Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 2002
Título: Ética Cristã — Confrontando as questões
morais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição
2: A
ética cristã e os dez mandamentos
Data: 14 de Julho de 2002
TEXTO ÁUREO
“Não cuideis que
vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em
verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se
omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt
5.17,18).
VERDADE PRÁTICA
Jesus não cancelou os dez mandamentos. Em sua doutrina, Ele
deu-lhes um caráter notadamente espiritual e abrangente, valorizando mais o
interior do homem, sem desmerecer seu exterior.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
Dt 4.6
Sabedoria
nos mandamentos
Terça - Ec
12.13
O dever de
todo homem
Quarta -
Dt 4.1
Cumprir a
lei do Senhor para viver
Quinta -
Rm 7.12
A lei é
santa e boa
Sexta - Rm
13.9
Amar — o
resumo da lei
Sábado -
Tg 4.11
Juiz da
lei. Julgando a lei sem cumpri-la
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Mateus
5.17-21.
17 - Não cuideis que vim destruir a lei
ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18 - Porque em verdade vos digo que,
até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que
tudo seja cumprido.
19 - Qualquer, pois, que violar um
destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no
Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no
Reino dos céus.
20 - Porque vos digo que, se a vossa
justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no
Reino dos céus.
21 - Ouvistes que foi dito aos antigos:
Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.
PONTO DE CONTATO
Interagir é sempre um bom começo para iniciar um bate-papo, uma
conversa franca, uma aula. Discuta com seus alunos os conceitos de essência e aparência, interior e exterior, perecível e perenal, transitório e eterno.
Relacione as características de cada termo e observe quais têm vida de curta,
média e longa duração. Busque na Bíblia exemplos de pessoas que valorizaram o
efêmero em detrimento do permanente e sofreram depois porque perderam a bênção
de Deus. Exemplos: Ló, Sansão, Esaú, o jovem rico e Judas. Reflita com eles
sobre a dificuldade que muitos enfrentam ainda hoje em permanecer fiéis aos
votos, compromissos e vontade divina. Aos olhos de Deus todo erro é condenável.
O orgulhoso é tão pecador quanto o assassino. Aliás, essa foi a razão da queda
de Lúcifer.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Comparar a ética divina exarada no Decálogo com os ensinamentos
de Cristo expostos no Sermão do Monte.
·
Diferençar a ética de Cristo da do Antigo Testamento acerca de
diversos comportamentos humanos.
SÍNTESE TEXTUAL
Se o estudo da ética está subordinado à apreciação da conduta
humana, ele é, acima de tudo, uma observação do exercício da vida diária, da
prática do que é justo e reto movido pela obediência às Escrituras. Não pense
que os dez mandamentos foram abolidos com a chegada do Evangelho. Ao contrário,
a ética cristã está baseada no Decálogo, coroada pelo amor e graça de Deus.
Jesus é a expressão máxima de inauguração deste novo procedimento ao lançar o
foco de atenção para o interior do homem, buscando nele o que poderia haver de
mais precioso, um coração puro. Quando isto não era possível, Ele mesmo operava
o milagre da regeneração cumprindo a razão única de sua manifestação em carne:
“Eu vim para que tenham vida...”.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Pontos importantes a serem considerados pelo professor: Cative a
atenção do seu aluno! Faça-o agir!
Será que, ao ensinar, Jesus usou técnicas especiais para
conseguir a atenção de seus ouvintes? A atenção não é o elemento principal da
comunicação, mas é o veículo que transporta a mensagem da lição, dos celeiros
do professor para a terra fértil da mente do aluno.
A lição pode ser ótima; o texto, muito bem escrito; os recursos
visuais, variados; o conteúdo, centrado nas Escrituras; o objetivo pode estar
bem definido de modo que todos vislumbrem o resultado. Entretanto, se a lição
não sair do papel e penetrar no consciente do aluno, motivando-o a agir,
pode-se dizer que quase nada foi feito em relação a educação cristã relevante.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra
Chave
Decálogo: Os Dez Mandamentos revelados por
Deus, por meio de Moisés. Os primeiros cinco dizem respeito aos deveres do
homem para com o Senhor; os outros cinco, do homem para com o semelhante.
Jesus declarou enfaticamente no Sermão do Monte que não veio
descumprir a lei e, sim, cumpri-la, e o fez, de forma plena em relação ao que o
povo de Israel praticava na antiga aliança. Assim, podemos ver que a ética
cristã tem por base o decálogo, no que concerne a seu aspecto espiritual e
moral, e posta em prática através do amor e da graça de Deus. A ética
procedente dos dez mandamentos tem seu apogeu na ética cristã, no ensino e na
vida de Cristo, como nos mostram os Evangelhos.
I. JESUS
VALORIZOU OS DEZ MANDAMENTOS
1. Uma questão fundamental. Um jovem judeu aproximou-se de Jesus e lhe
perguntou: “Bom Mestre, que farei para conseguir a vida eterna?” (Mt 19.16). A
pergunta do rapaz reflete o desejo consciente ou inconsciente de todas as
pessoas. O jovem pensava que podia fazer por si mesmo alguma coisa, alguma boa
obra, para assim, ser salvo. E entendia que a salvação dependia de seu esforço
pessoal.
2. A resposta inquietadora de Jesus. Deixando de lado o lisonjeiro tratamento do
jovem, Jesus lhe respondeu: “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que
é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17).
Jesus sabia que estava diante de um moço educado sob as regras éticas do
judaísmo, em que a prática de atos exteriores era mais importante do que o ser
e o sentir espiritual; o formal era mais valioso do que o real; o exterior era
mais valioso do que o interior.
3. A guarda dos mandamentos. Indagado pelo jovem sobre quais mandamentos
para se entrar na vida, Jesus disse: “Não matarás, não cometerás adultério, não
furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Mt 19.18,19). O moço disse que cumpria tudo desde a
sua mocidade. Jesus, conhecendo seu coração, lhe ordenou que vendesse o que
tinha para dar aos pobres. Diante desse mandato, o jovem saiu triste e
decepcionado. O moço não era um tão terrível pecador, mas não estava disposto a
abrir mão da sua fortuna para cumprir o “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Jesus começou por Êxodo 20.13 e terminou com Levítico 19.18. À luz da ética
cristã, o que importa não é só o não fazer, mas o praticar o que é justo e
reto, movido pelo amor e de acordo com a vontade de Deus.
4. O cumprimento da lei. No Sermão da Montanha, Jesus foi categórico,
ao afirmar que não veio para revogar a lei, mas para cumpri-la (Mt 5.17-19).
Com tal expressão, Jesus quis mostrar que, não obstante ter Ele instaurado uma
nova aliança, o essencial do decálogo não estava ab-rogado. Tão somente, Ele
trouxe uma nova maneira de cumprir a Lei, valorizando o interior, muito mais do
que o exterior. Tal entendimento é fundamental para a consistência e solidez da
ética cristã.
II. UM NOVO
SENTIDO PARA O DECÁLOGO
1. “Não matarás” (Êx 20.13).
a) No Antigo Testamento. O sexto mandamento da Lei de Moisés proibia
tirar a vida de uma pessoa. Em Mateus 5.21, Jesus disse: “Ouvistes que foi dito
aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo”. O matar em
Êxodo 20.13 refere-se, no original, a matar de modo premeditado, deliberado e
doloso.
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem
motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que
chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio! e qualquer que lhe chamar de
louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.21,22). Na ética de Cristo, a
prevenção é mais importante que a correção. Ele condena, não apenas o ato de
matar, mas as causas que levaram ao crime: a ira, a cólera e a agressão verbal,
entre outras. No Antigo Testamento, só era condenado quem matasse. No Novo, é
condenado quem se encoleriza ou maltrata seu irmão. Veremos outras implicações
éticas em lições posteriores. A reconciliação é o remédio para a ira
(vv.22-26).
2. “Não adulterarás” (Êx 20.14; Dt 5.18). O sétimo mandamento visava valorizar e
proteger a família e o casamento, livrando-o dos males funestos e destruidores
da infidelidade conjugal, bem como defender a pureza sexual.
a) No Antigo Testamento. “Ouviste o que foi dito aos antigos: Não
cometerás adultério” (Mt 5.27). O adultério só era realmente condenado se
ocorresse a conjunção carnal.
b) Na ética de Cristo. “Eu porém, vos digo que qualquer que atentar
numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt
5.28). A exigência agora é muito maior, porque parte dos motivos, e não apenas
do ato. Cristo não apenas condena o ato, mas os pensamentos impuros, as
fantasias sexuais, envolvendo uma pessoa que não é o cônjuge do transgressor. É
condenado o “adultério mental”. O décimo mandamento abrange esse pecado (Êx
20.17 e Dt 5.21).
3. O divórcio (Dt 24.1). O homem podia desquitar-se ou divorciar-se de
sua esposa por motivos os mais diversos, mesmo que não houvesse infidelidade.
a) No Antigo Testamento. “Também foi dito: qualquer que deixar sua
mulher, que lhe dê carta de desquite” (Mt 5.31). O marido podia repudiar sua
mulher, caso não achasse “graça em seus olhos”, ou por “achar nela coisa feia”,
e a mandava embora de casa.
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar
sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério;
e qualquer que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 5.32). Na vigência
da Lei, o homem podia deixar sua mulher “por qualquer motivo” (Mt 19.3); a
partir de Cristo, só a infidelidade (em suas diversas formas) justifica a
separação, caso não haja perdão do cônjuge ofendido. Em nossos tempos, tal caso
piora em relação à mulher como transgressora, como se o homem não fosse
igualmente transgressor.
4. Não tomar o nome do Senhor em vão (Êx 20.7 e Lv 19.12). Era o terceiro mandamento, que proibia o homem
jurar falsamente em nome do Senhor.
a) No Antigo Testamento. “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos:
Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor” (Mt 5.33).
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma,
jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus, nem pela terra, porque é o
escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei, nem
jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de
procedência maligna” (Mt 5.34-37). Com Cristo, a integridade no falar é mais
importante do que fazer juramentos formais.
5. Olho por olho, e dente por dente (Êx 21.24). A “pena de Talião” funcionava no Antigo
Testamento.
a) No Antigo Testamento. “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente
por dente” (Mt 5.38).
b) Ética de Cristo. “Eu,
porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo e
tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a
caminhar uma milha, vai com ele duas” (Mt 5.39-41). A conduta cristã é, no Novo
Testamento, mais exigente do que era no Antigo. Dar a outra face a quem lhe
bater, mesmo no sentido figurado, não é comportamento comum ou fácil de
praticar, mesmo pelo mais santo dos crentes. Só com a graça de Deus e o poder
do Espírito Santo é possível cumprir esse preceito ético. Isso ocorre com
frequência em tempos de perseguição à Igreja. Numa época como a atual em que há
um endeusamento dos direitos humanos, um crente precisa ter um acurado
discernimento espiritual se vier a perseguição.
6. O amor ao próximo. A Lei mandava amar o próximo (Lv 19.18b). Mas
os religiosos acrescentavam à Lei: “Aborrecerás o teu inimigo”; algo que Deus
nunca ordenou.
a) No Antigo Testamento. “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e
aborrecerás o teu inimigo” (Mt 5.43). O “próximo” eram só os judeus, suas
famílias e suas autoridades; o “inimigo”, os gentios.
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos
maltratam e vos perseguem para que sejais filhos do Pai que está nos céus;
porque faz que o sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos
e injustos” (Mt 5.44,45). Esta visão engrandece o conceito do amor, sendo
também um verdadeiro teste para o cristão em todos os tempos. O Mestre não
admite o sentimento do ódio, nem mesmo a um inimigo. Deus ama a todos (Jo
3.16); devemos fazê-lo também para sermos seus filhos. Ver 1 Pe 2.23.
CONCLUSÃO
Nesta lição, vemos que os princípios espirituais e morais do
Decálogo integram-se às leis do reino de Cristo, expostas no Sermão do Monte.
Os antigos cumpriam os mandamentos e estatutos, em Israel, de modo formal e
frio; se, para os homicidas havia condenação, os que odiavam ficavam impunes.
Contudo, Jesus deu aos mandamentos um sentido muito mais elevado, aprofundando
e ampliando o seu entendimento, tornando-os instrumentos da justiça, bondade e
amor de Deus.
VOCABULÁRIO
Ab-rogar: Pôr em desuso; anular, suprimir, revogar,
derrogar.
Categórico: Claro, explícito, positivo.
Escabelo: Banco pequeno para descanso dos pés.
Funesto: Que fere mortalmente; fatal, mortal; danoso, nocivo, ruinoso.
Incisivo: Decisivo, pronto, direto, sem rodeios.
Lisonjeiro: lisonjear servilmente, adulador, bajulador.
Revogar: Tornar nulo, sem efeito; anular, invalidar.
Sinédrio: Supremo tribunal dos judeus, formado por sacerdotes, anciãos e escribas — julgava os atos criminosos e administrativos, referentes às tribos ou a cidades, até a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Ocupava-se, também, da religião prática: o cuidado com o Templo e a investigação dos direitos dos mestres religiosos.
Categórico: Claro, explícito, positivo.
Escabelo: Banco pequeno para descanso dos pés.
Funesto: Que fere mortalmente; fatal, mortal; danoso, nocivo, ruinoso.
Incisivo: Decisivo, pronto, direto, sem rodeios.
Lisonjeiro: lisonjear servilmente, adulador, bajulador.
Revogar: Tornar nulo, sem efeito; anular, invalidar.
Sinédrio: Supremo tribunal dos judeus, formado por sacerdotes, anciãos e escribas — julgava os atos criminosos e administrativos, referentes às tribos ou a cidades, até a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Ocupava-se, também, da religião prática: o cuidado com o Templo e a investigação dos direitos dos mestres religiosos.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
COUTO, G. A Transparência da Vida Cristã. CPAD.
HOLMES, A. F. Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD.
HOLMES, A. F. Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD.
EXERCÍCIOS
1. Que resposta Jesus deu ao jovem que desejava a
vida eterna?
R. “Se queres, porém, entrar na vida,
guarda os mandamentos”.
2. Como sumário, qual era a expressão máxima da
lei?
R. O Decálogo.
3. Cite a diferença entre a ética de Cristo e a do
Antigo Testamento, em relação ao adultério.
R. Cristo condena não apenas o ato, mas
o próprio pensamento pecaminoso: o “adultério mental”.
4. Com relação ao amor ao próximo, o que Cristo
ensinou?
R. Ele mondou amar não só o próximo, mas
até aos inimigos.
5. Em caso de divórcio, o que justificaria um novo
casamento?
R. A infidelidade conjugal.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
“Assim, todas as normas cerimoniais, morais ou cívicas da lei
mosaica, apesar do seu caráter local e transitório, não cabendo à igreja
observá-las na realidade cultural contemporânea, foram embasadas nos princípios
de caráter explicitamente moral e espiritual que aparecem na mesma lei, cuja
universalidade está clara nas Escrituras. São válidas para ‘todas as pessoas,
em todas as épocas e em todos os lugares’. São esses princípios que o Senhor
reitera no Sermão do Monte e declara de maneira contundente a sua importância
como marco distintivo do Reino de Deus. São referenciais permanentes e
imutáveis que se aplicam em qualquer cultura e expressam não só o padrão de
santidade exigido por Deus, mas também o tipo de reação que se espera do crente
diante das diferentes circunstâncias da vida” (A Transparência da Vida
Cristã. CPAD, p.71).
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PAZ DO SENHOR
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