Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 2002
Título: Ética Cristã — Confrontando as questões
morais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição
3: O
cristão e a guerra
Data: 21 de Julho de 2002
TEXTO ÁUREO
“Toda alma
esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não
venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Ele” (Rm
13.1).
VERDADE PRÁTICA
O cristão tem dupla cidadania: a terrena e a celestial. Assim,
deve cumprir os deveres do Estado dando a César o que é de César, e cumprir os
preceitos de Deus dando-lhe o que é devido.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
1 Sm 16.1b
Um rei
provido por Deus
Terça - Dn
2.47
Deus
domina os reinos
Quarta -
Mt 22.21
A Deus o
que é de Deus
Quinta -
Jo 19.11
De Deus
vem a autoridade
Sexta - 1
Tm 2.2
Orando
pelas autoridades
Sábado -
Êx 20.13
“Não
matarás”
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Êxodo
15.3; Números 31.3; Romanos 13.1-5.
Êxodo 15
3 - O Senhor é varão de guerra; o
Senhor é o seu nome.
Números 31
3 - Falou, pois, Moisés ao povo,
dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra e saiam contra os midianitas,
para fazer a vingança do Senhor nos midianitas.
Romanos 13
1 - Toda alma esteja sujeita às
autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram ordenadas por Deus.
2 - Por isso, quem resiste à
autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos
a condenação.
3 - Porque os magistrados não são
terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a
autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
4 - Porque ela é ministro de Deus para
teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é
ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.
5 - Portanto,é necessário que lhe
estejais sujeitos, nãosomentepelocastigo,mas também pela consciência.
PONTO DE CONTATO
Conceitue, com a colaboração de seus alunos, a palavra orgulho.
Anote, se possível em um quadro, descrições que sugiram um indivíduo orgulhoso.
Em seguida, peça que cada um faça breve relato de como ele se imagina. Compare
com as descrições. Todos ficarão surpresos. “Nós somos a soma do que pensamos
ser, mais aquilo que os outros pensam de nós”.
Qual a origem das guerras? Orgulho ferido ou exacerbado talvez.
O que desencadeia uma guerra senão o sentimento de altivez e o conceito
exagerado que alguém possui de si mesmo? Discuta este tema com seus alunos
adaptando-o a todos os níveis de relações, desde o familiar até às grandes
guerras mundiais. Converse francamente com eles sobre o assunto. Nós somos
muito mais orgulhosos do que imaginamos (Tiago 4.1).
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Posicionar-se de acordo com as Escrituras no que respeita a sua
participação em guerras.
·
Destacar e justificar teologicamente as santas “guerras do
Senhor” registradas no Antigo Testamento.
SÍNTESE TEXTUAL
Embora se busque todo tipo de razões para justificar as guerras,
a Bíblia continua sendo categórica: Não matarás. O espírito belicoso do homem,
alimentado por seu estado pecaminoso de desobediência e separação de Deus, é o
responsável por toda sorte de hostilidades existentes no mundo, que permeiam
todos os núcleos sociais. Como justificar as guerras? O instinto de
sobrevivência faz com que o homem reaja e resista aos ataques promovidos pelo
adversário, seja ele quem for. Por outro lado, a soberba levada às últimas
consequências induz o ser humano a prevalecer contra seu próximo. Apesar de
tudo isso, o princípio divino continua o mesmo. “Amarás ao Senhor teu Deus
sobre todas as coisas e o teu próximo como a ti mesmo”.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Para tornar sua aula dinâmica, tendo em vista a natureza deste
tema, a melhor opção é estabelecer um painel de debate. Como funciona? Escolha
seis alunos dentre os mais desinibidos da classe. Estes alunos constituirão
dois grupos de painelistas, que estarão frente a frente, discutindo diferentes
pontos de vista acerca do tema. É imprescindível que haja um moderador para
controlar e manter o ritmo da discussão. Vejamos:
1. Um dos grupos inicia uma breve exposição do tema.
2. O outro, também expõe seu ponto de vista a respeito do mesmo
assunto.
3. O moderador lança uma pergunta a ambos os grupos. E, depois,
oferece à classe a oportunidade de fazer perguntas e segue a dinâmica.
Tema proposto para o debate: O crente pode participar de uma
guerra sem contrariar o sexto mandamento que diz “não matarás”?
COMENTÁRIO
introdução
Hoje, na Dispensação da Graça, Cristo nos ordena a amar os
próprios inimigos (Mt 5.44). O cristão na condição de autoridade (inclusive
como militar) e, nessa condição, seus deveres e missões legais, inclusive na
guerra, suscitam da parte dos que não conhecem a Palavra de Deus, discussões e
opiniões divergentes, pró e contra. No campo secular, humano e temporal, a
mídia e a literatura comuns e irmanadas não devem ser o guia do cristão, e sim
a Palavra de Deus quando corretamente interpretada. Uma simples lição de Escola
Dominical não cobre o assunto, mas sua abordagem mesmo sucinta, será
proveitosa. As dúvidas em relação a esse ponto passam pela seguinte questão: A
participação na guerra, levará o cristão a contrariar o sexto mandamento que
diz “Não matarás”? (Êx 20.13).
I. A GUERRA
NA BÍBLIA
1. A causa das guerras. A multiplicação do pecado, da iniquidade, da
rebeldia e da desobediência afrontosas para com Deus e suas santas leis
propiciam o desentendimento e o confronto bélico entre os homens. Esse
desentendimento se processa de tal forma que evolui de simples hostilidades a
grandes e dolorosos confrontos, de longa duração e repletos de todo tipo de
sofrimento (Tg 4.1; Mc 7.21,22; Gl 5.19,20; Lv 26.25,33; Dt 28.25; Is 48.22 e
Sl 120.7). Em Gênesis 6, vemos os passos que conduzem ao conflito entre nações.
Os homens, corrompidos, multiplicaram-se na face da Terra (Gn 6.1); a maldade
se multiplicou grandemente (Gn 6.5); a Terra encheu-se de violência (Gn 6.11),
a ponto de o Senhor promover o juízo, enviando o Dilúvio. No tempo de Abraão,
quatro reis fizeram guerra contra cinco; e Ló, seu sobrinho, foi levado cativo,
o que obrigou o patriarca a armar-se com seus criados e promover uma expedição
militar contra os agressores (ver Gn 14.1,2; 12-17).
2. Deus é o Senhor dos Exércitos. Jeová Shallom (“O Senhor é Paz”) é o mesmo
Jeová Sabaote, “O Senhor dos Exércitos” (Êx 12.41 e Sl 46.10); Jeová é “Homem
de Guerra” (Êx 15.3; Is 42.13). É óbvio que não se trata de guerra no sentido
popular, humano, terreno; esta, Deus aborrece (Sl 68.30 e Ap 13.10).
3. Guerras ordenadas por Deus. Uma infinidade de conflitos bélicos resultaram
da determinação do Todo-Poderoso, de abater os inimigos do seu povo, Israel.
Dentre essas campanhas, destacamos as seguintes: contra os amalequitas (Êx
17.8-16); contra Jericó (Js 6.2ss); contra Ai (Js 8.1ss); contra os filisteus
(1 Sm 7.1-14); contra os amonitas (1 Sm 11.1-11) e contra os cananeus (Js
11.19,20). Eram as chamadas “guerras do Senhor”, de cujo registro se ocupa o
“livro das Guerras do Senhor” (cf. Nm 21.14; Js 10.40,42; Dt 20.16,17).
Examinando-se com cuidado a Bíblia no seu todo, vê-se claramente que aqueles
povos e nações eram manipulados e mobilizados pelo Inimigo no sentido de
impedir que o Messias Redentor da humanidade viesse ao mundo. O mundo contemporâneo,
no século passado em particular, conheceu diversos conflitos armados, como o
provocado pelo ditador alemão, Adolf Hitler, que queria subjugar o mundo (de
1939 a 1945), impondo sua paranóica ideia de conseguir uma “raça pura”,
leia-se: a supremacia germânica sobre todo o planeta, o que levou à morte
milhões de pessoas (destas, mais de 6 milhões foram judeus). Dos seus
inflamados e odientos discursos, destacamos este: “Hoje a Alemanha é nossa;
amanhã, o mundo inteiro”. Nesse caso, a guerra promovida contra o tirano
assassino foi justa. Foi Deus que separou as nações (Dt 32.8), inclusive
através dos oceanos, e só Ele pode reuni-las outra vez.
II. O
POSICIONAMENTO DO CRISTÃO PERANTE A GUERRA
1. O cristão e a guerra. Não podemos aceitar os argumentos filosóficos
de certos ativistas pelos seguintes motivos:
a) Violência. Mesmo
ordenadas por governos legitimamente constituídos, na guerra, devido à maldade
inerente à natureza humana, há injustiça, traições, atrocidades, vingança,
ganância e perversidade (Rm 12.18,20).
b) Estado absoluto. Há o
perigo de se ver o Estado, ou o Governo como ente absoluto ou até de
idolatrá-lo. A Bíblia diz que devemos examinar tudo, mas ficar com o bem (1 Ts
5.21); devemos fazer tudo “de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens”
(Cl 3.23).
2. O Seletivismo. Diferente
de outras abordagens, o argumento seletivista afirma que é necessário fazer uma
distinção entre “guerras justas” e “guerras injustas”, e que o cristão deve
engajar-se nelas, quando justas, visto que agir de forma diferente, seria
recusar-se a fazer o bem maior, ordenado pelo Senhor dos Exércitos. Segundo
essa linha de pensamento, uma campanha militar, ou seja, a “guerra justa”,
constituir-se-á num esforço válido para evitar que uma nação, ou mesmo o mundo,
fique à mercê de tiranos, como Adolf Hitler.
3. O posicionamento cristão. Mesmo que o governo legalmente constituído
promova uma “guerra injusta”, dela não podemos participar, por motivo de
consciência. Na Bíblia, encontramos exemplos de desobediência ao poder
constituído quando este age contra os princípios divinos:
a) Os jovens hebreus na Babilônia. Hananias, Misael e Azarias desobedeceram a
ordem de se curvarem diante da estátua de Nabucodonosor (Dn 3).
b) Daniel e o decreto real. O filho de Judá, exilado na corrupta
Babilônia, negou-se a cumprir uma lei arbitrária que feria os princípios
religiosos e morais estabelecidos pelo Eterno ao seu povo: o decreto
determinava expressamente que toda e qualquer oração e petição deveriam ser
endereçadas ao rei de Babilônia. Daniel, embora cumpridor de suas obrigações no
reino, recusou-se a obedecer o decreto, e continuou dirigindo suas oração ao
Senhor de Israel.
c) Os apóstolos e as leis proibitivas. Os apóstolos continuaram a pregar o Evangelho
embora as autoridades da época o proibissem e castigassem a primeira geração da
igreja cristã com açoites e prisão (At 4 e 5).
d) As parteiras e a lei homicida. Faraó, embora governasse sob a permissão
divina, decretou o extermínio de criancinhas hebraicas (sexo masculino). As
parteiras, porém, não lhe obedeceram e foram abençoadas como está escrito: “As
parteiras temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera; antes,
conservavam os meninos com vida. Então, o rei do Egito chamou as parteiras e
disse-lhes: Por que fizestes isto, que guardastes os meninos com vida? E as
parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebreias são vivas e já têm dado
à luz os filhos antes que a parteira venha a elas. Portanto, Deus fez bem às
parteiras. E o povo aumentou e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as
parteiras temeram a Deus, estabeleceu-lhes casas” (Êx 1.17-21).
4. O que fazer. Nesse
caso, mesmo podendo sofrer as consequências, o cristão não está moralmente
obrigado a participar de uma guerra injusta, conforme defendem os ativistas
(que são irmãos dos terroristas). Por outro lado, há guerras que podem ser
consideradas justas. No Antigo Testamento o Senhor deu ordens aos israelitas
para guerrear e destruir todos os seus inimigos (Js 10.40). Hoje, podemos
entender que é legítima a participação do cristão em guerras; por exemplo,
contra o narcotráfico, contra o crime organizado, ou, ainda, contra uma
potência agressora, dirigida por um governo tirano, fratricida e genocida.
CONCLUSÃO
Em nosso país, por vezes, atendendo compromissos com organismos
internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), veem-se
contingentes militares brasileiros embarcarem para o exterior, em missão de
paz, podendo até empreender campanhas contra milícias estrangeiras e rivais. Na
guerra contra o tráfico de drogas, ou contra o “crime organizado”, que se
alastra e grassa em nossa pátria, os militares crentes e autoridades civis são
convocados e devem participar. Assim, em termos bíblicos, não há argumento que
proíba a participação numa guerra, considerada justa e regular.
VOCABULÁRIO
Analogia: Identidade de relação entre dois termos;
semelhança, similitude.
Bélico: Relativo ou pertencente, ou próprio da guerra.
Capitalista: Sistema social fundado na influência ou predomínio do capital; regime social em que os meios de produção constituem propriedade privada e pertencem aos capitalistas.
Comunismo: Sistema baseado na propriedade coletiva; sistema social, político e econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx, e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior ao socialismo.
Morte Física: É o término das atividades vitais do ser humano sobre a terra. É vista, nas Sagradas Escrituras, como a consequência primordial do pecado (Rm 6.23).
Bélico: Relativo ou pertencente, ou próprio da guerra.
Capitalista: Sistema social fundado na influência ou predomínio do capital; regime social em que os meios de produção constituem propriedade privada e pertencem aos capitalistas.
Comunismo: Sistema baseado na propriedade coletiva; sistema social, político e econômico desenvolvido teoricamente por Karl Marx, e proposto pelos partidos comunistas como etapa posterior ao socialismo.
Morte Física: É o término das atividades vitais do ser humano sobre a terra. É vista, nas Sagradas Escrituras, como a consequência primordial do pecado (Rm 6.23).
EXERCÍCIOS
1. De acordo com a Bíblia, qual a causa das
guerras?
R. O pecado.
2. Que significa o nome “Jeová Sabaote”?
R. O Senhor dos Exércitos.
3. Qual o sentido das guerras ordenadas por Deus?
R. Eram um juízo divino contra nações
ímpias, que se rebelavam contra o Ser Supremo.
4. O que é seletivismo?
R. Abordagem que faz distinção entre
“guerras justas” e “guerras injustas”.
5. Cite casos no Antigo Testamento em que pessoas
recusaram-se a obedecer determinações humanas.
R. Os jovens hebreus na Babilônia não se
curvaram diante da estátua de Nabucodonosor; os apóstolos continuaram a pregar
o evangelho; as parteiras no Egito, desobedecendo a Faraó, não exterminaram os
meninos hebreus.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
“Matar na guerra justa para se defender do agressor (Gn
14.14-15) e o caso de homicídio acidental (Dt 19.4-5) podem até não ser
considerados como assassinato, e como tal não se enquadram no sexto mandamento
do Decálogo. Do contrário, Deus estaria proibindo e permitindo uma mesma coisa
na lei (Êx 17.8-16). Já vimos que o verbo hebraico usado para ‘não matarás’
nunca é usado na guerra. Um dos nomes de Deus é ‘Senhor’ ou ‘Jeová dos
Exércitos’ (1 Sm 17.5) e ‘Varão de Guerra’ (Êx 15.3 e Is 42.13). O Senhor
liderava essas guerras e dava vitória a seu povo (2 Cr 13.12; 20.17,22).
É verdade que estamos na Dispensação da Graça e o cristianismo é
pacifista. Jesus disse: ‘Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus’, Mt 5.9. Mas, como cristãos, somos cidadãos do céu (Fp 3.20) e
também da Terra (Mt 22.21). Temos compromisso com o governo (Rm 13.1-7; 1 Tm
2.2; Tt 3.1 e 1 Pe 2.13-14). Os direitos de César terminam onde começam os de
Deus. Quando as normas bancadas pelo Estado se confrontarem com os princípios
cristãos, nesse caso, a Palavra de Deus prevalece. Ela está acima de qualquer
constituição (Dt 17.18-20 e At 4.19-20). Há guerras justas e injustas, e todo o
mundo tem o direito de defender o que é seu. Nesse caso, o cristão não está
pecando. Da mesma forma, também não peca se recusar ir a uma guerra injusta”.
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