sua posição e se
deixaram levar pela adoração a outros deuses, sendo, portanto, punidos pelos
seus pecados.
Oseias
apresenta uma profecia que se cumpriu na pessoa de Jesus Cristo: “Do Egito
chamei a meu filho” (Os 11.1), uma referência ao retorno de José e Maria com o
menino Jesus para Israel, após a morte daqueles que queriam matar o Senhor
quando Ele era ainda uma criança indefesa e totalmente dependente de seus pais.
Esses dois eventos ocorreram séculos depois.
Joel O derramamento do Espírito Santo
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Derramamento: ato
ou efeito de derramar; derramação.
O
Movimento Pentecostal, no início do século 20, colocou o livro de Joel em
evidência, fazendo com que ele fosse conhecido como o “profeta pentecostal”.
Apesar disso, o anúncio da descida do Espírito Santo não é o tema predominante
de seus oráculos. A maior parte de suas profecias fala da praga da locusta e do
julgamento das nações no fim dos tempos.
O LIVRO DE JOEL NO CÂNON SAGRADO
Contexto histórico. Pouco ou quase
nada se conhece sobre Joel e a sua época. As escassas informações baseiam-se em
alguns lampejos extraídos de seu livro. Era profeta de Judá e seu pai se
chamava Petuel (1.1). Isso é tudo o que sabemos de sua vida pessoal. Nenhum rei
é mencionado em seu livro, dificultando a contextualização histórica. Ele é
anterior a todos os profetas literários, pois tem-se como certo que escreveu
suas profecias em 835 a.C. Trata-se da época em que Judá estava sob a regência
de Joiada durante a infância de Joás (2 Cr 23.16-21). Isso explica a influência
e a presença significativa dos sacerdotes no governo de Judá (Jl 1.9,13; 2.17).
O templo estava em pleno funcionamento (Jl 1.9,13,14).
Posição de Joel no Cânon Sagrado. A ordem dos
Profetas Menores em nossas versões da Bíblia é a mesma do Cânon Judaico e da
Vulgata Latina, mas não é cronológica. Joel é o segundo livro, situado entre
Oseias e Amós, mas na Septuaginta há uma diferença na ordem dos primeiros seis
livros: Oseias, Amós, Miqueias, Joel, Obadias, Jonas.
Estrutura e mensagem. O oráculo foi
entregue ao profeta por meio da palavra (1.1). São três capítulos, mas a sua
divisão na Bíblia Hebraica é diferente: lá temos quatro capítulos, pois o
trecho 2.28-32 equivale ao capítulo três, com cinco versículos, e o conteúdo do
capítulo quatro é exatamente o mesmo do nosso capítulo três. São dois os temas
principais: a praga da locusta (1.1-2.27) e os eventos do fim dos tempos
(2.28-3.21). O assunto do livro é escatológico, com ameaças e promessas.
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO
Sua personalidade. O Espírito está
presente em toda a Bíblia, que o mostra claramente como uma pessoa e não como
uma mera influência. Ele é inteligente (Rm 8.27), tem emoções (Ef 4.30) e
vontade (At 16.6-11; 1 Co 12.11). Há abundantes provas bíblicas de sua
personalidade.
Sua divindade. O Espírito Santo
é chamado textualmente de “Deus de Israel” (2 Sm 23.2,3). Ele é igual ao Pai e
ao Filho em poder, glória e majestade. Na declaração batismal, somos batizados
também em seu nome (Mt 28.19; Ef 4.4-6). Isso significa que o Espírito Santo é
objeto da nossa fé e da nossa adoração. Ele é tudo o que Deus é (1 Co 2.10,11).
Como uma pessoa pode ser
derramada? Esta
é uma das perguntas que alguns grupos religiosos fazem frequentemente com a
finalidade de “provar” que o Espírito Santo não é Deus nem uma pessoa. Aqui,
por duas vezes a palavra profética afirma “derramarei o meu Espírito”
(2.28,29), o que é ratificado em o Novo Testamento (At 2.17,18). Ao longo da
história, a divindade do Espírito Santo sempre encontrou oposição. Após o
Concílio de Niceia, surgiram os pneumatomachoi(“opositores do
Espírito”) que, liderados por Eustáquio de Sebaste (300-380), não aceitavam a
divindade do Espírito Santo.
Linguagem metafórica. O “derramamento”
do Espírito Santo é a expressão que a Bíblia usa para descrever o revestimento
de alguém com o poder do mesmo Espírito. Trata-se de uma metáfora, figura que
“consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não
é a sua, em virtude de uma comparação implícita” (Gramática Rocha Lima).
Simbolizado
pela água, o Espírito Santo lava, purifica e refrigera como reflexo de suas
múltiplas operações (Is 44.3; Jo 7.37-39; Tt 3.5).
HORIZONTES DA PROMESSA
Ponto de partida. A profecia do
derramamento do Espírito Santo começou a ser cumprida no dia de Pentecostes,
que marcou a inauguração da Igreja (At 2.16). O apóstolo Pedro empregou
apropriadamente a expressão “nos últimos dias” (At 2.17) no lugar de “depois”
(Jl 2.28a).
Não
faz sentido algum, por conseguinte, afirmar que a efusão do Espírito Santo foi
apenas para a Era Apostólica; antes, pelo contrário, começou com os apóstolos e
continua em nossos dias. Era o ponto de partida, e não de chegada.
Comunicação divina. Deus disponibilizou
recursos espirituais para manter a comunicação com o seu povo por meio de
sonhos, visões e profecias, independentemente de idade, sexo e posição social
(2.28b,29). Todavia, cabe-nos ressaltar que somente a Bíblia é a autoridade
divina e definitiva na terra. Quanto aos sonhos, visões e profecias, são-nos
concedidos para a edificação individual, e não podem ser usados para
fundamentar doutrinas. A Bíblia Sagrada é a nossa única regra de fé e prática.
O FIM DOS TEMPOS
Sinais. A profecia de
Joel fala ainda sobre aparição de sinais em cima no céu e embaixo na terra, de
sangue, fogo e colunas de fumaça, do sol convertendo-se em trevas e da lua
tornando-se sangue (2.30,31). São manifestações teofânicas de Jeová para
revelar a si mesmo e também para executar juízo sobre o pecado (Êx 19.18; Ap
8.7). Tudo isso o apóstolo Pedro citou integralmente em sua pregação (At
2.19,20). É de se notar que tais manifestações não foram vistas por ocasião do
Pentecostes. A explicação é que se trata do começo dos “últimos dias”.
Etapas. O primeiro
advento de Cristo e o derramamento do Espírito Santo são eventos introdutórios
dos “últimos dias” (At 2.17). Os sinais cósmicos acompanhados de fogo, coluna
de fumaça etc., ausentes no dia de Pentecostes, dizem respeito à Grande
Tribulação, no epílogo da história, “antes que venha o grande e terrível dia do
Senhor” (Jl 2.31; At 2.20).
Resultado. A vinda do
Espírito Santo, além de revestir os crentes em Jesus, resulta também em
salvação a todos os que desejam encontrar a vida eterna. O apóstolo Pedro
termina a citação de Joel com estas palavras: “Todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo” (At 2.21). O nome “SENHOR”, com letras maiúsculas, indica
na Bíblia Hebraica a presença do tetragrama YHWH (as quatro consoantes do nome
divino “Yahweh, Javé, Yehovah, Jeová”). O apóstolo Paulo citou essa passagem
referindo-se a Jesus, e afirmando que o Meigo Nazareno é o mesmo grande Deus
Jeová de Israel (Rm 10.13).
O
derramamento do Espírito Santo inaugura a dispensação da Igreja, que,
acompanhado de grandes sinais, faz do cristianismo uma religião sui
generis.
A Igreja continua recebendo o poder do alto e prossegue anunciando a salvação a
todos os povos. Nisso, vemos a múltipla operação do Espírito Santo, revestindo
de poder os crentes em Jesus e convencendo o pecador de seus pecados (At 1.8;
Jo 16.7-11).
Joel: O derramamento do Espírito Santo
Joel,
o segundo dos chamados profetas menores, exerceu seu ministério em Judá, no
Reino do Sul. Seu nome significa “Jeová é Deus”. Em que pese o fato de ele ter
profetizado sobre o derramamento do Espírito de Deus no futuro, com
manifestações específicas, a tônica de sua profecia vai mais além. No capítulo
1, “Joel profetiza ao povo logo após enormes enxames de gafanhotos terem
destruído a terra. Esses insetos comeram todas as plantas e ervas próprias para
a alimentação. Ao mesmo tempo, havia falta de chuva, ocasionando também falta
de água. Contudo, ainda que essa destruição tenha sido muito terrível, Joel
escreve dizendo que isso não é nada em comparação com o que Deus está prestes a
fazer por causa da desobediência do povo. Joel pede que as pessoas se voltem
para Deus e lhe obedeçam antes que seja tarde demais.” (Quero
Entender a Bíblia,
CPAD, pg.187). Acerca de desastres naturais, Lawrence O. Richards comenta: “Os
desastres naturais geralmente são identificados como sendo ‘atos de Deus’. Na
atualidade, sabemos que isso significa tão somente que não há ser humano capaz
de manter controle sobre um evento em particular. Na época do Antigo
Testamento, entretanto, muitos ‘desastres naturais’ eram literalmente
considerados atos de Deus, uma demonstração de sua soberania sobre os atos
naturais para deles se extrair uma lição espiritual” (Guia
do Leitor da Bíblia,
CPAD, pg.531).
Séculos
mais tarde, Deus enviou seu Espírito Santo aos santos que estavam em oração em
um cenáculo, aguardando o cumprimento do que Jesus havia prometido: um
revestimento de poder com o objetivo de anunciarem o evangelho de Jesus Cristo.
Naquele dia, aqueles que estavam no cenáculo foram cheios com o Espírito Santo,
de forma que falaram em outras línguas, e anunciaram a Jesus de forma ousada e
sem temor dos homens. Pedro utilizou a passagem de Joel para explicar o
derramamento do Espírito Santo, mostrando que esse evento traria sinais como a
capacidade de profetizar e ter visões.
Joel
também apresenta pontos em sua profecia, como o chamado “Vale da Decisão”,
local em que Deus há de apresentar suas decisões contra a humanidade rebelde (e
não um lugar onde as pessoas decidirão o que vão fazer); fala também que aquele
que invocar o nome do Senhor há de ser salvo, uma observação inicial para os
judeus, mas que entendemos ter sido estendida aos gentios que clamarem a Deus e
que serão salvos.
Amós A justiça social como
parte da adoração
POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL EM AMÓS
POLÍTICA
Queremos
dizer sobre política “o conjunto de práticas relativo a uma sociedade”. Pois as
relações humanas numa sociedade são estabelecidas de acordo com decisões
políticas tomadas por representantes dela (Am 7.10-14).
JUSTIÇA SOCIAL
Justiça
social é o conjunto de ações sociais, destinado a suprimir as injustiças de
todos os níveis, reduzindo a desigualdade e a pobreza, erradicando o
analfabetismo e o desemprego, etc (Am 8.4-8).
Adoração: Rendição
a Deus em todas as esferas da vida.
O
livro de Amós permanece atual e abrange diversos aspectos da vida social,
política e religiosa do povo de Deus. O profeta combateu a idolatria, denunciou
as injustiças sociais, condenou a violência, profetizou o castigo para os
pecadores contumazes e também falou sobre o futuro glorioso de Israel. Amós é
conhecido como o livro da justiça de Deus e mostra aos religiosos a necessidade
de se incluir na adoração dois elementos importantes e há muito esquecidos:
justiça e retidão.
O
LIVRO DE AMÓS
Contexto histórico. Amós era
originário de Tecoa, aldeia situada a 17 quilômetros ao sul de Jerusalém e
exerceu o seu ministério durante os reinados de Uzias, rei de Judá, e de
Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (1.1; 7.10). Foi, de acordo com a
tradição judaico-cristã, contemporâneo de Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias, no
período assírio.
Vida pessoal. Apesar de ser
apenas um camponês de Judá, “boieiro e cultivador de sicômoros” (7.14) e de não
fazer parte da escola dos profetas, foi enviado por Deus a profetizar em Betel,
centro religioso do Reino do Norte (4.4). Ali, Amós enfrentou forte oposição do
sacerdote Amazias, alinhado politicamente ao rei Jeroboão II (7.10-16).
Todo
o sistema político, religioso, social e jurídico do Reino de Israel estava
contaminado. Foi esse o quadro que Amós encontrou nas dez tribos do Norte. O
profeta tornou pública a indignação de Jeová contra os abusos dos ricos, que
esmagavam os pobres. Ele levantou-se também contra as injustiças sociais e
contra toda a sorte de desonestidade que pervertia o direito das viúvas, dos
órfãos e dos necessitados (2.6-8; 5.10-12; 8.4-6). No cardápio da iniquidade,
estavam incluídos ainda o luxo extravagante, a prostituição e a idolatria (2.7;
5.12; 6.1-3).
Estrutura e mensagem. O livro se
divide em duas partes principais. A primeira consiste nos oráculos que vieram
pela palavra (1-6) e a segunda, nas visões (7-9). O discurso de Amós é um
ataque direto às instituições de Israel, confrontando os males que assolavam os
fundamentos sociais, morais e espirituais da nação.
O
assunto do livro é a justiça de Deus. O discurso fundamenta-se em denúncias e
ameaças de castigo, terminando com a restauração futura de Israel (9.11-15).
Ele é citado em o Novo Testamento (Am 5.25,26 cp. At 7.42,43; 9.11,12 cp. At
15.16-18).
POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL
Mau governo. Infelizmente,
alguns líderes, como Saul e Jeroboão I, filho de Nebate, causaram a ruína do
povo escolhido (1 Cr 10.13,14; 1 Rs 13.33,34). Amós encontrou um desses maus
políticos no Reino do Norte (7.10-14). Oseias, seu colega de ministério, também
denunciou esses males com tenacidade e veemência (Os 5.1; 7.5-7).
A justiça social. É nossa
responsabilidade pessoal lutar por uma sociedade mais justa. Tal senso de
justiça expressa o pensamento da lei e dos profetas e é parte do grande
mandamento da fé cristã (Mt 22.35-40). Amós foi o único profeta do Reino do
Norte a bradar energicamente contra as injustiças sociais, ao passo que, em
Judá, mensagem de igual teor aparece por intermédio de Isaías, Miqueias e
Sofonias.
O pecado. A expressão:
“Por três transgressões de Israel e por quatro, não retirarei o castigo” (2.6)
refere-se não à numeração matemática, mas é máxima comum na literatura semítica
(veja fraseologia similar em Jó 5.19; 33.29; Ec 11.2; Mq 5.5,6). Nesse texto,
significa que a medida da iniquidade está cheia e não há como suspender a ira
divina.
INJUSTIÇAS SOCIAIS
Decadência social (2.6). Amós condena o
preconceito e a indiferença dos mais abastados no trato aos carentes do povo,
que vêem seus direitos serem violados (2.7; 4.1; 5.11; 8.4,6). Vender os
próprios irmãos pobres por um par de sandálias é algo chocante. Tal ato, que
atenta contra a dignidade humana, demonstra a situação de desprezo dos
poderosos em relação aos menos favorecidos. Uma vez que as autoridades e os
poderosos aceitavam subornos para torcer a justiça contra os pobres, o profeta
denuncia esse pecado mais de uma vez (8.4-6).
Decadência moral. A prostituição
cultual era outra prática chocante de Israel e mostra a decadência moral e
espiritual da nação: “Um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim,
profanam o meu santo nome” (2.7 — ARA). O pior é que tal prostituição era
financiada com o dinheiro sujo da opressão que os maiorais infligiam ao povo
(2.7,8).
Decadência religiosa. O profeta
denuncia a violação da lei do penhor que ninguém mais respeitava (Êx 22.26,27;
Dt 24.6,17). A acusação não se restringe à crueldade e à apropriação indébita,
mas também a prática do culto pagão, visto que a expressão “qualquer altar”
(2.8) não pode ser no templo de Jeová, e sim no de um ídolo. Amós encerra a
denúncia a essa série de pecados, condenando a idolatria, a cobrança indevida
de taxas e a malversação dos impostos no culto pagão e nos banquetes em honra
aos deuses.
A VERDADEIRA ADORAÇÃO
Adoração sem conversão. A despeito de
sua baixa condição moral e espiritual, o povo continuava a oferecer o seu culto
a Jeová sem refletir e com as mãos sujas de injustiças. Comportando-se assim,
tanto Israel como Judá, reproduziam o pensamento pagão, segundo o qual
sacrifícios e libações são suficientes para aplacar a irados deuses.
Entretanto, Deus declara não ter prazer algum nas festas religiosas que os
israelitas promoviam (5.21; Jr 6.20).
O significado dos sacrifícios. Expressar a
consagração do ofertante a Deus era uma das marcas dos sacrifícios. E Amós
menciona dois: “ofertas de manjares” e “ofertas pacíficas” (5.22). As ofertas
de manjares não eram sacrifícios de animais. Tratava-se de algo diferente, que
incluía flor de farinha, pães asmos e espigas tostadas, representando a
consagração dos frutos dos labores humanos a Deus (Lv 2.14-16). Já as ofertas
pacíficas eram completamente voluntárias e tinham uma marca distintiva, pois o
próprio ofertante podia comer parte do animal sacrificado (Lv 7.11-21).
Os cânticos. Os cânticos
faziam parte das assembleias solenes (5.23). No entanto, eles perdem o valor
espiritual quando não há arrependimento sincero. A verdadeira adoração, porém,
não consiste em rituais externos ou em cerimônias formais. O genuíno sacrifício
para Deus é o espírito quebrantado e o coração contrito (Sl 51.17). Há um
número muito grande e variado de palavras hebraicas e gregas para descrever a
adoração e o ato de adorar. Contudo, a ideia principal de todas é de devoção
reverente, serviço sagrado e honra a Deus, tanto de maneira pública como
individual.
Em
suma, Deus exige de seu povo verdadeira adoração.A adoração ao verdadeiro Deus,
nas suas várias formas, requer santidade e coração puro. Trata-se de uma comunhão
vertical com Deus, e horizontal, com o próximo (Mc 12.28-33). Essa mensagem
alerta-nos sobre o dever cristão de não nos esquecermos dos pobres e
necessitados e também sobre a responsabilidade de combatermos as injustiças,
como fizeram Amós e os demais profetas.
O Quarteto do Período Áureo da Profecia
Hebraica
O
profeta Amós exerceu o seu ministério ‘nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos
dias de Jeroboão, filho de Joás, rei Israel’ (1.1). Isso mostra que ele viveu
na mesma época de Oseias e Isaías. Ele era de Tecoa, na Judeia, mas Deus o
enviou para profetizar em Samaria, no reino do Norte. Miqueias é também dessa
época, mas começou suas atividades um pouco depois dos três primeiros, pois
Uzias não é mencionado: ‘nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá’
(1.1).
Os
profetas Isaías, Miqueias, Amós e Oseias foram contemporâneos, o ministério de
cada um deles começou entre 760 e 735 a.C. [...] Ambos eram do Reino do Sul,
capital Jerusalém. Oseias e Amós exerceram seu ministério no reino do Norte, em
Samaria” (SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A
voz de Deus na Terra.
1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.116).
DEUS
E AS NAÇÕES
Amós
e Miqueias têm muito mais a dizer sobre a relação das nações com Israel e o seu
Deus. Desde o início, ambos os livros deixam claro que a soberania do Senhor
não está limitada a Israel, mas se estende a todas as nações. Amós começa com
uma série de falas de julgamento contra as nações vizinhas de Israel (Am
1.3-2.3). Miqueias inicia com um retrato vívido da descida teofânica do Senhor
para julgar as nações (Mq 1.2-4). Para estes profetas, o Deus de Israel é
‘Senhor de toda a terra’ (cf. Mq 4.13), que controla a história e o destino das
nações (Am 9.7). De acordo com Amós 9.12, as nações ‘são chamadas’ pelo ‘nome’
do Senhor. A expressão aponta a propriedade e autoridade do Senhor sobre as
nações como deixa claro o uso constante em outros textos bíblicos (cf. 2 Sm
12.28; Is 4.1).
A
palavra usada nos oráculos de Amós 1 e 2 para caracterizar os pecados das
nações diz respeito ao ato de rebelião contra a autoridade soberana. Em outros
textos bíblicos, o termo é usado para referir-se a uma nação que se rebela contra
a autoridade de outra (cf. 2 Reis 1.1; 2 Reis 3.5,7). Judá (Am 2.4,5) e Israel
(Am 2.6-16) quebraram o concerto mosaico. Entretanto, por qual arranjo as
nações estrangeiras eram responsáveis diante de Deus? Entre os crimes alistados
incluem-se atrocidades em tempo de guerra, tráfico de escravos, quebra de
tratados e profanação de túmulos. Todos estes considerados juntos, pelo menos
em princípio, são violações do mandato de Deus dado para Noé ser frutífero,
multiplicar-se e mostrar respeito pelos membros da raça humana como portadores
da imagem divina (cf. Gn 9.1-7). É possível que Amós tivesse visto este
mandamento noético no plano de fundo de um tratado entre suserano e vassalo,
comparando o mandato às exigências ou estipulações de tratado. De modo semelhante,
Isaías interpretou o crime de carnificina cometido pelas nações (Is 26.21) como
violação da ‘aliança eterna’ (Is 24.5; cf. Gn 9.16) que ocasionaria uma
maldição na terra inteira (cf. Is 24.6-13). A seca, um tema comum nas bíblicas
e antigas listas de maldição mundial (cf. Is 24.4,7-9). No título da sua série
de oráculos de julgamento, Amós também disse que o julgamento do Senhor
ocasionaria seca (Am 1.2). Pelo visto, a seca compendiava as maldições que
vinham sobre as nações por rebelião contra o Suserano” (ZUCK, R. B. Teologia
do Antigo Testamento. 1
ed., RJ: CPAD. 2009, p.446).
Amós: A justiça social como parte da adoração
Amós
viveu dias de grande prosperidade no Reino do Norte, na época, governado por
Jeroboão II. Esse rei obteve muitas vitórias contra seus vizinhos hostis, e com
isso, obteve o controle das rotas comerciais que levavam a Samaria, a capital
de Israel. “A terra era fértil, as chuvas caíam regularmente e os silos estavam
abarrotados de grãos. Nesses anos dourados, foram erguidos majestosos prédios
públicos, os ricos construíam espaçosas residências próximas aos centros
litúrgicos populares... Todavia, por trás da superfície brilhante da sociedade,
escondiam-se tragédias terríveis” (Guia do leitor da
Bíblia,
CPAD, pg.536). Os fazendeiros eram desalojados de suas terras, que passaram a
integrar o patrimônio dos ricos. Os mercadores oprimiam os pobres usando pesos
e medidas diferentes na compra de cereais, e muitas pessoas tinham de vender
seus próprios filhos para que se tornassem escravos. Era um cenário que
atrairia a ira divina.
Amós
inicia seu ministério profético nesse cenário, trazendo palavras duras contra a
injustiça social em seus dias. Para aqueles que pensam que os profetas eram
apenas preditivos, é preciso atentar para o fato de que eles também denunciaram
o pecado do povo quando os mais ricos tornaram-se injustos para com os pobres.
Deus não está distante das práticas sociais de seus filhos, e não se agrada
quando seu próprio povo deixa de aplicar a misericórdia para agirem como
mercenários. Deus se importa com a justiça social sim, pois de nada adianta uma
pessoa dizer que serve a Deus e praticar coisas indevidas para um servo de
Deus, como mal tratamento de seus irmãos ou o descaso para com as necessidades deles.
Não há dualidade na vida cristã, ou seja, um crente não pode ser uma pessoa na
igreja e outra fora da igreja. Ele deve ser a mesma pessoa em todas as
ocasiões. Ao lermos Amós, precisamos decidir se manteremos uma postura de
arrogância e distanciamento daqueles que precisam de nossa ajuda. Nas mansões
luxuosas, “as mulheres reclinavam-se em divãs incrustados de marfim, degustando
carnes e bebendo taças de vinhos exóticos... A elas competia andar na moda. O
preço que pagavam por um par de sandálias era um verdadeiro desrespeito à
dignidade humana, pois podia salvar um carente forçado a se vender à escravidão
para liquidar débitos de agiotagem de algum credor abastado”. Foi em dias como
esses que Deus usou Amós para advertir os mais abastados de suas práticas
inconvenientes.
Obadias O princípio da retribuição
ESBOÇO DO LIVRO DE OBADIAS
Parte I: Oráculos contra Edom
(vv.1-14.15b)
vv.1-9
Orgulho e destruição de Edom
vv.10-14
Traição de Edom contra Judá
v.15b
Condenação de Edom
Parte II: Oráculos sobre o Dia do Senhor
(vv.15a.,16-21)
vv.15a.,16
Julgamento das nações
vv.17,18
Volta e restauração de Israel
vv.19-21
Apêndice: Volta e restauração de Israel
Palavra Chave
Soberania: Qualidade
ou condição de soberano.A soberania divina é um tema importante e atual,
porque lembra-nos que Deus está no controle de tudo e que toda ação humana está
exposta diante de seus olhos. A lei natural da semeadura ilustra o princípio da
retribuição no campo espiritual, e é justamente essa a mensagem que encontramos
no livro do profeta Obadias, em seus oráculos contra Edom.
A SOBERANIA DE DEUS
Conceito. A soberania
divina é o direito absoluto de Deus governar totalmente as suas criaturas
segundo a sua vontade (Sl 115.3; Is 46.10). Calvinistas e arminianos concordam
com esse conceito. A diferença entre ambos acerca da soberania está apenas no
exercício desta.
Segundo
os calvinistas, não há limite para o exercício desse governo, de modo que a
vontade divina não pode ser anulada. Os arminianos, por outro lado, admitem
que, no exercício da soberania divina, existe uma auto-limitação suficiente
para permitir o livre-arbítrio humano.
Livre-arbítrio. A vontade de
Deus é que todos sejam salvos (Ez 18.23,32; Jo 3.16; 1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9).
Entretanto, não são poucos os que se perderão. Tal acontece justamente pelo
fato de sermos livres, autoconscientes e, por isso, responsáveis diante de Deus
por nossos atos (Ec 12.13,14). Isso se explica pelo livre-arbítrio, e não
significa negar a soberania divina. Trata-se da liberdade humana. Deus é
soberano em todo o Universo e, por seu amor e poder, preserva sua criação até a
consumação de todas as coisas (Ne 9.6; Hb 1.2,3).
O LIVRO DE OBADIAS
Contexto histórico. A vida pessoal
de Obadias é desconhecida. O profeta apresenta-se apenas com o seu nome, sem
oferecer nenhuma informação adicional (família e reinado sob o qual viveu e
profetizou). Ele simplesmente diz: “Visão de Obadias” (v.1).
A
data em que exerceu o seu ministério é uma das mais disputadas entre os
estudiosos: vai de 848 a 460 a.C. Tudo indica que os versículos 10 a 14 refiram-se
à destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, rei de Babilônia, em 587 a.C.
Portanto, qualquer data, nesse período, como 585 a.C. por exemplo, é aceitável.
Estrutura e mensagem. Com apenas 21
versículos, Obadias é o livro mais curto do Antigo Testamento. Excetuando-se a
introdução, o seu estilo é poético. O texto divide-se em três partes
principais: a destruição de Edom (vv.1-9); a sua maldade (vv.10-14) e o dia do
Senhor sobre Edom, Israel e as demais nações (vv.15-21).
O
tema do livro é o julgamento divino contra Edom. Obadias, porém, não é o único
profeta incumbido de anunciar a condenação dos filhos de Esaú (Is 21.11,12; Jr
49.7-22; Ez 25.1-14; Am 1.11,12; Ml 1.2-5).
Posição no Cânon. Em nossa Bíblia,
Obadias situa-se entre Amós e Jonas. O critério para a ordem desses livros é
ainda desconhecido. Sabe-se, todavia, que não foi baseado na cronologia. Há
quem justifique tal posição pelo slogan “o dia do SENHOR” (v.15; Am 5.20) e
pela afirmação de que a casa de Jacó possuirá a herdade de Edom (v.17; cp. Am
9.12).
Devido
ao Cânon Judaico considerar a coleção dos Doze Profetas um só livro, a citação
de Obadias, em o Novo Testamento, é apenas indireta.
EDOM, O PROFANO
Origem. Os edomitas eram
descendentes de Esaú. Por causa do guisado que Jacó usou para comprar de Esaú a
sua primogenitura, o nome da tribo passou a ser “Edom” que, em hebraico,
significa “vermelho” (Gn 25.30).
Eles
povoaram o monte Seir (Gn 33.16; 36.8,9,21) e, rapidamente, transformaram-se em
uma poderosa nação (Gn 36.1-43; Êx 15.15; Nm 20.14). Seu rei negou passagem a
Israel por seu território, quando os filhos de Jacó saíram do Egito e
peregrinavam no deserto a caminho da Terra Prometida. Mesmo assim, Deus ordenou
aos israelitas que tratassem os edomitas como a irmãos (Dt 23.7). Contudo, o
ódio de Edom contra Israel cresceu e atravessou séculos.
O Deus soberano. “Assim diz o
Senhor JEOVÁ a respeito de Edom” (v.1). Esta chancela destaca a soberania de
Deus sobre os povos e reis da terra. Apesar de Edom não ser reconhecido como
povo de Deus, o Eterno tinha legítima autoridade sobre ele.
Preparativos do assédio a Edom
(v.1c). A
expressão: “temos ouvido a pregação” parece indicar que Obadias falava em nome
de outros profetas (Jr 49.14). Ele ouviu o oráculo divino e soube de um
embaixador que fora enviado aos povos vizinhos para ajuntá-los em guerra contra
Edom. Tal embaixador não era profeta, mas um diplomata de alguma nação inimiga
dos edomitas.
O rebaixamento de Edom. No Antigo
Testamento hebraico, existe um recurso retórico que consiste em um
acontecimento futuro, que é descrito como se já tivesse sido cumprido. Por
isso, o profeta emprega o verbo no passado: “Eis que te fiz pequeno entre as
nações” (v.2a).
Esse
recurso é conhecido como perfeito profético (não se trata de um perfeito
gramatical especial). Seu emprego, aqui, indica o cumprimento certeiro da
ameaça quanto à sucessão dos dias e das noites. Ou seja, o fato é descrito como
já realizado, pois Deus reduzirá (como de fato, reduziu) Edom a um povo
insignificante e desprezível entre as nações, até que este veio a desaparecer
(v.2b).
O orgulho leva à ruína. Por viverem nas
cavernas montanhosas de Seir (v.3), os edomitas confiavam na segurança que lhes
proporcionava a topografia de seu território — uma fortaleza naturalmente
inexpugnável. Edom não sabia que aquilo que é inacessível ao homem é acessível
a Deus (v.4). A arrogância humana é insuportável, mas a soberba espiritual é
repugnante; os que assim agem estão destinados ao fracasso (Pv 16.18; 1 Pe
5.5).
A
RETRIBUIÇÃO DIVINA
O princípio da retribuição. Retribuição
significa “pagar na mesma moeda”. Tal princípio acha-se na Lei de Moisés (Êx
21.23-25; Lv 24.16-22; Dt 19.21). Segundo Charles L. Feinberg, a passagem
compreendida entre os versículos 10 até 14 pode ser chamada de o “boletim de
ocorrência” dos crimes cometidos pelos edomitas contra os judeus. O acerto de
contas aproxima-se, e Deus fará com os edomitas o mesmo que eles fizeram a
Judá. Nessa profecia, Edom serve de paradigma para outras nações (e até
pessoas) que igualmente procedem (v.15).
O castigo de Edom. Os edomitas beberam
e alegraram-se com a desgraça de seus irmãos. Mas, agora, chegou a hora de eles
receberem a sua paga na mesma moeda. Os descendentes de Esaú provarão do cálice
da ira divina para sempre (v.16). É bom lembrar que esse princípio vale também
para indivíduos (Jz 1.6,7; Hb 2.2). É o princípio da semeadura (Os 8.7; Gl
6.7).
Esaú e Jacó (v.18). Os nomes “Sião”
e “Jacó” (v.17) indicam Jerusalém e Judá, respectivamente. E “José”, o Reino do
Norte formado pelas dez tribos e, muitas vezes, identificado como “Israel” e
“Efraim” (Os 7.1). José, como pai de Efraim (Gn 41.50-52), é usado para
identificar os irmãos do Norte. Assim, a profecia fala sobre a reunificação de
Judá e Israel (Os 1.1; Ez 37.19). A metáfora de Israel como fogo que consumirá
a casa de Esaú indica a destruição total de Edom. O orgulho e o ódio dos
edomitas contra os seus irmãos judeus os levaram à ruína definitiva.
Assim
como ninguém pode desafiar as leis naturais sem as devidas consequências, não é
possível ignorar as leis espirituais e sair ileso. A retribuição é inevitável,
pois “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Só o
arrependimento e a fé em Jesus podem levar o homem a experimentar o amor e a
misericórdia de Deus (2 Co 5.17).
“O Julgamento de Edom.A terra de Edom se
estendia ao longo das encostas da cadeia de montanhas rochosas do monte Seir,
em direção do golfo de Ágaba e chegava quase ao mar Morto. O território variava
de regiões férteis, que produziam trigo, uvas, figo, romã e azeitona, a altos
picos montanhosos separados por desfiladeiros profundos. A meio caminho na
principal cadeia montanhosa, elevava-se o monte Hor, alto e sombrio acima do
terreno circunvizinho e a curta distância da capital Sela ou Petra, que se
situava em um profundo vale cercado por 60 metros de precipício, acessível
somente por uma abertura estreita de uns 3,5 metros de largura.
Assim,
os edomitas habitavam literalmente nas fendas das rochas (3), cuja a posição
era praticamente impenetrável e inconquistável. Por muitas gerações tinham vivido
seguros. Nenhum inimigo conseguira entrar pelos caminhos estreitos dos
desfiladeiros que conduziam às principais cidades talhadas nas paredes rochosas
das montanhas.A despeito de todos esses recursos] Os julgamentos de Deus tinham
de ser severos. [...] A nação seria totalmente devastada. Os descendentes de
Esaú, seriam reduzido a nada” (Comentário Bíblico
Beacon. Volume
5, 1 ed., RJ: CPAD, 2005, pp.131-32).
Obadias: O princípio da retribuição
Obadias
é um livro pequeno, mas que apresenta uma grande verdade: Deus retribui as
ações arrogantes do homem no devido tempo. Não importa quanto tempo se passe
desde que ajamos de forma perversa com as pessoas que nos cercam: nossos atos
não ficam impunes diante de Deus.
Para
que possamos entender o livro de Obadias, precisamos entender o contexto em que
o profeta está inserido. Séculos antes de Obadias, Jacó e Esaú, os dois filhos
de Isaque, tiveram descendentes que, séculos mais tarde, formaram as nações de
Judá e Edom. Ambos, apesar de terem parentesco, os povos foram dados à
beligerância entre si, de forma que os edomitas, quando tiveram uma
oportunidade, auxiliaram os babilônios em um grande e bem-sucedido ataque
contra Israel, que destruiu Jerusalém.
Não
podemos deixar de crer que Deus, por meio desses acontecimentos, estava
julgando seu próprio povo, pois Judá havia sido advertido por Deus acerca de
seus pecados. Mas que Ele também iria julgar aqueles que estavam atacando seu
povo. Não muito depois desse evento, Deus julgou os edomitas e destruiu sua
nação. Nos tempos de Cristo, os descendentes dos edomitas foram os da casa de
Herodes, chamados de idumeus. Eles mostraram seu desprezo pelos judeus quando
os governaram, autorizados pelos romanos, e também tentaram acabar com o plano
da salvação quando Herodes tentou matar o menino Jesus.
“O
que torna as ações de Edom ainda mais repreensíveis foi o fato de que os
edomitas e os israelitas não eram apenas vizinhos; eles eram parentes! Os pais
de Edom e Judá foram Esaú e Jacó, respectivamente. Os países deveriam ter
vivido em paz. Edom, porém, constantemente tirou vantagem de Judá” (365
Lições de Personagens da Bíblia, CPAD, pg.230). Isso sem contar com a
arrogância dos edomitas: sua capital era o lugar hoje conhecido como Petra, um
ambiente de fácil defesa e de difícil ataque por parte de inimigos. Isso dava
muito orgulho aos edomitas, pois muitos santuários foram também esculpidos nas
paredes dessa grande cidade rochosa. Mas cinco anos depois de Nabucodonosor ter
atacado Jerusalém, ele também expulsou os edomitas de suas terras, e séculos
depois, após a crucificação de Cristo, os edomitas desapareceram para sempre,
cumprindo-se o que disse Obadias: “Ninguém mais restará da casa de Esaú” (Ob
18).
Apesar
do julgamento pelo qual Israel passou, Obadias deixou claro que a nação se
ergueria novamente, e que possuiria a terra dos filisteus e dos edomitas, e que
iria se alegrar com o reino do Messias.
Jonas
A misericórdia divina
Nínive era absolutamente odiada pelos
judeus. Como capital do império assírio, ela representava a maldade, a
crueldade, a impiedade e agudeza de um império perverso. Mas o Altíssimo, cheio
de graça e amor, volta seu olhar para aquela cidade impenitente e decide
enviar-lhe o profeta Jonas. O profeta, sabedor de toda maldade praticada pelos
ninivitas, resistiu ao chamado divino. Entretanto, Deus estava no controle e
não demorou para que o profeta fosse até Nínive levar a mensagem de salvação.
Jonas aprendeu uma extraordinária lição a respeito do grande amor e
misericórdia de Deus. Não podemos nos esquecer que a mensagem da salvação é
para toda a humanidade.
A CHAMADA DE JONAS
Primeira chamada (1.1 — 2.10)
•
1.1,2 .............. Chamada de Jonas: “vai à Nínive”;
•
v.3 .............. Desobediência de Jonas;
•
vv.4-17 .............. Consequências da desobediência de Jonas: para os outros
(4-11); para si mesmo (12-17);
•
2.1-9 .............. A oração de Jonas no meio da calamidade;
•
v.10 .............. O livramento de Jonas.
Segunda chamada (3.1 — 4.11)
•
3.1,2 .............. A chamada de Jonas: “vai à Nínive”;
•
vv.3,4 .............. A missão obediente de Jonas;
•
vv.5-10 .............. Resultados da obediência de Jonas: os ninivitas se
arrependem (vv.5-9); os ninivitas poupados do juízo divino (v.10);
•
4.1-3 .............. A queixa de Jonas;
•
vv.4-11 .............. A repreensão e a lição de Jonas.
Palavra Chave
Misericórdia: Sentimento
de solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia; compaixão,
piedade.A
história de Jonas, que fascina crianças e adultos, é mais conhecida por narrar
a experiência do profeta no ventre do grande peixe. No entanto, esse
acontecimento não deve ofuscar o milagre maior: a conversão de uma cidade pagã.
Os dois milagres foram mencionados pelo Senhor Jesus e continuam a impressionar
ao longo da história.
O LIVRO DE JONAS
O
livro de Jonas é diferente dos outros livros dos Profetas Menores. Trata-se de
uma narrativa bibliográfica das experiências do profeta, e não de uma coletânea
de mensagens proféticas. O tema prioritário do livro é a graça soberana de Deus
pelos pecadores, ilustrada na sua decisão de reter o julgamento sobre os
culpados, mas arrependidos ninivitas. Há também uma lição teológica importante
a ser aprendida observando as respostas de Jonas a Deus. O retrato do autor de
Jonas é altamente depreciativo. Os padrões duplos de Jonas fizeram com que as
suas ações lhe contradissessem os credos de tom espiritual. Pelo exemplo negativo
de Jonas, o leitor aprende a não resistir à vontade e decisões soberanas de
Deus” (ZUCK, R. B. (Ed.)Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD.
2009, p.467).
Contexto histórico. Salta aos olhos
de qualquer leitor que Jonas é da época do império assírio, cuja capital era
Nínive. O nome do rei ninivita impactado com a pregação de Jonas, segundo se
diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nessa época, Jeroboão II, filho
de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do Norte.
Vida pessoal. Jonas se
apresenta apenas como filho de Amitai (1.1). Ele é mencionado em outras
narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que era profeta do Reino do
Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs
14.23-25). Gate-Hefer localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas
proximidades de Nazaré da Galileia.
Jonas,
que deveria ir para Nínive clamar contra esta cidade, desobedeceu à ordem
divina, procurando fugir para Társis. É o único profeta bíblico, do qual se tem
notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele seguiu em direção oposta. Társis,
segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na orla ocidental do Mediterrâneo, a
sudoeste da Espanha, ideia aceita pela maioria dos pesquisadores bíblicos. Será
que Jonas não conhecia a onipresença de Deus? (Sl 139.7-10)
Estrutura e mensagem. O livro contém
48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de começar com
estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo biográfico. Não
deixa, contudo, de ser uma profecia da história de Israel, ao mesmo tempo em
que anunciam o ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo (Mt
12.39-41; 16.4). O tema principal do livro é a infinita misericórdia de Deus e
a sua soberania sobre todas as nações.
O GRANDE PEIXE
Baleia ou grande peixe? Na Bíblia
Hebraica e na Septuaginta, o versículo 17 é deslocado para o capítulo seguinte
(2.1). A língua hebraica não dispõe de termo técnico para “baleia”. Essa
palavra é usada como resultado de uma interpretação tradicional que atravessou
séculos. As Escrituras Hebraicas empregam dag
gadol,
“grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes
(1.17; 2.1,10). A Septuaginta traduz ketei megalo por “grande
monstro marinho”, e ketospor “monstro marinho”, a mesma palavra
usada no Novo Testamento grego (Mt 12.40).
Interpretação. Não há indício
algum no texto para que ele possa ser interpretado como alegoria, ficção
didática, mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas linhas de pensamento, pois o
oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos outros profetas (1.1; Jr 33.1;
Zc 1.1). Além disso, o Senhor Jesus Cristo, a maior autoridade no céu e na
terra, interpretou o livro como histórico, assim como históricos foram o
ministério e a ressurreição do Mestre. O Novo Testamento é a palavra final, e
isso encerra qualquer questão (Mt 12.39-41; 16.4).
A MISERICÓRDIA DIVINA
A conversão dos ninivitas (3.8,9). O curto relato
do livro de Jonas serve como prenúncio da graça salvadora para todas as nações
(Tt 2.11). Os ninivitas foram salvos pela graça, pois “creram em Deus” (3.5) e
“se converteram do seu mau caminho” (3.10). As obras foram consequência da sua
fé no Deus de Israel.
O “arrependimento” de Deus. O arrependimento
humano é mudança de mente e de coração, de pior para melhor. Quando a Bíblia
fala que “Deus se arrependeu” (3.10), parece confundir-nos um pouco, pois Deus
é perfeito e imutável, não pode mudar, nem alterar a sua mente (Ml 3.6). A
explicação para uma declaração como essa é a linguagem antropopática, um modo
de falar em termos humanos, ou se trata de uma questão de ordem exegética, que
é o nosso caso aqui. Quem mudou, na verdade, foi o povo, e nesse caso o perdão
é parte do plano divino (Jr 18.7,8).
Explicação exegética. O texto sagrado
declara que “Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho”
(3.10a). O verbo hebraico aqui é shuv, literalmente:
“voltar-se, retornar”, frequentemente usado para indicar o arrependimento
humano. A respeito do “arrependimento” de Deus, que vem na sequência (3.10b), o
verbo é outro, nanam, “ter pena, arrepender-se, lamentar,
consolar, ser consolado” (Gn 6.6; 1 Sm 15.11; Jr 8.18). Essas nuanças
linguísticas podem ser confirmadas por qualquer pessoa, ainda que não conheça
uma única letra do alfabeto dessas línguas, com o auxílio, por exemplo,
da Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico
e Grego (CPAD).
A JUSTIÇA HUMANA
Descontentamento de Jonas (4.1). Jonas foi
bem-sucedido em sua missão. Qualquer profeta de Israel, ou mesmo algum pregador
de hoje, sem dúvida alguma ficaria satisfeito com o resultado do trabalho. A
Bíblia não revela a razão do descontentamento de Jonas, senão o que o ele mesmo
afirma, ao dizer que sabia que Deus é “piedoso e misericordioso, longânimo e
grande em benignidade e que te arrependes [niham] do mal” (4.2b).
Jonas esperava vingança? O império
assírio foi um dos mais cruéis da história e tinha domínio sobre todo o Oriente
Médio. Será que Jonas esperava uma vingança como retaliação por terem os
assírios massacrado o seu povo? O certo é que, ainda hoje, há crentes que se
incomodam com o retorno à Igreja dos que se acham afastados do rebanho. Quem
não se lembra do irmão mais velho do filho pródigo? (Lc 15.25-32). Às vezes, a
bondade divina incomoda alguns (Mt 20.15).
Compreendendo a misericórdia
divina. A
misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Êx 34.6;
Jr 31.3). O Senhor poupou Nínive da destruição, prorrogou a sua ruína, e
perdoou os seus moradores. O próprio Jonas, na qualidade de desertor, também
foi alvo da infinita bondade de Deus.
Jonas
transmite-nos uma importante lição prática. O relato em si mostra a diferença
abissal entre a bondade divina e a justiça humana. Aos ninivitas Deus falou por
intermédio de Jonas. Hoje, Ele fala através de Jesus, que continua a salvar, a
curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At 4.12). Ele mesmo disse: “E
eis que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt 12.41 - ARA). O Mestre operou
sinais, prodígios e maravilhas como nenhum outro antes ou depois dele, e deu
oportunidade de salvação a todos (At 10.38). Mesmo assim, foi rejeitado pela
sua geração (Jo 1.11). Por isso, lançou em rosto a incredulidade dos seus
contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem ouvido a pregação do
profeta e arrependido de seus pecados.
Antropopatismo: [Do gr. antropos, homem; do gr. pathos, sentimentos]
Atribuição de sentimentos humanos a Deus. Figurativamente, encontramos várias
expressões como esta: a ira de Deus, o arrependimento de Deus, etc. Tais
expressões foram usadas para que o ser humano viesse a entender a ação divina
na história sagrada. É uma forma de os autores sagrados dizerem que o Criador
do Universo não é indiferente ao que acontece neste mundo; Ele age e reage de
acordo com a sua justiça e santidade. Deus não é um ser destituído de
sentimentos. Só que, nEle, todos os sentimentos são infinitamente perfeitos.
Jonas: A Misericórdia divina.Jonas é, com certeza,
um profeta bem diferente dos demais chamados de “menores”. Ele teve um chamado
missionário, e fez o que foi possível para se eximir dessa vocação divina. Não
é demais chamá-lo de egoísta (ele pensou em si mesmo, e não na nação á qual
Deus o mandara ir), vingativo (ele desejava que os ninivitas fossem
exterminados por Deus, por causa dos seus pecados e das atrocidades que
cometeram) e orgulhoso (o senso nacionalista de Jonas era muito forte,
fazendo-o crer que ele estava acima.
O
pensamento de Jonas tinha alguma lógica. Ele não nutria bons sentimentos para
com os assírios, pois estes eram pessoas muito más, e manifestavam sua maldade
com os povos dominados, chegando a empalar os homens e abrir o ventre de
mulheres grávidas vivas! A lógica de Jonas era, por assim dizer, baseada
naquilo que Deus disse: “Vou destruir Nínive se a cidade não se arrepender”. Se
Jonas não vai lá pregar, a cidade não vai se arrepender e Deus a destruirá. Mas
Deus não pensava assim. Ele desejava que Jonas fosse cumprir sua missão.
Jonas
é uma mostra do povo judeu do seu tempo. Um povo que desejava ver o julgamento
de Deus contra seus inimigos. Um povo que deseja ser conhecido pelo nome de
Deus, mas que foge da vontade desse Deus quando ela é manifesta. Fala também de
um povo que precisava aprender que as nações podem ser perdoadas por Deus, e
que Ele se importa com o bem-estar das nações, e não apenas de Israel.
A
relação da Assíria com Israel não era das melhores. Israel pagava tributos à
Assíria até que Jeroboão II rebelou-se. Nos dias de Jeroboão II, Israel começou
a experimentar segurança como nação, e a Assíria, o declínio.
A
visita de Jonas a Nínive deve ter ocorrido em 765 a.C, e levando em
consideração que Nínive está distante de Israel 960 km (uma viagem que durava
algo em torno de três meses), não é difícil entender que Jonas certamente levou
um bom tempo para ser descoberto e lançado nas águas pelos marinheiros do
navio.
Não
raro, costumamos reprovar a atitude de Jonas quanto à ordem de Deus. Mas
quantas vezes não nos identificamos com Jonas e sua rebeldia quando somos
desafiados por Deus a obedecê-lo, e não o fazemos? Jonas é, portanto, um
espelho para cada cristão: não precisamos aguardar que Deus aja de forma
extrema conosco, como agiu com Jonas quando o conduziu a Nínive na barriga de
um grande peixe, para que possamos obedecer a Sua vontade, qualquer que seja o
mandado de Deus para nossas vidas.
Miqueias — A importância da obediência
ESBOÇO DO LIVRO DE MIQUEIAS
Capítulos 1 — 3
Uma
série de juízo contra Israel e Judá:
Introdução (1.1).
Destruição de Samaria (1.2-7).
Destruição de Judá (1.8-16).
Pecados específicos do povo (2.1-11): cobiça e
orgulho (2.1-5); falsos profetas (2.6-11).
Vislumbre de um livramento (2.12,13).
Pecados dos líderes da nação (3.1-12).
Capítulos 4 — 5
Mensagem
de esperança:
Promessa do reino vindouro (4.1-5).
A derrota dos inimigos de Israel (4.6-13).
O Rei virá de Belém (5.1-8).
O novo reino (5.9-15).
Capítulos 6 — 7
Juízo
de Deus contra Israel e sua misericórdia final:
Deus contra o seu povo (6.1-8).
Culpa de Israel e o castigo divino (6.9-16).
O lamento do profeta (7.1-6).
A esperança do profeta (7.7).
Israel será restabelecido (7.8-13).
Bênçãos finais de Deus para seu povo (7.14-20).
Palavra Chave
Obediência: O
ato ou efeito de obedecer.
O
problema do povo a quem Miqueias dirigiu a sua mensagem não era falta de
liturgia, mas de uma correta motivação para se adorar ao Senhor. Embora
cometesse toda a sorte de injustiças sociais, a geração contemporânea do
profeta Miqueias oferecia sacrifícios a Deus, praticando todos os rituais
levíticos, mas não sabia o verdadeiro significado do amor a Deus e ao próximo.
O
LIVRO DE MIQUEIAS
Contexto histórico. Miqueias era de
Moresete-Cate (1.1,14; Jr 26.18), cidade localizada a 32 quilômetros a sudeste
de Jerusalém. Miqueias, assim como os demais profetas de Judá, não cita reis do
Reino do Norte na introdução de seus oráculos. Seu ministério, porém, aconteceu
no período dos reinados “de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (1.1). Essas
datas estão entre 750 e 686 a.C, mas a soma desses anos deve ser reduzida
significativamente por causa das corregências.
O
profeta Jeremias afirma que a mensagem de Miqueias foi entregue no reinado de
Ezequias (26.18). Considerando os últimos anos de Acaz e os primeiros de
Ezequias, Miqueias deve ter profetizado entre 735 a.C. e 710 a.C.
Estrutura e mensagem. Trata-se de uma
coleção de breves oráculos agrupados em sete capítulos divididos em três partes
principais (1,2; 3-5; 6,7). Cada uma das partes marca o imperativo: “Ouvi”
(1.2; 3.1; 6.1), que é fraseologia similar a de Isaías (4.1-5; Is 2.2-4).
O
assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de Samaria e de Jerusalém.
Miqueias dirigiu seu discurso contra a idolatria, censurou com veemência a
opressão aos pobres e denunciou o colapso da justiça nacional (1.5; 2.1,2;
3.9-11). Além disso, anunciou, de antemão, o local do nascimento do Messias, em
Belém (5.2 cp. Mt 2.1,4-6). O profeta chegou a ser citado pelo Senhor Jesus
(7.6 cp. Mt 10.35,36).
A OBEDIÊNCIA A DEUS
O conceito bíblico de obediência. O verbo
hebraico shemá: “ouvir, escutar, prestar atenção,
obedecer”, não significa apenas receber uma comunicação ou informação. O seu
real sentido é mais forte e imperioso: obedecer é acatar ordens de autoridade
religiosa, civil ou familiar. O referido verbo é empregado no Antigo Testamento
para “obedecer” em 1 Samuel 15.22 e Jeremias 42.6. É usado, também, em seis das
nove vezes em que shemá aparece em Miqueias (1.2; 3.1,9;
6.1,2,9).
A
mesma ideia é vista nos ensinos de Jesus (Mt 11.15; 13.43). Por conseguinte, a
obediência deve ser precedida pela compreensão e pelo amoroso acatamento da mensagem
divina (Mt 7.24,26). Nesse sentido, ela pode ser definida como a prova suprema
da fé e do nosso amor a Deus.
A desobediência das nações. O Senhor não é
uma divindade tribal, que habita em quatro paredes. Ele é o Deus de toda a
terra e o Soberano de todo o Universo. Justamente por isso, Ele apresenta-se
como juiz e testemunha não apenas contra seu povo, Israel e Judá (1.2,5), mas
também contra todas as nações da terra (1.2).
A ira de Deus sobre o pecado
(1.3-5). O
profeta descreve de forma pitoresca a reação divina contra o seu povo. Numa
linguagem antropomórfica, o Senhor desce de seu santo templo, o céu, para
julgar Samaria, capital de Israel e, da mesma forma, Jerusalém, capital de
Judá, cujo pecado influencia todo o país. O quadro da sua majestosa e terrível
presença lembra a ação dos terremotos e dos vulcões (Jz 5.4; Sl 18.7-10; Is
64.1-3; Hc 3.6,7).
O RITUAL RELIGIOSO
O rito levítico. Basicamente, o
rito é um conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas que cumpre a função de
simbolizar o fenômeno da fé. O termo vem do latim ritus, que significa
“cerimônia religiosa, uso, costume, hábito, forma, processo, modo”. O Antigo
Testamento usa a palavra para os sacrifícios (Lv 9.16; Ed 6.9) e para as
festividades religiosas (Ne 8.18), tais como a Páscoa (Nm 9.14; 2 Cr 35.13) e a
Festa dos Tabernáculos (Ed 3.4). A própria circuncisão é também um ritual (At
15.1). Contudo, em se tratando do Cristianismo, a liturgia é simples, contendo
apenas dois rituais: o batismo e a ceia do Senhor (Mt 3.15; 26.26-30). Esses
cerimonialismos, contudo, não substituem o relacionamento sincero com Deus, nem
proporcionam salvação (1 Sm 15.22; Sl 40.6-8; 51.16,17; 1 Co 1.14-17;
11.28,29).
O diálogo de Deus com o povo
(6.6). O
Senhor, através do profeta, convida o seu povo para uma controvérsia. O que
Deus fez de mal para Israel rejeitá-lo? (6.1-3). Em seguida, o Eterno traz à
memória da nação os seus benefícios desde o princípio, quando remiu a Israel do
Egito e protegeu seu povo no deserto contra os inimigos (6.4,5). Em uma
pergunta retórica, o próprio Deus antecipa a resposta da nação. A lei
estabelecia sacrifícios de animais como provisão pelo pecado (Lv 9.3) e o
azeite para certas ofertas de libação (Lv 1.3,4; 2.1,15; 7.12). O problema de
Judá não era a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma verdadeira conversão
a Deus.
Sacrifício humano (6.7). Oferecer o
primogênito pela transgressão e o fruto do ventre pelo pecado era sinal de
completo desatino do povo. A lei de Moisés condena tal prática sob pena de
morte (Lv 18.21; 20.2-5) e em todo o Israel era repulsa nacional (2 Rs 3.27).
Esse tipo de sacrifício só foi praticado por aqueles que, em todo Israel e
Judá, apostataram-se da fé (2 Rs 16.3; 21.6; Jr 19.5; 32.35). Todos estavam dispostos
a oferecer até mesmo o que Deus nunca exigiu deles, menos o essencial: sincero
arrependimento e mudança de vida.
O GRANDE MANDAMENTO
A vontade de Deus. O estilo de vida
que agrada a Deus foi comunicado ao povo desde Moisés. Portanto, toda a nação
tinha o dever de conhecê-lo (Dt 10.12,13). Daí o porquê da indagação do profeta
(6.8). Mas ninguém estava interessado nisso. O povo preferia tirar proveito da
prática das injustiças sociais, esperando que o mero ritual do sacrifício fosse
suficiente para autojusticar-se diante de Deus. Estavam enganados, pois Deus
não se deleita em sacrifícios nem em rituais exteriores (Sl 51.17,18).
O sumário de toda a lei (6.8b). Os três
preceitos — praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com
Deus — são considerados pela tradição judaica, desde o século 1 a.C, o resumo
dos 613 preceitos depreendidos da lei de Moisés. Essa é vista por muitos como a
maior declaração do Antigo Testamento. Os dois primeiros preceitos falam do
compromisso horizontal com o nosso próximo; e o terceiro, de compromisso
vertical com Deus. Isso vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino
de Jesus: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos
(Mt 22.37-40).
“Os
profetas Isaías, Miqueias, Amós e Oseias foram contemporâneos, o ministério de
cada um deles começou entre 760 e 735 a.C. Eles viveram no período do esplendor
profético dos hebreus. Isaías era profeta da corte e conselheiro da casa real,
ao passo que Miqueias era profeta do campo. Ambos eram do Reino do Sul, capital
Jerusalém. Oseias e Amós exerceram seu ministério no reino do Norte, em
Samaria.
O
título de cada livro profético nem sempre quer dizer ser ele o seu redator ou
mesmo o orador que pronunciou tais oráculos. A profecia escatológica sobre
Sião, em Isaías 2.3, reaparece em Miqueias. Ambos foram contemporâneos e
profetizaram em Judá, sendo que Isaías era profeta da corte, na capital, e seu
companheiro do campo, mas é difícil saber a fonte literária original” (SOARES,
E. O Ministério Profético na Bíblia: A
voz de Deus na Terra.
1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.116).
Miqueias
previu uma segunda vinda de Davi (cf. Jr 30.9; Ez 34.23,24; 37.24,25). Ao que
parece, este é o significado da famosa profecia registrada em Miqueias 5.2: ‘E
tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o
que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde
os dias da eternidade’. A associação do futuro rei com Belém e a referência às
suas origens estarem nos tempos antigos dão a entender que a reaparição do
próprio Davi está em vista. Claro que esta é uma predição messiânica. Outros
profetas (por exemplo, Isaías em Is 9.6,7; 11.1,10) e a revelação bíblica
subsequente deixam claro que estas referências a Davi se cumpriram no Messias
que, como o Filho de Davi, reinará no espírito e poder do seu ilustre
antepassado.
Em
Miqueias 5.2, a atenção é dada à insignificância relativa de Belém entre os
clãs de Judá. Ironicamente, o rei escolhido do Senhor surgiria desta pequena
cidade. Este padrão de Deus elevar o pequeno e insignificante ocorre em outros
textos do Antigo Testamento (Gn 25.23; 48.14; Jz 6.15; 1 Sm 9.21).
Este
rei, que surge de tais origens humildes, protegerá o povo como um pastor (o
mesmo foi dito acerca de Davi; 2 Sm 5.2; Sl 78.71,72). Reinando pelo poder do
Senhor, a sua fama alcançará proporções universais (Mq 5.4). Ele e o
vice-regente evitarão que o mais poderoso dos inimigos de Israel (simbolizado
aqui pela Assíria, o inimigo tradicional de Israel) invada a terra (Mq 5.5,6).
Junto
com a restauração do rei davídico, Miqueias também profetizou uma reversão na
sorte de Jerusalém. Miqueias advertiu que esta cidade, escolhida por Davi como
capital e local do templo do Senhor, seria sujeita ao sítio (Mq 5.1) e reduzida
a entulhos (Mq 3.12). Ele personificou a cidade em sua humilhação como uma
mulher em trabalho de parto, estorcendo-se em agonia para dar à luz (Mq
4.9,10). Da perspectiva do exílio, Jerusalém personificada reconhece a justiça
do castigo de Deus e prevê o dia da justificação e restauração (Mq 7.8-12).
Utilizando a imagem de Miqueias 4.9,10, o profeta comparou a volta do povo
exilado em Sião a dar à luz (Mq 5.3). No futuro, o Senhor livraria Jerusalém
dos que a atacavam (Mq 4.11-13)” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia
do Antigo Testamento. 1
ed., RJ: CPAD. 2009, p.444).
Miqueias: A importância da obediência.Miqueias profetizou
nos mesmos dias em que profetizaram Amós e Isaías. Isso nos deve fazer refletir
que diversos profetas ministraram ao mesmo tempo em determinadas épocas.
Portanto, em um mesmo período, Deus se utilizou de servos que ministraram ao
mesmo tempo, para as duas nações, de forma que o testemunho de Deus sempre
estivesse presente entre os hebreus.
Miqueias
apresenta sua profecia a Judá e Israel, mostrando que Deus é o responsável por
julgar a falta de temor do povo para com seu Deus. Ele denuncia os falsos
profetas, os líderes desonestos e os sacerdotes ímpios que enganavam o povo e o
conduziam ao pecado, ao invés de direcioná-los a uma vida mais próxima de Deus.
Por mais que se pratique de forma correta os rituais que a Lei ordena, esses
rituais não podem ser suficientes se o coração do povo mantinha seus pecados.
Deus estava irado com Samaria e Jerusalém, pois o povo não o adorava de
coração. Isso não significa que Deus abomina rituais. Ele mesmo prescreveu em
Levítico a liturgia e as festas religiosas. O que deixou Deus irado foi o povo
imaginar que seguindo corretamente os rituais, estariam isentos de uma vida de
fé e das obrigações sociais da Lei quanto ao auxílio dos pobres. “Agradar-se-á
o SENHOR de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre, pelo pecado da
minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede
de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes
humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.7,8). O profeta deixa claro o desejo de
Deus para os israelitas, numa referência que serve também para a Igreja do
Senhor: a prática da justiça, o amor à bondade e o andar de forma não soberba
diante de nossos pares e do próprio Deus.
Miqueias
nos mostra também a grandiosidade de um Deus que possui em suas mãos a
capacidade de julgar seu povo, mas que também tem a grandiosa capacidade de
perdoar: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te
esqueces da rebelião do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira
para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Mq 7.18). Miqueias também
anuncia que Belém há de ser o lugar em que o Messias haveria de nascer: “E tu,
Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que
será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os
cias da eternidade” (Mq 5.2).
Naum — O limite da tolerância divina
Nínive havia provado da graça e da
misericórdia do Senhor. No tempo de Jonas, o povo ninivita arrependeu-se dos
seus pecados e prostrou-se perante o Eterno, confessando a sua ignomínia.
Assim, o povo recebeu de Deus o perdão dos seus pecados. Aquela nação foi salva
do juízo divino! Mas o tempo passou e depois de aproximadamente um século e
meio, a nova geração de Nínive esqueceu-se do passado de quebrantamento ao
Senhor. Ela voltou pecar contra Deus com requintes de crueldade, perversidade e
malignidade. Por isso o profeta Naum vocifera: “Ai da cidade ensanguentada! Ela
está toda cheia de mentiras e de rapina! Não se aparta dela o roubo”. Agora o
juízo divino sobre Nínive seria irreversível.
ESBOÇO DO LIVRO DE NAUM
TÍTULO (1.1) — PESO DE NÍNIVE
I. A Natureza de Deus e do Seu Juízo
(1.2-15).
Características da Administração da Justiça de Deus (1.2-7).
A Ruína Iminente de Nínive (1.8-11.14).
Consolo para Judá (1.12,13,15).
II. Vaticínio a Respeito da Queda de
Nínive (2.1-13)
Introdução (2.1,2).
O Combate Armado (2.3-5).
A Cidade é Invadida e Devastada (2.6-12).
A Voz do Senhor (2.13).
III. Razões da Queda de Nínive (3.1-19)
Os Pecados da Crueldade de Nínive (3.1-4).
A Justa Recompensa da Parte de Deus (3.5-19).
Palavra Chave
Tolerância: Ato
ou efeito de tolerar, indulgência, condescendência.
Quando
Naum anunciou o seu oráculo contra Nínive, já fazia um século e meio que Deus
havia dispensado a sua misericórdia à grande, poderosa e perversa cidade. No
tempo de Jonas, o Senhor compadecera-se dos ninivitas, poupando-os de iminente
destruição. Infelizmente, o tempo passou e eles vieram a se esquecer do perdão
divino, voltando a pecar contra Deus. Por isso, o profeta Naum proclama a ruína
inevitável de Nínive. Agora, o juízo divino é irreversível!
O LIVRO DE NAUM
Contexto histórico. Naum, à
semelhança de outros profetas menores, não possui biografia. Ele apresenta-se
apenas como o “elcosita”. O reinado no qual profetizou não é mencionado (v.1b).
As escassas informações de que dispomos ainda não são conclusivas. As opiniões
dos eruditos são divergentes. Elas variam entre o assédio de Jerusalém, em 701
a.C, por Senaqueribe, rei da Assíria (2 Rs 18.13) até as reformas religiosas
protagonizadas por Josias, rei de Judá, em 621 a.C. (cf. 2 Rs 22.1-23.37; 2 Cr
34.1-35.27).
a) Origem do profeta. Alguns
estudiosos acreditam que “elcosita” (v.1c) refere-se a uma cidade da Assíria,
situada a 38 quilômetros de Nínive, em Al-kush, ao norte do atual Mossul,
Iraque. Tal informação é a menos provável, visto que, desde a antiguidade, a
cidade de Cafarnaum — na Galileia, casa de Jesus (Mt 9.1; Mc 2.1), cujo nome
significa “aldeia de Naum” — é apontada como local de nascimento do profeta.
b) Período aceitável. Em 612 a.C. a
cidade de Nínive foi destruída. A profecia menciona também o desmoronamento de
Nô-Amon como fato comprovado historicamente (3.8-10). O rei assírio,
Assurbanípal, destruiu a cidade egípcia de Nô em 663 a.C. De acordo com essas
informações, podemos considerar 663 a 612 a.C. como um período histórico
significativo para situarmos o ministério profético de Naum.
c) Nínive (v.1). Nínive era a
antiga capital do império assírio. Suas ruínas estão localizadas ao norte do
Iraque. É uma das cidades pós-diluvianas fundada por Ninrode, descendente de
Cuxe (Gn 10.8-11), por volta de 4500 a.C. — tornando-se proeminente antes de
2000 a.C. O rei assírio, Senaqueribe (705 - 681 a.C), fortificou a cidade,
garantindo assim o apogeu da capital assíria.
O
Senhor refere-se a ela como a “grande cidade” (Jn 1.2; 3.2). A crueldade do
povo ninivita era indescritível e essa foi a fama que os acompanhou durante
toda a história.
Estrutura. O “Livro da
visão de Naum” (v.1b) consiste em três breves capítulos. O capítulo 1 divide-se
em duas partes principais: a primeira é um salmo de
louvor a Jeová (vv.2-8); a segunda, num estilo poético,
anuncia o castigo dos seus inimigos (vv.9-14), sendo que o versículo 15 é parte
do capítulo 2 na Bíblia Hebraica. O segundo capítulo anuncia o assédio e a
destruição de Nínive. E o terceiro o “boletim de ocorrência” dos motivos de sua
queda.
Mensagem. O tema do livro
é a “queda de Nínive”. A expressão “peso de Nínive” (v.1a) proclama o início de
sua ruína. O substantivo hebraico para “peso” é massa que significa “carga,
fardo, sofrimento” (Êx 23.5; Nm 11.11,17) bem como “sentença pesada, oráculo,
pronunciamento, profecia” (Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1). Ela aponta para a proclamação
de um desastre (Is 14.28; 23.1; 30.6).
TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO
Vingança (v.2). A mensagem de
Naum é o juízo divino sobre Nínive. Aqui, sobressaem os atributos divinos
pertinentes ao tema. O verbo hebraico naqam, “vingar-se, tomar
vingança”, aparece três vezes só neste versículo e precisa ser devidamente
compreendido. Vingança é o castigo imposto por dano ou ofensa; diz respeito a
infratores contumazes da lei divina. Visto que a vingança pertence a Deus (Sl
94.1), contra eles está o justo “Juiz de toda a terra” (Gn 18.25).
Longanimidade. Deus é
compassivo e “tardio em irar-se” (v.3a), pois a longanimidade divina espera o
arrependimento do pecador (Rm 2.4-6). Todavia, isso não é sinônimo de
impunidade, pois a justiça do Eterno não permite tomar o culpado por inocente.
Uma vez que Nínive persistiu em sua maldade e a Assíria construiu o seu império
pela violência e desrespeito aos direitos humanos, massacrando muitos povos,
dentre eles o de Judá e o de Israel, agora essas mesmas nações se alegrarão com
a queda e a humilhação da cidade maléfica (3.5-7).
O poder de Deus. As descrições
poéticas dos atributos divinos estão ligadas ao poder e a majestade de Deus
(1.3-8). O profeta declara que o Senhor “tem o seu caminho na tormenta e na
tempestade” (v.3). Em linguagem metafórica, o poder, a grandeza e a majestade
do Senhor são descritos através da força da natureza. Essas descrições mostram
que a espera do Eterno em punir os ninivitas não se deu por falta de poder, mas
por causa de sua longanimidade.
O CASTIGO DOS INIMIGOS
Quem são os “inimigos”? Os assírios eram
os “inimigos” e a expressão “peso de Nínive” (v.1) — referindo-se à capital da
Assíria — o confirma. A ausência da indicação desse povo (vv. 9-14) também
ensina as nações, ao longo da história, que sentenças similares às da Assíria
são aplicáveis a qualquer povo que se levantar contra Deus. Por essa razão a
queda dos assírios foi definitiva (v.9).
O estilo de Naum. O livro do
profeta Naum é rico em metáforas. O exército assírio é comparado a um
emaranhado de espinhos e aos bêbados embriagados com vinho (v.10), significando
que Deus enfraqueceu o poder de Nínive e que os ninivitas são uma “presa
fácil”. Por esse mesmo motivo, Nabopolassar, rei de Babilônia e pai do rei
Nabucodonosor, entrou na cidade em 612 a.C. sem resistência alguma dos assírios.
Reminiscências históricas? Alguns
expositores bíblicos pensam que o “conselheiro de Belial” (vv.11,12) é uma
referência a Senaqueribe (2 Rs 18.13). É verossímil que o versículo 14 pareça
aplicar-se a ele (2 Rs 18.36,37), pois a reminiscência histórica é comum em
muitas mensagens proféticas. Entretanto, não é o que parece aqui, pois
provavelmente a expressão “mais ninguém do teu nome seja semeado” (v.14), aluda
à falta de herdeiro no trono, denotando o fim do império. Tal sentença indica o
caráter definitivo do castigo divino.
A consolação de Judá. Assim como a
profecia de Obadias era contra Edom, mas a mensagem era para Judá,
semelhantemente ocorre aqui, conforme a declaração profética: “serão
exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais” (v.12).
Essa abrupta mudança da terceira para a segunda pessoa indica a mensagem de
esperança para Judá. O castigo de Judá é corretivo. O povo ainda achará o favor
divino (v.13). Mas o juízo dos assírios é final, por haverem eles rejeitado a
misericórdia que o Deus de Israel, gratuitamente, lhes havia oferecido através
de Jonas.
Assim
como o juízo divino puniu a capital da perversa Assíria, assim também
acontecerá no dia da ira de Deus, quando Ele punirá a todos, indivíduos e
nações, que, rejeitando a sua misericordiosa graça, perseveraram na prática do
mal.
Nesse
dia, todos prestarão contas de seus atos diante dEle. É o que adverte o próprio
Senhor através de seus profetas. Contudo, a porta da graça está aberta,
oferecendo gratuitamente, a toda as nações, ampla oportunidade de
arrependimento e salvação através de Jesus Cristo (2 Pe 3.9).
Analisando as Palavras de Juízo dos
Profetas.Se
desejarmos ouvir as palavras dos profetas de uma maneira que seja fiel ao seu
contexto original e, ao mesmo tempo, de utilidade contemporânea para nós,
devemos antes de mais nada determinar o tema ou propósito básico de cada livro
profético que desejamos pregar. Também será útil mostrar se o propósito do
livro se encaixa no tema global e unificador do Antigo Testamento e no tema ou
plano central de toda a Bíblia.
Depois
de definirmos o propósito do livro, devemos, então, assinalar as principais
seções literárias que constituem a estrutura do livro. Normalmente, existem
mecanismos de retórica que assinalam onde tem início uma nova seção no livro.
No entanto, quando tais mecanismos não estão presentes é preciso observar
outros marcadores. Uma mudança de assunto, uma mudança de pronomes, ou uma
mudança em aspectos de ação verbal, tudo isso pode ser um sinal revelador de
que teve início uma nova seção” (KAISER JR., W. C. Pregando
e Ensinando a partir do Antigo Testamento: Um guia para a igreja. 1 ed., RJ: CPAD,
2010, p.121).
Naum: O Limite da tolerância divina.Naum significa
“consolação”. Quando ele profetizou para Judá, o Reino do Norte, Israel, já
fora levado cativo pelos assírios. Sua profecia é para Nínive, a nação que
décadas antes foi visitada por Jonas, que a advertiu de seus pecados e do
iminente juízo divino. Desta vez, Deus usa Naum para informar-nos que os anos
de brutalidade dos assírios chegara ao fim.
“Os
destinatários eram os povos oprimidos de Israel e Judá. Que por mais de um
século sofreram com as depravações brutais promovidas pelas forças armadas
assírias. Como resultado disso, tiveram seus lares destruídos, as plantações
queimadas, suas esposas e filhas estupradas e as crianças arremessadas contra
as paredes. Essa opressão alcançou seu ponto culminante em 722 a.C, quando os
assírios destruíram Samaria totalmente e levaram o povo de Israel para o
cativeiro” (Guia do leitor da Bíblia, CPAD, pg.556).
Naum
trata da retribuição divina aos feitos dos assírios e suas maldades. Deus
julgou seu povo por causa de seus pecados, mas também julgaria seus opressores
por suas maldades e atrocidades.
“Nínive
foi capturada pelos medos e babilônios cerca de seiscentos anos antes de Jesus
nascer. A captura de Nínive aconteceu exatamente como Naum predisse. Uma súbita
inundação do rio Tigre carregou parte dos muros que cercavam a cidade,
facilitando a entrada de tropas inimigas. A cidade foi parcialmente destruída
pelo fogo. A destruição de Nínive foi tão completa que todos os vestígios de
sua existência quase desapareceram. Mas em 1845, os arqueólogos descobriram as
ruínas da grande cidade de Nínive. Encontraram escombros de palácios
magníficos. Acharam também milhares de inscrições que nos contam a história da
Assíria escrita pelos próprios assírios. A cidade de Nínive tinha muros de
trinta metros de altura. Eram muros tão largos que quatro carros podiam andar
sobre eles lado a lado. Os muros tinham centenas de torres. Um fosso de 48
metros de largura e 18 de profundidade circundavam os muros. O povo de Nínive
pensava que não havia nada que pudesse destruir a cidade” (Quero
Entender a Bíblia.
CPAD, pg.205). Com essas descrições, não é difícil entender o quanto os
assírios tinham depositado sua confiança na estrutura colossal da cidade, que
aos olhos humanos, para a época, era realmente inexpugnável. Mas os assírios
não ficariam impunes de seus males. O julgamento divino já fora decretado, e
logo essa nação pagaria por suas atrocidades contra os povos dominados e sua
própria impiedade.
Habacuque — A soberania divina
sobre as nações
ESBOÇO DO LIVRO
O Interrogatório de Habacuque a Deus
(1.2 — 2.20)
Questão:
Como Deus permite que a ímpia Judá fique
sem castigo (1.2-4).
Resposta:
Mas Deus usará a Babilônia para castigar
Judá (1.5-11).
Questão:
Como Deus pode usar uma nação mais ímpia
que Judá como instrumento de juízo (1.12 — 2.1).
Resposta:
Deus também julgará Babilônia (2.2-20).
O Cântico de Habacuque (3.1-19)
Oração
de Habacuque por misericórdia divina (3.1,2).
O
poder do Senhor (3.1,2).
Os
atos salvíficos do Senhor (3.3-7).
A
fé inabalável de Habacuque (3.16-19).
Palavra Chave
Soberania: Qualidade
ou condição de um soberano; autoridade; domínio; poder.
No
diálogo entre Habacuque e o Senhor, presenciamos uma singular beleza teológica
e literária. Ao longo do livro de Habacuque, deparamo-nos com uma das mais
notáveis declarações doutrinárias: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). Este
oráculo fez-se tão notório, que se tornou uma das mais importantes temáticas,
em o Novo Testamento (Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos mais tarde, inspirou
Martinho Lutero a deflagrar a Reforma Protestante.
O LIVRO DE HABACUQUE
Contexto histórico. Habacuque
exerceu o seu ministério quando os caldeus marchavam vitoriosamente pelo
Oriente Médio (1.6). Tal marcha iniciou-se em 627 a.C. e foi concluída com a
vitória sobre Faraó Neco, do Egito, na Batalha de Carquêmis, em 605 a.C. (Jr
46.2). Tempo em que, de fato, os caldeus tornaram-se um império pujante. Isso
mostra que o profeta era contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1).
Ele menciona ainda a opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça
nacional (1.2-4) e descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim,
rei de Judá, entre 605 e 598 a.C. (Jr 22.3,13-18).
Vida pessoal. Não há
informações, dentro ou fora do livro, sobre a vida pessoal de Habacuque. Apenas
temos a declaração de que ele é profeta (1.1), detalhe este também encontrado
em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). A partir dessas poucas informações e pela
finalização de seu livro (3.19), muitos estudiosos entendem que Habacuque era
um profeta bem aceito pela sociedade e — há quem afirme — oriundo de família
sacerdotal. A literatura rabínica apoia essa ideia.
Estrutura e mensagem. No estudo
passado, aprendemos que o termo “peso” indica uma “sentença pesada e profecia”.
A exemplo do livro de Naum, esse oráculo foi revelado à Habacuque na forma de
visão (1.1). A profecia divide-se em três capítulos. O primeiro denuncia a
corrupção generalizada da nação e a consequente resposta divina (1.2-17); o
segundo, outra resposta do Eterno (2.1-20); e a terceira, a oração de Habacuque
(3.1-19). O oráculo divino, que possui a mesma estrutura dos Salmos, tem como
principal ênfase a fé.
HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
O clamor de Habacuque. O que ocorria em
Judá ia de encontro ao conhecimento que Habacuque possuía a respeito do Deus de
Israel. Mas como é possível Aquele que é justo e santo tolerar tamanha maldade?
O profeta expressa sua perplexidade na forma de lamentos: “Até quando,
SENHOR[...]?” (1.2; Sl 13.1,2); “Porque[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas perguntas
indicam que, há tempos, Habacuque orava a Deus em busca de solução.
A descrição do pecado. Assim, o profeta
resume o quadro desolador do seu povo: iniquidade e vexação; destruição e
violência; contenda e litígio (1.3). A Bíblia ARA (Almeida Revista e
Atualizada) emprega o termo “opressão”. A Bíblia TB (Tradução Brasileira) usa
“perversidade” no lugar de “vexação”. A estrutura poética nessa descrição
revela a falência da justiça e o abuso opressor das autoridades em relação aos pobres.
O colapso da justiça nacional. A frouxidão da
lei era consequência da corrupção generalizada. Na esfera judiciária, a
sentença não era pronunciada, ou quando dado o veredicto, este sempre
beneficiava os poderosos (1.4). A sociedade sequer lembrava-se da lei. Esta era
o poder coercitivo para manter a ordem pública, garantir a segurança e os
direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19; 33.4; Js 1.8). Mas a influência das
autoridades piedosas não foi suficiente para mudar o estado das coisas. Somente
o Senhor onipotente de Israel é quem pode fazer plena justiça.
A RESPOSTA DIVINA
O juízo divino é anunciado. Antes de
Habacuque perceber a gravidade da situação, Deus, que está no controle de todas
as coisas, apenas aguardava o tempo oportuno para agir e mostrar a razão de sua
intervenção. Tudo estava nos planos do Senhor. O profeta e todo o povo de Judá
precisavam prestar mais atenção aos acontecimentos mundiais, pois o Eterno
realizaria, naqueles dias, uma obra que eles não creriam, quando lhes fosse
contada (1.5). Essa obra era um novo império que Deus estava levantando no
mundo. Não obstante, esse oráculo também diz respeito à vinda do Messias (At
13.40,41).
Os caldeus e a questão ética
(1.6). O
império dos caldeus crescia e agigantava-se sob a liderança do rei
Nabucodonosor. Ele estava a caminho de Jerusalém para invadir a província de
Judá. No entanto, Habacuque ficou desapontado com essa resposta. Como um povo
idólatra, sem ética e respeito aos direitos humanos, poderia castigar o povo de
Deus? Ele pergunta: “por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e
te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (1.13).
Trataria o Senhor os filhos de Judá como os animais? (1.14). Permitiria à Babilônia
fazer o que desejasse com o povo? (1.15-17).
DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ
A espera de Habacuque (2.1). Sabedor de que
Deus lhe responderá, o profeta prepara-se para ser arguido por Deus. Ele se
posiciona como uma sentinela — figura comumente empregada para descrever os
profetas bíblicos. Sua função era ficar alerta para escutar a palavra de Deus e
transmiti-la ao povo (Is 21.8; Jr 6.17; Ez 3.17).
A visão. A resposta
divina veio ao profeta através de uma visão transmitida com agilidade e
nitidez, dispensando a necessidade de que alguém lesse e a interpretasse (2.2),
pois se tratava de uma mensagem que, apesar de futurística, era claríssima: A
Babilônia desaparecerá da terra para sempre! No entanto, Judá, apesar do
castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O desafio era crer na mensagem! Ainda que seu
cumprimento tardasse, Deus é fiel para cumprir a sua palavra (2.3; Jr 1.12).
Assim como naquele tempo, o mundo permanece no pecado por causa da
incredulidade e por isso não crê na pregação do Evangelho (Jo 9.41; 15.22;
16.9; 2 Co 4.4).
O justo viverá da fé. A expressão
“alma que se incha” (2.4) refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10; Is 13.19). O
justo é aquele que crê no julgamento de Deus sobre a Babilônia (2.8). Ele
sobreviverá à devastação de Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o justo, pela
sua fé, viverá” (2.4b). Mas ao mesmo tempo é uma mensagem de profundo significado
para a fé cristã (Rm 1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo Testamento, o “justo” é
quem, proveniente de todas as nações, acolhe a mensagem do Evangelho e é
justificado pela fé em Jesus.
A
Palavra de Deus é suficiente para corrigir o caminho tortuoso de qualquer
pessoa. Apesar de a resposta divina nem sempre ser o que esperamos, ela é
sempre a melhor. Quem não se lembra do fato ocorrido na vida de Naamã? (2 Rs
5.10-14). Isso acontece porque os caminhos e os pensamentos de Deus são
infinitamente mais elevados que os nossos (Is 55.8,9). Vivamos, pois, pela fé!
“O significado da fé em Habacuque.Além de estar dizendo
claramente que os justos de Judá, apesar do sofrimento pelo qual passarão no
ataque caldeu, serão poupados (como aconteceu com Jeremias, Daniel e tanto
outros), o Senhor mostra ao profeta que sua compreensão concernente à vida
espiritual ainda era superficial. Ainda faltava a Habacuque considerar alguns
aspectos essenciais da vida com Deus. Sua Teologia ainda ignorava nuanças
vitais, e que agora são sintetizadas para o profeta em uma única frase: ‘O
justo viverá pela sua fé’.
O
justo não vive pelo que vê, sente, percebe, imagina ou pensa, mas pela fé.
‘Porque andamos por fé e não por vista’ (2 Co 5.7). Não que essas coisas não
sirvam, vez por outra, para alimentar a nossa fé, mas não podem ser
considerados fundamentos para ela. Nossa fé está fundamentada no próprio Deus,
em sua Palavra. O justo está baseado nela” (DANIEL, S. Habacuque:A
vitória da fé em meio ao caos. 1 ed. RJ: CPAD, 2005, p.90).
Habacuque:A soberania divina sobre as
nações.Habacuque
exerceu seu ministério nos dias de Josias, rei de Judá. Nos dias de Manassés,
avô de Josias, a corrupção moral e espiritual atingiu níveis jamais vistos.
Josias, anos depois de Manassés, trouxe reformas substanciais à vida dos
hebreus, mas seus esforços não tiveram êxito completo no sentido de destituir
as coisas ruins com que a nação se acostumou. Os juízes, que deveriam julgar de
acordo com os preceitos da lei de Deus, eram corruptos, e julgavam conforme os
subornos que recebiam. Os homens perversos eram bem-sucedidos em seus intentos,
tornando a prática da justiça algo risível. Como viver em um estado onde a
impiedade era a regra?
O
profeta defronta-se com duas questões: porque Deus não pune os pecados de Judá?
Para essa primeira questão, Deus mostra a Hacacuque que os babilônios iriam
punir Judá. Aqui entra a segunda questão: porque Ele permitiria que um povo
ímpio fosse responsável por julgar a Israel? Para a segunda questão, Deus
mostra que os assírios, mesmo ímpios, trariam o julgamento de Deus, mas depois
eles mesmos seriam julgados por seus pecados. “Habacuque, ao rogar a Deus por
uma explicação do porquê Ele permitira que o iníquo pecasse e o inocente
sofresse, recebe a resposta. Na época, Deus estava preparando os babilônios
para ingressarem no rol das potências mundiais. O Senhor usaria as forças
armadas desses pagãos para que o seu próprio povo fosse punido. Habacuque
entendeu o plano de Deus, pois o uso de nações inimigas para disciplinar Israel
e Judá era um precedente bem arquitetado” (Guia do Leitor da
Bíblia. CPAD,
pg.560).
Mas
vemos em Habacuque outra situação que nos leva a pensar. Se os babilônios eram
um povo que não conhecia a Deus, eles, como um povo “injusto”, julgariam a
Israel e Judá, nações que conheciam a Deus e poderiam ser consideradas justas?
O profeta então percebe que a questão não se refere a um povo mau julgando o
povo do Senhor, e sim que ninguém pode evitar a disciplina do Senhor, quer seja
um povo bom, quer seja um povo mau. Deus sabe como tratar com todos.
Deus
não permite a injustiça entre seu próprio povo. Ele é juiz e julga até mesmo os
seus, para que o seu nome não seja blasfemado. E castiga os pagãos também,
quando eles pecam. E mesmo aqueles que temem a Deus devem confiar nEle quando
Ele julgar os que são chamados pelo seu nome. O povo de Deus deve ser o
primeiro a se arrepender de seus pecados, para não atrair a ira divina.
Sofonias
O juízo vindouro
ESBOÇO DO LIVRO DE SOFONIAS
Introdução .........................................................................................................
(1.1)
Silêncio!
O Temível Dia do Senhor
..................................................................... (1.2 —
2.3)
• O julgamento do
Senhor .......................................................................
(1.2,3)
• O julgamento
contra Judá
.................................................................... (1.4-18)
• A Chamada para o
Arrependimento ................................................... (2.1-3)
Profecias
contra as Nações ...................................................................................
(2.4-15)
• Os filisteus
...............................................................................................
(vv.4-7)
• Os amonitas e
moabitas .........................................................................
(vv.8-11)
• Os etíopes
................................................................................................
(v.12)
• Os assírios
................................................................................................
(vv.13,15)
Julgamento
de Jerusalém
.....................................................................................
(3.1-8)
• Os pecados de
Jerusalém ......................................................................
(vv.1-4)
• A justiça divina
contra Jerusalém ........................................................
(vv.5-7)
• Julgamento de toda
terra ......................................................................
(v.8)
Salvação
e o Dia do Senhor
....................................................................................
(3.9-20)
• O remanescente
restaurado e Jerusalém purificada ......................... (vv.9-13)
• A alegria do povo com
Deus ...................................................................
(vv.14-17)
• Promessas a respeito
da restauração final ........................................... (vv.18-20)
Palavra Chave
Juízo: Ato,
processo ou efeito de julgar; julgamento.
Nesta
lição, estudaremos o oráculo de Sofonias. Ele se destaca pela intrepidez do
juízo divino contra Judá e os gentios. O profeta anuncia o julgamento universal
descrito como a reação de Deus aos pecados cometidos pelos moradores de toda a
terra. Sofonias, porém, aborda o julgamento divino numa perspectiva
escatológica de restauração.
O LIVRO DE SOFONIAS
Contexto histórico. Sofonias exerceu
o seu ministério “nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá” (v.1). Josias
reinou entre 640 e 609 a.C. A reforma religiosa do rei de Judá aconteceu em 621
a.C, “no ano décimo oitavo” do seu reinado (2 Rs 22.3). Quando ocorreu a
reforma, Jeremias exercia o ofício de profeta há cinco anos. O seu chamado
deu-se “no décimo terceiro ano do [...] reinado” de Josias (Jr 1.2). Esse
período corresponde a 627 a.C. É possível que, na reforma, o rei fora
encorajado por esses profetas. Evidências internas apontam para um tempo de
pré-reforma em Judá, denunciando os desmandos dos reis Manassés e Amom (2 Rs
21.16-24).
Genealogia. É comum a menção
do nome paterno nos livros dos profetas. Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias,
Joel e Jonas, trazem essa informação. Sofonias, porém, descreve a sua
genealogia: “Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias,
filho de Ezequias” (v.1). A citação do nome do pai estabelecia o direito tanto
à herança quanto à posição social ou aquisição de poder. A ausência de
paternidade demonstra que tal profeta não adveio de família tradicional. Sofonias
era trineto de Ezequias, que também fora rei de Judá. Isso lhe garantia livre
acesso no governo real, bem como noutros segmentos da sociedade.
Estrutura e mensagem. Os meios de
comunicação dos oráculos divinos aos profetas eram a palavra e a visão. Os porta-vozes do
Eterno deixam isso claro no prólogo de seus livros (v.1a). O estilo poético
predomina em todo o livro de Sofonias. O oráculo está organizado em três partes
principais: a primeira anuncia o juízo contra as nações da terra, incluindo
Judá (1.1-2.3). A segunda especifica os povos nesse julgamento global —
Filístia, Moabe, Amom, Etiópia e Assíria (2.4-15). E a terceira parte trata do
castigo de Jerusalém e da restauração dos remanescentes fiéis (3.1-20). O tema
do “Dia do Senhor” ocupa todo o oráculo divino.
O JUÍZO VINDOURO
Toda a face da terra será
consumida (v.2). Após
o dilúvio, Deus prometeu não mais destruir a terra com água (Gn 9.11-16). Desde
então, a palavra profética anunciou o juízo vindouro pela destruição através do
fogo (1.18; 3.8; Jl 2.3; 2 Pe 3.7; Ap 16.8). A declaração “inteiramente
consumirei tudo sobre a face da terra” (v.2) refere-se à tragédia global
referida em 3.6-8. Note que a expressão “face da terra” é igualmente usada no
anúncio da tragédia do dilúvio (Gn 6.7; 7.4).
A linguagem de Sofonias. A hipérbole é
uma figura de linguagem que consiste em dar à sua significação uma ênfase
exagerada. Ela, porém, aparece na Bíblia e, por isso, alguns expositores
veterotestamentários defendem o uso de uma linguagem hiperbólica para o livro
de Sofonias. Eles consideram forte demais a descrição do aniquilamento natural
de aves, peixes, animais, seres humanos, nações e cidades (1.3; 3.6).
Descrição detalhada. É verdade que na
Bíblia há o emprego de hipérbole (Mt 11.23; Jo 12.19, etc). Mas não é o caso,
aqui, em Sofonias! A descrição “os homens e os animais, consumirei as aves do
céu, e os peixes do mar” (v.3) representa o reverso da criação registrada em
Gênesis (1.20-26). Ela corresponde à destruição universal e literal da criação
(Ap 16.1-21). O dilúvio, por exemplo, foi literal e global, mas a família cie
Noé foi salva (1 Pe 3.20), assim como os filhos de Israel foram poupados das
pragas do Egito (Êx 9.4; 10.23; Nm 3.13).
OBJETIVO DO LIVRO
Sincretismo dos sacerdotes. A expressão
“quemarins com os sacerdotes” (v.4) aponta para o sincretismo da religião de
Israel com o paganismo. “Quemarins” é o plural do hebraico komer usado para “sacerdote
pagão” e aparece apenas três vezes no Antigo Testamento (2 Rs 23.5; Os 10.5).
Apesar da origem levítica, os sacerdotes estavam envolvidos no sincretismo
religioso pagão.
Sincretismo do povo. Sabeísmo é a
prática pagã dos sabeus; o povo da rainha de Sabá. Seu culto resumia-se na
prática de adivinhação e na astrologia. Judá envolveu-se nesse tipo de
paganismo (2 Rs 23.5; Jr 8.2; 19.13). Malcã ou Milcom (ARA e TB), ou ainda
Moloque (NVI), era o deus nacional dos amonitas (1 Rs 11.5-7). Sofonias denunciou
o povo por adorar a Jeová numa cerimônia comum com essa asquerosa divindade
(v.5). Isso exemplifica a realidade do ritual sincrético no meio do povo
escolhido.
O modismo do povo e a violência
dos príncipes. Não
havia nada de errado em alguém vestir a roupa do estrangeiro. O problema da
“vestidura estranha” (v.8) era o compromisso religioso de tal indumentária com
o paganismo (2 Rs 10.22). Os príncipes de Judá, provavelmente filhos de
Manassés ou Amom (pois Josias era bem novo para ter filhos nessa idade), serão
duramente castigados por causa da violência e do engano (v.9). O objetivo do
castigo divino é exterminar o baalismo, o sincretismo, as práticas divinatórias
e as injustiças sociais.
“O DIA DO SENHOR”
Significado bíblico. O termo hebraico
para “dia” é yom, que pode ser “dia” no sentido literal
(Jó 3.3) ou período de tempo (Gn 2.4). Assim, “o dia do SENHOR” (v.7) ou as
fraseologias similares “dia da ira do SENHOR” (2.2,3) e “naquele dia” (1.10),
indicam o período reservado por Deus para o acerto de contas com todos os
moradores da terra (Is 13.6,9; Ez 13.5; Jl 1.15; 2.1). Esse período também é
chamado de Grande Tribulação (Ap 7.14). O julgamento de Judá e das nações
vizinhas é o prenúncio do juízo vindouro.
O sacrifício e seus convidados. A profecia
afirma que Jeová “preparou o sacrifício e santificou os seus convidados” (v.7).
Aqui, essa sentença é chamada de “sacrifício”, uma metáfora usada pelos
profetas para indicar o juízo (Is 34.6; Jr 46.10; Ez 39.17-20). O verbo
hebraico para “santificar” é qadash, cuja ideia básica
consiste em “separar, retirar do uso comum” (Lv 10.10). Assim, os babilônios
foram separados por Deus para a execução da ira divina sobre o povo de Judá
(v.10).
O
juízo vindouro não é assunto descartável. Os profetas trataram dele, bem como o
Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos. Fica aqui um alerta para os promotores da
teologia da prosperidade (Fp 3.19-21). Infelizmente, entre muitos cristãos, os
assuntos escatológicos são motivos de chacotas e risos. No entanto, Deus não se
deixa escarnecer. O seu juízo é certo e verdadeiro e virá sobre todos os que
praticam a iniquidade.
O Juízo Final.Não há ninguém na
Escritura que possa dizer mais sobre isso do que o Senhor Jesus. Ele advertiu
repetidamente a respeito do iminente julgamento dos que não se arrependem (Lc
13.3,5). Ele falou muito mais sobre o inferno do que sobre o céu, usando sempre
os termos mais nítidos e perturbadores. A maior parte do que sabemos sobre o
destino eterno dos pecadores veio dos lábios do Salvador. E nenhuma das
descrições bíblicas do juízo é mais severa ou mais intensa do que aquelas
feitas por Jesus.
No
entanto, Ele sempre falou sobre essas coisas usando os tons mais ternos e
compassivos. Ele sempre insiste para que os pecadores abandonem os seus
pecados, reconciliem-se com Deus, e se refugiem nEle para que não entrem em
julgamento. Melhor do que qualquer outro, Cristo conhecia o elevado preço do
pecado e a severidade da cólera divina contra o pecador, pois iria suportar
toda a força dessa cólera em benefício daqueles que redimiu. Portanto, ao falar
sobre essas coisas, Ele sempre usou a maior empatia e a menor hostilidade”
(MACARTHUR JR., J. A Segunda Vinda. 1 ed., RJ: CPAD,
2008, p.180).
Sofonias: O Juízo vindouro.O nome Sofonias
significa “o Senhor esconde”. Esse profeta é identificado como sendo
descendente de Ezequias. Estudiosos do Antigo Testamento acreditam que esse
Ezequias foi o rei que governara Judá aproximadamente setenta e cinco anos
antes. Portanto, podemos entender por esses dados que Sofonias tinha acesso à
Corte e conhecia o sistema religioso de seus dias. Seu ministério durou de
640-609 a.C, um período histórico em que a Assíria estava em declínio e a
Babilônia estava crescendo no cenário internacional. Nesse mesmo período, em
Judá, o reino havia se enfraquecido por causa da administração de Manassés, um
rei que “fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram
pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de
Israel” (2 Cr 33.9). A Bíblia diz que Manassés foi preso e levado algemado para
a Babilônia, e que lá, arrependeu-se dos males que tinha feito: “fez-lhe oração,
e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar
para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus”
(2 Cr 33.13). Apesar dessa conversão de Manassés ao Senhor, o povo não o
acompanhou nessa mudança.
Sofonias
profetiza, então, para advertir ao povo que o julgamento de Deus estava para
vir. Ele também deixou claro que a nação seria purificada por Deus, que haveria
de habitar entre eles. De forma intrigante, Sofonias começa sua profecia com um
lamento, mas termina com um cântico de alegria.
Sofonias
fala do dia do Senhor. Sua descrição não é da manifestação do Messias, e sim da
ira de Deus. Joel (2.31) e Malaquias (4.5) também trata desse tema, e não é por
acaso. Sofonias apresenta os pecados que o povo praticava; eles adoravam a
Baal, uma divindade cananita; adoravam os elementos da natureza, o sol e a lua,
e também as estrelas, desprezando o Criador; eles misturavam a adoração a Deus
com a adoração a outras “divindades”; aos poucos, foram abandonando o culto ao
Senhor e, finalmente, manifestaram um claro descaso para com a obediência dos
preceitos divinos.
Seu
ministério profético foi exercido nos dias do rei Josias, um homem que se
esforçou muito para que o seu povo se tornasse para Deus. Josias aproveitou o
breve momento de baixa ingerência de nações inimigas e buscou um avivamento
espiritual, a fim de que o povo mudasse de atitudes e se voltasse para o
Senhor, o que só aconteceu depois do exílio de Judá.
Ageu — O compromisso do povo da aliança
O Templo era o símbolo visível da
aliança de Deus com o seu povo. Nesse contexto é que aparece Ageu, o primeiro
profeta a exercer o ministério no período pós-exílio. Sua mensagem central não
poderia ser outra: “Israel, reconstrua o Templo para o Senhor!”. Os judeus
estavam indiferentes em relação à obra de Deus, porém através do ministério de
Ageu e Zacarias, o Templo foi reconstruído, e conforme a palavra do Senhor, “a
glória da segunda Casa será maior que a da primeira”. Como servos do Altíssimo
precisamos estar atentos, pois como os israelitas, também podemos negligenciar
a obra de Deus e o cuidado com a Casa do Senhor. Que sejamos servos
compromissados com o Reino, trabalhando para o seu crescimento aqui na Terra.
Coloque suas prioridades em ordem correta, segundo as Escrituras Sagradas.
ESBOÇO DO LIVRO DE AGEU
Parte I — Reconstrução do Templo
(1.1-15)
(1.1)
................................. Introdução.
(1.2-11)
........................... Primeiro oráculo: exortação para a reconstrução do
Templo.
(1.12-15)
......................... Segundo oráculo: resposta e compromisso.
Parte II — Esplendor Futuro do Templo
(2.1-23)
(2.1-9).............................Terceiro
oráculo: compromisso e promessas.
(2.10-23).........................Quarto
oráculo: decisões e bênçãos futuras.
Palavra Chave
Templo: Espaço
ou edifício destinado a culto religioso.
De
Joel até Ageu passaram-se mais de 300 anos. A hegemonia política e militar,
nessa fase da história mundial, estava com os persas, pois os assírios e
babilônios não existiam mais como impérios. Quanto ao pecado de Judá, este não
era a idolatria, pois o cativeiro erradicara de vez essa prática. O problema
agora, igualmente grave, era a indiferença, a mornidão e o comodismo espiritual
dos judeus em relação à obra de Deus.
O LIVRO DE AGEU
Contexto histórico. No livro de
Esdras, encontra-se o relato das primeiras décadas do período pós-exílio. Por
isso, é fundamental ler os seis primeiros capítulos do referido livro, para
compreendermos o profeta Ageu. O rei Ciro, da Pérsia, baixou o decreto que pôs
fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C. Pouco tempo depois, a primeira leva dos
hebreus partiu da Babilônia de volta para Judá.
a) Cambises. Ciro reinou até
530 a.C, ano em que faleceu. Cambises, identificado na Bíblia como Artaxerxes
(Ed 4.7-23), reinou em seu lugar até 522 a.C. Este, por dar ouvidos a uma
denúncia dos vizinhos invejosos e hostis a Judá, decidiu embargar a construção
da Casa de Deus em Jerusalém (Ed 4.23).
b) Dario Histaspes. Após a morte de
Cambises, Dario Histaspes assumiu o trono da Pérsia (reinando até 486 a.C), e
autorizou a continuação da obra do Templo. Ele é citado nas Escrituras Sagradas
simplesmente como “Dario” (Ed 6.1,12,13).
Vida pessoal. Não há, além do
profeta, outro Ageu no Antigo Testamento. O seu nome aparece nove vezes na
profecia e duas no livro de Esdras (Ed 5.1; 6.14). Ageu foi o primeiro profeta
a atuar no pós-exílio. Seu chamado ocorreu cerca de dois meses antes de
Zacarias receber o primeiro oráculo: “no ano segundo do rei Dario” em 520 a.C
(1.1; Zc 1.1). O fato de Ageu apresentar-se como “profeta” (vv.1,3,12; 2.1,10)
demonstra que os contemporâneos reconheciam-lhe o ofício sagrado. Além dele,
apenas Habacuque e Zacarias mencionam o ofício profético em suas apresentações
(Hc 1.1; Zc 1.1).
Zorobabel. A profecia de
Ageu foi dirigida “a Zorobabel, filho de Sealtiel, príncipe de Judá, e a Josué,
filho de Jozadaque, o sumo sacerdote” (v.1). Sob a sua liderança e a do
sacerdote Josué, ou Jesua, filho de Jozadaque, os remanescentes judeus
retornaram da Babilônia para Jerusalém (Ed 2.2; Ne 7.6,7; 12.1). A promessa
divina dirigida a Zorobabel é messiânica (2.21-23), sendo que a própria
linhagem messiânica passa por ele (Mt 1.12; Lc 3.27). Dessa forma, Jesus é o
“Filho de Davi”, mas também de Zorobabel.
Estrutura e mensagem. O livro consiste
de quatro curtos oráculos. O primeiro foi entregue “no sexto mês, no primeiro
dia do mês” (v.1) [mês hebraico de elul, 29 de agosto]; o segundo, “no sétimo
mês, ao vigésimo primeiro do mês” (2.1) [mês de tisrei, 17 de outubro]; o
terceiro e o quarto oráculos vieram no mesmo dia, o “vigésimo quarto dia do mês
nono” (2.10,20) [mês de quisleu, 18 de dezembro]. A revelação foi dada
diretamente por Deus (vv.1,3). Apenas Ageu apresenta com tamanha precisão as
datas do recebimento dos oráculos. O tema do livro é reconstrução do Templo.
Dos a 38 versículos divididos em dois capítulos, dez falam da Casa de Deus, em
Jerusalém (vv.2,4,8,9,14; 2.3,7,9,15,18). Em o Novo Testamento, Ageu é citado
uma única vez (2.6; Hb 12.26,27).
RESPONSABILIDADE E OBRIGAÇÕES
A desculpa do povo. Ageu inicia a
mensagem com a fórmula profética que aponta para a autoridade divina (v.2). O
povo, em débito que estava com o Eterno (v.2b), em vez de reivindicar o decreto
de Ciro para continuar a construção do Templo, usou a desculpa de que não era
tempo de construir. Por isso, o Senhor evita chamar Judá de “meu povo”,
referindo-se a eles como “este povo”. Em outras palavras, Deus não gostou da
desculpa da nação (Jr 14.10,11).
Inversão de prioridades (vv.3,4). O oráculo volta
a dizer que a Palavra de Deus veio a Ageu (v.3). Ênfase que demonstra ser o
discurso do profeta uma mensagem advinda diretamente do Senhor que, inclusive,
trouxera Judá de volta a Jerusalém para construir a sua Casa. Mas o povo
preocupou-se mais em morar nas casas forradas, enquanto que o Templo, cujo
embargo havia ocorrido há 15 anos, continuava em total abandono (v.4). Era uma
opção insensata. Os judeus negligenciaram uma responsabilidade que, através do
rei Ciro, o Altíssimo lhes atribuíra (Ed 1.8-11; 5.14-16). O desprezo pela Casa
do Altíssimo representa o gesto de ingratidão do povo judeu (veja o reverso em
Davi: 2 Sm 7.2).
Um convite à reflexão. No versículo
cinco, vemos um apelo à consciência e ao bom senso, pois é o próprio Deus quem
fala. Tal exemplo mostra que devemos parar e refletir, avaliando a situação à
nossa volta, percebendo, inclusive, o agir do Senhor.
A EXORTAÇÃO DIVINA
Crise econômica. O profeta fala
sobre o trabalhar, o comer, o beber e o vestir como necessidades básicas, pois
garantem a dignidade do ser humano. Mas temos aqui um quadro deplorável da
economia do país. A abundante semeadura produzia muito pouco. A quantidade de
víveres não era suficiente para saciar a fome de todos. A bebida era escassa, a
roupa de baixa qualidade e o salário não tinha a bênção de Deus (v.6). Tudo
isso “por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua
própria casa” (v.9). Era o castigo pela desobediência (Dt 28.38-40). Era o resultado
da ingratidão do povo. Por isso, o profeta convida a todos a refletir (v.7).
A solução. Nem tudo estava
perdido! Deus enviou Ageu para apresentar uma saída ao povo. O Profeta deveria
levar adiante o compromisso assumido com Deus: subir ao monte, cortar madeira e
construir a Casa de Deus. Fazendo isso, o Senhor se agradaria de Israel e o
nome do Eterno seria glorificado (v.8). Não era comum o povo e as autoridades
acatarem a mensagem dos profetas naqueles tempos. Oseias e Jeremias são
exemplos clássicos disso, mas aqui foi diferente. O Espírito Santo atuou de
maneira tão maravilhosa, que ocorreu um verdadeiro avivamento e a construção do
Templo prosseguiu sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué
(v.14).
O Segundo Templo. Enquanto isso,
na Pérsia, o novo rei Dario Histaspes pôs fim ao embargo. Ele colheu ofertas
para a construção e deu ordens para não faltar nada durante o andamento da
obra. Ele ainda pediu oração ao povo de Deus em seu favor (Ed 6.7-10).
Finalmente, o Templo foi inaugurado em 516 a.C, “no sexto ano de Dario” (Ed
6.15). Esse é o segundo e o último Templo de Jerusalém na história dos judeus.
E assim, a presença de Deus no Templo fez da glória da segunda Casa maior que a
da primeira (2.9).
Ageu
tem muito a ensinar-nos. Não devemos encarar a nossa responsabilidade e
compromisso como fardos pesados, mas recebê-los como algo sublime. É honra e
privilégio fazer parte do projeto e do plano divinos, mesmo em situação adversa
(At 5.41). Assim, somos encorajados por Jesus a atuar na seara do Mestre a fim
de que a nossa luz brilhe diante dos homens e Deus seja glorificado (Mt 5.16).
“Ageu.Ageu censurou os
judeus por sua indiferença, e os repreendeu por construírem as suas próprias
casas enquanto a casa de Deus era negligenciada. Ele assegurou aos habitantes
de Jerusalém que as adversidades que vinham sofrendo eram castigos por sua
apatia. Zorobabel foi estimulado a dar a supervisão apropriada à obra que
tinham em mãos, e quando parecia que as revoltas na Babilônia podiam ainda ser
bem sucedidas, ele parece ter sido considerado como o homem divinamente ungido,
que deveria conduzir Judá à independência.
O
livro de Esdras passa em silêncio pelo período de cinquenta e sete anos que se
seguiram à conclusão do segundo Templo. No império persa, a morte de Dario I,
em 486 a.C, foi seguida pela ascensão de seu filho Xerxes (486 - 465 a.C).
Durante este período, a comunidade judaica lutou, com coragem, para sobrepujar
a pobreza com que a terra fora assaltada, e esforçou-se duramente para arrancar
alguma prosperidade do solo inóspito. Em outro tempo, porém, a orgulhosa
capital ainda carregava os sinais de sua humilhação, e embora o Templo
estivesse concluído, a cidade ainda permanecia sem muros” (HARRISON, R.
K. Tempos do Antigo Testamento: Um
Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, pp.285-86).
Ageu: O compromisso do povo da aliança.O nome Ageu significa
“festivo”. É possível entender que o profeta tenha nascido em um dia de festa.
Pouco se sabe sobre esse profeta, mas acredita-se que por ter esse ministério,
era uma pessoa distinta em seus dias. A tradição judaica crê que ele nasceu no
cativeiro babilônico, mas que fora orientado na fé a Jeová pelo profeta
Ezequiel. Tendo nascido na Babilônia, deve ter retornado a Jerusalém depois do
primeiro grupo de exilados, já que seu nome não consta na primeira lista
apresentada em Esdras 2.
Passados
setenta anos de cativeiro babilônico, os judeus começaram a retomar com o apoio
de um decreto que permitia e incentivava seu retorno, sob o governo de Ciro. O
templo do Senhor precisava ser reconstruído, e quatorze anos depois, sem que o
povo tomasse a iniciativa de reconstruir o local de adoração, Deus advertiu o
povo por meio de uma seca e de uma colheita ruim, mostrando que o problema
econômico pelo qual os israelitas passavam era fruto do descuido para com as
coisas de Deus: “Tendes semeado muito e recolhido pouco; corneis, mas não chega
para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se
aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (Ag
1.6). Era Ele quem dava a chuva e impedia que ela caísse, e Ele também
abençoava as plantações, mas também impedia que elas frutificassem.
A
profecia de Ageu tem por objetivo motivar os líderes e liderados a não pararem
de cuidas das coisas de Deus. Isso seria visto por Deus quando o povo tornasse
a contribuir com seus próprios recursos (enviados por Deus, é claro!) para que
a Casa do Senhor fosse reparada e tornasse a ser um local de encontro para a
adoração do Deus vivo e verdadeiro. Não importa as desculpas que venhamos a dar
para atrasar a obra de Deus. Ele espera que seus trabalhos não sejam
esquecidos.
Felizmente,
o povo ao qual Ageu profetizou aprendeu rápido com aquela profecia. Três
semanas depois, eles estavam de volta aos labores para que o templo do Senhor
fosse terminado. Ocorre que um mês depois do reinicio dos trabalhos, logo foi
perceptível que o novo templo não seria tão grandioso quanto o templo de
Salomão. Era um templo menor, e sem dúvida, desprovido dos adornos preciosos
dos quais o antigo templo era dotado. Mas isso não deveria servir de elemento
para desanimar os israelitas, pois Deus os estava abençoando pela sua
obediência. “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o
SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos”
(Ag 2.9).
Zacarias — O Reinado Messiânico
Zacarias foi contemporâneo do profeta
Ageu. Ele teve uma série de visões durante os dois primeiros anos das obras de
reconstrução do Templo. Essas visões objetivavam incitar no povo ânimo para o
exercício do trabalho intenso na restauração do Templo. Os judeus estavam
livres do exílio, mas o Templo não estava acabado. A reconstrução do Templo
traria uma nova esperança para os judeus, pois a nação, no futuro, também seria
restaurada espiritualmente. A primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo são,
focalizadas pelas profecias de Zacarias, como cumprimento da esperança judaica.
ESBOÇO DO LIVRO DE ZACARIAS
PRIMEIRA PARTE
Palavras proféticas e a reedificação do
Templo (1.1 — 8.23)
■
Introdução (1.1-6);
■
Série de oito visões (1.7 — 6.8):
[a] dos cavaleiros
entre as murtas;
[b] dos quatro
chifres e quatro ferreiros;
[c] dum homem
medindo Jerusalém;
[d] da purificação
de Josué, o sumo sacerdote;
[e] do castiçal de
ouro e duas oliveiras;
[f] do rolo volante;
[g] da mulher num
efa;
[h] dos quatro
carros.
■ A
coroação de Josué como sumo sacerdote e o seu significado profético (6.9-15);
■
Duas mensagens: O jejum e a justiça social; a restauração de Sião (7.1 — 8.23).
SEGUNDA PARTE
A palavra profética a respeito de Israel
e do Messias (9.1 — 14.21)
■
Primeira profecia do Senhor: a intervenção triunfal do Senhor; a salvação
messiânica; a rejeição do Messias (9.1 — 11.17);
■
Segunda profecia do Senhor: luto e conversão de Israel; a entronização do Rei
Messias (12.1 — 14.21).
Palavra Chave
Messias: Pessoa
na qual se concretizavam as aspirações de salvação ou redenção.
Nessa
lição, veremos que o livro de Zacarias apresenta os eventos do porvir como o
epílogo da história. O oráculo do profeta não fala a respeito de acontecimentos
enigmáticos, mas de fatos reais e compreensíveis. Qualquer observador atento à
época atual verificará que as demandas do nosso tempo apontam para um desfecho
divinamente escatológico.
O LIVRO DE ZACARIAS
Contexto histórico (1.1). Zacarias e Ageu
receberam os oráculos divinos no segundo ano do reinado de Dario, rei da
Pérsia, em 520 a.C. Conforme estudado anteriormente, a situação espiritual de
Judá é a mesma descrita no livro de Ageu. A indiferença religiosa e o avanço do
secularismo colocavam Deus em último plano. Por isso, tal como a história dos
antepassados dos judeus, o Senhor estava desgostoso daquela geração (1.2,3).
Vida pessoal. Zacarias era de
uma família sacerdotal, assim como Jeremias (Jr 1.1) e Ezequiel (Ez 1.3). Seu
avô, Ido (1.1), era sacerdote e veio do exílio à Jerusalém no grupo liderado
por Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque (Ne 12.1-4). Parece
que “Baraquias”, seu pai, faleceu quando o profeta ainda era criança. Assim,
Zacarias fora então criado por seu avô. Isso pode justificar a omissão do seu
nome em Esdras, que o chama apenas de “filho de Ido” (Ed 5.1). O ministério
profético de Zacarias foi mais extenso que o de Ageu, pois ele menciona os
oráculos entregues dois anos após o seu chamado (7.1).
Estrutura e mensagem. Os oráculos de
Zacarias são apocalípticos. Eles foram entregues por visão (capítulos 1-6) e
palavra (7-14). O assunto do livro é o Messias de Israel. Mas Jerusalém também
ocupa espaço significativo na profecia. Há diversas referências diretas e
indiretas a Zacarias em o Novo Testamento (Zc 9.9 cf. Mt 21.5; Zc 11.13 cf. Mt
27.9,10; Zc 12.10; Ap 1.7). A vinda do Messias e os demais eventos
escatológicos predominam os capítulos 9-14.
Unidade literária. A respeito da
unidade literária de Zacarias, as opiniões mais populares estão divididas em
três grupos principais: os que defendem a unidade literária; os que consideram
os capítulos 9-14 provenientes do período pré-exílio babilônico; e os que
apontam para o período pós-exílio (os liberais). Esta última ideia é descartada
pelos críticos conservadores.
A
diferença de estilo literário é natural. Um autor pode mudar seu estilo com o
tempo e com o assunto a ser tratado. Em relação à passagem de Zacarias 11.13 —
onde o evangelista Mateus atribui autoria do seu conteúdo ao profeta Jeremias
(cf. Mt 27.9) — há pelos menos duas explicações:
a) Combinação profética. Jeremias comprou
um campo (Jr 32.6-9) e visitou a casa do oleiro (Jr 18.2). O Antigo Testamento
é rico em detalhes para narrar a obra redentora. Ele não se restringe apenas às
profecias diretas. Os escritores do Novo Testamento reconhecem a presença de
Cristo e sua obra na história da redenção (Jr 31.15 cf. Mt 2.16,17; Os 11.1 cf.
Mt 2.15). Nesse caso, a citação de Zacarias 11.13 seria dos dois profetas.
Entretanto, somente Jeremias é mencionado, porque ele é o profeta mais antigo e
importante. Desse modo, temos a unidade literária.
b) Coletânea de profecias. A outra
explicação é apenas hipotética. Seria uma coleção de oráculos entregues a
Jeremias após a conclusão de seu livro. Eles teriam sido preservados pelo povo
e, mais tarde, incluídos por Zacarias na segunda parte dos seus oráculos.
PROMESSA DE RESTAURAÇÃO
Sião. Zacarias
introduz o oráculo com a usual fórmula profética (8.1). O discurso começa com a
chancela de autoridade divina: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos” (8.2-4,6,7).
Sião era originalmente a fortaleza que Davi conquistara dos Jebuseus,
tornando-se, a partir daí, a sua cidade (2 Sm 5.6-9). Com o passar do tempo,
veio a ser um nome alternativo de Jerusalém semelhante à descrição de Zacarias
8.3.
O zelo do Senhor (8.2). Jeová declara a
si mesmo como Deus “zeloso” (Êx 20.5), e este é um dos seus nomes (Êx 34.14).
Tal zelo diz respeito à sua santidade, cuja violação não pode ficar impune (Js
24.19). O zelo do Senhor ainda é manifestado como indignação quando o seu povo
é trucidado por estrangeiros. Aos opressores, Deus há de açoitar (1.14,15).
Restauração de Jerusalém. A palavra
profética anuncia: “Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém”
(8.3b). Após a lição dos 70 anos de cativeiro, o Senhor se volta com zelo ao
seu povo. Mas a promessa é para o futuro, quando Jerusalém tornar-se uma
“cidade de verdade [...] monte de santidade” (8.3b). Temos aqui, uma reiteração
do que disseram Zacarias (1.16; 2.10) e os demais profetas antes dos cativeiros
assírio e babilônico (Is 1.16; Ez 36.35-38; Sf 3.13-17).
O REINO MESSIÂNICO
A pergunta pela paz. Quando de um
atentado terrorista no Iraque, que matou um diplomata brasileiro, o então
secretário geral das Nações Unidas, Koff Annam, declarou: “Já não existe mais
lugar seguro no mundo”. Diante disso, podemos perguntar: “É possível viver num
mundo de justiça, paz e segurança?”. A Bíblia assevera que sim! O profeta
Zacarias, mostrando a trajetória da humanidade, descreve a história espiritual
de Israel e o futuro glorioso de Jerusalém no Milênio (14.11,16,17).
A paz universal. As Escrituras
Sagradas falam de um período conhecido como Reino Messiânico (ou Milênio), em
que o próprio Senhor Jesus Cristo reinará por mil anos. Tribos, cidades, povos
e nações achegar-se-ão a Deus pelo anúncio do evangelho. O contexto bíblico
permite-nos dizer que essa profecia (8.20-22) é escatológica e aponta para a
restauração de Jerusalém no Milênio (2.11; 3.10; Is 2.2-4; Mq 4.1-4). Nessa
época, Israel estará plenamente restaurado tanto nacional quanto
espiritualmente.
A orla da veste de um judeu
(8.23). A
expressão “naquele dia” é escatológica (2.11; Os 2.16; Jl 3.18). Aqui, ela
refere-se ao Milênio. O número dez indica quantidade indefinida (Nm 14.22; 1 Sm
1.8; Ne 4.12). O termo “judeu” no Antigo Testamento aparece frequentemente nos
livros de Esdras e Neemias. Fora deles, só aparece em Ester e também em
Jeremias. A vestimenta do judeu era de fácil identificação (Nm 15.38; Dt
22.12). E “agarrar-se à orla de sua veste” indica o desejo e o anseio do mundo
gentio em desfrutaras bênçãos e os privilégios de Israel. Portanto, se a queda
de Israel representou a riqueza do mundo, qual não será a glória dos gentios na
sua plenitude? (Rm 11.11-14).
Diante
do exposto, podemos concluir: se todas as profecias sobre os impérios passados
e acerca da primeira vinda do Messias cumpriram-se fielmente, as profecias
escatológicas igualmente se cumprirão. Os acontecimentos atuais por si só
começam a confirmar essa realidade.“Zacarias, que profetizou perto do fim de
outono de 520 a.C, também aguardava ansiosamente pela libertação da nação do
domínio estrangeiro, e com confiança esperava que um povo renovado fosse
governado por um descendente da casa de Davi. Ele deu continuidade ao trabalho
de Ageu ao apressar a conclusão do segundo Templo; e em 515 a.C, cerca de
setenta anos após a destruição da primeira construção, o seu sucessor foi
consagrado. Embora os persas tivessem designado Tatenai como o governador
militar de Judá (Ed 6.13), incentivaram o estado a funcionar como uma
comunidade religiosa em vez de política, com o sumo-sacerdote Josias em seu
comando. Quanto a Zorobabel, não se sabe se morreu ou se foi destituído do
cargo pelos persas, como medida preventiva. Em todo caso, a situação política
em Judá parece ter sido estabilizada pelo estabelecimento de um sistema
teocrático apoiado pelo governo persa” (HARRISON, R. K. Tempos
do Antigo Testamento: Um
Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.285).
“O futuro programa de Deus para o
povo.Zacarias
teve uma visão escatológica muito mais detalhada e completa que os outros
profetas menores dos séculos VI e V. [...] Embora o tom global permaneça
otimista, o profeta previu que a liderança do Senhor seria rejeitada, o que
necessitaria julgamento purificador. O Senhor, porém, intervirá a favor do povo
em uma batalha culminante. Isto levará ao arrependimento o povo e à concessão
das bênçãos divinas.
A
restauração de Jerusalém é central aos capítulos 1 a 8. Ao declarar a profunda
ligação emocional com a cidade, o Senhor promete restaurar-lhe a prosperidade
(Zc 2.10,11; 8.1-5). Tomará residência uma vez mais em Sião (Zc 2.10,11; 8.3) e
sobrenaturalmente a protegerá (Zc 2.5). O foco da cidade restaurada será a
habitação de Deus, o Templo reconstruído (Zc 1.17). Esses residentes da cidade
que ainda estão no exílio voltarão em grandes levas (Zc 2.4,6,7; 8.7,8). Sinais
das bênçãos divinas serão visíveis nas ruas da cidade, onde os que chegarem a
uma idade madura verão crianças brincando contentemente (Zc 8.4,5). Embora
muitos se maravilhem com esta reversão na situação de Sião, o Senhor todo
Todo-Poderoso não compartilhará desse assombro, pois nada está acima do seu
poder (v.6).
Os
capítulos de 1 a 8 de Zacarias também foca a liderança da Jerusalém restaurada.
Sacerdotes e rei desempenham papéis proeminentes nestes capítulos. Na quarta
visão noturna do profeta (Zc 3.1-10), ele testemunhou a purificação de Josué, o
sumo sacerdote na comunidade pós-exílica daquela época. As ‘vestes sujas’ de
Josué, símbolo do pecado, foram trocadas por ‘vestes novas’ e uma mitra limpa
lhe foi colocada na cabeça (Zc 3.3-5). O Senhor encarregou Josué de obedecer
aos mandamentos e prometeu recompensar-lhe a obediência, dando-lhe autoridade
sobre o serviço do Templo e acesso ao conselho de Deus (vv. 6,7). Claro que a
mensagem se aplica à nação inteira, porque Josué, como sumo sacerdote,
representava o povo. O fato de ter sido limpo simbolizava o restabelecimento da
nação como um todo e, mais particularmente, dos sacerdotes que faziam mediação
entre Deus e o povo” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo
Testamento. 1
ed., RJ: CPAD, 2009, pp.457-58).
Zacarias: O reinado messiânico.Zacarias significa “o
Senhor lembra”. Sua profecia tem por objetivo mostrar aos israelitas que Deus
não se esquece de suas promessas. É também reconhecido, dentre o grupo dos
profetas menores, como o único sacerdote que foi profeta. Além dele, dois profetas
maiores também eram da linhagem sacerdotal: Ezequiel e Jeremias. Portanto,
temos em tela mais um caso de uma pessoa nascida com uma função que
posteriormente foi mudada pelo próprio Deus. Lembremo-nos de que ser sacerdote,
naqueles dias, era menos difícil do que ser profeta, dado ao fato de que o
sacerdote intercedia pelos homens a Deus, e o profeta falava aos homens sobre
Deus. Da mesma forma que Ageu, Zacarias ministrou aos israelitas a fim de que
eles retornassem a cuidar do término da construção do templo do Senhor.Zacarias
tem oito visões dadas por Deus, e que tratam da restauração de Israel e da
vinda de tempos de prosperidade para o seu povo. As visões tratam também de uma
época no futuro, em que o Servo de Deus (Jesus Cristo), haverá de reinar.
Zacarias
também trata de um assunto comum em seus dias, e também em nossos; o jejum.
Zacarias mostra que o jejum não tem valor algum se não for acompanhado de atos
que demonstram justiça e bondade para com o próximo “a palavra do SENHOR veio a
Zacarias, dizendo: Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo
verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a
viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu
coração, o mal contra o seu próximo. Eles, porém, não quiseram atender e,
rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem”
(Zc 7.9-11). O Deus que mostra o pecado do seu povo é o mesmo Deus que
contempla tristemente o descaso do seu povo para com sua palavra. Os israelitas
haviam dado as costas para Deus, como se suas palavras não valessem nada. De
nada adianta a privação de alimentos com objetivos espirituais desacompanhados
de práticas que demonstram o quanto as pessoas que nos cercam podem ser
alcançadas por atitudes justas e bondosas. De nada adianta ter a disposição
para o cumprimento de ritos cerimoniais se não houver igual disposição para uma
mudança de atitudes em relação ao nosso próximo. E de nada adianta ouvir Deus
falar e dar-lhe as costas, como se aquilo que Ele diz não tivesse valor algum.
Atentemos, portanto, para não apenas ouvir, mas atender ao que Deus está
falando.
Malaquias — A sacralidade da família
Comumente isolamos um assunto de
determinado contexto literário ignorando o tema central daquela obra. O livro
de Malaquias é o exemplo perfeito disso. Quando falamos nele, pensamos logo em
“dízimo”. É como se “Malaquias” e “dízimo” fossem termos amalgamados. No
entanto, veremos que o assunto predominante do profeta Malaquias não é o dízimo
(este apenas é tratado num contexto de corrupção sacerdotal e da nação), mas
contrariamente, é o relacionamento familiar e civil entre o povo judeu que
constituem o seu tema principal.
ESBOÇO DO LIVRO DE MALAQUIAS
Introdução (1.1)
Parte I: A Mensagem do
Senhor (1.2 — 3.18)
Primeiro oráculo: o amor de Deus por Israel
............................................................... (1.2-5)
Segundo oráculo: pecados dos sacerdotes
.................................................................... (1.6 —
2.9)
Terceiro oráculo: pecados da comunidade
................................................................... (2.10-16)
Quarto oráculo: a justiça divina
.....................................................................................
(2.17 — 3.5)
Quinto oráculo: ofensas rituais
......................................................................................
(3.6-12)
Sexto oráculo: os servos de Deus
..................................................................................
(3.13-18)
Parte II: O Dia do Senhor
(4.1-6)
Para o arrogante e
malfeitor............................................................................................(v.1)
Um dia de triunfo para os
justos......................................................................................(v.2,3)
Restauração dos relacionamentos entre pais e filhos e
entre o Povo de Deus...........(v.4-6)
Palavra Chave
Família: Pessoas
aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e
os filhos.
No
presente estudo, veremos que a mensagem de Malaquias enfoca a sacralidade do
relacionamento com o Altíssimo e com a família. Durante o exílio na Babilônia,
a idolatria de Judá fora definitivamente erradicada. A questão agora era outra:
o relacionamento do povo com Deus e com a família. E tais relacionamentos
precisavam ser encarados com mais piedade e temor.
O LIVRO DE MALAQUIAS
Contexto histórico. O livro não
menciona diretamente o reinado em que Malaquias exerceu seu ministério. Também
não informa o nome do seu pai, nem o seu local de nascimento. Isso é observável
também nos livros de Obadias e Habacuque. Não obstante, há evidências internas
que permitem identificar o contexto político, religioso e social do livro em
apreço.
a) O governador de Judá. Jerusalém era
governada por um pehah, palavra de origem acádica traduzida
por “príncipe” na ARC (Almeida Revista e Corrigida), ou “governador”, na ARA e
TB (1.8). O termo indica um governador persa e é aplicado a Neemias (Ne 5.14).
O seu equivalente na língua persa é tirshata (“tirsata,
governador”, cf. Ed 2.63; Ne 7.65; 8.9; 10.1). A profecia mostra que o templo
de Jerusalém já havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, retomada
(1.7-10).
b) A indiferença religiosa. As principais
denúncias de Malaquias são contra a lassidão e o afrouxamento moral dos levitas
(1.6); o divórcio e o casamento com mulheres estrangeiras (2.10-16); e o
descuido com os dízimos (3.7-12). Tudo isso aponta para o período em que
Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13.4-13,23-28). O primeiro período de seu
governo deu-se entre os anos 20 e 32 do rei Artaxerxes (Ne 5.14) e equivale a
445-433 a.C.
Vida pessoal de Malaquias. A expressão
“pelo ministério de Malaquias” (1.1) é tudo o que sabemos sobre sua vida pessoal.
A forma hebraica do seu nome é mal’achi, que significa “meu
mensageiro”. A Septuaginta traduz por angelo sou (“seu
mensageiro, seu anjo”). O termo é ambíguo, pois pode referir-se a um nome
próprio ou a um título (3.1). No entanto, entendemos que Malaquias é o nome do
profeta, uma vez que nenhum livro dos doze profetas menores é anônimo. Por que
com Malaquias seria diferente?
Estrutura e mensagem. A profecia
começa com a palavra hebraica massa — “peso,
sentença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1.1; Hc 1.1; Zc 9.1;
12.1). O discurso é um sermão contínuo com perguntas retóricas que formam uma
só unidade literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica, pois seis
versículos do capítulo quatro foram deslocados para o final do capítulo três. O
assunto do livro é a denúncia contra a formalidade religiosa: prática
generalizada com os fariseus e escribas na época do ministério terreno de Jesus
(Mt 23.2-7).
O JUGO DESIGUAL
A paternidade de Deus (2.10). A ideia de que
Deus é o Pai de todos os seres humanos é biblicamente válida. O Antigo
Testamento expressa que essa paternidade refere-se a Israel (Êx 4.22,23; Jr
31.9; Os 11.1). A criação divina dá base para isso, embora não garanta uma
relação pessoal com Ele (At 17.28,29). Jesus, porém, fez-nos filhos de Deus por
adoção. Por isso, temos liberdade e direito de chamar ao Senhor de Pai (Mt 6.9;
Jo 1.12; Gl 4.6).
A deslealdade. O termo
“desleal” aparece cinco vezes nessa seção (2.10,11,14-16). Trata-se do verbo
hebraico bagad, que significa “agir traiçoeiramente,
agir com infidelidade”. Não profanar o concerto dos pais — estabelecido no
Sinai (2.10) que proíbe a união matrimonial com cônjuges estrangeiros (Dt
7.1-4) — é uma instrução ratificada em o Novo Testamento (2 Co 6.14-16,18). O
profeta retoma essa questão em seguida.
O casamento misto (2.11). É a união
matrimonial de um homem ou uma mulher com alguém descrente. O profeta chama
isso de abominação e profanação. Os envolvidos são ameaçados de extermínio
juntamente com toda a sua família (2.12).
a) Abominação. O termo hebraico
para “abominação” é toevah e diz respeito a alguma coisa ou
prática repulsiva, detestável e ofensiva. A Bíblia aplica-o à idolatria, ao
sacrifício de crianças, às práticas homossexuais, etc. (Dt 7.25; 12.31; Lv
18.22; 20.13). Trata-se de um termo muito forte, mas o profeta coloca todos
esses pecados no mesmo patamar (2.11).
b) Profanação. Profano é aquele
que trata o sagrado como se fosse comum (Lv 10.10; Hb 12.16). A “santidade do
SENHOR”, que Judá profanou (2.11), diz respeito ao Segundo Templo, pois em
seguida o oráculo explica: “a qual ele ama”. A violação do altar já fora
denunciada antes (1.7-10). Mas aqui Malaquias considera o casamento misto como
transgressão da Lei de Moisés: “Judá [...] se casou com a filha de deus
estranho” (2.11b). A expressão indica mulher pagã e idólatra. E mais adiante
inclui também o divórcio (2.13-16).
DEUS ODEIA O DIVÓRCIO
O relacionamento conjugal
(2.11-13). Malaquias
é o único livro da Bíblia que descreve o efeito devastador do divórcio na
família, na Igreja e na sociedade. As lágrimas, os choros e os gemidos
descritos aqui são das esposas judias repudiadas. Elas eram santas e piedosas,
mas foram injustiçadas ao serem substituídas por mulheres idólatras e profanas.
As israelitas não tinham a quem recorrer. Nada podiam fazer senão derramar a
alma diante de Deus. Por essa razão, o Eterno não mais aceitou as ofertas de
Judá (2.13). Isso vale para os nossos dias. Deus não ouve a oração daqueles que
tratam injustamente o seu cônjuge (1 Pe 3.7). O marido deve amar a sua esposa
como Cristo ama a Igreja (Ef 5.25-29).
O compromisso do casamento. Os votos solenes
de fidelidade mútua entre os noivos numa cerimônia de casamento não são um
acordo transitório com data de validade, mas “um contrato jurídico de união
espiritual” (Myer Pearlman). O próprio Deus coloca-se como testemunha desse
contrato. Por isso, a ruptura de um casamento é deslealdade e traição (2.14). A
reação divina contra tal perfídia é contundente.
A vontade de Deus. A construção
gramatical hebraica do versículo 15 é difícil. Mas muitos entendem o seu
significado como defesa da monogamia. Deus criou apenas uma
só mulher para
Adão, tendo em vista a formação de uma descendência piedosa (2.15). A poligamia
e o divórcio são obstáculos aos propósitos divinos. É uma desgraça para a
família! Por isso, o Altíssimo aborrece e odeia o divórcio (2.16). Ele ordena
que “ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade” (2.15).
A
sacralidade do relacionamento familiar deve ser levada em consideração por
todos os cristãos. Todos devem levar isso a sério, pois o casamento é de origem
divina e indissolúvel, devendo, portanto, ser honrado e venerado.
Malaquias, o profeta.Deus sempre amou seu
povo, dizia Malaquias, mas este nunca havia assimilado a profundidade deste
amor, e na verdade retribuía-o com desonra e desobediência (Ml 1.6-14). Tudo
isto pode ser visto na própria indiferença do povo para com as ofertas, pois
enquanto se empenhavam em importar o melhor para suas próprias casas, os
sacrifícios eram da pior espécie, com animais cegos e doentes. Os próprios
sacerdotes se voltavam contra Deus, violando abertamente o compromisso de
levitas (Ml 2.8). Além disso, muitos judeus tinham se divorciado de suas
mulheres, sinalizando assim seu descaso para com os ensinamentos das Escrituras
(Ml 2.10). Como resultado, o Senhor enviaria seu mensageiro messiânico para
purgar o mal enraizado no coração do povo e purificar um remanescente que
andaria diante da presença do Senhor em verdade” (MERRIL, E. H. História
de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes
que Deus colocou entre as nações. 6.ed. RJ: CPAD, 2007,
pp.548-49).
Malaquias: A sacralidade da família.Malaquias significa
“meu mensageiro”. Estudiosos do Antigo Testamento partem da junção de duas
palavras, Malak Yah, “mensageiro do Senhor”, para dar o significado ao nome
desse profeta. Esse profeta trata de um assunto muito sério: a preservação da
família. Em seus dias, era patente o descaso dos israelitas para com a
seriedade do casamento. Não eram poucos os que se casavam com mulheres
estrangeiras, o que Deus não admitia como sendo uma conduta aceitável para o
povo da aliança. O povo tinha dificuldades também em manter os casamentos
puros, ou seja, entre pessoas do povo de Deus. E era grande o índice de homens infiéis
às suas esposas, o que desagradava tremendamente a Deus.
A
prática sexual exacerbada era um problema antigo, e prevalece em nossos dias.
Jeremias, usado por Deus anos antes de Malaquias, denunciou a conduta sexual
perversa dos filhos de Israel: “Como, vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me
deixam a mim e juram pelos que não são deuses; depois de eu os ter fartado,
adulteraram e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos; como garanhões bem
fartos, correm de um lado para outro, cada um rinchando à mulher do seu
companheiro. Deixaria eu de castigar estas coisas, diz o Senhor, ou não me
vingaria de nação como esta?” (Jr 5.7-9). Como vemos, o problema dos israelitas
nãos e resumia à prática da idolatria, mas também a prostituição e às traições.
Não
eram poucos os casos de divórcio e infidelida-de entre eles. “E dizeis: Porquê?
Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual
tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher do teu concerto” (Ml
2.14). A traição dos israelitas tinha um alto preço: além de tornar as famílias
mais propensas à desestruturação, atraíam igualmente a ira divina. De nada
adiantava os hebreus trazerem ofertas e chorarem no altar, se estavam sendo
infiéis em seus casamentos: “Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de
lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta,
nem a aceitará com prazer da vossa mão.” (2.13). E Pedro também ensinou que é
grande a responsabilidade dos homens no trato com suas esposas: “Igualmente
vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como
vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que
não sejam impedidas as vossas orações” (1 Pe 3.7). Se como homens, desejamos
ter nossas orações atendidas pelo Senhor, é preciso respeitar e demonstrar amor
por nossas esposas.
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PAZ DO SENHOR
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