Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 2006
Título: As Doutrinas Bíblicas Pentecostais
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição
7: As
ministrações do Espírito Santo ao crente
Data: 13 de Agosto de 2006
TEXTO ÁUREO
“Porque
derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu
Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes” (Is
44.3).
VERDADE PRÁTICA
As ministrações do Espírito Santo ao crente, como membro do
corpo de Cristo, são incontáveis e indizíveis na atual dispensação.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
2 Co 3.6
O Espírito
de Deus vivifica
Terça - 2
Tm 1.7
O Espírito
comunica fortaleza, amor e moderação
Quarta - 1
Co 12.7-11
O Espírito
Santo distribui dons
Quinta -
Fp 1.19
Nosso
socorro pelo Espírito Santo
Sexta - Ef
4.3
Conservando
a unidade pelo Espírito
Sábado -
Gl 5.5
Aguardando
pela fé mediante o Espírito
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
2
Coríntios 3.4,6-9,11,18.
4 - E é por Cristo que temos tal
confiança em Deus;
6 - o qual nos fez também capazes de
ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a
letra mata, e o Espírito vivifica.
7 - E, se o ministério da morte,
gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de
Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu
rosto, a qual era transitória,
8 - como não será de maior glória o
ministério do Espírito?
9 - Porque, se o ministério da
condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
11 - Porque, se o que era transitório
foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
18 - Mas todos nós, com cara
descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor.
PONTO DE CONTATO
Professor, o avivamento manifestado na Missão da Rua Azusa
ocorreu em uma época de profundo racismo e preconceito social. Em 1906, um
repórter, opositor do movimento, criticou severamente os eventos ocorridos. No
entanto, a crítica registrada no jornal local, serve-nos de provas contundentes
da efusão do Espírito e de seu poder transformador, capaz de quebrar qualquer
preconceito, seja social ou racial. Assim se expressava o jornalista: “(...)
vergonhosa mistura de raças (...) eles clamavam e faziam grande barulho o dia
inteiro e à noite adentro. Corriam, pulavam, tremiam todo o corpo, gritavam com
toda a sua voz, faziam rodas, tombavam sobre o assoalho coberto de serragem,
sacudindo-se, esperneando e rolando no chão (...) Eles afirmam estar cheios do
Espírito. Eles têm um caolho, analfabeto e negro como seu pregador que fica de
joelhos a maior parte do tempo (...) Não fala muito, mas, às vezes, pode ser
ouvido gritando ‘Arrependei-vos!’. Então, permanece na mesma atitude de oração
(...) Eles cantam repetidamente a mesma canção, ‘O Consolador Chegou’”.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Classificar as ministrações do Espírito quanto à salvação.
·
Descrever as ministrações do Espírito quanto aos salvos.
·
Distinguir o batismo pelo Espírito do batismo com o Espírito.
SÍNTESE TEXTUAL
Muitas ministrações divinas são atribuídas simultaneamente ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo: A vocação para a salvação é atribuída ao Pai
(1 Co 1.9; 1 Ts 2.12), ao Filho (Mt 11.28; Lc 5.32) e ao Espírito Santo (Jo
16.8-11; 15.16; At 5.32). De modo semelhante, a santificação é operada por Deus
(1 Ts 5.23; Ez 37.28), por Cristo (Hb 13.12; Ef 5.26) e, mediante o Espírito
Santo (1 Pe 1.2; 1 Co 6.11). No entanto, uma das primeiras ministrações do
Espírito no homem, não ocorre quando este é salvo, mas quando ainda está morto
em delitos e pecados (Ef 2.1; Jo 3.5-8). Esta ministração ao pecador é dupla:
convencer (do pecado, da justiça e do juízo, Jo 16.7-11) e restringir ou deter
o mal no mundo (2 Ts 2.6-9). Portanto, a obra inicial do Espírito de Cristo no
homem é o convencimento — ato magnânimo operado pelo Espírito na comunicação da
graça de Cristo, a fim de que o pecador aceite inteligentemente a Cristo como
Senhor e Salvador. A segunda ministração não se restringe ao pecador como
indivíduo, mas a totalidade deles sendo guardados da operação do mal no mundo.
É evidente de que não se trata de eliminar o mal, mas limitá-lo, restringi-lo,
diminuir-lhe a eficácia de acordo com os propósitos divinos, como demonstram o
texto citado. Somente então, quando o tempo predeterminado por Deus for
cumprido, é que o iníquo se revelará e, durante sete atribulados anos, os
pecadores sofrerão, até que o Rei dos reis retorne para exercer total
autoridade.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Professor, como auxílio didático para esta lição use o Gráfico
Sintético. Esse recurso é uma excelente ferramenta para resumir uma lição
repleta de informações indispensáveis. Mas, como ministrar o conteúdo
doutrinário (teoria) e, ao mesmo tempo contextualizar ao cotidiano do aluno
(prática-aplicação), tendo não mais do que 60 minutos? Isso é possível se
planejarmos a aula e usarmos algum método ou recurso que nos auxilie. Portanto,
reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis, e o apresente
como recapitulação do conteúdo ministrado.
COMENTÁRIO
introdução
Em razão de suas operações dinâmicas (Gn 1.2), o Espírito Santo
é mais mencionado no Antigo Testamento como “Espírito”. Já no Novo, Ele é
citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja:
santificar o crente.
Esta distinção de ofício do Espírito Santo no Antigo e Novo
Testamento é claramente percebida em 2 Coríntios 3.7,8. O versículo 8 assevera:
“Como não será de maior glória o ministério do Espírito?”.
I. AS
MINISTRAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E A SALVAÇÃO
1. O novo nascimento pelo Espírito (Jo 3.3-8). O novo nascimento abrange a regeneração e a
conversão, que são dois lados de uma só realidade. Enquanto a regeneração
enfatiza o nosso interior, a conversão, o nosso exterior. Quem diz ser nascido
de novo deve demonstrar isso no seu dia-a-dia. A expressão “de novo” (v.3), de
acordo com o texto original, significa “nascer do alto, de cima, das alturas”.
Isto quer dizer que se trata de um nascimento espiritual realizado pelo
Espírito Santo. O homem natural, portanto, desconhece esse novo nascimento
(vv.4-12; ler Jo 16.7-11; Tt 3.5).
2. A habitação do Espírito no crente (Jo 14.16,17; Rm 8.9). No Antigo Testamento o Espírito agia entre o
povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11b), mas com o advento de Cristo e por sua
mediação, o Espírito habita no crente (Jo 20.21,22). Este privilégio é também
reafirmado em 1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; Gl 4.6.
3. O testemunho do Espírito de que somos filhos de Deus (Rm
8.15,16). Esse
testemunho é uma plena convicção produzida no crente pelo Espírito Santo de
que:
a) Deus é o nosso Pai celeste. “Pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai’” (v.15).
b) Somos filhos de Deus. “O mesmo Espírito testifica... que somos
filhos de Deus” (v.16). É pois, um testemunho objetivo e subjetivo, da parte do
Espírito Santo, concernente à nossa salvação em Cristo.
4. A fé pelo Espírito Santo para a salvação. É a vida de fé (Rm 1.17), “pelo Espírito” (Gl
5.5). Tal fé, segundo At 11.24, procede do Espírito a fim de que o crente
permaneça fiel por meio da manifestação do fruto do Espírito (Gl 5.22b). Uma
coisa decorre da outra. Os heróis de Hebreus 11 venceram “pela fé”, porque o
Espírito a supria (2 Co 4.13; Hb 10.38).
5. A santificação posicional do crente. A santificação sob este aspecto é perfeita e
completa “em Cristo”, mediante a fé. Ela ocorre por ocasião do novo nascimento
(1 Co 1.2; Hb 10.10; Cl 2.10; 1 Jo 4.17; Fp 1.1), sendo simultânea com a
justificação “em Cristo” (1 Co 6.11; Gl 2.17a).
II. AS
MINISTRAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E OS SALVOS
1. O batismo “do” ou “pelo” Espírito Santo para o crente (1 Co
12.13; Gl 3.27; Rm 6.3). Este
batismo “do” ou “pelo” Espírito é algo tão real, apesar de ser espiritual, que
a Bíblia o denomina como “batismo”. Em todo batismo, como já afirmamos, há três
pontos inerentes: um batizador; um batizando; e um meio em que o candidato é
imerso. No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (1 Co
12.13); o batizando é o novo convertido; e, o elemento em que o
recém-convertido é imerso, é a igreja, como corpo místico de Cristo (1 Co
12.27; Ef 1.22, 23). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual
no momento da nossa conversão, inserindo o crente na igreja (Mt 16.18). Logo,
todos os salvos são batizados “pelo” Espírito Santo para pertencerem ao corpo
de Cristo — a Igreja, mas nem todos são batizados “com” ou “no” Espírito.
2. O batismo “com” ou “no” Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.1-4;
10.44-46; 11.16; 19.2-6). A
evidência física desse glorioso batismo são as línguas sobrenaturais faladas
pelo crente conforme o Espírito concede. É uma ministração de poder do alto
pelo Espírito, provida pelo Pai, mediante o Senhor Jesus (Jo 14.26; At
2.32,33).
3. O fruto do Espírito através do crente (Gl 5.22,23; Ef 5.9; Jo
15.1-8,16). A
evidência de que alguém continua cheio do Espírito é a manifestação do fruto do
Espírito em sua vida (Mt 3.8; 7.20). Um cristão que afirma ser nascido de novo,
mas seu modo de viver dentro e fora da igreja desmente o que ele afirma, é uma
contradição; um escândalo e pedra de tropeço para os descrentes e os cristãos
mais fracos. É pela sua habitação e presença permanente no crente, regendo-o em
tudo, que o Espírito produz o seu fruto, como descrito em Gl 5.22.
4. A santificação progressiva do crente (1 Pe 1.15,16; 2 Co 7.1;
3.17,18). Essa
verdade é declarada no texto original de Hebreus 10.10,14. No versículo 10, a
ênfase recai sobre o estado ou a posição do crente — santo: “Temos sido
santificados”. O versículo 14, no entanto, não só reafirma o estado anterior,
“santo”, como declara o processo contínuo de santificação proveniente de tal
posição: “sendo santificados” (v.14). Aqui temos a santificação posicional e
progressiva.
5. A oração no Espírito (Rm 8.26,27; Ef 6.18; Jd v.20; Zc 12.10;
1 Co 14.14,15). Esta
ministração do Espírito no crente, capacita-o a orar, inclusive a interceder
por outros. Logo, só podemos orar de modo eficaz se formos assistidos e
vivificados pelo Espírito Santo. A “oração no Espírito” de que trata Jd v.20,
refere-se a essa capacidade concedida pelo Espírito.
6. O Espírito Santo como selo e penhor (2 Co 1.22; Ef 1.13,14;
4.30; 2 Co 5.5). Devemos
observar que nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma
pessoa sobre algum objeto ou coisa selada. Por conseguinte, indicava
propriedade particular, segurança e garantia. Este selo, portanto, não é o
batismo com o Espírito Santo, mas a habitação do Espírito no crente, como prova
de que o mesmo é posse ou propriedade particular de Deus.
Juntamente com o selo é mencionado o “penhor da nossa herança”
(Ef 1.14). De modo semelhante ao selo, o penhor era o primeiro pagamento
efetuado a fim de se adquirir uma propriedade. Mediante esse “depósito”, a
pessoa assegurava o objeto como propriedade exclusiva. Assim, o Senhor deu-nos
o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva e intransferível.
O Senhor Jesus “investiu” em nós imensuráveis riquezas do Espírito como penhor
ou garantia de que muito em breve Ele virá para levar para Si sua propriedade
peculiar, a igreja de Deus (Tt 2.14).
7. A unção do Espírito para o serviço. Jesus, nosso exemplo, foi ungido com o
Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18,19). Assim também a igreja
recebeu a unção coletiva do Espírito (2 Co 1.21,22), mas alguns de seus membros
são individualmente ungidos para ministérios específicos, segundo os propósitos
de Deus. Vejamos a unção do Espírito sobre o crente, conforme 1 João 2.20,27.
a) “Tendes a unção do Santo”. Esta unção santifica e separa o crente para o
serviço de Deus.
b) “E sabeis tudo”. Também
proporciona conhecimento das coisas de Deus em geral.
c) “Fica em vós” (v.27). É permanente no crente.
d) “Unção que vos ensina todas as coisas” (v.27). É didática, pois possibilita ensino contínuo
das coisas de Deus.
e) “É verdadeira” (v.27). Não falha, pois procede da verdade, que é
Deus.
f) “E não é mentira” (v.27). É sem dolo; sem falsidade. É possível que
houvesse entre certos líderes daqueles dias uma falsa unção, que imitava a
verdadeira.
CONCLUSÃO
Na conclusão do capítulo em estudo (2 Co 3), prorrompe jubiloso
o sacro escritor, a respeito da glória do ministério do Espírito: “Mas todos
nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor” (v.18). São, portanto, maravilhosas as ministrações e dádivas do
Espírito Santo, dispensadas aos filhos de Deus (2 Co 3.8).
VOCABULÁRIO
Ênfase: Realce; destaque, relevo.
Momentâneo: Que dura um momento; instantâneo, rápido.
Momentâneo: Que dura um momento; instantâneo, rápido.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
SOUZA, E.
A. Nos domínios do Espírito. RJ: CPAD, 1998.
EXERCÍCIOS
1. Qual a distinção entre a menção do Espírito
Santo no Antigo e no Novo Testamento?
R. No Antigo, o Espírito assim é chamado
em razão de suas operações dinâmicas, enquanto no Novo Testamento, porque
santifica o crente.
2. Cite três ministrações do Espírito Santo
relacionadas à salvação.
R. Novo nascimento; a habitação do
Espírito; testemunho do Espírito de que somos filhos de Deus.
3. Cite três ministrações do Espírito Santo para os
salvos.
R. O fruto do Espírito; a santificação
progressiva; o Espírito Santo como selo e penhor.
4. Qual a evidência de que o crente continua cheio
do Espírito?
R. A manifestação do fruto do Espírito
na vida do crente.
5. Qual o sentido do selo e penhor do Espírito
sobre o crente?
R. O Espírito habitando no crente como
posse e propriedade particular de Deus.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Doutrinário
“A Operação do Espírito Santo é Condicional
1. Ministrações do Espírito. As obras e ministrações do Espírito Santo
provam a sua divindade, assim como as obras que Jesus realizou como homem
provam que Ele é o Filho de Deus (Jo 5.36; 10.25,38; 14.11). Portanto, o Espírito
Santo sempre opera em conjunto com a Trindade, pois é o ativador de todas as
coisas.
2. Soberania do Espírito. O Espírito Santo é soberano. Ele opera como o
vento, isto é, ‘assopra onde quer’ (Jo 3.8). Aquele que se coloca à inteira
disposição do Espírito Santo experimentará a sua operação poderosa e
irresistível (cf. At 6.10). A Bíblia diz: ‘Operando eu, quem impedirá?’ (Is
43.13). Assim aconteceu nos dias dos apóstolos; apesar de os inimigos os
perseguirem, procurando impedi-los de agir, o Espírito Santo operava por meio
deles de tal maneira que o Evangelho se espalhou vitoriosamente por toda a
parte (At 4.33; 5.40-42; 6.7)”.
(BERGSTÉN,
E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, pp.88,120.)
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