ROMANOS ESTUDO E COMENTARIO
A Igreja
de Roma cap 1
. O impacto que as magistrais palavras desta carta causaram no “Cisne de
Eisleben” fê-lo afixar, na capela de Wittemberg, as “noventa e cinco teses”.
Outros estudiosos têm encontrado semelhante conforto e segurança salvífica ao
estudar os temas doutrinários de Romanos: a justiça divina; a universalidade do
pecado; a fé; a salvação; a justificação; a santificação; Adão e Cristo; a
salvação de Israel; e o ministério cristão. Segundo Lutero, a Epístola aos
Romanos é “tão valiosa que um cristão não só deveria saber de memória cada
palavra, mas tê-la consigo diariamente, como o pão cotidiano de sua
alma”.
A Epístola de Romanos (1.1) foi escrita provavelmente em 57 d.C. na
cidade de Corinto, pouco antes da visita do apóstolo à Jerusalém (Rm 15.25-29).
Esta foi ditada pelo “Doutor dos Gentios” ao amanuense Tércio (Rm 16.22) e
entregue a igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencréia, porto
oriental de Corinto (Rm 16.1,2).Roma, no tempo do Novo Testamento, era uma
cidade imperial, cosmopolita com cerca de um milhão de habitantes. Tornou-se
conhecida pela frouxidão moral e a relativização dos costumes. A cidade acolhia
diversos grupos étnicos e religiosos, dos quais o judaísmo e os judeus eram um
dos mais numerosos e importantes. A preocupação do império com a cultura,
proselitismo e o fervor da religião judaica desencadeou, em 49 d.C, por meio de
um decreto de Cláudio, a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2).
A igreja que estava na capital do Império era mista, composta por
cristãos de origem pagã (1.5,6,18-32), grega (Epêneto, Apeles, Trifena e
Trifosa), judaica (Priscila, Áquila, Maria) e romana (Rufo, Júlia). Compunha-se
também de pessoas provenientes das camadas pobres de Roma, sejam escravos ou
livres (Amplíato, Asíncrito, Hermas, Nereu, cf. 16.1-23).A Epístola aos Romanos
está dividida em duas seções principais: doutrinas (1-11) e práticas cristãs
(12-16). O vocábulo justiça e o tema Justiça de Deus (1.17) são dois
inabaláveis fundamentos que sustentam toda estrutura doutrinária em
Romanos.
De acordo com Romanos 15.20-29, o apóstolo Paulo planejava passar por
três cidades: Jerusalém, Roma e Espanha. Na primeira, seu objetivo era levar
uma oferta recolhida pelas igrejas gentílicas (15.27; At 20.16). Na segunda,
tencionava fazer de Roma sua base operacional a fim de evangelizar o Ocidente,
uma vez que considerava sua missão no Oriente cumprida (15.19,20 cf. At 19.21).
Na terceira, Espanha, não há qualquer menção nas Escrituras de que tal
empreendimento tenha se concretizado. Entretanto, o propósito de Paulo se
justifica se considerarmos que a Espanha ficava localizada no extremo Ocidente
do mundo civilizado. Ali estava reunido um grande número de intelectuais e
líderes, o que possibilitava uma atmosfera favorável ao debate e apresentação
do Evangelho.
A fim de esclarecer esses dados, faça uma síntese da preparação e viagem
de Paulo a Roma como indicamos a seguir: At 18.1-3: Paulo se encontra com
Áquila em Corinto por ocasião da expulsão dos judeus de Roma; At 23.11: O
Senhor impele e encoraja Paulo a testemunhar em Roma; At 25.10-12: Paulo apela
para que seja julgado em Roma (cf. 26.32); At 27-28: viagem de Paulo a Roma.
No Dia de Pentecostes, quando os primeiros discípulos foram batizados no
Espírito Santo, a cidade de Jerusalém achava-se repleta de judeus e prosélitos
romanos, que testemunharam a gloriosa manifestação do poder de Deus (At 2.10).
Neste dia memorável, militares e funcionários do governo romano, destacados na
Palestina, foram salvos pelo Senhor, e ao retornarem à sua cidade, levavam a
poderosa mensagem do evangelho (At 10.1,43-48; 2.10,41; 4.4; 5.14).
A igreja de Roma, por conseguinte, já existia quando Paulo escreveu esta
carta (At 28.14,15).Naquela igreja, surgiram dificuldades e dúvidas de natureza
doutrinária. Alguns membros de origem gentílica abusavam da liberdade cristã
com procedimentos que ofendiam os irmãos de origem judaica. A Epístola aos
Romanos, a mais importante carta de Paulo, é a maior exposição da doutrina da
salvação em toda a Bíblia. Pois responde a milenar pergunta: “Como pode o homem
ser justo diante de Deus?” (Jó 9.2). Através desta epístola, o leitor é
impelido a buscar e a conhecer qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de
Deus para sua vida (Rm 12.2).
A RAZÃO DA CARTA
O que motivou o apóstolo a escrever à igreja em Roma foi a exposição do
Evangelho de Cristo. O tema da justificação pela fé predomina nos primeiros
cinco capítulos.Paulo estava no final de sua terceira viagem missionária,
plantando igrejas nos grandes centros orientais do Império Romano: Éfeso, Corinto,
Filipos etc, onde a Palavra do Senhor prosperava significativamente (At
19.11,20,26; Ap 1.4,11). O apóstolo já havia difundido o evangelho a partir de
Jerusalém até as atuais Iugoslávia e Albânia (Rm 15.19).Como já vimos, o
evangelho estava bem difundido em Roma, onde o apóstolo menciona vários irmãos
na fé (Rm 16.3-5). Agora Paulo, o incansável e corajoso homem de Deus, escreve
aos crentes de Roma, manifestando o seu propósito de estar com eles (Rm
1.13,15; At 19.21).
O INÍCIO DA IGREJA EM ROMA
A igreja em Roma era muito expressiva. Por ocasião da epístola, já se
estendera até Putéoli, o principal porto de Roma, numa distância de 200
quilômetros (At 28.13,14).O modo como Paulo dirige-se aos irmãos em Roma mostra
que ali havia uma igreja atuante bem antes da epístola ser escrita. Não há
dados precisos dos primeiros anos do cristianismo em Roma, no entanto, pode-se
inferir algo sobre o assunto em fontes literárias e arqueológicas confiáveis.
A comunidade judaica. Havia judeus em Roma já no
segundo século a.C. Quando o imperador Pompeu, em 63 a.C, conquistou a Judéia,
o número de judeus em Roma aumentou consideravelmente. Mas, por um decreto do
imperador Tibério, os judeus de Roma foram expulsos da cidade, para logo em
seguida retornarem em maior número. Em 49 d.C, o imperador Cláudio decreta uma
nova expulsão de judeus da cidade — este fato é mencionado em At 18.2 — onde
está dito que em Corinto, Paulo conheceu um certo judeu chamado Áquila, que
havia recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua esposa, por ter o
imperador Cláudio decretado a expulsão dos judeus da cidade. Tudo indica que
Áquila e Priscila já eram cristãos antes do encontro com Paulo em Corinto.
Talvez fossem membros da primeira igreja cristã em Roma.
Na capital do Império Romano, desenvolveu-se, no século primeiro, o
maior centro judaico do mundo antigo. Havia 13 comunidades e sinagogas com
elevado número de membros.
Judeus no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma das sete
festas sagradas de Israel. Estas prefiguravam eventos futuros na história da
redenção efetuada por Cristo. O Novo Testamento confirma que elas eram
profecias tipológicas da salvação (Cl 2.16,17; Hb 10.1).Nos dias do Novo
Testamento, judeus devotos, bem como gentios prosélitos de todas as partes do
Império Romano, compareciam a Jerusalém para a celebração da Festa de
Pentecostes (At 2.1,10; 20.16). É possível que alguns dos convertidos, quando
da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tenham levado, num trabalho
pioneiro, o Evangelho de Cristo a Roma (At 2.1,10,37-41).
Sendo Roma a capital do império, havia um fluxo constante de viajantes
que se dirigiam de todas as partes para lá. O capítulo 16 de Romanos demonstra
que muitos cristãos daquela congregação eram procedentes de outras regiões,
especialmente da Ásia Menor.Quando o testemunho cristão, repleto do poder do
Espírito Santo, ressoou nas sinagogas em Roma, logo surgiram e multiplicaram-se
igrejas na região, como acontecera em Damasco, Antioquia, Ásia Menor, Macedônia
e Grécia. Multidões aceitaram a Cristo, conforme relata o evangelista Marcos:
“E eles tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o
Senhor, e confirmando a Palavra com sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20).
A IGREJA EM ROMA NA ÉPOCA DA CARTA DE PAULO
Paulo, ao escrever aos romanos por volta do ano 57 d.C, destacou a fé
daqueles crentes, tanto no início da epístola como no seu final (1.12; 16.19).
Eles tinham muita fé, e esta já era conhecida por todos (1.8).
Uma igreja heterogênea. A lista de saudações de Paulo
(no capítulo 16) evidencia que a igreja em Roma tinha um caráter heterogêneo.
Havia judeus (convertidos), gentios e escravos. A menção de Paulo a seus
“parentes” pode referir-se a seus irmãos de raça — judeus, agora convertidos a
Cristo (9.3,4). É bem provável que estes fossem cristãos que o apóstolo
conhecera em outros lugares durante suas extensas e prolongadas viagens
evangelísticas, pastorais e administrativas e que, na ocasião em que escreveu a
carta, residissem em Roma.Áquila e Priscila, queridos irmãos, amigos e colaboradores
de Paulo, foram obrigados a deixar Roma anteriormente. Mas, agora, estavam de
volta, e sua casa era um dos locais de reunião da igreja (era prática comum na
igreja primitiva a reunião nas casas dos próprios cristãos).
Uma igreja respeitada. Os crentes de Roma eram fiéis e
dedicados seguidores de Cristo, segundo o evangelho (Rm 1.8,12; 6.17; 7.4;
15.14; 16.19). Conforme se lê em Rm 15.24, Paulo, por ocasião da epístola,
contava com a assistência daqueles irmãos para a realização de uma obra missionária
na Espanha. Em Romanos 16.16, Paulo transmite uma saudação das demais igrejas
dirigida exclusivamente à igreja de Roma.A igreja em Roma deixou exemplos de
santidade, fé e visão evangelística de homens e mulheres capacitados para o
santo serviço que, se seguidos, fortalecerão a Igreja atual. É um padrão a ser
fielmente observado por todos aqueles que oram e lutam pela expansão do Reino
de Deus.
“O Plano da Carta aos Romanos.Paulo destaca alguns aspectos
principais na carta aos Romanos. A doutrina da salvação é apresentada dentro de
4 itens essenciais: o teológico (1.18-5.11); o antropológico (5.12-8.39); o
histórico (9.1-11.36) e o ético (12.1-15.33). Esse plano alcança toda a obra e
contém verdades incontestáveis e irremovíveis.
- 1. Na
esfera Teológica (1.18-5.11). Paulo apresenta a condição perdida dos
homens, sem a mínima possibilidade de salvação por méritos próprios. Logo
depois, Cristo é a solução, visto que, por meio de sua morte, todos podem
ser justificados da condenação. O pecador é justificado mediante a obra
expiatória de Cristo Jesus.2. Na esfera Antropológica (5.12-8.39). Nestes
textos a vida assume nova perspectiva. A ilustração do primeiro e segundo
Adão coloca o crente de frente a uma nova realidade espiritual. O primeiro
Adão foi vencido pelo pecado, mas o segundo o venceu por todos os homens.
Em Cristo, o homem assume um novo regime de vida sob a orientação do
Espírito Santo.3. Na esfera Histórica (9.1-11.36). Paulo
destaca a questão da rejeição de Israel ao plano divino. A doutrina da
salvação é apresentada de forma explícita. Um grupo de judeus cristãos,
ainda amarrado às exigências da religião judaica, queria impor sobre os
gentios convertidos os mesmos requisitos exigidos pela lei mosaica.
Entretanto, Paulo apresentou a obra salvadora de Cristo com sentido
universal, extensiva a todos os homens.4. Na esfera Ética (12.1-15.33). Paulo
apresenta algumas implicações do Evangelho para a vida diária.
Responsabilidades éticas para com a igreja, a família e a vida material
são colocadas em destaque” (CABRAL, E. Romanos: O
Evangelho da Justiça de Deus. 7.ed., RJ: CPAD, 2003, p.17).
A corrupção da
Humanidade cap 1.v.20 em diante
O Novo Testamento possui 27 livros, destes, 21 são do gênero epistolar.
Treze são de autoria do apóstolo Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e
Filemom.
Romanos, embora apareça como a primeira carta no conjunto das epístolas,
foi escrita depois de Gálatas, Tessalonicenses e Coríntios. É a mais extensa
das epístolas, com 433 versículos distribuídos em 16 capítulos. O mérito da
carta não reside apenas nesse fato, mas em ser a mais teológica dentre as
epístolas paulinas. No entanto, não devemos limitar a carta aos Romanos apenas
a esta característica, pois a mesma também se ocupa da praticidade da vida
cristã. Se, por um lado, o tema teológico da justiça de Deus em 1.16,17
transformou a vida de Lutero, de outro, a exortação prática de 13.13, a vida de
Agostinho.
Paulo inicia o tema da justificação no capítulo 1.18 e só o conclui em
4.25. Logo, o texto da Leitura Bíblica em Classe faz parte de um amplo contexto
que inclui: a necessidade da justificação (1.18-20), o meio da justificação
(3.21-31) e, os exemplos da justificação (4.1-25).O tema central dos quatro
primeiros capítulos de Romanos é a revelação da justiça salvífica de Deus (1.18
a 4.25). A fim de provar a universalidade do pecado (3.9-20,23) e a necessidade
de justificação (3.22), Paulo apresenta o juízo divino sobre os pagãos (1.18-32)
e judeus (2.1-3.20). Do capítulo 3.21 a 4.25, o apóstolo discursa sobre a
atuação da justiça salvífica de Deus em Cristo, a fim de justificar a todos os
homens (3.24-26). No capítulo 4, a justiça de Deus é demonstrada por meio da
vida de Abraão. Este patriarca ao ser justificado pela fé (4.1-12) tornou-se
exemplo dos que pela fé são justificados (4.16-25).
O primeiro capítulo da Carta aos Romanos possui sete parágrafos: 1-7;
8-15; 16-17; 18-23; 24-25; 26-27; 28-32, nos quais são apresentados o tema da
obra (vv.16,17) e a depravação universal dos gentios (vv.18-32).
As epístolas paulinas foram importantes recursos para o fortalecimento
da igreja e instrução dos crentes. Algumas cartas foram endereçadas a cidades,
enquanto outras, a pessoas. A fim de ampliar o conhecimento do aluno a respeito
da formação das epístolas, divida-as em: Epístolas endereçadas a cidades (Roma,
Corinto, Galácia, Éfeso, Filipos, Colossos, Tessalônica) e, a pessoas (Timóteo,
Tito e Filemom). Ao apresentar à classe as cidades as quais Paulo endereçou as
epístolas, procure fazê-lo em ordem cronológica: Gálatas (49 d.C), Coríntios
(55-56 d.C), Romanos (57 d.C), Efésios e Colossenses (62 d.C), Filipenses
(62/63 d.C). Observe que os mapas referente às viagens missionárias de Paulo não
incluem a cidade de Colossos, cerca de 160 km a leste de Éfeso. Embora todos os
habitantes da Ásia tenham ouvido o evangelho (At 19.10), é provável que Paulo
não tenha visitado Colossos (Cl 2.1); sendo Epafras, o possível fundador desta
igreja (Cl 1.7; 4.12,13).
A Bíblia descreve a situação miserável do homem sem Deus, denominando-a
de “charco de lodo” (Sl 40.2). Entretanto, ao denunciar os pecados tanto dos
gentios quanto dos judeus (Rm caps. 1—3), as Escrituras revelam também um
escape: se o homem receber a Cristo como seu Salvador, ver-se-á livre das
conseqüências eternas do pecado. Somente Ele pode justificar-nos diante de
Deus.
A IRA DE DEUS CONTRA O MAL
A ira divina. É totalmente diversa da ira humana, que está sempre atrelada à
vingança, à hostilidade e ao ódio. Ela, diferente da humana, opera a justiça de
Deus (Tg 1.20). A ira divina é perfeita e santa e acha-se relacionada ao seu
amor.A idéia de um Deus irado transtorna e revolta a natureza humana caída, uma
vez que o descrente, via de regra, fala e age como se fosse melhor do que Deus.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento enfatizam à justa ira de Deus (Sl
78.40-58; 90.7-9; Is 9.19; Jr 7.17-20; Jo 3.36; Rm 9.22; Ef 5.6; Cl 3.5,6; Ap
6.16,17).Um Deus perfeito. Os atributos de Deus revelam não somente
a sua natureza, mas também expressam a sua perfeição. Deus tanto ama a justiça
como aborrece a impiedade (Sl 45.7; Hb 1.9).A ira do Todo-Poderoso é a única
resposta coerente que um Deus santo poderia oferecer ao pecado e à maldade da
raça humana. A santidade divina não tolera o pecado.
A revelação da ira divina na cruz. Ocorreu no momento em que Deus
fez recair sobre seu próprio Filho, na cruz, o pecado do mundo, a fim de
justificar-nos diante dEle (2 Co 5.21; Gl 3.13; Is 53.6,12; Rm 8.3). Era a
única forma de Deus mostrar a sua justiça e justificar o pecador (Rm 3.26).
A REVELAÇÃO DE DEUS
Desde a criação do mundo, Deus tem-se revelado ao homem de várias
maneiras, sendo a Bíblia a sua revelação completa para toda a humanidade.
Através da natureza. A revelação de Deus é
claramente visível a toda criatura através da criação (Sl 19.1; Rm 1.20). O
homem não regenerado vive sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2.12), porque
ignora e despreza o conhecimento natural de Deus. Todo ser humano pode
compreender a realidade de Deus, observando com reverência, simplicidade e
reflexão as coisas por Ele criadas. Embora esta “revelação natura” transmita um
conhecimento de Deus apenas como Criador, mediante este mesmo conhecimento, os
homens tornam-se inescusáveis diante de Deus.
Atributos divinos revelados. Tanto o infinito e eterno poder
de Deus quanto a sua divindade podem ser percebidos por meio das coisas
visíveis que Ele criou. A magnitude da criação e o modo como o Criador a
dinamiza e sustenta demonstram, claramente, o seu infinito e eterno poder. A
chuva, as colheitas segundo as estações do ano e o farto sustento (At 14.17)
evidenciam a natureza divina — sua bondade e sua graça. Assim, a existência, o
provimento e a perfeição de Deus têm sido manifestos na criação, para que as
suas criaturas o adorem na beleza de sua santidade. Ler o Salmo 104; 150.6.
. O HOMEM ESCRAVIZADO PELO PECADO
Não glorifica a Deus (Rm 1.21). Esta é a causa que mais
evidencia o estado de corrupção humana: a recusa do homem em glorificar a Deus.
Tal homem faz de si o seu próprio deus (Gn 3.5; Ez 28.2). Se toda a criação
glorifica ao Senhor, por que o homem é o único que se recusa? (Sl 148.7-13).
O homem sem Deus exalta e cultua o seu próprio eu. Ele só pensa em si e
tudo faz por atender às suas próprias concupiscências. É a corrupção total da
pessoa pelo egoísmo, resultando na oposição consciente e aberta contra o
próprio Deus. O egoísmo humano é sinônimo de rebeldia; é uma atitude semelhante
à de Satanás (Ez 28.2,15-18). Consideremos também isto: geralmente todo pecado
procede do egoísmo (meu bem-estar, minha reputação, o que eu quero, meu
direito, meu poder...).
Não dá graças a Deus (Rm 1.21). Ser grato a Deus é reconhecer
que tudo provém dEle (Tg 1.17; Sl 34.1); é uma atitude de confiança nAquele que
nos supre todas as necessidades (Sl 103). Quando não damos graças a Deus,
depreciamos e rejeitamos a providência divina em nossa vida.
ejeita a sabedoria (Rm 1.22). Não há verdadeira sabedoria
fora de Deus (Sl 111.10; Pv 2.6). A filosofia deste mundo leva à perversão
moral (Cl 2.8). Quem rejeita a Deus está longe dEle e vive em trevas, com a
mente escravizada pelo pecado, sem qualquer vislumbre de luz (Jo 3.19,20).
Desprezar a Deus e a sua lei é coisa de néscio (Sl 14.1). Pois os valores
espirituais, procedentes de Deus, acham-se fora da percepção meramente humana;
não há qualquer esperança do homem natural apropriar-se da verdade divina (Sl
14.2,3; Rm 3.11-18).
A violência e a depravação moral estão no mundo desde que o homem
rejeitou o seu Criador, entregando-se ao orgulho, altivez, arrogância, egoísmo,
rebeldia, etc. Só a graça de Deus pode redimir o homem caído (Tt 2.11,12). A
mensagem da graça, porém, faz-se ouvir em todo o mundo: “Quem tem sede venha; e
quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22.17). Eis o convite final de
Deus para a salvação.
“A Prostituição Sagrada em Roma.No calendário romano, havia festas
exclusivas para homenagear os deuses da fecundidade. As prostitutas seculares e
cultuais eram as protagonistas das festividades. Vinte e três de abril era o
período das Vinalia, comemorações nas quais se rendiam culto a
Júpiter e a Vénus Ericina, conhecida como a ‘deusa das prostitutas’. No templo
desta deusa, próximo à porta da Colina, reuniam-se todas as prostitutas romanas
e os rufiões para adorá-la, comprar e vender prostitutas. Durante os dias de 28
de abril a 3 de maio, a deusa Flora era homenageada e sua festa oficial era conhecida
pelo nome de Florália. Nestas reuniões, todas as prostitutas
cultuavam a deusa vestindo-se com roupas coloridas que representavam as flores
do campo e, no templo, realizava-se a herogamia, seguida de relações sexuais
que extrapolavam os limites templários, invadindo as ruas e lugarejos. No
entanto, entre os romanos, ainda se destacavam as festas da Bonadéia,
cuja tradição remonta à história de um incesto entre Fauno e sua filha
(Bonadéia), que foi morta por não satisfazer os desejos incestuosos do pai.
Estas comemorações eram ritos de fertilidade, nos quais, por meio das relações
sexuais entre e com as sacerdotisas, a fecundidade geral era estimulada. OsLupercais,
ou rituais de purificação e de fecundidade, eram esperados por todos os rufiões
da cidade. Nesta festa, todo tipo de diversão duvidosa e indecente era
praticado. Os Lares, que eram os deuses da fecundidade encarregados
de proteger as residências e as encruzilhadas, eram ornados com flores na
primavera e no verão. Os flâmines e flamínicas, isto é, os casais de sacerdotes
sagrados dos divos e divas, comandavam todo o ritual orgiástico das
festividades romanas. E o que dizer dasSartunalia, festas em honra ao
deus Saturno, celebrado durante sete dias no mês de dezembro, em que escravos e
prostitutas realizavam toda espécie de orgias e excessos sexuais? E do culto a
Príapo, da lascívia e luxúria, cultuado no Helesponto, Mísia e em Roma?
No período do apóstolo Paulo e dos primeiros pais da Igreja, muitos
desses rituais não se realizaram com menos intensidade. [...] Sabemos que os
missionários cristãos enfrentaram reminiscências dessa cultura pagã em diversos
momentos de suas viagens missionárias (At 14.11-18; 19.23-40). Certas
recomendações paulinas tratam dos problemas relacionados aos cultos e sacrifícios
pagãos (1 Co 8). Provavelmente, Romanos 1.20-32 seja uma explícita referência
aos costumes sexuais pagãos em Roma. Muitos cristãos procedentes do mundo
helênico possuíam nomes dos deuses da fertilidade, tais como: Febe, ou seja, ‘a
brilhante’, que era o sobrenome da deusa Ártemis; Ártemas, isto é, ‘dom de
Ártemis’ (Tt 3.12). Os exemplos seguem por quase todas as epístolas
neotestamentárias.” (BENTHO, E. C. A família no Antigo Testamento: Hermenêutica
histórico-sociológica. RJ: CPAD, 2005.)
A
Justiça de Deus cap 2
A carta aos Romanos foi um dos principais escritos do Novo Testamento
que contribuiu para a conversão de Aurélio Agostinho. Em suas Confissões, o
autor narra que após dois anos como professor de retórica em Milão, sentiu-se
profundamente triste, pois desejava iniciar uma nova vida, mas não
estava disposto a romper com a vida libertina que levava.
No jardim da casa de seu amigo Alípio, chorou amargamente até
que ouviu uma criança cantar: “Pega e lê! Pega e lê!”. Impulsionado, pegou o
manuscrito que estava ao lado de seu amigo. Seus olhos percorreram o seguinte
texto da epistola aos Romanos: “Andemos honestamente, como de dia, não em
glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades nem em dissoluções, nem
em contendas e invejas. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais
cuidado da carne em suas concupiscências.” (Rm 13.13,14). Agostinho afirma que
após ler estas palavras “uma clara luz inundou meu coração e todas as trevas da
dúvida se desvaneceram”.
O sentido de “justiça” no Antigo Testamento procede de dois termos
hebraicos: tsedeq, cujo sentido primário é “ser retilíneo”, “ser
reto”, “retidão” e, mishpat, traduzido por “justiça” e “juízo” (cf.
2 Cr 12.6; Ec 12.14; Sl 1.5; Sl 11.7). Estes descrevem tanto o caráter e a
justiça divina quanto a fidelidade de Deus em sua Aliança para com os homens
(Dt 32.4; Sl 31.1; 45.7; 119.137,144; Pv 16.33; Is 30.18). O Novo Testamento
emprega a palavra dikaiosynē para designar os termos
“justiça”, “retidão”, “justo”, “reto” e “justificação”. O tema da justiça de
Deus inclui uma série de conceitos que abrangem: aprovar o que é bom em
detrimento do que é mal (Êx 34.7; Ec 12.4; Hb 1.9); condenar o ímpio e
justificar o justo (2 Cr 6.23); a fidelidade do Senhor em seus atos (Ne 9.3; Is
49.7; 2 Ts 3.3); a ira de Deus (Sl 7.11; Na 1.2,3; Mq 7.8-10); a imparcialidade
do juízo divino (2 Cr 19.7; Na 1.3); os seus mandamentos (Mq 6.8) e, a relação
entre justiça e salvação (Sl 98.2; Is 45.21; 51.5-8; 56.1). A Bíblia afirma que
a justiça e o juízo são a base do governo sempiterno de Deus (Sl 89.14; Hb
1.8). São esses, portanto, os fundamentos pelos quais os politeístas e
monoteístas serão julgados (Rm 1.18-32: 2.17-29). O primeiro grupo são os sem
lei, enquanto o segundo, aqueles a quem a lei foi dada, isto é, pagãos e judeus
(Rm 2.12-29).
As epístolas paulinas foram importantes recursos para o fortalecimento
da igreja e instrução dos crentes. Algumas cartas foram endereçadas a cidades,
enquanto outras, a pessoas. A fim de ampliar o conhecimento do aluno a respeito
da formação das epístolas, divide-as em: Epístolas endereçadas a cidades (Roma,
Corinto, Galácia, Éfeso, Filipos, Colossos, Tessalônica) e, a pessoas (Timóteo,
Tito e Filemom). Ao apresentar a classe às cidades as quais Paulo endereçou as
epístolas, procure fazê-lo em ordem cronológica: Gálatas (49 d.C.), Coríntios
(55-56 d.C), Romanos (57 d.C.), Efésios e Colossenses (62 d.C.), Filipenses
(62/63 d.C.). Observe que os mapas que tratam das viagens missionárias de
Paulo, não incluem a cidade de Colossos, cerca de 160 km a leste de Éfeso.
Embora todos os que habitavam na Ásia tenham ouvido o evangelho (At 19.10), no
entanto, e provável que Paulo não tenha visitado Colossos (Cl 2.1), sendo
Epafras, o possível fundador da igreja em Colossos (Cl 1.7; 4.12,13). Use o
mapa para ilustrar e fortalecer a argumentação acima.
Estamos diante de um dos maiores textos sobre os princípios e os
trâmites de Deus acerca de seu perfeito e justo juízo em relação às suas
criaturas. Deus, o Supremo Legislador e Juiz de todos, por intermédio das
Sagradas Escrituras, manifesta a todos os homens a verdade a respeito da
salvação, para que ninguém seja condenado por falta de seu conhecimento.
Estaremos examinando o que a Bíblia ensina sobre a justiça de Deus.
Também estaremos respondendo a pergunta: “Pode o homem ser justificado diante
do Supremo Juiz através das boas obras? E os crentes? Somos ou não obrigados à
prática das boas obras já que fomos justificados pela fé.
OS MORALISTAS
Nos dias de Jesus. Devido à sua cegueira
espiritual, os moralistas, do tempo de Jesus, afirmavam que os criminosos e
depravados estavam sob o juízo divino. Eles, porém, os moralistas, achavam-se
completamente seguros, porquanto julgavam-se perfeitos (Mt 23.25-28).
Nos dias de Paulo. A maioria dos judeus, nos dias
de Paulo, achava que podia ser justificada diante de Deus através de suas obras
morais e religiosas. Se alguém fracassasse na realização destas, perderia parte
de sua recompensa, mas, como descendente de Abraão, haveria de escapar do juízo
divino.
Nos dias atuais. Os moralistas de hoje professam a fé cristã
sem vivê-la. São religiosos? Sim. Todavia, sem salvação, pois não seguem o
Salvador. Muitos vêem no batismo a garantia da vida eterna; esquecem-se,
contudo, do compromisso de fidelidade a Deus.
Apesar das boas obras realizadas, ninguém pode obter a salvação sem
primeiro reconhecer que é um pecador incapaz de, por si próprio, alcançar a
justiça divina (Jo 14.6; 10.9; Tt 3.5). Paulo afirma que os tais estão sob condenação
(Rm 3.9,23).
PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA DE DEUS
Deus julgará o segredo dos homens. Nos vv.1-16
de Romanos 2, a Palavra de Deus é dirigida aos que se julgam isentos do justo
juízo de Deus, considerando-se justificados por não terem uma vida explicitamente
pecaminosa. Os que assim pensam subestimam a justiça de Deus, tornando-se
irreconciliáveis.Os religiosos da época de Jesus ostentavam sua autojustiça,
mas foram severamente reprovados pelo Mestre (Lc 18.18-22; Mt 5.20; 15.1-9).No
Juízo Final, não haverá injustiça, porque o Juiz é infinitamente justo (Gn
18.25; Jr 11.20; 2 Tm 4.8); seu juízo é segundo a verdade (Rm 2.2). Quanto mais
conhecimento acerca da verdade tivermos, mais responsabilizados seremos diante
de Deus. Um exemplo disso é o caso das cidades da Galiléia que, apesar de
testemunharem um poderoso ministério de ensino e de milagres de Jesus,
rejeitaram-no como o Messias e Salvador (Mt 11.20-24).
A verdade divina pela qual o homem será julgado. A bondade e a
misericórdia de Deus têm abençoado a humanidade inteira desde a criação dos
céus e da Terra. Todos podemos usufruir do ar, água, luz, fogo, vida, família,
saúde, sustento, pátria, vestuário, descanso, proteção, paz etc. Ver Sl 136.25;
145.16.
a) O homem natural. Em sua irracionalidade, não percebe que a mão
de Deus é que provê todas as coisas por sua longanimidade e graça. Vivendo em
trevas, ele não enxerga os seus próprios pecados a menos que seja convencido
pelo Espírito Santo (Jo 16.8). Os tais não sentem tristeza por pecarem contra
Deus, nem se compungem em seu coração. Em nada lembram os que se converteram no
dia de Pentecostes.
b) O pecador legalista. Julga e condena os outros,
considerando-se inculpável diante de Deus, conforme se vê em Lc 18.9-14. Ele
será réu de maior juízo (Mt 23.14). Quanto ao hipócrita, pode enganar os homens
ao freqüentar a igreja, mas não a Deus (Mc 12.15; Mt 6.2). No julgamento, o
destino do hipócrita será o mesmo do servo mau: o lago de fogo onde haverá
“pranto e ranger de dentes” (Mt 24.51).
A culpa do transgressor consciente. Os que desprezam as riquezas da
benignidade e da longanimidade divina pecam intencionalmente e atraem para si a
ira de Deus (Rm 2.4,5,18-24). Nota-se, no versículo 5, o caráter de culpa
cumulativa de uma vida de contínuo desprezo à bondade de Deus.“As riquezas da
benignidade” de Deus (v.4) são a sua multiforme graça, longanimidade e
providência, abarcando todas as esferas de nossa vida.O objetivo de Deus,
conforme sua infinita graça e benignidade, é convencer o homem do pecado e
conduzi-lo ao arrependimento. Quem despreza os cuidados de Deus está
“entesourando ira” para si (vv.4,5).
As obras e seu julgamento. O julgamento de Deus é segundo
a sua verdade, justiça e santidade (Rm 2.2; 3.4; 9.14; Sl 96.13; Dt 32.4; Ap
16.7). Entretanto, Deus não deseja a ruína do pecador, mas a sua salvação (Ez
18.23,32; Is 55.7; Tg 2.13; Hb 3.7,8; Ap 22.17). E a única maneira de
escaparmos do juízo de Deus é termos a Cristo como Salvador e Senhor (Hb 2.2-4;
Lc 13.3,5).As boas obras do crente são decorrentes da salvação já operada, pela
graça de Deus (Ef 2.8,9). Ou seja: nós fomos salvos pela fé para a prática das
boas obras (Tg 2.14-20,26; Ef 2.10).
“Três meios pelos quais Deus julga os homens.Essa tríplice forma
do juízo divino baseia-se no princípio da justiça universal, que alcança todos
os homens: judeus e gentios. Os judeus condenavam a pecaminosidade e a
idolatria dos gentios, e por isso consideravam ter ‘prerrogativa moral’ para
julgá-los, mas Paulo os coloca na mesma balança divina. Sabem fazer avaliações
e distinções morais, mas não sabem aplicá-las à sua própria experiência.
1. Deus julga através da verdade (2.2-5). ‘Bem sabemos
que o juízo de Deus é segundo a verdade’ (2.2). Que podemos entender nessa
declaração? O julgamento de Deus é instituído aqui em razão dos pecados do
paganismo gentio e do falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A
questão do pecado é uma só para todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um
incorre na condenação de Deus. Paulo declara que os gentios pecaram (1.18-32) e
os judeus também. (2.17—3.8)[...]
2. Deus julga conforme as obras de cada um (2.6-11). ‘Deus
retribuirá a cada um segundo o seu procedimento’. Esse princípio não é novo,
pois tanto o Antigo quanto o Novo Testamento estão repletos de referências a
esse princípio (Sl 62.12; Pv 24.12; Jr 10.10; Mt 16.27; 1 Co 3.8; Ap 2.23). Os
judeus buscavam imunidade numa forma de ‘defesa especial’, baseada no
privilégio racial. Porém, essa pretensão é rejeitada pela perfeita justiça
divina que declara a sua culpabilidade. Deus é imparcial em seu juízo sobre o
pecador, e independe de privilégios ou outra razão qualquer, pois cada homem será
julgado por seus próprios atos. O homem é moralmente responsável, por isso deve
ser julgado conforme suas obras pessoais.3. Deus julga conforme a Lei
(2.12-16). Há dois tipos de leis que regem o julgamento dos homens
segundo o contexto sugere [...]: ‘todos os que pecaram sem lei’ (2.12), que diz
respeito aos gentios que desconheciam a lei de Deus dada aos judeus; ‘todos os
que com lei pecaram’ (2.12), refere-se aos judeus [...].” (CABRAL, E. Romanos: o
Evangelho da Justiça de Deus. 7 ed., RJ: CPAD, 2003, p. 39-42.)
A justificação pela fé em Cristo cap 3
O texto da Leitura Bíblica em Classe divide-se em duas seções: Exposição
da doutrina da justificação (vv.21-26) e, insuficiência humana para
justificar-se (vv.27-31). Segue abaixo dez sentenças extraídas do texto bíblico
que sumarizam a doutrina da justificação.
1. A justiça manifestada no Antigo Testamento independe da lei
(vv.21,31);2. A justiça de Deus se realiza mediante a fé em Cristo, a favor de
todos os que crêem (vv.22,29,30);3. Todos pecaram, logo, todos necessitam da
justificação em Cristo (vv.23,24);4. A justificação é gratuita por meio da
graça e da redenção que há em Cristo (v.24);5. A base inamovível da
justificação é a morte substituta e expiatória de Cristo (v.25);6. A morte
vicária de Cristo satisfez a justiça de Deus (v.25);7. Deus é justo ao
justificar quem vive da fé em Jesus (v.26);8. A fé é o meio pelo qual o homem
alcança a justificação em Cristo (vv.26-28);9. Ninguém tem qualquer mérito para
ser justificado à parte da fé em Cristo (v.27);10. A fé não anula a lei, mas a
estabelece (v.31).
A JUSTIFICAÇÃO
A justificação é um ato divino. A justificação é uma declaração
de Deus, segundo a qual todos os processos da lei divina são plenamente
satisfeitos, por meio da justiça de Cristo, em benefício do pecador que o
recebe como salvador. Justificação significa mudança de posição espiritual
diante de Deus: de condenados para justificados. Esta é a única maneira do
homem ter comunhão com Deus, apresentando-se a Ele sem culpa.
A obra redentora resultante do sacrifício expiatório, efetuado por
Cristo na cruz, propiciou a maior de todas as dádivas de Deus — a salvação do
indigno e miserável pecador.
A justificação testificada pela lei e pelos profetas (v.21). A
justificação do pecador, mediante o sacrifício vicário de Cristo, pode ser
percebida por meio de várias profecias no Antigo Testamento (Is 53.11;
45.22-25; 61.10; Jr 23.6; 33.16; Sl 85.10; Gl 3.7). Em Gênesis 3.21, por
exemplo, encontramos uma nítida figura do propósito divino neste sentido. Deus
cobrira graciosamente a nudez de nossos primeiros pais, Adão e Eva, após terem
pecado. Outro exemplo digno de nota é o de Abraão que foi justificado por Deus
somente pela fé (Gn 15.6); fato transcendental que a Bíblia confirma em Romanos
4.3.
A lei mosaica não tinha a intenção de alcançar a justiça pelo esforço
humano, mas de revelar a justiça de Deus (Rm 8.4; 10.4,10; At 10.39). Os
sacrifícios da lei não visavam retirar os pecados, mas cobri-los
temporariamente até que Cristo viesse como o sacrifício perfeito e substitutivo
(Êx 12.1-23; Jo 1.29). As ordenanças, rituais, sacrifícios e princípios de vida
piedosa ensinados no Antigo Testamento, embora divinamente inspirados, não
podiam quitar as “dívidas” da humanidade, e muito menos, transformar o perdido
pecador num justo.
A JUSTIÇA DE DEUS
A justiça de Deus na dispensação da graça. A expressão
“justiça de Deus”, na Epístola aos Romanos (1.17; 3.21,22) e em outras
passagens, refere-se ao tipo de justiça que o Senhor aceita para que o homem
tenha comunhão com Ele. Essa justiça resulta da nossa fé em Cristo segundo o
evangelho. Em outras palavras, a justiça é o próprio Cristo (1 Co 1.30; 2 Co
5.21; Fp 3.9).Por ter sido um ardoroso representante do legalismo, Paulo não
cessava de enaltecer a manifestação da justiça divina em sua vida (Fp 3.4-6).
Não perdia a chance de enfatizar que é impossível ao homem justificar-se diante
de Deus através de suas próprias obras (Fp 3.9; Gn 2.16; Tt 3.5).
A justiça de Deus pela fé. Na Epístola aos Romanos,
capítulos 3 e 4, Paulo ensina que não há outro meio pelo qual o homem alcance a
salvação senão pela fé em Cristo. Por sua vez, o escritor aos Hebreus, no
capítulo 11 de sua epístola, mostra que somente pela fé o crente será vitorioso
em todos os sentidos.Este mesmo princípio é encontrado em Romanos 4.5, onde a
Bíblia declara que quem “não pratica (boas obras), porém crê nAquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.
CARACTERÍSTICAS DA JUSTIFICAÇÃO DIVINA
A justiça divina alcança a todos. Assim como o
pecado tornou-se universal, a justificação destina-se a todos quantos queiram
ser salvos (Tt 2.11). A expressão “para que todo aquele que nele crê não
pereça” (Jo 3.16) abrange a todos, indistintamente.
Todos os que se arrependem de seus pecados e crêem em Jesus como
Salvador não perecerão, mas terão a vida eterna. E é tudo pela graça de Deus,
conforme está escrito: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20).
Esta “multiforme graça” alcança de igual modo todas as pessoas de todas as
raças, culturas, níveis sociais, idades e circunstâncias (Jo 6.37). Ninguém é
bom o suficiente para se salvar, como também não é tão mau que não possa ser
salvo por Jesus.
A justiça de Deus é concedida gratuitamente mediante a graça. Desde que
Adão e Eva pecaram contra o Senhor, a lei não tem feito outra coisa senão
revelar a culpa universal do ser humano e a justiça do Todo-Poderoso. A graça
que procede do amor do Pai reina por meio da justiça, como afirma Romanos 5.21.É
mediante o sacrifício de Cristo sobre a cruz, como perfeito substituto do
culpado, que Deus justifica o pecador, quando, arrependido, crê em seu Filho
para a salvação (Gn 3.13; 1 Pe 2.24; Rm 10.10). Esta é a maior demonstração da
justiça divina. O Altíssimo continua sendo justo mesmo justificando um pecador
(Rm 3.26).
propiciada por Cristo (v.25). “Ao qual Deus propôs para
propiciação no seu sangue”. Propor significa “apresentar perante todos”, ou
seja, o Pai constituiu o Filho, feito homem perante o mundo, como Salvador da
humanidade (Jo 1.14; Mt 1.20-23; Gl 4.4,5).
“Propiciação” (v.25) é Cristo morrendo em lugar dos perdidos a fim de
salvá-los. É a remoção da ira divina por meio de uma oferta, de uma dádiva.O
Tabernáculo com seus objetos, sacrifícios e sacerdócio prefigurou como sombra,
entre outros elementos da salvação, a propiciação. Onde há sombra há realidade
(Cl 2.16,17; Hb 10.1). Examine também: Sl 32.2; Mt 20.28; Jo 1.29; Rm 4.7,8; 1
Co 15.3; 2 Co 5.19,2; 1 Jo 2.2; 4.10. Propiciação é uma referência ao
propiciatório. Este encontrava-se no Lugar Santíssimo do Tabernáculo onde o
sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação, para
sacrificar em favor do povo. Ali, ele aspergia o sangue expiador do sacrifício
como símbolo da quitação ou remissão correspondente ao castigo de seus pecados
e dos pecados do povo.Jesus é o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo (Is 53; Jo 1.29; Lc 23.46; Gl 4.4,5). Foi Deus que estabeleceu todas
as coisas concernentes a Jesus, a fim de salvar-nos (At 2.23). Expiação tem a
ver com o pecado; propiciação, com a atitude de Deus para com o pecador
arrependido; e redenção, com a pessoa do pecador. Tudo efetuado por Deus em
Cristo (1 Tm 2.6; 1 Pe 1.18,19; At 20.28).
É outorgada por Deus. A justificação do pecador
perante Deus procede da sua graça (Rm 3.24) . Ela foi efetuada e é garantida
pelo sangue de Jesus, como sua base (Rm 5.9). É obtida através da nossa fé em
Cristo (Rm 3.28); a fé sem as obras humanas é o meio estipulado por Deus para nossa
justificação (Gl 2.16). A ressurreição de Cristo é a garantia da perenidade de
nossa justificação (Rm 4.25). Se alguém deseja ser justificado e sair da lista
dos que estão sob a ira de Deus, deve crer em Cristo (Rm 1.16,17; 3.3,21,22). O
único requisito estabelecido por Deus para que o pecador seja justificado é que
venha a Cristo pela fé, aceitando-o como seu único Salvador.
A MENSAGEM PROVENIENTE DA CRUZ DE CRISTO
Salvação sem vanglória e méritos humanos. Visto que a
nossa salvação consiste somente na obra redentora de Cristo consumada na cruz,
o homem não tem motivo algum para se vangloriar porque “nenhum outro nome há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”, a não ser o nome de Jesus
(At 4.12).
Salvação oferecida a todos. A preservação da vida de Raabe
e sua família (Hb 11.31); a bênção sobre a vida de Rute (Rt 4.13-22); e a cura
de Naamã (2 Rs 5.1-14), são apenas alguns exemplos de que Deus é Senhor e
abençoador de todos. Ele quer salvar a todos (Tt 2.11; Mt 11.28; Jo 6.37; Ef 4.6).
O profeta Jonas testificou que Deus é misericordioso para aceitar a qualquer um
que se arrependa de seus pecados (Jn 4.2). O Evangelho de João 1.12 confirma
este propósito de Deus: salvar a todos (Jo 1.12). Jesus também o declarou (Jo
3.17; 5.24). Infelizmente, muitos são os que rejeitam o convite da graça de
Deus e acabam por desprezar a Cristo, acarretando sobre si a ira divina.
O castigo divino pelo pecado não poderia ser protelado indefinidamente.
A justiça divina concernente aos delitos do homem deveria ser satisfeita.
Assim, Cristo veio e satisfez em definitivo nossa dívida no Calvário,
tornando-nos, a todos os que cremos nEle, justificados perante Deus.
“A Justificação
Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa natureza, a
justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O termo ‘justificação’
refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e
satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados livres de
toda a culpa do pecado e de suas conseqüências eternas, declarando-os
plenamente justos aos seus olhos. O Deus que detesta ‘o que justifica o ímpio’
(Pv 17.15) mantém sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a
penalidade integral do pecado (Rm 3.21-26). Constatamos, portanto, diante de
Deus como plenamente absolvidos.
Para descrever a ação de Deus ao justificar-nos, os termos empregados
pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1 Rs 8.32;
Pv 17.15) e pelo Novo Testamento (gr. dikaio: Mt 12.37; Rm 3.20;
8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto,
considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem, contudo,
sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça
(1 Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomai) sua
justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós.
Em Romanos 4, Paulo cita dois exemplos do Antigo Testamento como
argumento em favor da justiça imputada. A respeito de Abraão, diz que ‘creu ele
no Senhor, e foi-lhe imputado [heb. chashav] isto por justiça’ (Gn
15.6). Isto ocorreu antes de Abraão ter obedecido a Deus no tocante a
circuncisão, sinal da aliança. De modo talvez ainda mais dramático, Paulo cita
Salmos 32.2, no qual Davi pronuncia uma bênção sobre ‘o homem a quem o Senhor
não imputa maldade’ (Rm 4.8; 2 Co 5.19) [...]” (PECOTA, Daniel B. A
obra salvífica de Cristo. In HORTON, S. M. Teologia
Sistemática. RJ: CPAD, 1996, p.372).
A Doutrina da Graça de Deus cap 6
A respeito da influência da Epístola aos Romanos na vida do maior
avivalista inglês, John Wesley. Use o texto a seguir como
referência. O Avivamento Evangélico do século XVIII teve na figura de John
Wesley o seu mais destacado representante. Mas, nem todos sabem que a Carta aos
Romanos foi responsável pela profunda renovação espiritual de Wesley. O renovo
espiritual que sacudiu a Inglaterra, na verdade, iniciou em 24 de maio de 1738,
quando Wesley visitou uma comunidade cristã na rua Aldersgate.
Naquela noite, estava sendo lido o Prefácio de Lutero concernente a Epístola
aos Romanos. Assim Wesley se expressou em seu diário, às oito horas e quarenta
e cinco minutos: “[...] enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus
opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente.
Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi me
dada a certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados,
sim, os meus. E me salvado da lei do pecado e da morte”.
No capítulo 5.12-21, Paulo descreve a libertação do crente a partir da
ação salvífica e graciosa de Jesus Cristo. Na desobediência de Adão, o pecado
abundou, mas na obediência de Jesus, a graça superabundou (v.20). Cristo, pelo
seu ato, garante a justificação ao que crê (5.1). No capítulo 6.1-23,
entretanto, a salvação graciosa de Deus é apresentada ao fiel, mas este precisa
corresponder à realidade da nova vida em Cristo. O crente regenerado, cuja
graça de Deus manifestou-se em sua vida, deve rejeitar o pecado e produzir
frutos santos (v.22).
Dois conceitos distorcidos operavam entre os crentes. O primeiro era que
a obediência à lei mosaica justificava o homem diante de Deus (3.20). Logo, a
graça é ineficiente, pois necessita da lei. O segundo é que a graça isenta o
indivíduo das obrigações morais (6.1). Por conseguinte, a graça é
contraditória, pois liberta o homem para que este peque mais. Estas duas
posições torcem a graça de Deus e, por isso, Paulo as combate.
À medida que avançamos no estudo da Epístola de Paulo aos Romanos, duas
afirmações doutrinárias tornam-se evidentes. Primeira, o homem é salvo mediante
a graça de Deus, sem as obras da lei (Rm 3.24; 4.16; 5.2,15,18; Gl 2.16,21;
3.2).Segunda, a graça não autoriza o crente a pecar, para que seja manifestada
com mais profusão. Pelo contrário, liberta o homem do poder do pecado (Rm 5.20,
6.1,2,11-15).
COMPREENDENDO A GRAÇA
Definição. O termo graça, do original charis,
é usado cerca de cem vezes nas epístolas paulinas. Destas, vinte e quatro
aparecem apenas em Romanos (1.5,7; 3.24; 4.4; 4.16; 5.2,15,17,18,20,21;
6.1,14,15; 11.5,6; 12.3,6; 15.15; 16.20,24). Na Antiga Aliança, o termo
hebraico hesed corresponde ao sentido do Novo Testamento. Em
diversas passagens é traduzido por “favor”, “misericórdia”, “bondade amorosa”,
ou “graça que procede de Deus” (Êx 34.6; Ne 9.17; Sl 103.8; Jn 4.2).No contexto
da doutrina da salvação, charis é o dom ou favor imerecido de
Deus, mediante o qual os homens são salvos por meio de Cristo (Ef 1.7; 2.5,8;
Rm 3.24; Tt 2.14).
A extensão da graça. Estudar a respeito da graça de Deus implica
descrever os principais ramos da doutrina da salvação: o perdão (At 10.43), a
salvação (Tt 2.11; Rm 1.16), a regeneração (Tt 3.5), o arrependimento (At
11.18; Rm 2.4) e o amor divino (Jo 3.16; Rm 5.8).
A graça de Deus é dinâmica. Não somente salva, mas vivifica aqueles que
estão destruídos pelo pecado, capacitando-os a viver em santidade (Ef 2.1-8). O
capítulo 6 de Romanos mostra que a vida cristã requer santidade. Na igreja em
Roma, muitos acreditavam que, se a salvação é pela fé, então, cada um podia
fazer o que bem desejasse. Se a lei não salva, temos algum compromisso com ela?
Paulo, portanto, escreve para evitar o mal-entendido. Somos salvos pela graça,
por meio da fé (Ef 2.8-10). No entanto, a fé não anula a lei, mas a estabelece
(Rm 3.30-31).
A CONTESTAÇÃO DA DOUTRINA DA GRAÇA
Havia duas correntes antibíblicas no período apostólico que procuravam
contestar a doutrina da graça: o legalismo e o antinomismo.
Legalismo. Segundo este, só se adquire a salvação e a
excelência moral mediante a lei mosaica. Este sistema, defendido por certos
judeus cristãos em Roma, ensinava que a justificação era decorrente das obras
da Lei (Rm 3.27-31; Gl 3-4). Paulo os exorta: “Nenhuma carne será justificada
diante dele pelas obras da lei” (Rm 3.20).
Antinomismo. O termo significa “contrário à lei”. Os antinomianos acreditavam
que podiam viver no pecado e, ainda assim, estarem livres da condenação eterna
(Rm 6.1-7; 3.7; 4.1-25). Segundo os adeptos dessa teoria, uma vez que o homem
foi justificado pela fé em Cristo, nenhuma obrigação moral é necessária agora.
O apóstolo os persuade: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não
useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13; Rm 6.1-3).
OS RELACIONAMENTOS DA GRAÇA
Graça e justificação (Rm 3.24; 5.18). A graça de Deus garante
gratuitamente a justificação em Cristo Jesus. Através da morte expiatória de
Cristo, a graça manifestou-se aos homens, garantindo-lhes a justificação e a
vida eterna.
Graça e redenção (Tt 2.11,14; Rm 3.24; Ef 1.7). Segundo as
Escrituras: “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os
homens”. Cristo trouxe-nos completa redenção (1 Co 1.30); comprou a todos com o
seu sangue (Ap 5.9; Cl 1.14); redimiu-nos da maldição da lei e de nossos
pecados (Gl 3.13; Ef 1.7; Cl 1.14); e, por meio do Espírito, selou-nos para o
dia da redenção (Ef 4.30; Rm 8.23), segundo as riquezas da graça (Ef 1.7,14).
Graça e purificação (Tt 2.11-14b). A graça
salvadora não apenas ensina os homens a renunciarem a vil concupiscência, a
impiedade e as mazelas morais da sociedade rebelada contra Deus, mas também
capacita o crente a viver sóbria, justa e piamente no presente século. Vejamos
o que se deve esperar de alguém cheio da graça de Deus.
a) Evitar a impiedade. A impiedade é uma categoria de
pecado que se opõe à piedade (Jd v.4). Logo, inclui tudo o que a pessoa faz sem
considerar a Deus e as suas leis morais (Sl 10.13; Rm 1.18). O ímpio não
reconhece nem admite sua dependência de Deus (Sl 10.3,4). Os pecados de
impiedade incluem: a blasfêmia contra Deus (Sl 10.13); a malícia (Sl 34.21); a
violência (Sl 140.4) e as iniqüidades (Pv 5.22). O cristão deve rejeitar a
impiedade (Tt 2.12a), pois os que negligenciam a piedade serão condenados (Jd
vv.14,16).
b) Evitar as paixões mundanas. Ser ímpio constitui não apenas
uma maneira de pensar, mas um estilo de vida específico (Jd vv.15,16). Os
ímpios são materialistas e sensuais (2 Pe 2.12-14) e buscam as coisas que
conduzem aos apetites carnais (Rm 1.18). Em lugar do Reino e da justiça de
Deus, procuram tudo o que satisfaça seus desejos pecaminosos desregrados (Tt
2.12b; Ef 2.3; 1 Pe 4.2; 1 Jo 2.15-17).
c) Viver vida sensata. A palavra sensato, no original
(sophroneo), quer dizer “de mente sã”, “mente sóbria” ou “temperante”.
Este termo se refere à prudência e ao autocontrole proveniente de uma reflexão
criteriosa. O temperante é alguém que não se deixa dominar pela ansiedade; é
alguém que pondera seus atos e suas respectivas conseqüências de acordo com a
Palavra de Deus (1 Tm 3.2; Gl 5.22; Tt 2.8-12; 2 Pe 2.3-8; At 24.25).
d) Viver justa e piedosamente. A graça de Deus possibilita ao
crente uma vida justa e piedosa diante de Deus e dos homens. O termo “piedoso”
refere-se ao cristão que é reverente a Deus e que pratica o bem em todos os
seus relacionamentos (2 Pe 3.11; 2 Tm 3.12; Tt 2.12; At 10.2,7; 2 Pe 2.9). Uma
pessoa piedosa tem como centro a vontade de Deus em todos os seus caminhos (Pv
3.5,6; 1 Co 10.31).
“A graça liberta-nos.Em Romanos 6, Paulo faz-nos a
pergunta crucial: ‘Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar
vivendo nele?’ (v.2). Como podemos nós, que temos sido justificados, não viver
justamente?Como podemos nós, que temos sido amados, não amar também? Como
podemos nós, que temos sido abençoados, não abençoar? Como podemos nós, a quem
se oferece a graça, não viver graciosamente?
Paulo parece chocado com tal possibilidade! Como poderia a graça
resultar em qualquer coisa que não um viver gracioso? ‘Continuaremos pecando
para que a graça aumente? De maneira nenhuma!’ (vv.1,2a).
O termo para esta filosofia é antinomianismo: anti significa
‘contra’, e nomi, ‘lei moral’. Os promotores da idéia vêem a graça
mais como uma razão para se fazer o mal, do que para fazer o bem. A graça
concede-lhes um brevê para o mal. Quanto piores forem os meus atos, melhor Deus
aparecerá. Esta não é a primeira referência de Paulo sobre o assunto. Lembra de
Rm 3.7? ‘Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória
sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador?’.Que desculpa! Ninguém
respeitaria um mendigo que recusasse trabalho, alegando: ‘Estou dando ao
governo a oportunidade de demonstrar sua benevolência’. Zombaríamos de tal
hipocrisia. Não a toleraríamos, e não a cometeríamos” (LUCADO, M. Nas
garras da graça. RJ: CPAD, 1999, p.111)
A consagração do crente cap 8
A Carta de Paulo aos Romanos ensina que todo conhecimento correto acerca
de Deus nasce da obediência irrestrita aos mandamentos divinos. É
impossível ao homem manter comunhão com o Criador à parte da submissão a sua
santa lei. Nesta lição, comente com os alunos que estudaremos um tema repleto
de contrastes: “carne e Espírito” (8.1,5); “corpo e espírito” (8.10); “morte e
vida” (8.6); “aflição e glória” (8.18); “servidão e liberdade” (8.21);
“acusação e justificação” (8.33). Estas antíteses (oposição entre duas palavras
ou idéias) resumem-se em dois termos: pecado e santidade. O pecado traz como
conseqüência: morte, aflição, servidão e acusação, enquanto a santidade, vida,
glória e liberdade (8.13).
Romanos 8.1-13 trata de três temas principais: a libertação e a
autêntica função da lei (1-4): a antítese entre Espírito e carne (5-9): e as
conseqüências de pertencer a Cristo (10-13). A expressão-chave do trecho
acha-se em 2a: “Lei do Espírito da vida”.
No final do capítulo 7, Paulo pergunta: “Quem me livrará do corpo desta
morte?” (v.24). No capitulo 8, ele responde: o Espírito, pois como afirma em 2
Coríntios 3.17: “Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. O crente é
liberto da lei do pecado e da morte pela “lei do Espírito de vida” (v.2). De 1
a 7 de Romanos, o termo grego “pneuma”, isto é, “espírito” aparece apenas cinco
vezes (1.4,9; 2.29; 5.5; 7.6), mas no capítulo 8, vinte e duas! O propósito do
apóstolo é evidente: o Espírito de Cristo traz transformação interior e
libertação das amarras do pecado (v.2). O Espírito é chamado de: “Espírito de
vida” (v.2); “o Espírito” (v.4); “Espírito de Deus” (vv.9,14); “Espírito de
Cristo” (v.9); “Espírito de adoção” (v.15). O Espírito “habita” no crente
(v.9); “vivifica” (v.11); “guia” (v.14); “testifica” (v.16); “ajuda” (v.26);
“intercede” (v.26).
Com a expressão “portanto, agora” (Rm 8.1a), Paulo conclui o tema sobre
o qual discorreu nos sete primeiros capítulos de sua Epístola aos Romanos: a
graça e a justificação providas por Deus. A ênfase do presente capítulo está no
ensino de que os filhos de Deus, em Cristo, estão livres da condenação (Rm
5.16,18).Nos versículos 5 a 13, Paulo declara que a nossa salvação está
garantida em razão da obra realizada pelo Espírito de Deus em nosso coração (Ef
1.13,14), produzindo, entre outras, a santificação em nosso ser (1 Pe 1.2).
O Espírito, realizando a obra completa de Cristo, liberta-nos do pecado
e de todos os seus malefícios; e, finalmente, vivificará inclusive nossos
corpos quando o Senhor vier arrebatar a sua Igreja (v.11).
A NATUREZA DA CARNE
A natureza humana caída. O vocábulo “carne”, no
original, ocorre muitas vezes nas epístolas paulinas. O termo, em geral, está
associado aos prazeres sensuais e aos pecados ligados ao corpo (Rm 6.12-14; 7.5,23-25;
8.13). Aqui, no entanto, “carne” diz respeito ao mundo, à natureza humana caída
e escrava de tudo que se opõe ao Espírito (Gl 5.16-25).
A carne isola o homem de tudo o que é espiritual (v.8) e engloba todas
as formas de arrogância. Sempre que o “eu” aparece em oposição a Deus, ali está
a carne. João esclarece-nos: a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida são opostas a Deus (1 Jo 2.15-17).
Os que andam “segundo a carne”. Alguém afirmou, com muita
propriedade, que “a tragédia básica da experiência humana caída é que um ser
criado por Deus e para Deus, vive agora sem Deus”. Andar segundo a carne é a
conseqüência desta tragédia. Não há méritos em viver alheio à vida de Deus (Ef
4.18), seguir os próprios pensamentos e inclinações (Is 53.6) de uma natureza
que jaz em iniqüidade (Rm 7.24). Morto em delitos e pecados, o homem é tanto um
rebelde quanto um fracassado (Ef 2.1-3). O ser humano nasce em pecado, existe
em pecado e continua vivendo em pecado, em eterna rebelião contra Deus.
Os que andam “segundo o Espírito”. De acordo com o original,
“inclinar-se” indica a ação total da personalidade humana (razão, vontade e
sentimento) em sujeição à carne ou ao Espírito (vv.5-7). “Inclinar-se para as
coisas do Espírito” é muito mais do que uma mera disposição mental. Trata-se de
dispor a razão, a vontade e os sentimentos ao domínio do Espírito. É viver na
direção do Espírito de Cristo (vv.9,10). O maior interesse do cristão deve ser
as coisas do Espírito. Aquele que se inclina para o Espírito prioriza, acima de
tudo, o seu relacionamento com Deus (Mt 6.33). Além de ter consciência do
pecado, foge dele (Hb 12.1). Por fim, reconhece sua fraqueza e busca o auxílio
do Espírito Santo (Jo 16.13; Rm 8.26,27).
A VERDADE SOBRE A SANTIFICAÇÃO
Nas Sagradas Escrituras, o termo santificar, significa “ser consagrado”,
“santo”, “santificado”, “separado”. A palavra é usada para distinguir entre o
santo e o profano e entre o especial e o vulgar (Êx 30.29,32,37; Lv 10.10).
Quando esta qualidade é aplicada, afirma-se que este objeto, ou pessoa, é
separado para o serviço a Deus (Lv 20.26 cf. Êx 40.9; Lv 11.44). A santificação
é a ação do Espírito Santo na vida do crente, separando-o e purificando-o para
adorar e servir ao Senhor (Tt 3.5-7; 2 Pe 1.4). Por meio dela, o Espírito Santo
aplica à vida do crente a justiça e a santidade de Cristo, com vistas ao seu
aperfeiçoamento.
A santificação. A santificação envolve: a separação do crente
em relação ao mundo e a sua completa dedicação ao serviço de Deus: “Assim,
pois, se alguém se purificar a si mesmo destes erros, será utensílio para
honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda a boa
obra” (2 Tm 2.21). A vontade de Deus para a vida do crente é que este seja
santo (1 Ts 4.3,4). A Bíblia afirma que somos santificados tanto pelas
Escrituras (Jo 15.3; Sl 119.9; Tg 1.23-25) quanto pelo sangue de Jesus (Hb
10.10,14; 1 Jo 1.7). E que a santificação é uma obra da qual a Trindade
participa: O Pai (Jo 15.1,2; 17.5-7); o Filho (Hb 10.10; 2.11) e o Espírito
Santo (Rm 15.16; 1 Co 6.11; Gl 5.22-25).
Estar em Cristo”. Esta expressão ocorre cerca de seis vezes nas
epístolas paulinas (Rm 8.39; 2 Co 5.17; 2 Tm 1.1,13; 2.1,10). A preposição
“em”, no original, é usada para descrever o íntimo relacionamento entre o Pai e
o Filho (Jo 10.38; 14.20) e a posição do crente regenerado “em Cristo” (Rm
6.11,23; 1 Co 1.30).
“Estar em Cristo” é desfrutar da mais profunda comunhão espiritual com
Jesus (1 Co 1.30; Ef 1.3). É obter a mais completa segurança de salvação (Ef
1.3-14). “Estar em Cristo” significa também estar unido a Cristo; é fazer parte
dEle. O próprio Jesus deixou a ilustração da videira e dos ramos para
demonstrar esta união íntima e orgânica entre Ele e o seu povo (Jo 15.1-6). Há
também a ilustração do corpo, cuja cabeça é Cristo (1 Co 12.27). Se nEle
permanecermos, nEle seremos glorificados. Se Ele morreu, morremos com Ele; se
Ele ressuscitou, ressuscitamos com Ele (Rm 6.3-11; 8.11,17,29,30). Esta plena
identificação com Cristo garante que, finalmente, seremos apresentados
perfeitos, sem mácula, diante da sua glória (Jd v.24).
A nova vida. Segundo as Escrituras, o crente não apenas
foi ressuscitado com Cristo (Rm 6.6-11; 1 Pe 1.3,4), como também participa da
natureza divina. Ele possui uma nova vida proveniente de Cristo e em Cristo.
Portanto, ser cristão implica uma mudança radical de vida (Cl 1.13), que inclui
o repúdio ao “velho eu” com todos os andrajos do pecado.
Como deixamos de uma vez por todas o velho homem, devemos também deixar
de lado todo comportamento pertencente à vida passada. Nosso comportamento deve
ser coerente com a nova vida que dEle recebemos. É o que nos ensina o Novo
Testamento (Ef 4.17-32; Cl 3.5-17; Rm 8.1-13; Tt 3.3-7).
Santidade e novidade de vida. A santidade não isola o crente
do convívio social; pelo contrário: é demonstrada em nossos relacionamentos
cotidianos (1 Co 1.2; 10.31; Cl 3.12; 1 Pe 1.15). Entretanto, não basta
deixarmos a conduta da vida passada; é necessário passar a viver a nova vida em
Cristo (Rm 6.4). Isto significa que não é suficiente deixar de mentir; é
necessário dizer a verdade (Ef 4.25-32). Não basta despojar-se do “velho
homem”; é essencial vestir-se do novo (Ef 4.22,24). A santificação, por
conseguinte, é viver de acordo com a nova vida que recebemos. Isso exige
esforço por parte do crente. Muitos imperativos bíblicos acionam a
responsabilidade humana: Operai (Fp 2.12,13); buscai (1
Ts 4.1); mortificai (Cl 3.5); andai (1 Ts
4.1-5); fugi (2 Tm 2.22); segui (Hb
12.14).
A Palavra de Deus é enfática em afirmar que o homem que depende
unicamente dos seus esforços para se santificar está fatalmente condenado ao
fracasso. Se o homem não estiver em Cristo e não contar com a presença do
Espírito Santo para suplantar suas tendências carnais, continuará resistindo a
Deus; continuará distante do caminho da santificação e fora da dimensão do
Espírito Santo.
Você já vive a nova vida vitoriosa em Cristo? Ele é o Senhor de todo o
seu viver? Pense nisso. E, agora mesmo, tome uma firme resolução, a fim de
desfrutar das bênçãos provenientes da santificação.
“O empecilho para a obra do Espírito (Rm 8.5-8).Paulo demonstrou,
nos versículos 1-4, que ninguém pode ter santidade sem primeiro receber a
justificação; agora, nos versos 5-11, revela que se alguém não vive em
santidade, não recebeu a justificação. Noutras palavras, uma vida santa é a evidência
prática de alguém que foi regenerado para com Deus. A pessoa verdadeiramente
salva não vivera ‘na carne’, porque a carne é inimiga do Espírito.
O princípio. ‘Porque os que são segundo a
carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são do Espírito, para as
coisas do Espírito’. A palavra ‘carne’ representa a natureza antiga e
pecaminosa que não recebeu a renovação e vive segundo o homem não regenerado.
Pode ser considerada a ‘baixa natureza’ ou a ‘natureza animalesca’. A expressão
abrange tanto a totalidade da vida não renovada e que vive longe de Deus, como
todas as atividades em que o eu-próprio é o centro. Quando alguém coloca Deus
no centro da sua vida, passa a andar segundo o Espírito.
O resultado. ‘Porque a inclinarão da carne é
morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz’. O termo ‘morte’ se refere
não apenas à morte física, mas a separação presente e futura de Deus, fonte de
toda vida espiritual.
A razão. ‘Porquanto a
inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus,
nem, em verdade, o pode ser’. O homem carnal, para quem o eu-próprio é a lei
suprema, naturalmente tem ressentimento contra Deus e sua bendita vontade
[...]” ( PEARLMAN, M. Epístolas paulinas: Semeando as doutrinas
cristãs. Coleção Myer Pearlman. RJ: CPAD, 1998,
pp.28-9).
A chamada divina e o Livre-arbítrio cap 9
Você vai encontrar alguns conceitos bíblicos, teológicos e dogmáticos
considerados controversos. Basta um crente ouvir a palavra “predestinação” e,
pronto, começa o embate. Cada um defende um ponto de vista diferente;
uns citam Calvino, outros Armínio, como se a Escritura não fosse clara o
suficiente para tratar do tema. Mais importante do que as argumentações de um
teólogo são as afirmações absolutas e singulares das Sagradas Escrituras.
Portanto, estude com afinco esta lição. Evite controvérsias desnecessárias e
polêmicas intermináveis, pois a Escola Dominical não é o local para elas.
Concentre-se em ensinar o essencial — a doutrina tal qual a encontramos na
Palavra de Deus. Como afirmavam os reformadores: “Sola Scriptura!”. Isto é,
“Somente as Escrituras”.
É necessário distinguir três importantíssimos termos relacionados à
doutrina da salvação: eleição (que veremos a seguir), predestinação (presente
no subsídio), e vocação (o tema da lição). O primeiro, eleição, procede
de eklegomai, isto é, selecionar para si, escolher (Ef 1.4; Tg 2.5;
1 Pe 1.2; 2.9). Este termo não quer dizer que Deus escolheu uns para a salvação
e outros para a perdição. Mas que a salvação do homem não depende do que este é
ou faz, porém da vontade e misericórdia de Deus (Ef 1.4,5; Cl 2.12; 1 Ts 1.4; 2
Ts 2.13). O Pai ama e convida todos à salvação. Ele não elege uns para a
salvação e outros para a perdição: “não querendo que alguns se percam, senão
que todos venham arrepender-se” (2 Pe 3.9 cf. Jo 3.16; Rm 11.32; 1 Tm 2.3,4).
Portanto, a eleição, entendida em conjunto com a vocação e a predestinação, é a
ação divina, mediante a qual, através de Cristo, o homem é eleito à salvação.
Em razão de sua aceitação a Cristo, Ele passa a usufruir das bênçãos
decorrentes da salvação. Textos como: Fp 2.15,16; 3.12-16; Cl 1.22,23; 1 Tm
1.18,19; 4.9,10,16; 2 Tm 2.10-13; demonstram que a eleição é uma ação divina,
na qual o homem é convocado a obedecer, aceitando a Cristo como seu Salvador e
Senhor (1 Pe 1.2).
No Antigo Testamento, Deus chamou os homens para a salvação (Ez
18.30-32). Hoje, o chamamento de Deus é a razão pela qual a nossa vida cristã
tem início (Rm 8.30; 9.24; 2 Tm 1.9). É verdade que invocamos a Deus para nos
salvar (Rm 10.10-13), mas a nossa aceitação é uma resposta ao seu chamado (2 Ts
2.14; 1 Pe 5.10; 2 Pe 1.3). Por conseguinte, fomos eleitos segundo a
presciência de Deus.
A CHAMADA PARA A SALVAÇÃO
A chamada é universal. O termo “chamada”, no original,
é traduzido em Efésios 1.18 por “vocação”, ou “chamamento”. Quando aplicado à provisão
da salvação por Deus, diz respeito ao gracioso ato divino pelo qual Ele chama
os pecadores para a salvação em Jesus Cristo, a fim de que sejam santos (Rm
8.29,30; 11.5,6; Gl 1.6,15).
Esta chamada ocorre mediante a proclamação do Evangelho (Jo 1.10,11; At
13.46; 17.30; 1 Co 1.9,18,24; 2 Ts 1.8-10; 2.14). Segundo as Escrituras, é da
vontade de Deus que todos os homens sejam salvos, isto é, que todos atendam ao
chamado divino para a salvação (At 17.30; 1 Tm 2.3,4; 2 Pe 3.9 cf. Mt 9.13;). É
uma vocação que opera para a salvação, fundamentada na escolha do homem (At
13.46-48).A vocação divina para a salvação do homem é uma obra da qual a
Trindade participa: é atribuída ao Pai (1 Co 1.9; 1 Ts 2.12; 1 Pe 5.10) ao
Filho (Mt 11.28; Lc 5.32; Jo 7.37) e ao Espírito Santo (Jo 14.16,17,26;
16.8-11; Jo 15.26; At 5.31,32).
Seus propósitos. A chamada divina para a
salvação tem propósitos claros e específicos nas Escrituras. Fomos chamados por
Deus: para sermos de Cristo (Rm 1.6; 1 Co 1.9); para a santificação (Rm 1.7; 1
Pe 1.15; 1 Ts 4.7; Hb 12.14b; Ef 1.4); para a liberdade (Gl 5.1,13); para a paz
(1 Co 7.15; Lc 7.50; 8.48; Rm 5.1); para o sofrimento (Rm 8.17,18): e, para a
glória (Rm 8.30). Estes propósitos auxiliam na compreensão do sentido do texto
de Efésios 1.18, que recomenda que saibamos qual seja a esperança da nossa
vocação.
O papel do Espírito Santo. Jesus, ao prometer o
Consolador, fez menção de seu papel no mundo: Convencer o mundo do pecado (Jo
16.8-10). Embora a oportunidade de salvação seja para todos, uns se arrependem
de seus pecados e aceitam a misericórdia de Deus em Cristo (At 2.37). Outros,
no entanto, admitem a culpa mas não estão dispostos a confessá-la, tornando-se
mais resistentes (Jo 1.10,11; At 13.46; 17.32; 2 Ts 1.8-10; Hb 3.7,8).
Ele também convence o mundo da justiça, mostrando que a cruz não
representou o fim da trajetória de Cristo que, ressurreto, acha-se, agora, à
direita de Deus; por Ele, todo homem pode viver como justo neste mundo (Fp
1.10,11; 2.15; Tt 1.8). O mesmo Espírito também convence o mundo do juízo
vindouro, pois os que rejeitam a Cristo serão condenados, assim como o Diabo
que já se encontra julgado (Mt 25.41; Jo 16.11).
O LIVRE-ARBÍTRIO E A SOBERANIA DIVINA
No Éden. Em Jó 42, a soberania de Deus excede qualquer vontade humana;
mediante esta soberania, Ele nos concede o livre-arbítrio. O Deus soberano,
criador de todas as coisas e regente supremo de todo o universo, decidiu
dar-nos a capacidade de escolher entre a natureza santa e a pecaminosa. No
próprio Éden, Deus concede a liberdade para o homem escolher entre o certo e o
errado, entre a vida e a morte, entre a natureza divina e a natureza carnal (Gn
3.1-13; Dt 30.19).
Escolhendo uma vida santa. Temos a capacidade de escolher
em qual das duas naturezas desejamos viver: “Porque vós, irmãos, fostes
chamados à liberdade” (Gl 5.13). Quando escolhemos a natureza pecaminosa,
inclinamo-nos à carne e às obras pecaminosas (Rm 8.6,7). Mas, ao decidirmos
viver uma vida santa, voltamo-nos às coisas do Espírito (Rm 8.5,9,14),
produzindo obras dignas de um verdadeiro filho de Deus (Rm 6.18,22; Gl 5.22).
O livre-arbítrio concedido por Deus não foi anulado pelos efeitos do
pecado. Nós, os que decidimos por uma vida santa, estamos tanto sob a soberania
de Deus quanto debaixo do livre-arbítrio concedido por Ele (Ap 3.20).
A SALVAÇÃO
É para todos, individualmente. O Novo Testamento apresenta a
realização da nossa salvação como algo efetuado por Deus de forma pessoal e
singular “...todo aquele que nele crê...” (Jo 3.16); “...aquele que
vem...” (Jo 6.37); “...todo aquele que invocar...” (Rm 10.13); “...eu
nele...” (Jo 15.5). Deus nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos,
por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.5).
A eleição divina foi feita com base em seu amor por todos os seres
humanos (Jo 3.16; 1 Tm 2.3,4). O cuidado de Deus também é visto até mesmo para
com os rebeldes (Ez 33.11). Pedro afirma que Deus não faz acepção de pessoas
(At 10.34). Isto afasta toda e qualquer possibilidade de a eleição ser
fatalista, segundo a qual seria inútil tentar mudar o quadro da nossa vida
futura.Nossa decisão pessoal de crer, ou não crer em Cristo, tem conseqüências
eternas em nossa vida. Foram estas as palavras proferidas pelo Senhor Jesus:
“quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc
16.16).
Os que não aceitam a Jesus como seu Salvador são os únicos responsáveis
pelos seus atos, visto ser a vontade de Deus que todos os homens se salvem (2
Tm 2.3,4). O interesse de Jesus por todos é manifesto em sua pergunta, quando
realçou claramente a dureza dos corações daqueles que o recusaram: “... não
quereis vir a mim para terdes vida?” (Jo 5.40 cf. Mt 23.37). O evangelho é um
presente de Deus para todas as pessoas, cabe a cada uma delas aceitá-lo ou não.
Jesus convida a cada um, indistintamente: “Vinde a mim...” (Mt 11.28); “...
Aquele que tem sede venha e quem quiser receba de graça da água da vida” (Ap
22.17).
A regeneração. A regeneração é uma ação do Espírito Santo,
mediante a qual Ele cria uma nova natureza no homem (Jo 3.3,6; Tt 3.5; 1 Pe
1.2,23 cf. Jr 31.33; Ez 36.25-27). Este ato milagroso ocorre simultaneamente à
conversão a Cristo. Quando o ser humano morto em delitos e pecados, aceita a
Cristo, é vivificado espiritualmente (Ef 2.1,5,6; Rm 7.6). Esta obra, além de
vivificar o espírito, alcança cada parte da natureza humana (2 Co 5.17; 7.4,6;
1 Ts 5.23).
A regeneração é indispensável porque, sem Cristo, o pecador é incapaz de
obedecer e agradar a Deus (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12). Embora seja uma
radical transformação operada por Deus em nosso interior, é necessário que
estreitemos a cada dia o nosso relacionamento com Jesus, a fim de que cheguemos
à medida da estatura completa de Cristo (Ef 1.13; 1 Pe 1.15).
A justificação. Enquanto a regeneração modifica
a natureza do crente; a justificação muda a posição dele diante de Deus. O
sacrifício expiatório de Cristo no Calvário é a provisão divina para garantir
ao homem a posição de justo diante de Deus (Rm 3.25; 5.9; Ef 2.13; 1 Pe 1.4,5).
Uma vez regenerado, o homem, por meio da fé, é justificado gratuitamente mediante
o preço pago por Jesus Cristo na cruz (1 Pe 2.18-23; Rm 3.22,24,25,28; 5.1,9).
Portanto, a justiça do crente não provém das obras da lei (Gl 2.21), mas
da maravilhosa graça do Senhor: “Sendo justificados gratuitamente pela sua
graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Mediante a
justificação, Deus absolve o pecador da condenação e declara-o justo perante
Ele (Rm 8.30; 5.18).
O processo da santificação. Trata-se de uma obra
progressiva realizada por Deus através do Espírito Santo. É um processo que se
inicia com a conversão do crente, tornando-o santo, e que deve continuar por
toda a vida (2 Co 3.18; 1 Ts 5.23; Hb 12.14).
Na santificação, o estado moral da pessoa é moldado de acordo com os
padrões de Cristo (2 Co 3.18; Ef 4.12-14; 2 Pe 1.4). Neste processo, é
indispensável a participação do homem (Fp 2.12; 1 Pe 1.16; Ap 2.10), visto que,
com a vocação divina, somos chamados para cumprir a vontade de Deus (Rm 12.1,2;
1 Ts 4.3; 5.18; Hb 10.36; 1 Pe 2.15; 4.2; 1 Jo 2.17). Sem a santificação,
jamais veremos o Senhor.
O convite gracioso de Deus para a salvação é independente dos méritos
pessoais do homem. É da vontade de Deus que, sem exceção, todos os homens se
salvem.
“O Verdadeiro Sentido da Doutrina da Predestinação.A palavra
‘predestinação’ procede do grego, ‘proorizo’, e aparece cerca de seis
vezes nas páginas do Novo Testamento. Uma vez é traduzida por ‘ordenou antes’
(1 Co 2.7); outra, por ‘anteriormente determinado’ (At 4.28); e quatro, por
‘predestinar’ (Rm 8.29,30; Ef 1.5,11) . O termo significa ‘destinar por
antecipação’. Vejamos o que, segundo a Bíblia, é determinado por antecipação.
Fomos predestinados em Jesus. Deus
predestinou, por antecipação, o plano da nossa salvação, isto é, o meio pelo
qual devemos ser salvos. Em Efésios 1.5, está escrito: ‘Nos predestinou para
filhos de adoção por Jesus Cristo’, isto é, Jesus foi dado como sacrifício pela
expiação dos nossos pecados desde a eternidade. Assim a Bíblia diz que Jesus
foi morto desde a fundação do mundo (cf. Ap 13.8; 1 Pe 1.20).
Fomos predestinados para ‘filhos de adoção’
(Ef 1.5). Aqui observamos a finalidade da nossa salvação em Jesus — Deus
predestinou que os pecadores fossem, por Jesus, feitos filhos de adoção. [...]
A predestinação ‘para filhos de adoção’ (Ef 1.5) refere-se, de acordo com
Efésios 1.11,12, a nós ‘os que primeiro esperamos em Cristo’. Está, dessa
maneira, incontestavelmente definido que a predestinação diz respeito aos que
esperam em Jesus como o meio da sua salvação, conforme a ‘esperança do
evangelho’ (Cl 1.23), os quais serão agraciados com o dom gratuito da salvação
(Ef 2.4-9).
Predestinados para refletir Jesus. Deus também
nos predestinou para sermos ‘conforme a imagem de seu Filho’ (Rm 8.29). Essa
palavra nos revela o alvo que devemos alcançar por meio da salvação. Deus
deseja que todos os que aceitam a Jesus como Salvador sejam transformados à
imagem de seu Filho, o qual é a expressa imagem de Deus (Hb 1.3). [...] Assim,
Jesus foi predeterminado por Deus para ser o modelo, a fim de que muitos
irmãos, por meio dEle, alcancem a imagem, cuja semelhança Deus, no princípio,
criou o homem (Gn 1.27).
Deus espera que cada homem defina sua posição quanto ao meio de salvação
que Ele predestinou.
a) Aquele que aceita a Jesus fica grandemente enriquecido, pois é salvo
porque aceitou a Jesus, o meio predestinado por Deus (Ef 1.5) conforme o seu
propósito (Ef 1.11); é adotado por filho (Ef 1.5); a graça de Deus opera nele,
para que alcance a imagem de filho de Deus (Rm 8.29,30).b) Aquele, porém, que
não aceita a Jesus, está perdido (Mc 16.16; Jo 3.18,19), não porque não estivesse
incluído na predestinação de Deus, mas porque não aceitou o único meio da
salvação que Deus oferece (Mt 23.37; Jo 5.40; Mt 22.3; Lc 14.17-24; 19.44; Is
50.2).
Aafirmação doutrinária que diz ser a predestinação algo que determine a
salvação para alguns e a perdição para outros previamente determinados não tem
apoio na Bíblia [...]” (BERGSTÉN, E. Introdução à Teologia Sistemática. RJ:
CPAD, 1999, p.184-7).
A eleição e o futuro de Israel cap 11
O texto da Leitura Bíblica está dividido em três tópicos: Deus não
rejeitou o seu povo (vv.1-10); a queda de Israel é transitória (vv.11-24); o
futuro glorioso de Israel (vv.25-32). Estes são sustentados por duas
contestações presentes nos versículos 1 e 11.
Na sentença, “Deus não abandonou o seu povo”, o argumento é mantido por
duas interrogações (vv.1,7). Na primeira, Paulo é enfático ao afirmar que a
eleição do remanescente fiel, da qual ele faz parte, não se fundamenta na obra
destes, mas na “eleição da graça” (v.5). Na segunda (v.7), discursa a respeito
da descrença parcial da nação.Na afirmação dos versículos 11-24, Paulo expõe
que a queda de Israel não foi para a destruição da nação, mas para a plenitude
da mesma. E, se na queda do povo judeu, os gentios foram salvos, quanto mais na
sua restauração.
Deus prometeu abençoar os povos gentios por meio de Abraão e de sua
descendência (Gl 3.8). A vinda do Messias, Jesus Cristo, é o principal
cumprimento dessa promessa (Gl 3.16). Ele trouxe o evangelho, que é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do
grego (Rm 1.16).Embora os judeus tenham rejeitado a Cristo (Jo 1.11), o pacto
de Deus para com Israel permanece: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem
arrependimento” (Rm 11.29). Este é o tema que estudaremos nesta lição.
A ELEIÇÃO DE ISRAEL
Em sua soberania, quis Deus para Si um povo que o amasse
em espírito e em verdade (Jo 4.24). Assim, resolveu, através de
Abraão, fazer uma grande nação, com todas as características das demais: terra
(Gn 15.7; 17.8), povo (Gn 12.2; 15.4,5; 17.1,2) e governo (Êx 19.6).
Deus constituiu um povo para que fosse a sua testemunha às nações (Gn
12.2-4; 22.18; At 13.46,47). Uma nação eleita por meio da qual pudesse enviar o
Salvador do mundo (Gn 3.15; Jo 4.22) e confiar a Palavra, a fim de que esta
fosse preservada para todos os povos em todas as gerações (Rm 9.4,5).
A chamada de Abraão. Deus celebrou com Abraão uma
aliança eterna (Gn 12.1-3; 15.12-21), concedendo-lhe a honra de ser o pai de
todos os crentes (Is 51.1,2; Gl 3.8; Lc 19.8-10). A Bíblia afirma que o
patriarca guardou fielmente os preceitos e leis divinas (Gn 26.5). Sendo ele
amigo de Deus, recebeu a visita do Senhor durante as suas peregrinações (Gn
15.1; 18.1; Tg 2.23).
A disposição de Deus em apresentar-se de forma especial a Abraão retrata
a importância da eleição do povo de Israel. Mas isto exigia confiança na
Palavra de Deus (Gn 15.1-6; 18.10-14) e obediência à ordem divina, para que o
patriarca deixasse a terra de sua parentela (Gn 12.4), passando a viver na
Terra da Promessa de maneira reta e justa (Gn 17.1,2).
O descaso de Israel. Israel, como nação eleita e separada pelo
Senhor, não foi zeloso e fiel em cumprir o mandato que recebera de Deus. Por
essa razão, os profetas condenaram-lhe a ingratidão e a deslealdade (Jr
16.10-12).
Os israelitas, apesar do clamor dos profetas, acabaram por repudiar suas
obrigações em relação à aliança divina (Êx 19.5,6; 32.1-25).
Os profetas não hesitaram em ministrar o imutável amor de Deus para com
Israel, objetivando levar os fiéis a cumprirem os propósitos divinos (Jr 31.3;
Os 11.1-4). Os que aceitavam voluntariamente as condições da aliança usufruíam
dos benefícios divinos (Dt 5.1-3; 30.11-20).
O pacto divino não foi anulado. Na Epístola aos Gálatas, Paulo
demonstra que a igreja cristã teve sua origem na vocação de Abraão (Gl 3.6-9).
O vínculo pactual entre Deus e Israel permanece. Logo, tanto para os gentios
como para Israel, o único caminho para a salvação é a fé em Cristo (Gl
3.11-29).
No capítulo 10 de Romanos, Paulo explica, minuciosamente, que a salvação
não depende das obras, mas da fé em Cristo (Gl 3.8,9). Deus, em sua vontade
soberana, franqueou a salvação a todos os homens: “todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo” (Jl 2.32 cf. At 2.21; 10.34-36).Por conseguinte, não
basta apenas o chamado de Deus para que o ser humano seja salvo; é necessário
que este responda positivamente à vocação divina (Rm 10.10-17).
DEUS NÃO REJEITOU SEU POVO
Deus rejeitou o seu povo? Paulo responde a esta pergunta com uma negação
contundente. Apesar de toda a incredulidade e apostasia de Israel, havia um
remanescente fiel que, à semelhança dos sete mil que não dobraram os seus
joelhos diante de Baal no tempo de Elias, conservava piedosa e firmemente os
termos da aliança. Desse remanescente, o próprio Paulo fazia parte, bem como os
israelitas que aceitam a fé em Cristo: “Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o
seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de
Benjamim” (Rm 11.1).
Um plano especial de Deus. Ao falar sobre o endurecimento
de Israel, Paulo continua mostrando o propósito de Deus em relação ao seu povo.
Embora os israelitas hajam tropeçado e caído, não se pode dizer que esta queda
impedirá a concretização dos propósitos de Deus concernentes ao seu povo:
“Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas,
pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação”
(11.11,17,18,24,33).
A graça divina. A conversão de judeus na época
de Paulo não era produto das obras da lei, mas fruto da graça divina recebida
mediante a fé (cf. Rm 3.28; Ef 2.8,9).
Aqueles que rejeitam a graça de Deus, sejam eles judeus, sejam gentios,
não alcançarão a salvação em Jesus (Rm 9.31-33; Ef 2.8,9).
Um Deus misericordioso. Acerca da salvação de Israel,
Paulo mostra a inter-relação entre judeus e gentios (Rm 10.11,12,19-21;
11.11,12,15).
A queda de Israel trouxe a redenção para os gentios (Rm 9.25,26;
11.7-12,23-26). Por outro lado, a misericórdia divina, demonstrada a estes,
trará a compaixão de Deus aos filhos de Abraão (Rm 11.30,31; 9.27).Devemos
entender que o endurecimento de Israel é temporário: “até que a plenitude dos
gentios haja entrado” (v.25 cf. Is 59.20,21).
. O FUTURO GLORIOSO DE ISRAEL
O retorno de Israel ao Senhor é certo (Zc 12.7-10; Rm 11.26). Paulo
recorre às profecias para confirmar a declaração de que todo o Israel será
salvo (Rm 11.26,27; cf. Is 59.20,21). Isto ocorrerá quando se “completar o tempo
dos gentios” no final da Grande Tribulação (Jr 30.7; Ez 20.34-38; Jo 19.37).
Israel verá a Jesus como o Messias e se arrependerá por havê-lo
rejeitado (Jo 1.11; Lc 13.34). Nesse período, os israelitas, como ramos
naturais, serão enxertados na própria oliveira, que é Cristo. E, assim, os
descendentes de Abraão receberão novamente a plenitude das bênçãos divinas (Zc
2.10).
A revelação do plano divino da salvação levou o apóstolo a adorar a
Deus. Paulo reconhece o controle providencial de Deus na história da salvação e
da justificação através de Cristo (Rm 10.33-36).
Quanto à eleição, a aliança divina concernente a Israel é imutável.
Deus, em sua soberania, escolheu a Israel dentre todos os povos e fez-lhe
promessas por meio de seus patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12.1-3;
15.1-21; 17.1-22).Da mesma maneira que Deus cumpriu e cumprirá suas promessas a
Israel, assim também tem feito e o fará com a sua Igreja.
“A Doutrina da Salvação em relação a Israel.Os capítulos 9, 10
e 11 formam um parêntese dentro da seqüência doutrinária, quando o apóstolo
Paulo confronta a ‘sorte de Israel’ no plano da salvação. Esses capítulos
formam uma trilogia especial.
a) O capítulo 9 trata da soberania divina para com Israel, focalizando a
eleição da nação israelita como ‘povo escolhido de Deus’ e girando em torno do
passado. O capítulo 10 trata da responsabilidade humana de Israel e focaliza a
sua rejeição no presente. O capítulo 11 apresenta a bênção salvadora para
Israel, como resultado da misericórdia de Deus.
b) No capítulo 9, as promessas de Deus são para os fiéis, mediante a fé
nEle, e não a conformidade exterior à lei. No capítulo 10, Paulo destaca que é
impossível escapar da culpa do pecado. Portanto, recusar a obra expiatória de
Jesus é transgressão total e indesculpável. No capítulo 11, a salvação provida
por Deus através de Jesus, seu Filho, é privilégio de judeus e gentios.
c) [...] No capítulo 9, ele mostra que Deus em sua eterna soberania
tinha total liberdade de rejeitar Israel, mas só o fez porque Israel rejeitou o
plano divino. No capítulo 10, Paulo mostra que, uma vez que os judeus
rejeitaram o novo plano divino, não tinham condições de questionarem a rejeição
da parte de Deus. Já no capítulo 11, a rejeição tem um sentido parcial e
temporal, visto que os propósitos divinos não se limitam a um mero julgamento
exterior, mas são propósitos mais profundos e espirituais” (CABRAL, E. Romanos: O
Evangelho da Justiça de Deus. RJ: CPAD, 2003, pp.103-4,118).
Fidelidade no uso dos dons cap 12
A Epístola aos Romanos divide-se em dois principais blocos. No primeiro,
a ênfase está no ensino das doutrinas (1-11). O segundo é exortativo e se
estende do capítulo 12 ao 16. Temos, portanto, duas características singulares:
o ensino e a prática cristã. Nos 315 versículos, distribuídos pelos onze
capítulos, o apóstolo ministrou à igreja sobre os profundos mistérios
salvíficos da doutrina cristã (11.25). Agora, nesta nova seção, discursa a
respeito da prática, devoção e responsabilidades da pessoa justificada. O tema
condutor do primeiro era “a justiça divina”, mas nesta última, a ética, os dons
e o amor procedentes da justificação. Por conseguinte, pretende ser mais
prática do que teórica, mais exortativa do que explicativa. Se na primeira
seção, Paulo descreveu a doutrina da graça de Deus, nesta, os atos que se
esperam de quem vive na graça.
“Rogo-vos”. Este termo no original significa, “eu os exorto”
(12.1), isto é, “os encorajo ou admoesto”. O apelo à “compaixão de Deus”
conforma-se ao caráter litúrgico da passagem. Os versículos 1 e 2 apresentam
termos que lembram os sacrifícios do Antigo Testamento: “apresentar” (o altar),
“sacrifício” (a vítima), “culto” (o serviço), “perfeito” (a qualidade). No
entanto, diferencia-se deste em razão de ser vivo e racional — dois elementos
não encontrados no animal utilizado no sacrifício na Antiga Aliança. O “culto
racional” é aquele que procede da plena consciência de que, uma vez livres do
pecado pela graça, devemos nos oferecer voluntariamente como sacrifício espiritual,
santo e agradável a Deus como demonstração da operação da graça divina em
nossas vidas. O crente é chamado para ser “conforme” à imagem de Cristo (Rm
8.29), portanto, não pode se “conformar” ou seguir o modelo do mundo (v.2).
Pelo contrário, viver a vida cristã renovada segundo a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus. Esta nova vida requer o uso diligente dos dons
espirituais concedidos aos crentes.
Todo serviço no Reino de Deus deve ser feito à base de verdadeira fé. É
o Senhor que habilita o crente, mediante dotação especial, a realizar sua obra
da melhor maneira possível. É dele que provém toda a ciência, capacidade e dons
ministeriais e espirituais. Por isso, não podemos fazer a obra de Deus com
espírito de competição. O único objetivo do nosso labor deve ser o
desenvolvimento e o bem-estar do corpo de Cristo.
UM APELO À CONSAGRAÇÃO PESSOAL
Antes de tratar de alguns dons especiais concedidos pelo Espírito Santo,
e de falar sobre o corpo de Cristo, o apóstolo Paulo rogou aos irmãos de Roma que
consagrassem suas vidas a Deus, a fim de conhecerem, por experiência, a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus. Segundo o apóstolo, esta é a única forma
de sermos o que Ele quer que sejamos e de fazermos o que deseja que façamos. É
justamente esta entrega total como “sacrifício vivo”, este ato de adoração
incondicional, que torna o cristão capaz de ser usado plenamente por Deus.
Um apelo à consagração. “Rogo-vos, pois, irmãos” (v.1).
Rogar é suplicar, apelar com intenso desejo de alcançar alguma coisa. Paulo
rogou aos crentes de Roma, em nome da compaixão divina, que apresentassem seus
corpos em “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, isto é, que se
separassem completamente das coisas mundanas e se dedicassem integralmente a
Deus e ao seu serviço.
Nesta passagem, Paulo faz-nos um apelo à consagração total. E esta
consagração envolve dois atos distintos: o de Deus e o nosso. O nosso é
apresentar-nos; o de Deus é tornar-nos capazes de pôr em prática a sua vontade.
Um apelo à humildade. Ao realizarmos a obra de Deus,
não devemos fazê-lo por nossa própria sabedoria, mas conforme a medida da fé
que é concedida por Deus. Paulo exorta os irmãos romanos a não terem de si
mesmos um conceito acima do que se deve. Consideremos, pois, as verdades
abaixo:
a) Há sempre a tentação da
superestimação da própria importância. É bom notar que Paulo dirigia-se a uma
comunidade que estava em Cristo.
b) Não se deve esquecer de que
Deus concedeu a cada crente uma certa “medida” de fé. Não devemos nos estribar
no próprio conhecimento, mas, com temperança buscar somente o que convém.
c) Somente os que discernem a
vontade de Deus e se rendem integralmente a Ele conseguem identificar sua real
posição no corpo de Cristo.
d) É imprescindível ao cristão ter
uma idéia correta de si mesmo para integrar-se perfeitamente ao corpo de
Cristo.
A IGREJA COMO O CORPO DE CRISTO
O apóstolo Paulo utilizou-se da figura do corpo humano para demonstrar a
função de cada membro do corpo de Cristo na administração dos dons.
Um só corpo em Cristo. Cada membro tem sua função,
específica a desempenhar e, contudo, num corpo sadio, todas as partes funcionam
harmoniosa e independentemente para o bem do todo, assim deve ser na igreja (Ef
1.22,23).
A união de cada membro tem de ser justa e perfeita (1 Co 12.12). Não
pode haver desunião nem diferenças entre os irmãos, pois Deus colocou “cada um
deles como quis”. Quando um membro sofre, todos padecem com ele! (1 Co
12.25,26).
O valor de cada membro é medido pela contribuição que dá ao bom funcionamento
do corpo inteiro (1 Co 12.21-23). Qualquer atividade dentro da igreja só terá
valor se estiver relacionada com o todo. O trabalho do corpo como um todo é o
que importa!
Diferentes membros, diferentes funções. Somos
diversos membros com distintas funções no corpo. Sendo Deus quem confere dons
especiais aos crentes (1 Co 12.4-11), cada qual deverá exercer seu trabalho com
o único objetivo de enaltecer a Cristo, que é a cabeça do corpo, e não a si
mesmo.
Portanto, se somos mãos, pés, ouvidos, boca, etc, Cristo realiza sua
obra através de nós. Para isso fomos comissionados. Aleluia! (Mt 28.19,20).
O USO DOS DONS
O apóstolo Paulo não teve a finalidade de listar ou classificar os dons.
Ele apenas preocupou-se com o uso destes, entre muitos outros, que podem trazer
conforto, unidade e crescimento para a igreja.
Profecia. A profecia é um dos dons verbais colocados à disposição dos santos
com o propósito de exortar, edificar e consolar a igreja. Ela é concedida ao
crente pelo Espírito Santo, de forma direta e imediata, a fim de trazer à luz a
verdade divina. Este dom deve ser exercido segundo a medida da fé (v.6); isto é:
o poder espiritual dado a cada crente para o desempenho de sua responsabilidade
específica. Há dois pontos que devem ser considerados:
a) O crente que profetiza tem de
saber perfeitamente quando está indo além do que lhe foi dado, e deve estar
consciente de sua responsabilidade de entregar somente o que Deus lhe
autorizou. É necessário que o servo de Deus esteja totalmente sob o controle do
Espírito de Deus.
b) O crente que profetiza tem de
saber que toda a profecia deve ser julgada, provada (1 Co 14.29; 1 Ts 5.19-21)
Toda verdade concedida pelo Espírito Santo é coerente e não se contradiz. Sendo
assim, qualquer profecia, para ser aceita, deve ser submetida ao padrão
estabelecido pela Profecia Escrita, a Palavra de Deus (Gl 1.8; 1 Jo 2.20,27;
4.1-3).
Serviço. É a disposição, ou capacidade, concedida por Deus, para o crente
servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da igreja. Este
dom se manifesta em toda forma de ajuda que os cristãos possam prestar uns aos
outros, em nome de Jesus. Os que possuem este dom têm prazer em ministrar aos
santos as coisas materiais que lhes são necessárias. O dom do serviço, como
qualquer outro, é essencial para o bom funcionamento do corpo de Cristo. Quem o
tem deve exercê-lo empregando toda a sua energia, no temor do Senhor.
Ensino. Diferente da profecia, que é de inspiração direta e imediata (1 Co
14.30), o ensino é resultado da preparação do mestre. Ele é exortado a estudar,
a ler, a meditar na Palavra de Deus (1 Tm 4.14-16). Quem ensina recebe de Deus
uma capacidade especial para expor e esclarecer as Escrituras com poder e
eficiência, a fim de edificar o corpo de Cristo.
Exortação. Há uma diferença fundamental entre exortar e ensinar. O ensino tem
por objetivo transmitir o conhecimento, lidar com o intelecto, a mente. A
exortação toca no coração e atinge a consciência e a vontade de quem está sendo
exortado, de modo que a sua fé é estimulada. O crente passa a ter um maior
compromisso com o Reino de Deus. Na exortação, as verdades ensinadas são
aplicadas imediatamente à vida cristã. Quem tem o dom de exortar não é
necessariamente um mestre, embora possa sê-lo (At 11.23).
Repartir. Há pessoas especialmente capacitadas por Deus
para dar, repartir com os que não têm. Estas devem fazê-lo com simplicidade,
lembrando-se das palavras do Mestre: “não saiba a tua mão esquerda o que faz a
tua direita” (Mt 6.1-4).
Governo. É o dom de exercer governo ou presidir, de alguma forma, na
Igreja. É a tarefa de cuidar do povo e dos bens do Reino (Hb 13.7; 1 Tm 5.17; 1
Ts 5.12,13). Aos que têm este dom, o apóstolo Pedro diz: “apascentai com
cuidado, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de
ânimo pronto, nem como tendo domínio sobre o rebanho de Deus, mas servindo de
exemplo ao rebanho” (1 Pe 5.2-4).
Misericórdia. É o dom de ministrar e prestar ajuda aos necessitados e aflitos.
Este dom deve ser posto em prática com todo o coração, bom ânimo e entusiasmo.
Aquele que tem este dom comunica todo o amor divino aos angustiados.
Que dom recebeu você de Cristo? Você o tem exercido com amor e piedade?
Ou já o enterrou de forma egoísta? No Reino de Deus, há importantes obras a
serem executadas. Por isso, é de fundamental importância exercermos os dons que
o Espírito Santo tem nos concedido, a fim de que o Reino se expanda até aos
confins da Terra. Que Deus nos ajude nesta tão gloriosa tarefa!
“Os dons individuais (12.6-8).Antes de examinar os dons
individualmente, devemos enfatizar que para cada dom o ponto é o mesmo: Se você
tem um, use-o. E por isso que a lista de dons é incompleta — de fato, nenhuma
lista de dons feita por Paulo é exaustiva (1 Co 12.8-10,28; Ef 4.11). Embora a
passagem diante de nós apresente algumas explicações sobre como esses dons
devem ser usados, o propósito primário de Paulo é motivação, não instrução.
Isso não é incomum. Paulo não define os vários dons em nenhuma das passagens
onde ele os alista. Ele presume um entendimento comum por parte da audiência
sobre a natureza desses dons, os quais eles teriam recebido por ensino e por
observância dos dons em ação. A exceção — isto é, a extensa discussão sobre a
natureza de profecia e línguas em 1 Coríntios 14 — não é uma tentativa de
apresentar e definir esses dois dons, mas corrigir a percepção dos coríntios e
o uso destes.
A lista de sete dons está dividida em duas partes pela estrutura
gramatical da passagem que muda abruptamente com o quarto dom. Para cada um dos
primeiros três dons, a frase na qual eles aparecem começa com ‘se’; os últimos
quatro começam com ‘o que’” (Van Johnson. Romanos. In ARRINGTON, F.
L.; STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. RJ:
O cristão e o Estado cap
13
Paulo ensina a igreja em Roma como o crente deve comportar-se
diante das autoridades constituídas. As autoridades romanas e judaicas nem
sempre se mostraram tolerantes com os cristãos, suscitando,
vez por outras, graves perseguições. No entanto, o apóstolo admoesta a igreja,
principalmente àquele que se considerava cidadão dos céus, a não insurgir-se
contra o Estado. É possível que os antinomianos pensassem que em razão de ter
alcançado a liberdade em Cristo, não precisam submeter-se à autoridade civil.
Paulo, temendo a anarquia resultante de tal equívoco, procura dissuadi-los.
Entretanto, devemos ressaltar que o texto não trata a respeito da legitimidade
ou não do governo instituído, mas da submissão e o respeito devido às autoridades.
O argumento de Paulo, concernente às responsabilidades civis do cristão,
fundamenta-se em três princípios básicos: teológico (v.1); consciência (v.5) e
deveres cívicos (vv.6,7). No teológico, o apóstolo declara que a razão pela
qual todo homem deve estar sujeito às autoridades é porque o governo instituído
procede de Deus. Logo, opor-se à autoridade é resistir à ordenação do Altíssimo
(vv.1,2). No segundo princípio, o cristão é admoestado a obedecer ao governo
civil, não por medo do castigo, mas por questão de consciência (v.5). Isto
significa que a motivação cristã à obediência ao governo, não está no medo
suscitado pela penalidade à infração cometida (v.3), mas pela aceitação interna
e convicta de que se trata do cumprimento da vontade de Deus (vv.4,5). Por fim,
os deveres cívicos do cristão são contemplados como obrigação moral e
obediência irrestrita à vontade de Deus (v.6). A submissão às leis, inclui o
pagamento de tributos e impostos, bem como o devido emprego das expressões
honoríficas (de honra) e o respeito nobiliárquico (estudo das origens e
tradições) (v.7).
1) As autoridades civis devem reconhecer a origem de seu poder,
para governarem em conformidade com a justiça e no temor de Deus. Porque se
assim não agirem, sofrerão um severo julgamento.
2) As pessoas sujeitas ao governo civil devem obedecer ao mesmo como se
estivessem obedecendo ao próprio Deus, reconhecendo que a autoridade que
possuem lhe foi concedida por Deus. Assim, quem obedece aos governantes
humanos, naquilo que é justo, obedece, ao mesmo tempo, a Deus.
Depois de apresentar aos romanos a maravilhosa doutrina da salvação,
Paulo põe-se a explicar-lhes o que ela significa na vida prática do crente. Em
primeiro lugar, discorre sobre a nossa relação com Deus (12.1,2); em seguida,
acerca de nosso relacionamento com os irmãos (12.3-16); depois, com a sociedade
e até com os que nos odeiam (12.17-21). Por último, trata de nossa relação com
os governos humanos (13.1-7). A Bíblia, por conseguinte, engloba todas as
relações humanas, inclusive com os poderes constituídos.
Paulo afirma que o evangelho não é algo apenas para se crer, mas também
para se praticar. O cristianismo é uma prática de vida. Nesta lição, veremos o
que a Bíblia diz acerca de nosso relacionamento com as autoridades humanas
responsáveis pelo funcionamento do Estado.
EMBORA CIDADÃOS DOS CEUS, VIVEMOS NO MUNDO
Os cidadãos dos céus num mundo corrupto. O Novo
Testamento descreve o Estado como um instrumento de Deus para promover a
justiça e a ordem. Quanto a nós, embora não sejamos espiritualmente deste mundo
(Jo 17.14), temos por obrigação orar pelas autoridades, a fim de que possam
desincumbir-se das tarefas que Deus lhes confiou. Deste modo, poderemos viver
de modo tranqüilo e sem sobressaltos (1 Tm 2.1,2).
Não resta dúvida de que somos peregrinos neste mundo e cidadãos dos céus
(Fp 3.20). Mas, por haverem interpretado erradamente o seu papel como servos do
Rei dos reis e Senhor dos Senhores, alguns irmãos em Roma não mais queriam
arcar com as suas obrigações em relação ao Estado. Muitos ainda hoje pensam
desta forma: já que somos espirituais, não precisamos preocupar-nos com as leis
e obrigações comuns a todos os cidadãos. No entanto, a Bíblia exige que sejamos
bons cidadãos e cumpramos rigorosamente as leis, desde que estas não contrariem
a Palavra de Deus (At 5.29).
Alguns cristãos pensam que não devem interessar-se por coisas que não
sejam especificamente bíblicas: saúde pública, trânsito, economia, etc.
Todavia, diante das leis terrenas, todos temos direitos e obrigações. Tanto os
crentes quanto os incrédulos são igualmente responsáveis pela promoção do bem
comum.
Jesus ordenou: “Dai, pois, a César o que é de César” (Mt 22.21). Paulo
também é categórico ao ensinar: os que governam a nação são enviados por Deus
para assumir tal responsabilidade. As autoridades, pois, não foram constituídas
para causar terror às pessoas que vivem de modo honrado e digno (Rm 13.6,7). As
epístolas pastorais, aliás, exortam-nos a orar pelos reis e pelas demais
autoridades (1 Tm 2.2).
A função do Estado. Depois da queda de Adão e Eva,
o homem tornou-se avesso às leis, passando a comportar-se de maneira cruel, vil
e egoísta. Manter a humanidade caída dentro da lei é uma necessidade básica
para a promoção e manutenção da ordem pública. Foi por isto que Deus constituiu
o Estado: promover a ordem através da observância das leis, para que todos
tenham uma vida sossegada (1 Tm 2.1,2).
Antes de continuarmos, vejamos o que é o Estado. É a nação política e
juridicamente organizada. Ou seja: é o país governado de acordo com as leis que
todos, sem exceção, são obrigados a observar, visando a promoção do bem comum.
A atuação das autoridades concentra-se em dois pólos: o castigo dos
malfeitores e o louvor dos que praticam o bem. De acordo com as palavras de
Pedro, o Estado deve agir tanto punindo os maus como promovendo o bem comum. Os
crentes devem cooperar com as autoridades, mostrando, através de um testemunho
digno, serem de fato filhos de Deus (1 Pe 2.13-15).
POR QUE DEVEMOS NOS SUJEITAR ÀS AUTORIDADES
Porque as autoridades foram ordenadas por Deus. Paulo mostra
que Deus não somente constituiu como mantém as autoridades humanas. No Antigo
Testamento, há várias declarações a respeito da soberania divina (2 Sm 12.7,8;
Jr 27.5-7; Dn 2.21; 4.17,32; 5.21).
O próprio Jesus fez alusão a isto (Jo 19.11). Assim, temos certeza de
que não há poder independente de Deus. Governo, lei e ordem são evidências da
intervenção divina na vida e na história da humanidade. Ele é soberano; está no
comando de tudo.
Quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus. Resistir é
“opor-se a”. O que resiste à autoridade está em oposição ao próprio Deus. Esta
pessoa trará sobre si a condenação e o justo juízo.
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O ESTADO
A sujeição às autoridades. “Toda a alma esteja
sujeita...”. É uma ordem dirigida a todos sem qualquer exceção. Em 1 Pe 2.13,
sujeitar-se significa “colocar-se debaixo de”, “submeter-se”. Significa ainda
que devemos, voluntariamente, obedecer às autoridades constituídas. Essa sujeição,
contudo, não implica obediência cega. É uma atitude de reconhecimento das
pessoas que ocupam posição de comando numa sociedade juridicamente organizada.
O cristão não está sujeito às autoridades por medo, como acontece com os
malfeitores, mas devido à sua consciência moldada na Palavra de Deus (Rm 13.5).
Ele vê a necessidade de lei e de ordem em conseqüência do pecado. No entanto,
como veremos, esta sujeição tem limites.
Deus e o Estado. A Bíblia deixa claro: se o Estado colocar-se
entre o cristão e a sua relação com Deus, devemos optar por obedecer a Deus,
cuja soberania é inquestionável (At 4.18-20; 5.28,29). Pois as autoridades
humanas foram designadas por Ele para o cumprimento de sua vontade.
Portanto, devemos sujeitar-nos às autoridades enquanto estas não se
puserem entre nós e a nossa lealdade a Deus e aos seus mandamentos. Acima de
qualquer autoridade está Jesus Cristo — Ele é o Rei dos reis e Senhor dos
Senhores. O cristão não se submete à autoridade por causa dela em si, mas por
ser filho de Deus e por observar as Sagradas Escrituras.
O Estado e os irmãos na fé. Sendo nós cidadãos dos céus, é
inadmissível as dissensões em nosso meio, principalmente motivadas por questões
políticas. É natural que existam divergências políticas: somos pessoas
diferentes, com opiniões diferentes. Mas estas opiniões não podem, jamais,
prejudicar a comunhão cristã. Que estas questões, pois, não sejam levadas para
a comunidade dos santos; que elas fiquem no âmbito das relações terrenas.
Nossas obrigações em relação ao Estado. A Igreja,
como corpo de Cristo, não está sob o domínio do Estado. Mas como cidadãos,
todos temos obrigações para com este. A expressão “a quem tributo, tributo; a
quem honra, honra” (Rm 13.7) é um imperativo a ser considerado por todos os
cidadãos, inclusive pelos crentes.
Obrigações políticas. Uma vez que o nosso país é
governado por um regime democrático, é dever de todo o cidadão cumprir o seu
papel, exercendo o direito de escolha de seus representantes e governantes.
Contudo, procure sempre optar por aquele que se acha comprometido com a
promoção do bem comum. O comércio de votos é uma afronta à democracia e um
grave pecado diante de Deus.
Obrigações contributivas. Pagar impostos é um dever de
todo o cidadão. Como cristãos, devemos pagar os impostos ao Estado em
obediência às leis governamentais, sabendo que, com esta atitude, estamos
obedecendo à orientação de Jesus: “Dai, pois, a César o que é de César...” (Lc
20.25).
No Sermão da Montanha, Jesus realçou o dever de sermos luz do mundo e
sal da terra, a fim de que o nome de Deus seja glorificado diante dos homens. O
cumprimento de nossos deveres para com o Estado demonstra a qualidade de nossa
vida cristã, engrandece o nome do Senhor e nos torna partícipes da manutenção
da ordem pública e da promoção do bem comum.
“O que a Igreja pode sofrer com os maus políticos.A Igreja poderá
sofrer grandemente com a ação de homens ímpios. Há no Congresso projeto de lei
propondo a ‘união civil entre pessoas do mesmo sexo’, que nada mais é a
legalização pura e simples do homossexualismo, considerado, na Bíblia, um
pecado gravíssimo, ‘uma abominação ao Senhor’ (Lv 18.22,23; Rm 2.24-28).
Recentemente, outro projeto legalizando o aborto, já foi apresentado. Em breve
poderão vir projetos, legalizando a eutanásia, a clonagem, o jogo do bicho, os
cassinos, e a maconha, alem de outros que destroem a dignidade humana. Quem faz
as leis? Os pastores? Os evangelistas? Os missionários? Não! São aqueles que
são eleitos, inclusive com o voto dos cristãos. Portanto, é tempo de despertar.
De agir com santidade, mas sem ingenuidade.
[...] No texto de Romanos 13.1-4, vemos que a Bíblia considera legitimo
o exercício da autoridade humana, acentuando o papel das ‘autoridades superiores’.
Aqui não se tratam de anjos ou arcanjos, mas de autoridades constituídas
legalmente. Entre essas, sem dúvida, inserem-se as autoridades políticas,
detentoras de mandato representativo. São elas que fazem as leis que têm
influência sobre toda a sociedade, na qual está incluída a igreja cristã.[...]
É por demais eloqüente a afirmação de Jesus, perante Pilatos, quando o
governador diz que tinha poder para mandar prendê-lo ou soltá-lo. De modo
claro, o Senhor afirmou que o poder político que o governador tinha, ele o
recebera ‘de cima’, ou seja, dos céus.” (LIMA, E. R. Ética Cristã. RJ:
CPAD, 2002, pp.204-5,208).
Vivendo
como salvos cap 13
O discernimento do “kairos” divino ou do tempo que Deus
determinou para a nossa salvação, impele-nos a vivermos como salvos: “porque a
nossa salvação está, agora, mais perto de nos do que quando aceitamos a fé...
Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz”
(vv.11,12). Professor, atente para o modo dos verbos: rejeitar, vestir, andar e
revestir nos versículos 12 a 14, todos estão no imperativo. O modo imperativo
exprime uma atitude de ordem, solicitação, convite ou conselho. Portanto, viver
como salvo neste século perverso implica em ações que contemplem a santidade, a
ética, o caráter e a moral cristã, de acordo com o exemplo de
Cristo (v.14).
O texto da Leitura Bíblica em Classe, conclui as exortações tratadas nos
capítulos 12 e 13 de Romanos por meio de dois parágrafos: vv.8-10 e 11-14. O
primeiro, sintetiza todas as exigências éticas expostas no Decálogo (Êx
20.13-17), na lei do ágapeou do amor. Paulo segue e mantém a
tradição judaico-cristã que resume os valores éticos e morais em relação ao
outro, no imperativo “amar o próximo como a si mesmo” (Lv 10.18: Mt 22.35-40;
Gl 5.14). Observe que o termo grego “agápe” ou amor é a palavra-chave,
presente no início e final da primeira divisão (vv.8,10). No segundo, Paulo
exorta a igreja ao discernimento do “kairos”, isto é, do tempo da salvação, da
aproximação escatológica: “A noite é passada, e o dia e chegado” (v.12 cf. 1 Co
15.51,52; 1 Ts 4.15-17). No entanto, a percepção cronológica do fim
transforma-se em ações santas e no completo revestimento do caráter de Cristo
(vv.12-14). Por fim, cabe aqui lembrar, do profundo impacto que o versículo
treze causou na vida de Agostinho.
Paulo cita cinco mandamentos do Decálogo e diz que estão todos resumidos
numa única lei: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (v.9). Peça aos alunos
para que reflitam por alguns instantes sobre cada lei mencionada por Paulo. A
seguir, solicite que mostrem como o cumprimento da lei do amor produz
obediência a cada uma das outras leis.
No texto de Romanos 13.8-14, o cristão é exortado a viver de modo digno
diante de Deus e dos homens (Ef 4.1-3; Cl 1.10; 1 Ts 2.12). Ele também é
impelido a uma vida santa, tendo em vista o iminente retorno do Senhor e o
glorioso futuro que o aguarda (vv.11-14). A Leitura Bíblica de nossa lição,
portanto, divide-se em duas seções principais: exortação ao amor fraternal (vv.8-10)
e exortação á esperança do retorno de Cristo (vv.11-14).
O AMOR CRISTÃO
A essência do Cristianismo é o amor (Rm 13.8-10; 1 Co 13). Isto foi
declarado pelo Senhor ao ser inquirido por um doutor da lei (Lc 10.25-27), e ao
dar as últimas instruções aos discípulos (Jo 13.34,35). O apóstolo João afirma:
“Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade” (1 Jo 4.8).
Entretanto, todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
O amor ao próximo. Quando interrogado sobre quem é
o nosso próximo, Jesus proferiu a parábola do Bom Samaritano, esclarecendo que
o próximo pode ser qualquer pessoa que necessite de nosso amor (Lc 10.25-37; Mt
5.44).
A ordenança de Jesus, portanto, ultrapassa o limite de ajudar apenas os
nossos amigos ou admiradores; devemos amar também os que nos maltratam (Mt
5.43-48). Somente assim poderemos demonstrar que, realmente, somos filhos de
Deus (Mt 5.45).
Assim como Ele nos amou, quando éramos por natureza filhos da ira (Rm
5.8,10), devemos amar os que nos perseguem (Lc 6.27,28). Escreve o apóstolo:
“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe
de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça”
(Rm 12.20).
O amor que procede do Espírito. A Bíblia afirma que antes de
conhecermos a Cristo, éramos “odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3).
Sem Cristo, ninguém é capaz de amar ao próximo, muito menos se este for
um inimigo contumaz. Mas, como nova criatura (2 Co 5.17), “o amor de Deus está
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5). O
fruto do Espírito leva-nos a amar até mesmo os que nos odeiam. Além disso,
afirmou Jesus que seus discípulos seriam conhecidos pelo amor com que se amavam
(Jo 13.35).
O amor cristão é prático. A essência da vida cristã é a
prática do amor e da fé. Assim como a fé sem obras é morta (Tg 2.20), o amor,
que não se manifesta em atos, não reflete a excelência da vida cristã renovada
pelo Espírito: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por
obra e em verdade” (1 Jo 3.18).
O amor é demonstrado quando o cristão obedece às leis divinas: “Com
efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho,
não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte
que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.9,10).O cristão não se limita a fazer
o bem ao próximo, mas ama-o como a si mesmo!
A CERTEZA DO FIM
No tópico anterior, vimos a importância do amor em nossa vida prática.
Como a nossa vida não se restringe a este mundo, aguardamos ansiosamente a
manifestação de Cristo. Por conseguinte, a doutrina das Últimas Coisas tem
íntima conexão com a vida e o comportamento do cristão.
O Deus da História. Sabemos que Deus atua providencialmente na
história humana (At 2.23; 4.27,28). Ele não age fortuitamente, pois nada foge
ao seu controle. A salvação é um exemplo deste maravilhoso domínio (Gn 3.15; Is
7.14; Mq 5.2; Gl 4.4,5; Rm 5.6).
Um fim predeterminado. Podemos constatar nas
Escrituras que tudo acontece progressivamente no mundo, caminhando para o fim
predeterminado por Deus (Ef 1.9-11). E o cristão deve estar ciente disto (Tt
2.11-13; 2 Pe 3.13; 2 Tm 3.1; 1 Jo 2.18).
A vinda do Senhor é certa. A Bíblia afirma isto diversas
vezes (At 1.10,11; Mt 26.64; Ap 1.7; 22.20). O Senhor virá buscar a sua Igreja
e estabelecer o seu reino eterno. Os ímpios, assim como o Diabo e seus anjos,
serão lançados da presença do Senhor para o sofrimento eterno (2 Ts 1.7-10; Mt
25.41).
O comportamento cristão. O crente é exortado a uma vida
de santidade pela certeza do retorno iminente de Cristo (Rm 13.11). Sua vida em
nada lembra o modo de viver dos incrédulos. Por esta razão, vive como peregrino
(2 Co 5.1; 1 Pe 2.11,12), não amando o mundo nem o que há nele (1 Jo 2.15-17) e
almejando o dia em que deixará para sempre este corpo mortal (Fp 3.20,21).
A SALVAÇÃO PLENA
Paulo afirma que estamos mais perto da salvação do que quando aceitamos
a fé: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono;
porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos
a fé” (v.11).
A fim de compreendermos melhor esta afirmação, faz-se necessário abordar
a salvação de acordo com os três tempos definidos pela Bíblia: passado,
presente e futuro.
Passado: “Nós fomos salvos”. Quanto à culpa do pecado, o
cristão já está salvo da maldição e da condenação da lei (Rm 8.2; 6.6; Tt 3.5). Presente:
“Estamos sendo salvos”. Quanto à sua relação com o poder e a corrupção
do pecado, o cristão está constantemente aperfeiçoando a sua salvação conforme
diz a Bíblia (Fp 2.12). Futuro: “Seremos salvos”. Em Romanos
8.18-23, Paulo fala da salvação absoluta, final e completa. O escritor aos
Hebreus também se refere aos que aguardam a Cristo para a salvação (Hb
9.27,28). De modo semelhante, Pedro trata da salvação “já prestes para se
revelar no último tempo” (1 Pe 1.3-5,8,9).
O CONTRASTE ENTRE LUZ E TREVAS
. A diferença entre a luz e as trevas. A diferença entre o salvo e
aquele que não tem a Cristo é tão grande quanto a existente entre a luz e as
trevas. E não é uma questão apenas de comparação; é um fato demonstrado pelo
Senhor Jesus (Jo 8.12; At 26.16-18).
O salvo, por conseguinte, não é alguém “um pouco melhor” do que os
demais; é total e absolutamente diferente (Ef 5.6-8; 1 Ts 5.1-6; 1 Pe 1.23; 1
Jo 5.17-19).
A santificação requerida. A Escritura ensina que a
santificação é decorrente de uma nova natureza: “Eleitos segundo a presciência
de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do
sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2).
O crente foi resgatado para uma vida santa (1 Co 6.19,20; 1 Pe 1.16).
Cristo não veio apenas livrar o homem do inferno; veio torná-lo santo (Tt
2.14).O objetivo de Deus é que o crente participe da “herança dos santos na
luz” (Cl 1.12). João chama de mentiroso aquele que diz ter comunhão com Deus e
não muda seu modo de viver (1 Jo 1.5,6; 2.4). O salvo é luz no meio de um mundo
perverso (Fp 2.15).
Quem convive com as trevas. O cristão corre perigo quando
vive como se pertencesse à noite. (1 Ts 5.4-7). Assim como Demas (2 Tm 4.10), o
que ama as trevas pode ser seduzido por elas. A sedução do homem é progressiva.
O crente começa fazendo concessões em algumas práticas “inocentes”. Não demora
muito, e já estará fazendo concessão em matéria de fé e quanto ao modo de entender
a Palavra. Pedro garante que, procurando viver como filho da luz, o cristão não
tropeça (2 Pe 1.10,11).
É requerido daquele que nasceu de novo um comportamento condizente com a
nova vida em Cristo. O retorno de Cristo reforça a necessidade de uma vida
pautada nos padrões bíblicos. O amor de Deus, implantado e sendo aperfeiçoado
no crente pelo Espírito Santo, é imprescindível para o apropriado
relacionamento do crente com o próximo.
“O serviço cristão em relação às autoridades (13.1-7).O serviço cristão
nesta esfera alcança toda a sociedade, e o crente deve ter um comportamento à
altura dos verdadeiros ideais do cristianismo.13.1. Toda alma esteja sujeita às
potestades superiores. O apóstolo recomenda a submissão à autoridade
constituída. A seguir, o texto declara a razão por que devemos nos submeter às
autoridades: ‘Porque não há potestades que não venham de Deus: e as potestades
que há foram ordenadas por Deus’. A palavra potestade refere-se à autoridade,
ou poder delegado. Nesta parte do versículo, Paulo declara que toda a
autoridade vem de Deus.
13.2. Neste versículo o resistir às autoridades significa resistir a
Deus, por isso estamos legalmente obrigados a reconhecer e a obedecer às
autoridades constituídas. Resistir à autoridade é opor-se à lei divina, pois
Deus mesmo reconhece a lei civil. Quebrar a lei ou transgredi-la implica em
conseqüências negativas, isto é, em condenação, não só da parte das autoridades
civis, mas também da parte de Deus.
13.6,7. Temos responsabilidade para com as autoridades. Não só devemos
acatá-la e obedecer-lhes na ‘letra da lei’, mas devemos cumprir os seus
regulamentos. Paulo declara que, por razão de consciência, devemos também
‘pagar tributos’. No versículo 7 diz: ‘Dai a cada um o que deveis’. Esse é um
dever de todo o crente. Se for tributo, dê-se a quem se deve dar tributo. Se o
temor, dê-se a quem se deve temor, isto é, respeito e reverência. Se é honra,
dê-se honra a quem deva honra.” ELIENAI, C. R. Comentário bíblico:
Romanos. RJ: CPAD, 1999, pp.138, 139).
A
tolerância para com os fracos na fé cap 14
O capítulo 14 de Romanos inicia um novo bloco de
exortações. Os dois últimos capítulos estudados tratavam de uma série de
sentenças e discursos morais que, embora interdependentes, abordavam assuntos
gerais. No texto bíblico desta lição, entretanto, Paulo escreve a fim de
intervir em alguns problemas internos da igreja em Roma. Havia entre os
cristãos dois grupos partidários: os fracos na fé — que hesitavam em comer
determinados alimentos —, e os fortes na fé — que se consideravam esclarecidos
para viver a liberdade cristã sem observar leis dietéticas. O primeiro
distinguia os alimentos entre “puro” e “impuro” e, o segundo acreditava que
“todas as coisas são lícitas” (1 Co 6.12). Esteja apto para
desenvolver este interessante tema.
Havia na igreja em Roma dois grupos bem definidos: os “enfermos na fé”
(14.1) e os fortes (15.1). Paulo pertencia ao segundo grupo. É preciso observar
a relação existente entre o assunto tratado no capítulo 14 de Romanos e em
outras exortações paulinas aos Coríntios (1 Co 10.22-33), Gálatas (4.9,10) e
Colossenses (2.16-23).
As semelhanças entre essas epístolas concernentes ao tema descrito são
apenas aparentes. Na igreja em Corinto, os fracos na fé não comiam as carnes
sacrificadas aos ídolos que eram vendidas no mercado público, porque temiam
cometer o pecado de idolatria. Não é este o caso na igreja em Roma. Em Corinto,
o problema é religioso; em Roma, provavelmente ascético. Na igreja dos gálatas,
o problema está na observação dessas normas dietéticas como necessárias à
salvação. Em Roma, o problema é cultural, mas na Galácia é soteriológico. Em
Colossos, a abstinência de alimentos estava relacionada à observação de um
calendário ascético proposto pelos adeptos do gnosticismo, logo, a prática era
uma manifestação herética deste grupo. Por estas razões, Paulo suporta a
fraqueza de alguns crentes romanos, enquanto é intolerante a tais práticas nas
demais igrejas citadas.Havia sérias divergências entre os crentes de Roma sobre
a ingestão de carne. Uns achavam que deviam comer somente legumes; outros
supunham não haver nenhum problema em se consumir até mesmo os alimentos que
ofendiam os cristãos de origem judaica.
A questão, explica Paulo, não estava no ato de comer em si, mas na
postura pessoal entre eles. Por isso, devemos ter cuidado com o julgamento que
fazemos de nossos irmãos em Cristo.
O que o apóstolo desejava, em outras palavras, é que os cristãos romanos
não julgassem uns aos outros por causa dessas coisas, mas se aceitassem
mutuamente conforme Cristo ensinara.
DEVEMOS NOS ACEITAR MUTUAMENTE
Cristo nos aceita do modo como somos. Paulo ensina que judeus e
gentios devem amar uns aos outros assim como Cristo amou a ambos: “recebei-vos
uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para a glória de Deus” (Rm
15.7).
Isto significa que, na comunidade dos santos, não há lugar para
prejulgamentos: “Quem és tu que julgas o servo alheio?”. Todos somos iguais
perante Cristo, e somente Ele, por meio de sua graça redentora, pode firmar os
fracos (v.4).
Somos imperfeitos. Se desejamos, de fato, crescer
e alcançar a perfeição exigida pela Palavra de Deus, devemos acrescentar
diariamente à nossa fé a virtude, e à virtude o conhecimento (2 Pe 1.5).
Ora, se ainda não chegamos à estatura de varões perfeitos, como
poderemos julgar nossos irmãos por causa de coisas insignificantes como
acontecia entre os crentes romanos?
Somos membros de uma mesma família. Como filhos de Deus, devemos
cuidar uns dos outros e nos amarmos com o amor que nos concedeu o Pai (1 Jo
3.1). A Bíblia nos ensina que somos um só corpo: o corpo de Cristo (1 Co 12.27)
que está sendo edificado (Ef 4.12-15). Portanto, acima de nossos direitos e
desejos está o bem comum, o cuidado dos outros e o crescimento da Igreja do
Senhor.
TIPOS DE CRISTÃOS
Um ponto interessante a ser destacado, no texto em estudo, é a diferença
entre os vários tipos de crentes na igreja de Roma. Isto significa que há,
entre os filhos de Deus, diferentes níveis de conhecimento e de fé. Há os
crentes meninos, os maduros, os carnais, os espirituais, os fracos, os fortes
etc. (Ef 4.14; 1 Co 3.11; 1 Co 8.11).Todos somos crentes, nascidos de novo. No
entanto, cada um de nós tem um modo próprio de vivência cristã e de enfrentar
os problemas e as necessidades do cotidiano. Todos temos uma reação diferente
diante das mesmas circunstâncias; um jeito peculiar de ver e julgar as
situações.
Cristãos fortes. A igreja de Roma enfrentava
problemas semelhantes aos de Corinto e de Colossos (1 Co 8; Cl 2.16-23):
conflitos entre os cristãos fracos e os fortes (1 Co 8.7). Os fortes são os que
conhecem a Palavra de Deus; os fracos ainda não alcançaram o verdadeiro
entendimento das coisas espirituais.
Quando o homem aceita a Cristo, sente imediatamente a necessidade de
crescer no conhecimento da fé que abraçou e de desenvolver-se na salvação
conforme nos ordena a Bíblia: “Operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fp
2.12).
Muitos, infelizmente, negligenciam a busca pelo crescimento espiritual.
O escritor aos Hebreus chegou a dizer que gostaria de ministrar um ensino mais
substancial aos seus leitores; estes, porém, ainda não podiam receber algo mais
substancial devido à sua falta de crescimento (Hb 5.11-14).
Cristãos fracos. Em geral, por falta de
conhecimento, os cristãos fracos suscitam uma infinidade de barreiras que
acabam por comprometer o seu crescimento espiritual. Em Roma, por exemplo, os
cristãos de origem judaica achavam que comer carne era pecado; outros, ainda
presos à lei de Moisés, guardavam o sábado e outros dias tidos como sagrados
pelo judaísmo.
Quanto a tais coisas a Bíblia diz: “Estai, pois, firmes na liberdade com
que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da
servidão” (Gl 5.1).
Perigos para fortes e fracos. Os fortes correm o risco de se
tornarem arrogantes, desprezando aos que têm menos conhecimento. A solução,
portanto, é que eles se portem com humildade e amor: “Se o manjar escandalizar
a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão se não escandalize”
(1 Co 8.13).
Os fortes tendem a se portar como o fariseu que, soberbamente, agradecia
a Deus “por não ser como os demais” (Lc 18.11). O orgulho sempre estará
rondando os irmãos mais fortes na fé; eis porque estes devem revestir-se de
humildade.
Julgar os demais é o pecado em que pode incorrer o irmão mais fraco.
Como ele, que não come carne, acha-se no direito de julgar os que o fazem,
condena a postura de seus irmãos na fé por causa de questões secundárias e que
nenhuma importância têm para a fé cristã.
VIVENDO A VERDADEIRA LIBERDADE EM CRISTO
Se por um lado, os cristãos não mais estão presos às ordenanças
cerimoniais da Lei de Moisés, isto não significa que possamos levar uma vida
libertina e isenta de limites. Pelo contrário: os filhos de Deus são exortados
a ser santos em toda a sua maneira de viver. Sejamos santos, porque Aquele que
nos chamou é santo.
Infelizmente, muitos cristãos têm a propensão de carregar consigo certas
coisas do passado. Era o que acontecia com alguns crentes de Roma.
A ingestão de carnes. Para os judeus, alguns tipos de
carne eram terminantemente proibidos. Levando-se em conta que, em Roma,
ofereciam-se também carne aos ídolos, os cristãos de origem judaica não somente
a evitavam, como também criticavam os crentes gentios por usarem-na em sua
dieta.
Havia também alguns crentes de origem gentílica que se abstinham de
carne, já que corriam o risco de comer algo sacrificado aos ídolos.
E o que dizer dos que pregavam o ascetismo? Eles não somente ensinavam
que não se podia comer carne como também punham-se contra o casamento. Tais ensinamentos
foram considerados por Paulo como “doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1-8).
O ensino bíblico quanto a isso é bastante claro. Paulo afirma que todas
as coisas que Deus criou são boas (1 Tm 4.4) e que nada, em si, é imundo (Rm
14.14). O próprio Cristo asseverou: “nada há, fora do homem, que, entrando
nele, o possa contaminar” (Mc 7.15,18,19).
Guardando dias especiais. No Antigo Testamento, os judeus
eram obrigados a observar certos períodos e dias santificados. Além disso,
eles, por si mesmos, introduziram outras ordenanças que, conforme denunciara o
Senhor Jesus, não passavam de mandamentos de homens (Mt 15.8,9).
Por conseguinte, alguns judeus cristãos sentiam-se na obrigação de
guardar sábados e luas novas, não percebendo que, no Novo Testamento, não nos é
imposta nenhuma obrigação nesse sentido.
A postura correta. Quanto a estas questões, a Bíblia contém a
devida diretriz:
a) “Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo” (v.5). Isto
significa que o crente deve agir de acordo com sua própria consciência, que
deve estar alinhada com a Palavra e iluminada pelo Espírito Santo.
b) Somente Jesus é Senhor e Juiz. Somos todos irmãos, e não
juízes. Isto não significa, porém, que não podemos julgar as questões surgidas
entre nós. Este julgamento, no entanto, tem de ser conduzido conforme o
recomendado por: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta
justiça” (Jo 7.24). Aliás, escreve o apóstolo aos coríntios que os santos hão
de julgar os anjos (1 Co 6.3). Logo, estamos habilitados também a julgar as
coisas desta vida com temor de Deus. Mas que todo julgamento, frisamos, deve
ser segundo a reta justiça.
O objetivo maior de todo o crente deve ser o crescimento do Reino de Deus
e a edificação da Igreja. Tudo o que o cristão vier a ser, ou a fazer, deve
objetivar o desenvolvimento do corpo de Cristo, nunca para o seu prejuízo.Toda
sua conduta deve ser guiada pelo amor aos demais irmãos.
“Grande parte da discussão no capítulo 14 diz respeito a certos
tipos de alimento que são imundos. A palavra grega ‘koinos’ (imundo,
impuro) era usada pelos judeus para simbolizar o que era profano ao invés do
que era sagrado (Mc 7.2,5). A proeminência deste conceito em Romanos 14 também
sugere que a disputa dietética entre os crentes romanos estava sendo continuada
entre judeus, que desejavam observar os regulamentos dietéticos, e gentios, que
não tinham interesse em tal restrição de liberdade.
A controvérsia na comunidade cristã em Roma gira em torno das práticas
de comer carne, da observância de certos dias como mais santos que os outros e
do vinho (a última atividade recebe menos ênfase no texto). Os que comiam
carne, bebiam vinho e desconsideravam o valor particular relacionado a certos dias
são chamados de ‘forte’ (Rm 15.1); os que faziam o oposto são os ‘fracos’
(15.1), ou débeis na fé. A associação dos fracos com os que se privam de comer
carne por causa das categorias de limpo e imundo (Rm 14.2,14) mostra que os
judeus eram os que Paulo considerava fraco, e os gentios, fortes.
Claro que esta é uma simplificação do assunto. As divisões nas igrejas
que se reuniam nas casas romanas não estavam tão nitidamente delineadas na
linha étnica. Certamente havia judeus como Paulo que apoiavam os ‘fortes’.
Reciprocamente, havia alguns gentios convertidos ao cristianismo que, tendo
entrado na Igreja pela sinagoga como pessoas tementes a Deus ou mesmo como
prosélitos judeus, favoreciam a retenção das práticas judaicas que eles tinham
adotado. É natural que estas pessoas teriam esperado que os outros cristãos
seguissem esse mesmo padrão de obediência à lei de Deus.
[...] A preocupação dos fracos era com a preservação de certas práticas
que eles consideravam expressões necessárias da fé cristã. A questão, como
Paulo a vê, não é sobre legalismo — se for entendido como um sistema no qual
certos rituais são observados como meio de se obter a graça —, porque Paulo
aborda os fracos como os que já foram aceitos por Deus (Rm 14.3; 15.7). Em
outras palavras, a questão não é sobre como se tornar crente, mas como agir
como tal.
Nas palavras de Cranfield, estes crentes judeus sentiam que ‘era somente
ao longo deste caminho particular que eles podiam expressar obedientemente sua
resposta de fé à graça de Deus em Cristo’. As leis dietéticas e a observância
de dias santos, quer sejam sábados ou dias de festa, eram marcas
identificadoras dos judeus na Palestina e na Diáspora. Era-lhes difícil
conceber que estes identificadores, que tinham sido tão críticos para eles se
verem como o povo do concerto de Deus, agora deviam ser abandonados.” (Van
Johnson. Romanos. In ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. Comentário
bíblico Pentecostal. RJ: CPAD, 2003, pp.903-4).
O amor é a
essência da vida cristã cap 14-15
. A fraqueza a que Paulo se refere, não está relacionada a problemas
morais ou aos alimentos sacrificados aos ídolos, combatidos severamente pelo
apóstolo na igreja em Corinto (1 Co 5.1-5; 10). Portanto, os textos estudados
não abrem concessão a pecados morais, mas orienta concernente à atitude que o
crente maduro deve assumir diante dos irmãos que fazem determinadas restrições
a certos tipos de alimentos
Os fortes na fé são exortados a não ferir a consciência dos débeis.
Estes dois grupos além de estarem divididos (14.2), julgavam uns aos outros
impedindo o fluxo da comunhão entre eles (v.13; 14.3,4). Paulo, embora admita
que faça parte do primeiro grupo, recomenda que os fortes na fé suportem as
fraquezas do outro grupo (15.1). A admoestação paulina amplia o conceito
tratado em 1 Coríntios 10.23. Àqueles que são maduros na fé, não devem usar de
sua liberdade e consciência cristã contra os mais fracos: “Não destruas por
causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu”. Pelo contrário, com base na
lei do amor, deve considerar a fragilidade destes (14.15). Portanto, a lei da
liberdade em Cristo, não substitui ou antecede a lei do amor, mas segue a após
e a complementa.
A visão individualista é unidimensional, isto é, de uma única dimensão —
o próprio indivíduo. O amor, entretanto, é pluridimensional, ou seja, possui
várias dimensões — Deus, o indivíduo e o próximo. A vida humana consiste em
relacionamentos. Tudo o que o homem é reflete-se em seu modo de lidar com as
pessoas. Por isto, a Bíblia ensina como o cristão deve viver em sociedade. Já
nascido de novo, o crente deve viver de acordo com um padrão de comportamento
pautado no amor. Não levando em consideração os seus próprios interesses (1 Co
13.5), pois o amor de Cristo contrapõe-se ao individualismo egocêntrico tão
cultuado nos dias atuais.
O AMOR CRISTÃO
Uma vida nova. É impossível falar do salvo em Cristo sem se
referir ao verdadeiro amor cristão. Estar arraigado no Filho de Deus significa,
antes de tudo, achar-se arraigado no amor (Cl 2.7; Ef 3.17) que, juntamente com
a fé e a esperança, faz parte da essência da vida cristã (1 Co 13.13; 1 Ts 1.3;
Cl 1.4). No amor de Deus, concretiza-se a nova vida em Cristo.
Deus nos amou primeiro. O amor com o qual os cristãos
devem amar-se uns aos outros é um reflexo do amor de Deus em Cristo. Há na
Bíblia várias expressões exortando os crentes a amarem-se uns aos outros como
Cristo nos amou (Fp 2.1,2,5; Ef 5.2,25; Rm 12.1,9-21; 1 Jo 4.8,16).
Edificados em amor. Amar uns aos outros é um
mandamento do Senhor Jesus (Jo 15.12). Assim, todos saberão que somos seus
discípulos (Jo 13.35). O amor é um elemento essencial para a vida e o
crescimento da Igreja (Ef 4.15,16); é o vínculo da perfeição (Cl 3.14). O amor
é mais importante do que qualquer discussão. É o amor que mantém a unidade da
Igreja (Cl 2.2), o corpo de Cristo. Este conceito permeia todo o ensino
bíblico. O apóstolo chama a igreja à responsabilidade mútua: todos devemos
formar uma perfeita unidade. Portanto, que o amor de uns para com os outros
seja colocado a serviço da edificação da Igreja. Nada é mais importante que o
amor na Igreja de Cristo (Ef 4.13; Cl 3.14).
O INDIVIDUALISMO É PREJUDICIAL AO AMOR
Individualismo. O individualismo é o sistema
egocêntrico no qual o ser humano opta por viver exclusivamente para si. Nada
pode ser mais contrário ao ensino bíblico! Bastante adotado atualmente, o
individualismo tem diferentes manifestações: o egoísmo, a inimizade, o ódio (Rm
1.29). Logo, é fácil entender por que a Bíblia o repele tão fortemente,
colocando-o em sua “lista de vícios” (Ef 4.31; Cl 3.5).
O contra-ponto. O vivar cristão tem como alvo
amar ao próximo (Jo 13.35), considerar os outros superiores a si mesmo (Fp 2.3)
e abdicar de seus direitos em prol do bem-estar alheio (Fp 2.4). João também é
enfático ao afirmar: quem não ama não é nascido de Deus (1 Jo 4.7,8). Se alguém
nasceu de novo, ama ao próximo assim como Cristo nos amou. É algo imperativo! A
Bíblia exorta-nos a ter o mesmo sentimento de Cristo (Fp 2.5): humildade, amor
e altruísmo (Rm 15.3).
LIDERDADE CRISTÃ
Agindo sempre com sabedoria. A igreja em Roma tinha dois
grupos: os mais fracos e os mais fortes na fé. Em função disto, Paulo dirige-se
a ambos com palavras sábias e precisas a respeito de um assunto que os dividia
— a ingestão de certos alimentos tidos como imundos.
O apóstolo Pedro, como judeu, enfrentou problemas nessa área até que
veio a compreender devidamente o plano de Deus (At 10.9-15).
Antes de entrar no assunto, Paulo evoca sua autoridade apostólica: “Eu
sei e estou certo, no Senhor Jesus, que nenhuma coisa em si mesma é imunda...”
(Rm 14.14). Dessa forma, todos podiam estar tranqüilos: tantos os fortes quanto
os fracos na fé, pois esta palavra vinha de alguém que possuía, de fato,
autoridade. Antes de se converter, era o apóstolo um judeu nacionalista e um
fariseu nitidamente legalista. Mas agora, salvo em Jesus, compreende ele: o
Reino de Deus não é comida nem bebida mas justiça, paz, e alegria no Espírito
Santo (Rm 14.17). As proibições dietéticas da Lei de Moisés, por conseguinte,
funcionavam apenas como sombras dos bens futuros. Com a chegada de Cristo, já
não tinham razão de ser; não passavam de rudimentos.
A Igreja e o Judaísmo. A Igreja de Cristo não está
obrigada a cumprir as regras do judaísmo, pois o Senhor Jesus, através de sua
morte, libertou-nos da maldição da Lei. Aliás, o próprio filho de Deus ensinou:
o que realmente importa na lei são as reivindicações de Deus quanto à justiça,
à misericórdia e à fé (Mt 23.23 cf. Mq 6.8; Mt 5.17; Rm 10.4).
Aos crentes que assimilavam o ensino do Novo Testamento, Paulo chama-os
de fortes. Apesar disso, não devem eles prevalecer sobre os mais fracos, vindo
a desprezá-los por não haverem, ainda, alcançado o pleno entendimento do plano
de Deus. Ora, se os fortes não devem desprezar os fracos, estes por sua vez não
devem censurar os fortes. Pois a obrigação de ambos é se amarem como Cristo nos
amou e entregou-se por nós (Rm 14.13).Há que se levar em conta sempre o “bem
maior” — o Reino de Deus! Esta é a bússola do crente que vai guiá-lo em suas
decisões: o bem-estar do corpo de Cristo!
O Reino de Deus. Cristo veio ao mundo com a finalidade de
tornar os homens cidadãos do seu reino (Mc 1.14,15). Por conseguinte, o cristão
é um cidadão do Reino de Deus (Cl 1.13), onde tudo é diferente (Jo 18.36),
inclusive a maneira de se pensar (1 Co 2.16). Logo, o meu modo de ser já não
importa. Devemos ver tudo sob a perspectiva do Reino. O Rei dos reis exorta-nos
a buscar o Reino de Deus e a sua justiça, a fim de que as demais coisas nos
sejam acrescentadas (Mt 6.33). Portanto, o comer, o vestir-se, o ter um teto
para se abrigar, embora importantes à nossa sobrevivência, são postos em
segundo plano.
Individualismo x Reino. A partir do momento que o
cristão se dá conta de que participa do Reino de Deus (1 Pe 2.9,10), seus
esforços começarão a ser investidos no crescimento deste Reino e na
glorificação do Rei dos reis e Senhor dos Senhores.
O salvo busca agradar ao próximo, promovendo-lhe a edificação (Rm 14.19;
15.2), em detrimento do seu próprio bem-estar. Por esse motivo, no Reino de
Deus não há lugar para o individualismo, pois o Senhor Jesus é tudo em todos.
Liberdade x amor. Embora o cristão não seja
obrigado a observar as regras dietéticas da lei de Moisés, Paulo exorta-nos a
não agir de forma individualista. Ele insta-nos a que visemos, em primeiro
plano, o bem-estar espiritual de nossos irmãos, a fim de que estes não se
escandalizem com as nossas atitudes. Pois a nossa liberdade não pode
escandalizar aqueles por quem Cristo morreu. Aliás, o próprio Senhor deixa-nos
uma forte exortação neste sentido (Mt 18.6,7).
É claro que a liberdade cristã não nos autoriza a viver de forma
desordenada e a pecar. Afinal, somos um povo santo; devemos andar como Cristo
andou (1 Jo 2.6).O amor, portanto, leva-nos a considerar as dificuldades dos
mais fracos. Se não agirmos assim, estaremos pecando por não amar nossos irmãos
como Cristo nos amou e entregou-se por todos nós.
Quanto mais do amor de Deus tivermos em nossos corações e maturidade
espiritual alcançarmos do Senhor, mais cuidado devemos ter em nossos
relacionamentos com os nossos irmãos e mais dispostos devemos estar para
renunciar a tudo que for preciso, a fim de melhor servir ao Senhor à medida que
convivemos com os santos para a glória de Deus.
“Os Limites da nossa Liberdade (14.13-21).Enquanto o primeiro
estágio do argumento de Paulo tratou de atitudes de julgamento, o segundo
incita o ouvinte a considerar que tipo de ação é apropriado numa comunidade
formada pela aceitação graciosa de Deus de todos os crentes.
Os termos tropeço e escândalo (v.13)
são usados de modo sinônimo como metáforas para algo que faz alguém perder a
fé. O ‘tropeço’ é algo que pode fazer alguém tropeçar; um ‘escândalo’, que se
referia originalmente ao pedaço de madeira que mantinha aberta a armadilha para
animais, é usado no Antigo e Novo Testamento como algo que poderia levar a
pessoa a pecar. A imagem é clara: O exercício aberto de liberdade pelos fortes
apresenta uma tentação para os fracos, o que poderia resultar em queda no
pecado. Para ouvir a força da combinação destas palavras, temos de recordar o
uso destes dois conceitos em Romanos 9.33, onde aparecem na citação de Isaías 8.14.
Lá, o tropeço (‘uma pedra que os faz cair’) se refere a Cristo. Os judeus
tropeçaram em Cristo, ou seja, eles ficaram ofendidos com Ele, e ao rejeitarem
Jesus como Messias eles rejeitaram a iniciativa salvadora de Deus.
Semelhantemente, em Romanos 14 Paulo exorta os gentios a evitar qualquer ação
que possa levar outros não observar certos dias santos.
[...] Partindo da premissa de que a consciência individual desempenha um
papel determinante para a conduta ética do indivíduo, pelo menos duas implicações
ocorrem para os fortes:
1) A consciência dos fracos não deve ser menosprezada ou desconsiderada,
mas antes levada em conta por causa do mandamento do amor. Comer na frente de
alguém que considera a prática errada e cometer o engano de colocar o princípio
da liberdade na frente do princípio do ágape.2) É não apenas ofensivo, mas
potencialmente destrutivo os fortes, desconsiderarem os sentimentos dos
fracos.” (Van Johnson. Romanos. In ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD,
R. Comentário Bíblico Pentecostal. RJ: CPAD, 2003, pp.907-8).
VEJA MAIS :WWW.AVIVAMENTONOSUL.BLOGSPOT.COM
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